A sátira trovadoresca vestiu-se muito cedo pelo figurino da
literatura provençal, que explorava o género em grande escala. As composições
satíricas cultivadas na Provença tinham o nome de sirventês,
cantiga satírica provençal de alcance moral ou social.
Havia
três espécies:
1ª) o sirventês moral ou religioso:
ridicularizava a decadência do ideal da cavalaria e a rudeza dos barões, as
leviandades das mulheres, os costumes duvidosos, a corrupção e os desmandos do
clero;
2ª) o sirventês político: explorava e ridicularizava os
sucessos da época, sobretudo a luta dos reis ingleses com os senhores feudais
da França, as guerras civis, a cruzada dos Albigenses;
3ª) o sirventês pessoal: ridicularizava determinados
aspectos da vida íntima ou profissional dos indivíduos, mormente a variedade
ridícula e as pretensões dos jograis ("sirventês joglaresc").
Ao
contactar com a estética provençal, os nossos poetas começaram a satirizar os
mesmos tipos e pelos mesmos processos. É às produções desta espécie que chamamos
cantigas de escárnio e maldizer.
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