segunda-feira, 16 de dezembro de 2019
domingo, 15 de dezembro de 2019
Resumo e análise da Cena IV do Ato II de Romeu e Julieta
Resumo
Mais tarde naquela manhã, pouco
antes das nove, Mercúcio e Benvólio perguntam-se o que aconteceu com Romeu na
noite anterior. Benvólio soube por um servo de Montecchio que Romeu não voltou
para casa; Mercúcio profere algumas palavras cruéis sobre Rosalina. Benvólio também
conta que Tebaldo enviou uma carta a Romeu desafiando-o para um duelo. Mercúcio
responde que Romeu já está morto, atingido pela flecha de Cupido; ele pergunta-se
em voz alta se Romeu é homem o suficiente para derrotar Tebaldo. Quando Benvólio
vem em defesa de Romeu, Mercúcio lança uma descrição extensa de Tebaldo. Ele
descreve-o como um mestre espadachim, perfeitamente adequado e composto em
grande estilo. Segundo Mercúcio, no entanto, Tebaldo também é um “vendedor de
moda” vaidoso e afetado; ele despreza tudo o que Tebaldo representa.
Romeu chega. Mercúcio
imediatamente começa a ridicularizá-lo, alegando que Romeu foi enfraquecido
pelo amor. Como uma forma de zombar do que ele acredita ser o amor exagerado de
Romeu por Rosalina, Mercúcio encarna o papel daquele e compara Rosalina a todas
as belezas mais famosas da antiguidade, considerando-a muito superior. Mercúcio
acusa Romeu de abandonar os seus amigos na noite anterior. Romeu não nega a
acusação, mas afirma que a sua necessidade era grande e, portanto, a ofensa é
perdoável. Daqui resultam justas verbais intrincadas, espirituosas e
descontroladamente sexuais.
A enfermeira entra, seguida pelo criado
Pedro. Ela pergunta se algum dos três jovens conhece Romeu, e este identifica-se.
Mercúcio brinca com a enfermeira, insinuando que ela é uma prostituta,
enfurecendo-a. Benvólio e Mercúcio despedem-se para jantar na casa de Montecchio,
e Romeu diz que os seguirá em breve. A enfermeira avisa Romeu que é melhor ele
não tentar "lidar em dobro" com Julieta, e o jovem garante que não é.
Pede então à enfermeira que peça a Julieta que encontre uma maneira de assistir
à confissão na cela de Frei Lourenço naquela tarde; lá, eles casar-se-ão. A
enfermeira concorda em entregar a mensagem e também em montar uma escada de
pano para que Romeu possa subir ao quarto de Julieta na noite de núpcias.
Análise
A questão de Rosalina continua nesta
cena, quando Mercúcio começa a ridicularizar os modos apaixonados de Romeu, ao
compará-la de forma trocista a todas as belezas da antiguidade (é interessante
notar que uma dessas belezas, Tisbe, é encontrada num mito que se assemelha muito
à trama de Romeu e Julieta). Os eventos da peça provam o amor constante
de Romeu por Julieta, mas o amor imaturo de Romeu por Rosalina, o seu amor pelo
amor, nunca é completamente apagado. Ele continua muito rápido para seguir os
exemplos clássicos de amor, incluindo o seu suicídio.
Além de desenvolver o enredo pelo qual Romeu e Julieta
se casarão, esta cena oferece um vislumbre de Romeu entre os seus amigos. Ele
mostra-se tão habilidoso e punitivo quanto Mercúcio. Esse Romeu punidor é o que
Mercúcio acredita ser o "verdadeiro" Romeu, subitamente livre da
melancolia ridícula do amor. Noutra cena, Julieta tentou combater o mundo
social através do poder do seu amor particular; aqui Mercúcio tenta afirmar a
linguagem social da bravata e brincadeira sobre a introspeção privada do amor.
Curiosamente, Julieta e Mercúcio acham que conhecem o Romeo "real".
Um conflito emerge; até a amizade se opõe ao amor de Romeu, que deve manter-se
tanto o amante privado quanto o Montecchio público e amigo, e ele deve, de alguma
forma, encontrar uma maneira de navegar entre as diferentes reivindicações que os
seus dois papéis exigem dele.
