Escrita
quando o autor tinha apenas 21 anos, começou por ser publicada em folhetins
anónimos de um suplemento do jornal “Correio Mercantil”, intitulado “A
Pacotilha” (onde trabalhava como revisor e redator), tal como aconteceu com as Viagens
na Minha Terra, de Almeida Garrett. A publicação em folhetins era uma
técnica comum no Romantismo e implicava estratégias diferentes para manter a
atenção do leitor. Mais tarde, foi publicada em dois volumes assinados por “Um
brasileiro”, nos anos de 1854 e 1855, um pseudónimo que servia para manter o
anonimato do autor e tornar claro que o autor do livro não era um estrangeiro.
Neste ponto, convém ter presente que era comum a publicação de traduções em
suplementos literários.
Memórias
é um romance urbano que descreve o ambiente da cidade, os costumes, etc. O
livro centra-se numa camada social relativamente baixa; sobe mais com D. Maria
e desce com os ciganos. Descreve o modo como viviam, como ganhavam dinheiro e
como adquiriram riqueza, tudo isto em tom irónico.
Descreve
uma sociedade mais próxima do seu tempo que Alencar em Iracema. No fundo,
descreve a sociedade em que vivia, o que talvez justifique a sua fraca
aceitação. A intenção de Alencar era a procura de um passado místico, onde
radicasse a origem da nacionalidade do Brasil. Manuel António de Almeida tem
como intenção descrever, de modo crítico e irónico, a sociedade que o rodeia.
A trama
principal do romance gira em torno da vida de um típico malandro do Rio de
Janeiro, mas, na verdade, constitui a versão do autor das lembranças
autobiográficas que lhe contara António César Ramos, um velho companheiro de
redação, ambientadas no período joanino (1808-1822). O protagonista chama-se
Leonardo, um menino endiabrado e jovem malandro amado por uns e odiado por
outros.
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