Português: Simbologia de A Sibila

segunda-feira, 19 de agosto de 2019

Simbologia de A Sibila

            * Incêndio: símbolo da purificação, imprescindível à continuidade da família em lugar preservado de influências nocivas. Tal como o ouro, o metal precioso, é purificado pelo fogo, também a casa foi purificada das manchas e impurezas pelo incêndio, necessário à continuidade da família:
            "Um incêndio, por alturas de 1870, reduziu a cinzas toda a estrutura primitiva."   
            (p. 7);
            "Acontecera pouco tempo depois da chegada de Maria." (p. 18).

            * Terra/campo: símbolo da autenticidade e ingenuidade e da fertilidade, da pureza original do homem, em contraste com a cidade, símbolo do artificialismo, da degenerescência: "A família de Bernardo Sanches tinha adquirido um estado aristocrático, o que quer dizer que estacionara no cumprimento de determinada herança de hábitos, frases, opiniões que, uma vez desprendida da personalidade que os fizera originais, restavam agora somente como snobismos e ocas imitações." (p. 7)

            * Cidade: símbolo da imitação, do superficial, do postiço e do castigo que pesa sobre os que abandonaram o seu lugar de origem; a esterilidade.

            * Pombal: símbolo do refúgio e da ternura;
-» o pombal (episódio dos borrachos) # o episódio das rãs = a fragilidade e a ternura de Custódio ≠ a sua crueldade e a violência primitiva.

            * Maçãs (símbolo bíblico): símbolo da beleza e do encanto femininos (Eva) e da sabedoria e fecundidade, coexistindo com as sucessivas gerações da família de Quina, como se se tratasse de um microcosmos feminino, onde existe consonância entre a existência de pessoas e objetos: "(...) sobrado, onde se acumulavam pilhas de maçãs sustidas por tábuas muito esfareladas de serrim." (p. 8)

            * Rocking-chair: símbolo quer dos pólos opostos de Quina – ternura e vaidade – , quer do fluir do tempo, fazendo lembrar o pêndulo do relógio. Pelo seu movimento oscilatório, e, consequentemente, ascendente, promove a subida espiritual, ou melhor, a ascese para onde a personagem principal sabia conduzir-se.

            * Mancha cor de sépia: sinal de predestinação: "Era uma menina de aspeto pouco viável, roxa, moribunda, e que apresentava no pulso esquerdo uma mancha cor de sépia(...)". (p. 9)

            * Número 7: tradição cultural de antiguidade bastante remota (semana, lua, vida dos gatos, etc.), apresenta um significado pleno de valor místico, cuja simbologia é universal como o próprio homem: "Era a segunda filha que vingava num matrimónio de sete anos(...)" (p. 9)  ;   "(...) em toda a parte há sete cores e sete ventos, e o homem é só um." (p. 37)
            A este número, bem como ao 5, convergem numerosas superstições populares. Representam até atributos infernais para toda a vida: "Melhor é chamar, pois, Eva às quintas ou sétimas filhas, e que Adão sejam os infantes todos que venham perfazer esses fatídicos números." (p. 40)

            * Esterilidade da mulher de João: simboliza o efeito do abandono da terra (= fecundidade).

            * Casa da Vessada: local da evocação e da cristalização do tempo; relicário da memória dos tempos, das gentes e das coisas; local do (re)conhecimento (doença de Quina) e da revelação; local da oração; casa-templo.

            * Sala: local de reflexão.

            * Cozinha: local de convívio, do contar de histórias, da preparação dos trabalhos.

            * Eira: símbolo da comunhão e da solidão (opção de Quina de não casar face a Adão; Quina encontra Custódio depois de regressar da casa de Abel).

            * Quarto: espaço de amor; espaço dramático: doença de Quina, êxtase de Quina e morte de Quina.

            * Antigo quarto de João, que agora era madureiro de peras de inverno (p. 208): a partida de João para a cidade transformou o seu quarto num espaço útil.

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