domingo, 31 de dezembro de 2023
"Encontra-se" ou "se encontra"?
Rita Pereira não é canibal
quinta-feira, 28 de dezembro de 2023
Provas De Aferição (2018-2023) – Matemática, 8.º Ano
Comecemos pela Matemática e pelos resultados de 2018 e os de 2023.
Nos quatro domínios comparáveis, os resultados dos alunos que “conseguiram” ou “conseguiram, mas” foram em 2018 de 24,7%, (Números e Operações) 22,4%, (Geometria e Medida) 28,7% (Álgebra) e 17,3% (Org. Tratamento Dados). Em 2023 os resultados foram, respectivamente de 24,2% (- 0,5%), 9,5% (-12,9%), 23,9% (-4,8) e 20,3% (+2,7%).
É fazer as contas, por muito simplista que seja a apresentação das coisas.
. Resultados de 2018:
. Resultados de 2023:
quarta-feira, 20 de dezembro de 2023
Apreciação crítica: análise do quadro "Golconde", de René Magritte
3.º par.: das figuras humanas;
Introdução |
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Título:
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Um mundo diferente |
Desenvolvimento
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Cenário
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Desenvolvimento
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Figuras
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Desenvolvimento
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–
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Tema
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Conclusão
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Análise do poema "A abelha que, voando, freme sobre", de Ricardo Reis
Análise do poema "As mãos da noite postas sobre a mesa : uma palma", de Manuel Gusmão
O tema do sacrifício do filho / A intertextualidade no conto "A Aia"
Relação do conto "A Aia" com os contos de fada
A expressão “Era uma vez” remete-nos para o mundo atemporal da fantasia, bem característico dos contos de fadas.
Por outro lado, a lealdade da aia à rainha e ao pequeno príncipe, traduzida em última análise no facto de tirar a vida ao próprio filho para salvar a do futuro rei, sugere uma aceitação e uma felicidade em ser servo. Essa servidão atinge o auge no momento em que a serva sacrifica o próprio filho, tornando o amor de mãe em secundário para que a lealdade à rainha e ao reino seja superior e prevaleça.
Deste modo, a felicidade parece estar reservada aos nobres: quem vai viver e ser feliz é o príncipe e não o bebé escravo. Por outro lado, o bem público parece prevalecer sobre...
A moralidade do conto "A Aia"
A linguagem do conto "A Aia"
- indicia a
preocupação, a ansiedade e a angústia com o destino do principezinho e o seu
crescimento: “longa distância”, “anos lentos”;
- “beijos
pesados e devoradores”: a dupla adjetivação posposta ao nome realça o afeto, o
carinho, o amor que a asia nutre pelo filho.
• Metáforas:
- “faminto do
trono”: exprime o forte desejo do trio por usurpar o trono e o ocupar;
- “E sem que
a sua face de mármore perdesse a rigidez” →
realça a rigidez e a lividez da face da Aia, sugerindo a sua apatia e ausência
de vida;
- “cabelos de
ouro”: os cabelos louros do principezinho;
- “a flor da
sua nobreza”: sugere que os que pereceram faziam parte da elite da nobreza,
eram os melhores dentre os melhores;
- “Uma roca
não governa como uma espada”: a metáfora e a comparação enfatizam o poder
desigual e a fragilidade da mulher (“roca”) em relação ao homem (“espada”) numa
sociedade tradicional, isto é, uma mulher não tem a capacidade guerreira de um
homem – a rainha é incapaz de defender o reino após a morte do rei;
- “O
bastardo, o homem de rapina […]”: a metáfora mostra o caráter violento e cruel
do tio do príncipe; por outro lado, o uso do determinante artigo definido confere-lhe
um sentido de generalização e singularidade, como se ele fosse o único e o pior
de todos os seus semelhantes;
- “acendeu um
maravilhoso e faiscante incêndio de oiro e pedrarias”: sugere o brilho intenso
produzido pelo tesouro do palácio, bem como a sua beleza a extrema riqueza;
- “… valia
uma província.”: sugere que o punhal escolhido pela aia era muito valioso.
• Comparações:
- “de face
mais escura que a noite e coração mais escuro que a face” (vide hipérbole):
- “Os olhos
de ambos reluziam como pedras preciosas”: realça a beleza e o brilho dos olhos
dos bebés;
- “à maneira
de um lobo”: intensifica o caráter cruel e selvagem do tio;
- “Nenhum
pranto correra mais sentidamente do que o seu pelo rei morto”: mais do que qualquer
outra pessoa, a aia chorou copiosa e sentidamente a morte do seu rei;
- “Só a ama
leal parecia segura – como se os braços em que estreitava o seu príncipe fossem
muralhas de uma cidade…”: a comparação aponta para as ideias de proteção e
coragem. A ama leal é a personagem que cuida do filho da rainha, que está em
perigo por causa de um inimigo que ataca o reino. A comparação entre os braços
da ama e as muralhas de uma cidade sugere que ela é capaz de defender o
príncipe com a sua força e determinação, mesmo que esteja cercada de medo e
insegurança. A comparação também cria um contraste entre a fraqueza da rainha,
que apenas sabe chorar, e a firmeza da ama, que parece segura;
- “… um corpo
tombando molemente sobre lajes, como um fardo”: indica o modo como o corpo do
tio caiu, morto, no chão, isto é, de forma simultaneamente mole e pesada;
- “A mãe caiu sobre o berço, com um suspiro, como cai um corpo morto.”: mostra a reação de alívio e, simultaneamente, o esgotamento físico e emocional da rainha ao constatar que, afinal, o seu filho está vivo;
- “Nos seus
clamores havia, porém, mais tristeza do que triunfo.”: sugere que os habitantes
da cidade, que acabaram de derrotar o inimigo que os ameaçava, não sentem
alegria nem orgulho pela sua vitória, mas sim dor e luto pelos seus mortos;
- “… seria no
Céu como fora na Terra.”: sintetiza a visão do mundo e as crenças da aia;
- “… arrancou
a criança, como se arranca uma bolsa de oiro”: acentua a violência do ato
(rapto do bebé) e a sua motivação (o dinheiro).