Traduzido de SparkNotes
Seinfeld: Temporada 01 - Episódio 04
Resumo e análise da Cena III do Ato II de Romeu e Julieta
Resumo
De manhã, cedo, Frei Lourenço
entra, segurando uma cesta. Ele enche-a com várias ervas daninhas, ervas e
flores. Enquanto reflete sobre a beneficência da Terra, demonstra um profundo
conhecimento das propriedades das plantas que coleta. Romeu entra e o frade
intui que o jovem não dormiu na noite anterior, pelo que teme que Romeu tenha
dormido em pecado com Rosalina. Romeu garante que isso não aconteceu e descreve
o seu novo amor por Julieta, bem como a sua intenção de se casar com ela e o seu
desejo de que o frade os case naquele mesmo dia. Frei Lourenço está chocado com
essa mudança repentina de Rosalina para Julieta. Ele comenta sobre a
inconstância do amor jovem, em particular o de Romeu. Este defende-se,
observando que Julieta retribui o seu amor, enquanto Rosalina não. Em resposta,
o frade argumenta que Rosalina pôde ver que o amor de Romeu por ela "lia
de maneira rotineira, que não podia soletrar". Permanecendo cético diante
da súbita mudança de coração do jovem, Frei Lourenço, no entanto, concorda em
casar o casal. Ele expressa a esperança de que o casamento de Romeu e Julieta
possa acabar com a rixa que assola os Montecchios e os Capuletos.
Análise
Nesta cena, somos apresentados a
Frei Lourenço enquanto ele medita sobre a dualidade do bem e do mal que existe
em todas as coisas. Falando em plantas medicinais, o frade alega que, embora
tudo na natureza tenha um propósito útil, também pode levar ao infortúnio se
for usado de maneira inadequada. No final desta passagem, a ruminação do frade
volta-se para uma aplicação mais ampla; ele reflete sobre como o bem pode ser
pervertido para o mal e o mal pode ser purificado pelo bem. O frade tenta usar
suas teorias quando concorda em casar Romeu e Julieta; ele espera que o bem do
seu amor reverta o mal do ódio entre as famílias rivais. Infelizmente, mais
tarde, ele faz com que o outro lado da sua teoria entre em ação: o plano que
envolve uma poção indutora do sono, que ele pretende que preserve o casamento e
o amor de Romeu e Julieta, resulta na morte de ambos.
É difícil definir o papel temático
do frade em Romeu e Julieta. Claramente, Frei Lourenço é um amigo
bondoso de Romeu e Julieta. Ele também parece sábio e altruísta. Mas, embora o
frade pareça incorporar todas essas boas qualidades frequentemente associadas à
religião, também é um servo desconhecido do destino: todos os seus planos dão
errado e criam os mal-entendidos que levam à tragédia final.
Frei Lourenço também devolve o
espectro de Rosalina à peça. O frade não pode acreditar que o amor de Romeu
possa mudar tão rapidamente de uma pessoa para outra. A resposta do jovem, de
que Julieta corresponde ao seu amor, enquanto Rosalina não o fez, dificilmente
fornece evidências de que ele amadureceu.
Traduzido de SparkNotes
Resumo e análise da Cena II do Ato II de Romeu e Julieta
Resumo
Julieta aparece de repente a uma
janela acima do local onde Romeu está parado. Ele compara-a ao sol da manhã,
muito mais bonito que a lua que bane. Quase fala com ela, mas pensa melhor.
Julieta, refletindo para si mesma e sem saber que Romeu está no seu jardim,
pergunta por que Romeu deve ser Romeu – um Montecchio e, portanto, um inimigo
para a sua família. Ela diz que, se ele recusasse o nome de Montecchio, ela
entregar-se-lhe-ia; ou se ele, simplesmente jurasse que a amava, ela recusaria
o nome de Capuleto. Romeu responde ao seu pedido, surpreendendo Julieta, já que
ela pensava que estava sozinha. A jovem pergunta-se como ele a encontrou e Romeu
diz que o amor o levou até ela. Julieta teme que o seu apaixonado seja
assassinado se for encontrado no jardim, mas Romeu recusa sair, alegando que o
amor de Julieta o tornaria imune aos seus inimigos. Julieta admite que sente
tanto por Romeu quanto ele afirma que a ama, mas ela preocupa-se que ele talvez
se mostre inconstante ou falso, ou pense que Julieta é fácil de conquistar.
Romeu começa a jurar, mas ela impede-o, preocupada que tudo esteja acontecendo
muito rapidamente. Ele tranquiliza-a, e os dois confessam o seu amor novamente.
