🔺 Estrutura
interna
1.ª
parte – Erros
dos anteriores historiadores e causas que os provocaram.
- razões de
ordem sócio-económica ("moormente dos senhores em cuja mercee e terra
viviam").
b) Causas:
- de ordem
cultural, por influência do meio - "terra"
(2.º período, 1.º parágrafo);
- de ordem biológica - "refeiçom" (2.º parágrafo);
- de ordem genética ou
hereditária - "geeraçom"
(3.º parágrafo).
Na alínea c),
Fernão Lopes especifica o conteúdo das alíneas anteriores, com a referência
concreta à parcialidade de Pêro Lopez de Ayala na Crónica de D. João de Castela, que ignorou os feitos que mereciam
ser louvados, acrescentando outros que não se deram.
a) Missão do
historiador: a verdade.
b) Qualidades
e meios exigidos ao historiador para atingir a "certidão da verdade":
-
imparcialidade;
- procura da certeza, com
admissão do erro possível (mentir # errar);
-
ordenação das fontes;
-
preocupação com o conteúdo, fazendo-o prevalecer sobre a forma.
conteúdo versus forma: nunca sacrificará a verdade à beleza da forma.
F. Lopes afirma
que procede de forma oposta aos outros historiadores, pondo de parte toda a "afeiçom"
e todo o louvor fingido. Admite o erro, mas diferencia-o da mentira. Ele pode
errar, mas sem querer, pois pode pensar que é verdade o que é falso, "per
ignorância de velhas escrituras e desvairados autores".
A sua grande
preocupação é conseguir a verdade dos factos, nomeadamente através de
documentação.
c) Matéria que
vai tratar: os feitos dignos de memória de D. João I.
🔺 A teoria da
História e o texto literário
Texto Histórico
|
Texto Literário
|
|
- A verdade:
. crua – “sem outra mistura”;
. nua – “nuamente mostrar”;
. simples – “simprez verdade”.
-
Discurso nu (o historiador) – “leixados os compostos e afeitado razoamentos”.
-
Discurso histórico – “claros feitos, dignos de grande renembrança (…) poemos
em praça na seguinte ordem".
|
- Subjetivo e adornado.
-
Discurso enfeitado (o literato) com aspetos intertextuais; afetado pelos níveis
estéticos que conduzem aos vários sentidos (desde a ironia à ambiguidade e
outros).
-
Discurso literário:
-
narrativo;
-
com oralidade;
-
…
|
fusão ® não há fundo
separado da forma.
Em síntese,
Fernão Lopes opõe "muitos estoriadores" sujeitos à "mundanal afeiçom"
a si próprio ("nós"), que "posta adeparte toda afeiçom" por
desejar "escrever verdade", declara o seu amor à verdade e ao
trabalho de investigação a que meteu ombros para nos dar "nuamente" a
"simpreza verdade" e mostra o seu aparente desprezo da forma, que
resulta, contudo, "afremosentada" por uma intuição natural. Ou seja,
F. Lopes, quando afirma pretender renunciar à "formosura e novidade de
palavras", serve-se de elementos estético-literários (estrutura rítmica da
frase, simetria de elementos antitéticos, antítese formal e metafórica,
duplicação sindética, paralelismo), negando, portanto, a oposição entre o
discurso histórico e literário.
🔺 Concepção de
História para Fernão Lopes
* Procura da
verdade ® crítica aos seus predecessores.
*
Imparcialidade ® (falsos, parciais, mentirosos).
* Investigação.
* Preocupação com o conteúdo,
fazendo-o prevalecer sobre a forma.
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