. Análise
profunda da interioridade dos que amam, sendo surpreendente uma certa
racionalização dos efeitos do amor sobre o sujeito, à maneira de Camões.
. A
idolatração da mulher amada, a atitude de veneração, de submissão perante ela,
recorda-nos Petrarca.
. O sujeito
sente que não é senhor do seu coração. Este enganou-o, fê-lo apaixonar-se por
uns olhos verdes, temática que nos remete para a lírica camoniana, tal como
acontece com a confissão do poeta de ser "sandeu", "já o sen non
á", tudo por causa de uns olhos verdes.
. A
simbologia dos olhos.
. O amor
espiritual conduz a um aperfeiçoamento através da aspiração ao objecto amado. A
mulher é a ponte para a plenitude, para o infinito, nela se realiza e por ela
se esquece de si próprio, para pensar só no ben
da dama (conferir a cantiga "Desej' eu ben de mha senhor" com o
soneto "Transforma-se o amador na cousa amada").
Mas o trovador sofre imenso,
desespera e chega a desejar vingar-se da "senhor", mas tudo não passa
de um desejo, porque não consegue deixar de a amar, não pode enganar o seu
coração (é a temática do poder cruel do amor que novamente nos recorda Camões).
. Os
trovadores valorizam sobretudo as qualidades morais da mulher, qualificando-a
através de expressões convencionais: "tan comprida de todo o ben",
"a que prez nem fermosura non fal", "Deus fez sabedor de todo
ben", "mui comunal", "Deus deu-lhe bon sen / e falar mui
ben e rir melhor", "é leal muit", "olhos verdes",
"ben talhada", "tan poderosa", "boõ semelhar",
Deus fê-la "das melhores melhor", "ben talhada", "de
muito ben saber".
Muitas destas qualidades da
"senhor" serão mais tarde recuperadas pelos petrarquistas.
. Refletindo
a profunda religiosidade do ser medieval, Deus está sempre presente, quase como
um confidente. O trovador desabafa com Ele e pede-Lhe até conselho.
. A
simbologia da luz, com o seu poder de fogo.
. O amor do
trovador pela mulher é um amor idólatra, absorvente, torturado, saudoso, de um
fatalismo passional.
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