A enfermeira chama por Julieta, que entra por um momento. Quando reaparece, diz
a Romeu que lhe enviará alguém no dia seguinte para ver se o amor dele é
honroso e se ele pretende casar-se com ela. A enfermeira chama-a novamente e
ela retira-se de novo. Porém, aparece à janela mais uma vez para marcar o
horário em que o seu emissário o procurará: eles combinam às nove da manhã e
exultam pelo seu amor por um momento antes de dizerem boa noite. Julieta volta
para dentro do seu quarto e Romeu parte em busca de um monge que o ajude na sua
causa.
Análise
O ato II é o ato mais feliz e
menos trágico da peça. Nele, Shakespeare dedica-se a explorar os aspetos
positivos, alegres e românticos do amor jovem. A cena I, a cena da sacada
(assim chamada porque frequentemente é encenada com Julieta numa sacada, embora
as instruções do palco sugiram apenas que ela está numa janela acima de Romeu),
é uma das cenas mais famosas de todo o teatro, devido à sua bela e sugestiva
poesia. Shakespeare explora as profundezas das personagens dos jovens amantes e
captura as sutilezas da sua interação, como na luta de Julieta entre a
necessidade de cautela e um desejo irresistível de estar com Romeu.
Muitas das cenas mais importantes
de Romeu e Julieta, como a cena da sacada, ocorrem muito tarde à noite
ou muito cedo, pois Shakespeare tem de usar toda a duração de cada dia para
comprimir a ação da peça. em apenas quatro dias. O dramaturgo explora a
transição entre o dia e a noite como um recorrente motivo claro / escuro, às
vezes fazendo uma distinção nítida entre noite e dia, outras vezes obscurecendo
os limites entre eles. A longa e apaixonada descrição de Romeu sobre Julieta na
cena da varanda é um exemplo desse tema. Ele imagina que ela é o sol, nascendo
do leste para banir a noite; na verdade, Romeu diz que Julieta está a
transformar a noite em dia.
Romeu, é claro, está a falar
metaforicamente aqui; Julieta não é o sol e ainda é noite no pomar. Mas o jovem
estabelece a comparação com tanta devoção que deve ficar claro para o público
que, para ele, não é uma metáfora simples. Para Romeu, Julieta é o sol, e já não
é noite. Aqui está um exemplo do poder da linguagem para transformar brevemente
o mundo ao serviço do amor.
E, no entanto, no mesmo discurso,
Romeu e Julieta também questionam o poder da linguagem. Desejando que Romeu não
fosse filho do inimigo do seu pai, ela diz:
É apenas o teu nome que é meu
inimigo.
Tu és tu mesmo, e não um
Montecchio.
O que é um Montecchio? Não é mão,
nem pé,
Nem braço, nem rosto, nem qualquer
outra parte
Que pertença a um homem. Oh, sê qualquer
outro nome!
O que existe num nome? Aquilo a que
chamamos rosa
Teria o mesmo perfume embora lhe
déssemos outro nome.
Aqui, Julieta questiona por que
Romeu deve ser seu inimigo. Ela recusa-se a acreditar que ele seja definido por
ser um Montecchio e, portanto, implica que os dois podem amar-se sem medo das
repercussões sociais. Mas a linguagem como expressão de instituições sociais
como a família, a política ou a religião não pode ser descartada tão
facilmente, porque nenhuma outra personagem da peça está disposta a
descartá-las. Julieta ama Romeu porque ele é Romeu, mas o poder do amor dela
não pode remover dele o sobrenome de Montecchio ou tudo o que ele representa.
Na privacidade do jardim, a linguagem do amor é triunfante. Mas no mundo
social, a linguagem da sociedade domina. Essa batalha da linguagem, na qual
Romeu e Julieta tentam refazer o mundo para permitir o seu amor, é algo a observar-se.
Traduzido de SparkNotes
Seinfeld: Temporada 01 - Episódio 03
Resumo e análise da Cena I do Ato II de Romeu e Julieta
Resumo
Tendo deixado a festa, Romeu
decide que não pode ir para casa. Ele deve tentar encontrar Julieta. Sobe um
muro que demarca a propriedade Capuleto e salta para o pomar. Benvólio e Mercúcio
entram, chamando por Romeu. Eles têm a certeza de que ele está por perto, mas
Romeu não responde. Exasperado e divertido, Mercúcio zomba dos sentimentos do
jovem por Rosalina num discurso obsceno. Mercúcio e Benvólio partem sob a
suposição de que Romeu não quer ser encontrado. No pomar, o jovem ouve as
provocações de Mercúcio e diz para si mesmo: "Ele brinca com cicatrizes
que nunca sentiram feridas".
