Os temas da morte e da violência
permeiam Romeu e Julieta, e estão sempre conectados à paixão, seja ela
amor ou ódio. A conexão entre ódio, violência e morte parece óbvia. Mas a
conexão entre amor e violência requer uma investigação mais aprofundada.
O amor, em Romeu e Julieta,
é uma grande paixão e, como tal, é ofuscante; pode sobrecarregar uma pessoa tão
poderosa e completamente quanto o ódio. O amor apaixonado entre Romeu e Julieta
está ligado desde o seu início com a morte: Tebaldo percebe que Romeu penetrou
no banquete e decide matá-lo, assim como Romeu vê Julieta e se apaixona
instantaneamente por ela. A partir daí, o amor parece levar os amantes para mais
perto do amor e da violência, não para mais longe disso. Os protagonistas são
atormentados por pensamentos suicidas e vontade de o experimentar: no Ato III,
cena III, Romeu brande uma faca na cela de Frei Lourenço e ameaça matar-se
depois de ele ser banido de Verona e do seu amor. Julieta também puxa de uma
faca para tirar a própria vida na presença de Frei Lourenço apenas três cenas
depois. Depois de Capuleto decidir que Julieta se casará com Páris, ela diz:
"Se tudo mais falhar, tenho poder para morrer". Finalmente, cada um
imagina que o outro parece morto na manhã seguinte à sua primeira e única
experiência sexual ("Acho que eu te vejo", diz Julieta, "...
como um morto no fundo de uma tumba"). Este tema continua até à sua
inevitável conclusão: duplo suicídio. Essa trágica escolha é a maior e mais
poderosa expressão de amor que Romeu e Julieta podem fazer. Somente através da
morte é que eles podem preservar o seu amor, e este é tão grande e profundo que
eles estão dispostos a acabar com as suas vidas em defesa dele. Na peça, o amor
surge como uma coisa amoral, levando tanto à destruição quanto à felicidade.
Mas, na sua extrema paixão, o amor que Romeu e Julieta experimentam também
parece tão requintadamente bonito que poucos gostariam, ou seriam capazes de
resistir ao seu poder.
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