= construção das
personagens através da caracterização física e identificando o físico e o
moral. Seixas e Aurélia são fisicamente perfeitos e esta beleza física
corresponde à peculiaridade interior e moral;
= ausência de
distanciamento crítico da personagem, beneficiando a descrição exterior e a
condução da ação e do discurso das personagens, conseguindo um equilíbrio entre
o drama (uso do diálogo), narrativa e descrição, que são fundamentais no
romance;
= presença
constante do narrador no texto que narra, o que implica o uso de uma linguagem
subjetiva, partindo de princípios que se misturam como indiscutíveis desde o
início do romance;
= linguagem,
que quase que transforma as personagens em figuras comprovativas de uma tese. O
narrador apresenta os seus pressupostos no início e tudo o que se passa vai no
sentido de os confirmar.
=> Conteúdo: também a
este nível, a obra é essencialmente romântica, porque:
=
possibilidade de confronto entre o Bem e o Mal, implicando assim a existência
de um vilão (ao contrário do que acontece nas Memórias);
= contradição,
espírito antitético, jogo de causa-efeito;
= motivo da
mulher ferida, profundamente magoada, mas que mantém o seu amor eterno e
intocável;
= apologia e
defesa do amor; pureza e autenticidade desse amor devem ser guardadas e servem
como instrumento de crítica social;
= existência
de um final feliz, em que o amor aparece vitorioso, amor esse que se encarna em
Aurélia e representa a recuperação dos valores ideológicos que se tinham
perdido em Seixas;
= presença da
natureza, não só como cenário, mas também como elemento de purificação e
recuperação;
= a mulher na
sua dualidade: oscila sempre entre a sensualidade e a pureza, entre o desejo e
o orgulho.
Alencar
desenha em Aurélia e Seixas dois caracteres psicológicos e, por isso, há quem
chame este romance de fisiológico. Mas estas personagens, sobretudo Seixas,
transformam-se à medida que o romance se desenvolve, pois ele tem de recuperar
para se reabilitarem os valores defendidos por Alencar e que Aurélia sempre
teve. A unidade da obra resulta deste equilíbrio, que fora perdido por
instantes.
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