Resumo e análise do Prólogo do Ato II de Romeu e Julieta
Resumo
O Coro oferece outro pequeno
soneto que descreve o novo amor entre Romeu e Julieta: o ódio entre as famílias
dos amantes dificulta que eles encontrem tempo ou lugar para se encontrar e que
a sua paixão cresça; mas a perspetiva do seu amor dá a cada um dos dois o poder
e a determinação de iludir os obstáculos colocados no seu caminho.
Análise
O prólogo do segundo ato reforça
temas que já apareceram. Um amor foi substituído por outro através do poder do
"encanto dos olhares", e a força da influência dos pais está no
caminho da felicidade dos amantes. Este prólogo funciona menos como a voz do
destino do que o primeiro. Em vez disso, constrói suspense, expondo o problema
dos dois amantes e sugerindo que pode haver alguma maneira de superá-lo:
"Mas a paixão dar-lhes-á força e o tempo ocasião de se encontrarem, compensando
extremos perigos com extremas delícias.”.
Traduzido de SparkNotes
Resumo e análise da Cena V do Ato I de Romeu e Julieta
Resumo
No grande salão dos Capuletos,
tudo é agitado. Os criados trabalham febrilmente para garantir que tudo corre
bem e reservam um pouco de comida para garantir que também desfrutam do
banquete. Capuleto percorre grupos de convidados, brincando com eles e incentivando
todos a dançar.
Do outro lado da sala, Romeu vê
Julieta e pergunta a um criado quem ela é, mas este não sabe. Romeu está
paralisado; Rosalina desaparece de sua mente e ele declara que nunca esteve
apaixonado até esse momento. Movendo-se pela multidão, Tebaldo ouve e reconhece
a voz de Romeo. Percebendo que está presente um Montecchio, envia um servo para
trazer a sua espada. Capuleto ouve Tebaldo e repreende-o, dizendo-lhe que Romeu
é bem visto em Verona e que ele não terá jovens feridos na sua festa. Tebaldo
protesta, mas Capuleto repreende-o até que ele concorde em manter a paz.
Enquanto Capuleto segue em frente, Tebaldo promete que não deixará passar esta
indignidade.
Enquanto isso, Romeu se aproximou-se
de Julieta e tocou na sua mão. Num diálogo pontuado por metáforas religiosas
que representam Julieta como uma santa e Romeu como um peregrino que deseja
apagar seu pecado, ele tenta convencê-la a beijá-lo, já que é somente através
do beijo dela que ele pode ser absolvido. Julieta concorda em ficar parada
enquanto Romeu a beija. Assim, nos termos da sua conversa, ela tira o pecado
dele. Julieta dá o salto lógico de que, se tirou o pecado de Romeu, o pecado
dele agora deve residir nos seus lábios e, portanto, eles devem beijar-se
novamente.
Assim que o segundo beijo termina,
a enfermeira chega e diz a Julieta que a sua mãe quer falar com ela. Romeu
pergunta à enfermeira quem é a mãe de Julieta. A enfermeira responde que é Lady
Capuleto. Romeu está arrasado. Quando a multidão começa a dispersar, Benvólio
aparece e retira Romeu do banquete. Julieta está tão impressionada com o homem
misterioso que beijou quanto Romeu está com ela. A jovem comenta consigo mesma
que, se ele já for casado, ela morrerá. Para descobrir a identidade de Romeu
sem levantar suspeitas, a jovem pede à enfermeira que identifique uma série de
jovens. A enfermeira sai e volta com a notícia de que o nome do homem é Romeu e
que ele é um Montecchio. Angustiada por amar uma Montecchio, Julieta segue a
enfermeira.
Análise
Romeu vê Julieta e esquece Rosalina
completamente; Julieta conhece Romeu e apaixona-se profundamente. O encontro de
ambos domina a cena e, com uma linguagem extraordinária que capta a emoção e o
espanto que os dois protagonistas sentem, Shakespeare mostra-se à altura das
expectativas que criou ao adiar o encontro por um ato inteiro.
