A
classificação de Memórias de um Sargento de Milícias é complexa, desde
logo porque os estudiosos não se entendem sobre a matéria e, por isso,
apresentam diversos enquadramentos. Assim, há quem sustente que se enquadra na tradição
do romance picaresco, cuja génese remonta à Espanha, nomeadamente com a
publicação de Lazarilho de Tormes, obra anónima, em 1554.
O termo
«pícaro» refere-se às personagens que fogem ao conceito tradicional de herói e
que vivem de astúcias e trapaças, sobrevivendo a partir de expedientes vários.
É o que sucede com Leonardo, uma criança enjeitada pelos pais pouco tempo
depois do seu nascimento, criada pelo padrinho e, posteriormente, pela
madrinha. Deste modo, Manuel António de Almeida narra as suas aventuras e
desventuras na “baixa sociedade fluminense”.
Há quem
o considere uma crónica de costumes, dado que retrata os costumes da sociedade
num tom que se aproxima bastante do jornalístico. Na capa do primeiro volume da
edição de 1875, surge como subtítulo a denominação “romance de costume
brasileiros”, a qual não constava do original.
Em
rigor, talvez não seja possível rotular a obra com uma classificação
específica.
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