Português: Introdução a Memórias de um Sargento de Milícias

domingo, 9 de julho de 2023

Introdução a Memórias de um Sargento de Milícias


    Memórias de um Sargento de Milícias foi a única obra de Manuel António de Almeida (1831-1861) e não foi inicialmente bem recebida, porque o autor usou um discurso crítico e irónico e é dotada de um grande realismo.

    Escrita quando o autor tinha apenas 21 anos, começou por ser publicada em folhetins anónimos de um suplemento do jornal “Correio Mercantil”, intitulado “A Pacotilha” (onde trabalhava como revisor e redator), tal como aconteceu com as Viagens na Minha Terra, de Almeida Garrett. A publicação em folhetins era uma técnica comum no Romantismo e implicava estratégias diferentes para manter a atenção do leitor. Mais tarde, foi publicada em dois volumes assinados por “Um brasileiro”, nos anos de 1854 e 1855, um pseudónimo que servia para manter o anonimato do autor e tornar claro que o autor do livro não era um estrangeiro. Neste ponto, convém ter presente que era comum a publicação de traduções em suplementos literários.

    Memórias é um romance urbano que descreve o ambiente da cidade, os costumes, etc. O livro centra-se numa camada social relativamente baixa; sobe mais com D. Maria e desce com os ciganos. Descreve o modo como viviam, como ganhavam dinheiro e como adquiriram riqueza, tudo isto em tom irónico.

    Descreve uma sociedade mais próxima do seu tempo que Alencar em Iracema. No fundo, descreve a sociedade em que vivia, o que talvez justifique a sua fraca aceitação. A intenção de Alencar era a procura de um passado místico, onde radicasse a origem da nacionalidade do Brasil. Manuel António de Almeida tem como intenção descrever, de modo crítico e irónico, a sociedade que o rodeia.

    A trama principal do romance gira em torno da vida de um típico malandro do Rio de Janeiro, mas, na verdade, constitui a versão do autor das lembranças autobiográficas que lhe contara António César Ramos, um velho companheiro de redação, ambientadas no período joanino (1808-1822). O protagonista chama-se Leonardo, um menino endiabrado e jovem malandro amado por uns e odiado por outros.

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