A primeira conversa entre Romeu e
Julieta é uma metáfora cristã estendida. Usando essa metáfora, Romeu,
engenhosamente, consegue convencer Julieta a deixá-lo beijá-la. Mas a metáfora
possui muitas outras funções. As conotações religiosas da conversa implicam
claramente que o amor deles só pode ser descrito através do vocabulário da
religião, dessa pura associação com Deus. Dessa maneira, o seu amor associa à
pureza e paixão do divino. Mas há um outro lado nessa associação de amor
pessoal e religião. Ao usar a linguagem religiosa para descrever os sentimentos
crescentes de um pelo outro, Romeu e Julieta andam na ponta dos pés à beira da
blasfémia. Romeu compara Julieta à imagem de um santo que deveria ser
reverenciado, um papel que Julieta está disposta a desempenhar. Enquanto a
igreja católica sustentava que a reverência pelas imagens de santos era
aceitável, a igreja anglicana dos tempos elisabetanos via-a como uma blasfémia,
uma espécie de adoração a ídolos. As declarações de Romeu sobre Julieta raiam
as fronteiras da heresia. A jovem comete uma blasfémia ainda mais profunda na
cena seguinte, quando chama Romeu o "deus da sua idolatria",
instalando-o efetivamente no lugar de Deus na sua religião pessoal. Este dado
parece confirmar a ideia de que o amor de Romeu e Julieta parece sempre opor-se
às estruturas sociais da família, à honra e ao desejo civil de ordem. Aqui
também é mostrado que há algum conflito, pelo menos teologicamente, com a
religião.
Quando Romeu e Julieta se
encontram, falam apenas catorze versos antes do primeiro beijo. Essas catorze
linhas compõem um soneto compartilhado, com um esquema de rima ababcdcdefefgg.
Um soneto é uma forma poética perfeita e idealizada, frequentemente usada para
escrever sobre o amor. Encapsular o momento de origem do amor de Romeu e
Julieta num soneto cria uma combinação perfeita entre conteúdo literário e o estilo
formal. O uso do soneto, no entanto, também serve um segundo propósito mais
sombrio. O prólogo da peça é igualmente um soneto único com o mesmo esquema de
rimas que o soneto compartilhado de Romeu e Julieta. O soneto-prólogo apresenta
a peça e, através da sua descrição da eventual morte de Romeu e Julieta, também
ajuda a criar a noção de destino que permeia a peça. O soneto compartilhado
entre os dois cria, portanto, um vínculo formal entre o amor e o destino. Com
um único soneto, Shakespeare encontra um meio de expressar o amor perfeito e
vinculá-lo a um destino trágico.
Esse destino começa a afirmar-se
no instante em que Romeu e Julieta se encontram: Tebaldo reconhece a voz de
Romeu quando este mostra pela primeira vez o seu fascínio pela beleza de
Julieta. Capuleto, agindo com cautela, impede Tebaldo de tomar uma ação
imediata, mas a raiva deste último está definida, criando as circunstâncias que
eventualmente banirão Romeu de Verona. No encontro entre Romeu e Julieta jazem
as sementes da sua tragédia compartilhada.
A primeira conversa entre as duas
personagens fornece também um vislumbre dos papéis que cada um desempenhará no
seu relacionamento. Nesta cena, Romeu é claramente o agressor. Ele usa toda a
habilidade à sua disposição para conquistar uma atingida, mas tímida Julieta.
Note-se que ela não se mexe durante o primeiro beijo; simplesmente deixa-o
beijá-la. É ainda uma jovem, e embora já no seu diálogo com Romeo se tenha mostrado
inteligente, não está pronta para entrar em ação. Mas Julieta é o agressor no
segundo beijo. É a lógica dela que força Romeu a beijá-la novamente e recuperar
o pecado que ele colocou nos seus lábios. Numa única conversa, Julieta
transforma-se de uma rapariga jovem e tímida numa mais madura, que entende o
que deseja e é inteligente o suficiente para consegui-lo. O comentário
subsequente de Julieta a Romeu ("Beijais com arte!") pode ser
interpretado de duas maneiras. Primeiro, pode enfatizar a falta de experiência
de Julieta. Muitas produções da peça fazem-na dizer essa fala com certo grau de
admiração, de modo que as palavras significam "vós sois um beijador
incrível, Romeu". Mas é possível ver um tom algo irónico nessa fala. O
comentário de Julieta de que Romeu beija com arte/pelo livro é semelhante a
notar que ele beija como se tivesse aprendido a beijar num manual e seguiu
exatamente essas instruções. Por outras palavras, ele é proficiente, mas não
original (observe-se que o amor de Romeu por Rosalina é descrito exatamente
nesses termos, conforme aprendido na leitura de livros de poesia romântica).
