No seu primeiro discurso à plateia,
o Coro afirma que Romeu e Julieta estão marcados pelo destino. Essa noção de
destino permeia a peça, e não apenas para o público. As personagens também
sabem disso: Romeu e Julieta veem constantemente presságios. Quando ele
acredita que Julieta está morta, grita: "Então eu vos desafio,
estrelas", completando a ideia de que o amor entre ambos está em oposição
aos decretos do destino. É claro que o próprio desafio de Romeu o coloca nas
mãos do destino, e a sua determinação de passar a eternidade com Julieta
resulta na sua morte. O mecanismo do destino funciona em todos os eventos que
envolvem os amantes: a disputa entre as suas famílias (vale a pena notar que
esse ódio nunca é explicado; antes, o leitor deve aceitá-lo como um aspeto
inegável do mundo da peça); a horrível série de acidentes que arruínam os
planos aparentemente bem-intencionados de Frei Lourenço no final da peça; e o
momento trágico do suicídio de Romeu e do despertar de Julieta. Esses eventos
não são meras coincidências, mas manifestações do destino que ajudam a provocar
o resultado inevitável da morte dos jovens amantes.
O conceito de destino descrito
acima é a interpretação mais comummente aceite. Há outras leituras possíveis do
destino na peça: como uma força determinada pelas poderosas instituições
sociais que influenciam as escolhas de Romeu e Julieta, bem como o destino como
uma força que emerge das próprias personalidades dos protagonistas.
Na primeira fala do Coro, é-nos
dito que Romeu e Julieta morrerão e que o seu fim trágico está predestinado. A
edição original, em inglês, contém a expressão «star-crossed». No tempo de
Shakespeare, tal como nos nossos dias, algumas pessoas acreditavam que o curso
da sua vida era determinado pelo movimento e posição das estrelas. Por outro
lado, os seus nascimentos e mortes são descritos na mesma frase curta, que
novamente sugere que as suas mortes foram fadadas a partir do momento em que
nasceram.
Antes de ir para o baile de
máscaras onde encontrará Julieta, Romeu tem a sensação de que as consequências
de sua decisão de ir serão "amargas". Ele suspeita que esse seja o
seu destino e o seu uso da palavra “estrela” lembra o público que está marcado
pelo destino. O medo de Romeu de que chegue ao baile "muito cedo"
aponta para um tema importante da peça. Quase todos os eventos acontecem cedo
demais. Tebaldo encontra Romeu muito cedo, antes que as notícias do casamento
sejam anunciadas. O casamento de Julieta com Páris é decidido muito cedo, antes
que Romeu possa voltar do exílio. Os amantes morrem muito jovens.
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