* Incêndio:
símbolo da purificação, imprescindível à continuidade da família em lugar
preservado de influências nocivas. Tal como o ouro, o metal precioso, é
purificado pelo fogo, também a casa foi purificada das manchas e impurezas pelo
incêndio, necessário à continuidade da família:
"Um
incêndio, por alturas de 1870, reduziu a cinzas toda a estrutura
primitiva."
(p. 7);
"Acontecera
pouco tempo depois da chegada de Maria." (p. 18).
* Terra/campo:
símbolo da autenticidade e ingenuidade e da fertilidade, da pureza original do
homem, em contraste com a cidade, símbolo do artificialismo, da
degenerescência: "A família de Bernardo Sanches tinha adquirido um estado aristocrático,
o que quer dizer que estacionara no cumprimento de determinada herança de
hábitos, frases, opiniões que, uma vez desprendida da personalidade que os
fizera originais, restavam agora somente como snobismos e ocas imitações."
(p. 7)
* Cidade:
símbolo da imitação, do superficial, do postiço e do castigo que pesa sobre os
que abandonaram o seu lugar de origem; a esterilidade.
* Pombal:
símbolo do refúgio e da ternura;
-» o pombal (episódio dos
borrachos) # o episódio das rãs = a fragilidade e a ternura de Custódio ≠ a sua
crueldade e a violência primitiva.
* Maçãs
(símbolo bíblico): símbolo da beleza e do encanto femininos (Eva) e da
sabedoria e fecundidade, coexistindo com as sucessivas gerações da família de
Quina, como se se tratasse de um microcosmos feminino, onde existe consonância
entre a existência de pessoas e objetos: "(...) sobrado, onde se
acumulavam pilhas de maçãs sustidas por tábuas muito esfareladas de
serrim." (p. 8)
* Rocking-chair:
símbolo quer dos pólos opostos de Quina – ternura e vaidade – , quer do fluir
do tempo, fazendo lembrar o pêndulo do relógio. Pelo seu movimento oscilatório,
e, consequentemente, ascendente, promove a subida espiritual, ou melhor, a
ascese para onde a personagem principal sabia conduzir-se.
* Mancha
cor de sépia: sinal de predestinação: "Era uma menina
de aspeto pouco viável, roxa, moribunda, e que apresentava no pulso esquerdo
uma mancha cor de sépia(...)". (p. 9)
* Número 7:
tradição cultural de antiguidade bastante remota (semana, lua, vida dos gatos,
etc.), apresenta um significado pleno de valor místico, cuja simbologia é
universal como o próprio homem: "Era a segunda filha que vingava num
matrimónio de sete anos(...)" (p. 9)
; "(...) em toda a parte há
sete cores e sete ventos, e o homem é só um." (p. 37)
A este número,
bem como ao 5, convergem numerosas superstições populares. Representam
até atributos infernais para toda a vida: "Melhor é chamar, pois, Eva às
quintas ou sétimas filhas, e que Adão sejam os infantes todos que venham
perfazer esses fatídicos números." (p. 40)
* Esterilidade
da mulher de João: simboliza o efeito do abandono da terra (= fecundidade).
* Casa da
Vessada: local da evocação e da cristalização do tempo; relicário da
memória dos tempos, das gentes e das coisas; local do (re)conhecimento (doença
de Quina) e da revelação; local da oração; casa-templo.
* Sala:
local de reflexão.
* Cozinha:
local de convívio, do contar de histórias, da preparação dos trabalhos.
* Eira:
símbolo da comunhão e da solidão (opção de Quina de não casar face a Adão;
Quina encontra Custódio depois de regressar da casa de Abel).
* Quarto:
espaço de amor; espaço dramático: doença de Quina, êxtase de Quina e morte de
Quina.
* Antigo
quarto de João, que agora era madureiro de peras de inverno (p. 208): a
partida de João para a cidade transformou o seu quarto num espaço útil.