• Exclamações:
- “Pobre
principezinho da sua alma!”: traduz a ansiedade e a preocupação em torno do
crescimento do principezinho, face à sua fragilidade e aos perigos que o
cercam.
• Repetição:
- “forte pela
força e forte pelo amor”: reforça a ideia de grandeza do reino, nascida não só
da força, mas também do amor.
• Antítese:
- “cabelo
louro e fino” / “cabelo negro e crespo”: marca o contraste físico entre os dois
bebés – o príncipe e o escravo;
- “mãe ditosa”
/ “mãe dolorosa”: a mãe ditosa é a rainha, que fica feliz por o seu filho estar
vivo e salvo, enquanto a mãe dolorosa é a Aia, que está triste e repleta de dor
pela perda do seu filho.
• Eufemismo:
- “[…] os
seus pajens tinham subido com ele às alturas”: suaviza a morte dos pajens, o
que está de acordo com as crenças da aia num mundo para além da morte;
- “O seu cavalo
de batalha, as suas armas, os seus pajens tinham subido com ele às alturas.”:
traduz a ideia de morte e a crença da aia na vida no céu enquanto réplica da
vida terrena. De facto, para a personagem, o céu reproduz a estrutura social
existente na terra, mantendo o rei e os seus súbditos a hierarquia vivida na
terra. Esta crença envolvia os próprios animais: “O seu cavalo de batalha, as
suas armas, os seus pajens tinham subido com ele às alturas.”;
- “…
sucumbira, ele e vinte da sua horda.”: traduz a morte do tio bastardo e dos
seus soldados.
• Hipérbole:
- “de face
mais escura que a noite”: exprime o caráter tenebroso e desprezível do irmão do
rei, estabelecendo a correspondência entre os traços exteriores e os
interiores.
• Aliteração:
- “passos
pesados”: a aliteração em “p” marca a cadência sinistra dos passos (podemos
considerar esta expressão também uma hipálage)
- “forte pela
força e forte pelo amor”: a aliteração em “f” sugere a fragilidade do príncipe,
que não tinha quem o protegesse e defendesse.
• Enumeração:
- “refulgiam
os escudos de ouro, as armas marchetadas, os montões de diamantes, as pilhas de
moedas, os longos fios de pérolas”: sublinha a valia / a riqueza do tesouro.
• Interrogação:
- “Que bolsas
de ouro podem pagar um filho?”: o narrador suscita a reflexão sobre o valor / o
preço da vida humana – um filho não tem preço.
• Determinante
artigo indefinido:
- “Era uma
vez”; “um reino abundante”, um rei”:
→ não permite determinar
com precisão o tempo histórico e o tempo cronológico (intemporalidade);
→ não permite determinar
com precisão o espaço físico:
→ contribui para a
exemplaridade da história, cuja mensagem, cujo teor humano pode ser aplicado a
muitos tempos e lugares;
→ traduz o anonimado das
personagens.
• Determinante
artigo definido:
- “O
bastardo, o homem de rapina […]”: vide metáforas.
• Sensações
auditivas e visuais:
- as
sensações auditivas relevam a solenidade do momento e o acontecimento trágico
que lhe deu origem: “(…) respeito tão comovido que apenas se ouvia o roçar das
sandálias nas lajes. As espessas portas do tesouro rolaram lentamente.”; “Um
longo «Ah!», lento e maravilhado, passou por sobre a turba que emudecera.
Depois houve um silêncio ansioso”; “Todos seguiam, sem respirar […]”;
quinta-feira, 14 de dezembro de 2023
domingo, 10 de dezembro de 2023
Análise do poema "A novela inacabada", de Fernando Pessoa
Na primeira quadra, o sujeito poético usa a metáfora nos dois versos iniciais para representar a sua vida como uma “novela inacabada”. Ora, sabendo que uma novela é um texto narrativo envolvente e complexo, cheio de situações variadas e complexas, com múltiplas reviravoltas, podemos inferir que o verso 1 remete para uma vida repleta de eventos intensos e emotivos. Por outro lado, a referida metáfora sugere que a vida do «eu» lírico, sendo uma novela e inacabada, não consegue realizar-se no seu dia a dia, no seu quotidiano. Deste modo, ele procura sentido... [continuação da análise 👉 análise-de-a-novela-inacabada].