Julieta está claramente apaixonada por Romeu, mas é possível vê-la como a mais
incisiva dos dois, e empenhada em levar Romeu a um nível mais genuíno de amor
através da observação da sua tendência para ser envolvido nas formas do amor,
em vez do próprio amor.
Traduzido de SparkNotes
Seinfeld: Temporada 01 - Episódio 02
sábado, 14 de dezembro de 2019
Resumo e análise da Cena IV do Ato I de Romeu e Julieta
Resumo
Romeu, Benvólio e o seu amigo Mercúcio,
todos usando máscaras, reuniram-se a um grupo de convidados que usavam máscaras
a caminho do banquete dos Capuletos. Ainda melancólico, Romeu pergunta-se como
entrarão na festa dos Capuletos, já que são Montecchios. Quando essa
preocupação é deixada de lado, afirma que não vai dançar no banquete. Mercúcio
começa a zombar gentilmente dele, transformando todas as declarações de Romeu
sobre o amor em metáforas descaradamente sexuais. Romeu recusa-se a envolver-se
nessa brincadeira, explicando que num sonho ele aprendeu que ir ao banquete era
uma má ideia. Mercúcio responde com um longo discurso sobre a rainha Mab das
fadas, que visita os sonhos das pessoas. O discurso começa como um voo de
fantasia, mas Mercúcio fica quase fascinado por ele, e uma tensão amarga e
fervorosa instala-se. Romeu intervém para interromper o discurso e acalmar Mercúcio,
que observa que os sonhos são apenas "os filhos de um cérebro ocioso".
Benvólio volta a atenção para a
festa. Romeu expressa uma última preocupação: ele tem a sensação de que as
atividades da noite acionarão a ação do destino, resultando em morte prematura.
Porém, os espíritos de Romeu elevam-se e ele continua com seus amigos em
direção ao banquete.
Análise
Esta cena pode parecer
desnecessária. Como público, já sabemos que Romeu e os seus amigos vão para uma
festa. Já sabemos que Romeu é melancólico e Benvólio mais pragmático. A
inclusão desta cena não contribui diretamente para a exposição ou progressão da
trama.
No entanto, a cena aumenta o senso
geral de destino através da afirmação de Romeu de que os eventos da noite
levarão à morte prematura. O público, é claro, sabe que ele sofrerá uma morte
prematura. Quando Romeu se entrega a “quem tem a direção do meu curso”, o
público sente a presença do destino.
Esta cena também serve como
introdução ao Mercúcio inteligente, rodopiante e fascinante. Soltando
trocadilhos selvagens à esquerda e à direita, parecendo falar com tanta
liberdade quanto os outros respiram, ele estabelece-se como um amigo que pode,
gentilmente ou não, zombar de Romeu como ninguém mais pode. Embora pensativo, Benvólio
não tem o raciocínio rápido para esse comportamento. Com o seu discurso
selvagem e o seu riso, Mercúcio é um homem de excessos. Mas suas paixões são de
outro tipo que não aquelas que levam Romeu a amar e Tebaldo a odiar. As paixões
destas duas personagens são fundamentadas na aceitação de dois ideais
diferentes veiculados pela sociedade: a tradição poética do amor e a
importância da honra. Mercúcio não acredita em nenhum. De facto, ele contrasta
com todos as outras personagens de Romeu e Julieta, porque é capaz de
ver através da cegueira causada pela aceitação sincera dos ideais sancionados
pela sociedade: ele abre buracos na adoção arrebatadora de Romeu da retórica do
amor, enquanto zomba da adesão exigente de Tebaldo às modas do dia. Não é por
acaso que Mercúcio é o mestre do jogo nesta peça. Um trocadilho representa
derrapagem, ou torção, no significado de uma palavra. Essa palavra, que
anteriormente significava uma coisa, agora de repente é revelada como tendo
interpretações adicionais e, portanto, torna-se ambígua. Assim como Mercúcio
pode ver através das palavras outros significados usualmente degradados, ele
também pode entender que os ideais mantidos por aqueles que o rodeiam têm
origem em desejos menos inteligentes do que alguém gostaria de admitir.
