Português: O veneno

sexta-feira, 20 de dezembro de 2019

O veneno

Na sua primeira aparição, no Ato II, cena II, Frei Lourenço observa que qualquer planta, erva e pedra tem as suas próprias propriedades especiais e que nada existe na natureza que não possa ser usado tanto para o bem quanto para o mal. Assim, o veneno não é intrinsecamente mau, mas é uma substância natural tornada letal pelas mãos humanas. As palavras do frade provam ser verdadeiras ao longo da peça. A poção para dormir que ele dá a Julieta é inventada para causar a ilusão da morte, não a própria morte, mas através de circunstâncias fora do controle do frade, a poção produz um resultado fatal: o suicídio de Romeu. Como este exemplo mostra, os seres humanos tendem a causar a morte, mesmo sem intenção. Da mesma forma, Romeu sugere que a sociedade é responsável pela venda criminosa de veneno pelo farmacêutico, porque, embora existam leis que o proíbem de o vender, não existem leis que ajudem o farmacêutico a ganhar dinheiro. O veneno simboliza a tendência da sociedade humana de envenenar coisas boas e torná-las fatais, assim como a rixa inútil Capuleto-Montecchio transforma o amor de Romeu e Julieta em envenenamento. Afinal, ao contrário de muitas outras tragédias, essa peça não possui um vilão maligno, mas sim pessoas cujas boas qualidades se transformam em veneno por causa do mundo em que vivem.

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