Na sua primeira aparição, no Ato II,
cena II, Frei Lourenço observa que qualquer planta, erva e pedra tem as suas
próprias propriedades especiais e que nada existe na natureza que não possa ser
usado tanto para o bem quanto para o mal. Assim, o veneno não é intrinsecamente
mau, mas é uma substância natural tornada letal pelas mãos humanas. As palavras
do frade provam ser verdadeiras ao longo da peça. A poção para dormir que ele
dá a Julieta é inventada para causar a ilusão da morte, não a própria morte, mas
através de circunstâncias fora do controle do frade, a poção produz um
resultado fatal: o suicídio de Romeu. Como este exemplo mostra, os seres
humanos tendem a causar a morte, mesmo sem intenção. Da mesma forma, Romeu
sugere que a sociedade é responsável pela venda criminosa de veneno pelo
farmacêutico, porque, embora existam leis que o proíbem de o vender, não
existem leis que ajudem o farmacêutico a ganhar dinheiro. O veneno simboliza a
tendência da sociedade humana de envenenar coisas boas e torná-las fatais,
assim como a rixa inútil Capuleto-Montecchio transforma o amor de Romeu e
Julieta em envenenamento. Afinal, ao contrário de muitas outras tragédias, essa
peça não possui um vilão maligno, mas sim pessoas cujas boas qualidades se
transformam em veneno por causa do mundo em que vivem.
sexta-feira, 20 de dezembro de 2019
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