. Germa:
narradora participante homodiegética.
A Sibila
é uma longa retrospetiva da vida de uma família feita por uma personagem
secundária, Germa, que, sentada na velha rocking-chair de sua tia Quina,
já falecida, a evoca com nostalgia, apesar da incompreensão e dos atritos que,
muitas vezes, ensombraram as suas relações. A obra é um longo devaneio de Germa
que começa e termina no mesmo espaço (a sala da casa da Vessada), com um
diálogo entre ela e Bernardo Sanches.
. Narrador (não
participante) omnisciente: Germa é frequentemente substituída por um narrador
omnisciente, isto é, que sabe mais do que as personagens e se desloca
facilmente no tempo e no espaço.
Este narrador
dirige-se ao leitor (narratário) num estilo familiar, por vezes irónico, até
humorístico, estabelecendo a ligação entre episódios e personagens díspares.
Parece não se preocupar com o futuro da narrativa ou sua progressão dramática,
derivando, frequentemente, para digressões que só aparentemente são desencadeadas
pelos interesses ou intenções momentâneas da narração. De facto, há uma relação
implícita entre os diversos episódios. Existe uma preocupação de ultrapassar o
momentâneo e captar o eterno, o homem no seu combate de sempre, dilacerado por
contradições, minado pelo vício, mas sempre apregoando virtudes.
Em suma, o
narrador omnisciente manifesta-se também como omnipotente, conduzindo a
narrativa à sua maneira, estilhaçando a ordem cronológica, recorrendo à
analepse e à prolepse, e fazendo com que a obra não tenha uma intriga, mas uma
sobreposição de inúmeras histórias curtas. A minúcia com que os gestos ou
comportamentos das personagens são descritos serve o objetivo profundo da
narração: induzir o eterno e o todo através da acumulação do efémero e do
fragmentário.