O discurso da rainha Mab de Mercúcio
é um dos mais famosos da peça. A rainha Mab, que traz sonhos às pessoas
adormecidas, parece basear-se livremente em figuras da mitologia celta pagã que
antecederam a chegada do cristianismo à Inglaterra. No entanto, o nome tem um
significado mais profundo. As palavras "quean" e "mab" constituíam
referências a prostitutas na Inglaterra elisabetana. Na rainha Mab, Mercúcio
cria uma espécie de trocadilho conceitual: ele alude a uma tradição mitológica
povoada de fadas e anexa-a a uma referência a prostitutas. Atrai a diversão
infantil das fadas para uma visão muito mais sombria da humanidade. O próprio
discurso revela essa dicotomia. Uma criança adoraria a descrição de Mercúcio de
um mundo de fadas repleto de carruagens de nozes e corcéis de insetos, as suas
histórias de uma fada trazendo sonhos para as pessoas que dormem. Mas observemos
mais de perto esses sonhos. A rainha Mab traz sonhos adequados para cada
indivíduo, e cada sonho que ela traz parece descer para uma depravação e
brutalidade mais profundas: os amantes sonham com o amor; advogados sonham com
casos legais e ganham dinheiro; os soldados sonham em "cortar gargantas
estrangeiras". No final do discurso, a rainha Mab é a “bruxa” que ensina
as jovens a fazer sexo. O conto de fadas da criança transformou-se em algo
muito, muito mais sombrio, embora essa visão sombria seja um retrato preciso da
sociedade. Mercúcio, por mais divertido que seja, pode ser visto como
oferecendo uma visão alternativa da grande tragédia que é Romeu e Julieta.
"Não dizes senão tolices", diz Romeu a Mercúcio para o forçar a
encerrar o discurso da rainha Mab. Mercúcio concorda, dizendo que os sonhos
"são filhos de um cérebro ocioso". Mas as visões de amor de Romeu não
se qualificam como sonhos? As fantasias de Tebaldo sobre as noções de perfeita
posição social e propriedade não contam como sonhos? E o sonho de Frei Lourenço
de trazer a paz a Verona? Na avaliação de Mercúcio, todos esses desejos
"são filhos de um cérebro ocioso". Todos são ilusões. O seu
comentário pode ser visto como um alfinete nas grandes paixões idealistas do amor
e da lealdade da família que animam a peça. O discurso da rainha Mab não
esvazia a grande tragédia e os ideais românticos de Romeu e Julieta, mas
acrescenta-lhes o subtexto de um trocadilho, aquele lado negro que oferece uma
visão alternativa da realidade.
Traduzido de SparkNotes
Resumo e análise da Cena III do Ato I de Romeu e Julieta
Resumo
Na casa de Capuleto, pouco antes
do início do banquete, Lady Capuleto chama a enfermeira, pois precisa de ajuda
para encontrar a filha. Julieta entra e a mãe dispensa a enfermeira para que
possa falar a sós com a filha. No entanto, muda imediatamente de ideia e pede à
enfermeira que permaneça e a aconselhe. Antes que Lady Capuleto possa começar a
falar, a enfermeira inicia uma longa história sobre como, quando criança,
Julieta sem entender se tornou cúmplice inocente de uma piada sexual. Lady Capuleto
tenta, sem sucesso, parar a divertida enfermeira. Julieta, envergonhada, ordena-lhe
que pare.
Lady Capuleto pergunta a Julieta o
que ela pensa sobre casar-se. A jovem responde que nunca pensou nisso. A mãe
observa que deu à luz Julieta quando tinha quase a idade atual da filha. E continua,
animada, afirmando que Julieta deve começar a pensar em casamento, porque o
valente Páris manifestou interesse nela. Julieta, obedientemente, responde que vai
olhar para Páris durante o banquete para ver se poderá amá-lo. Um criado entra
para anunciar o começo da festa.
Análise
Chegado à terceira cena, o público
finalmente conhece a segunda personagem inscrita no título da obra.
Tematicamente, esta cena continua a desenvolver a questão da influência dos
pais, particularmente a força dessa influência sobre as jovens. Lady Capuleto,
ela mesma uma mulher que se casou em tenra idade, oferece total apoio ao plano
do marido para a filha e pressiona Julieta a pensar em Páris como um marido antes
da filha começar sequer a pensar em casamento. Julieta admite o quão poderosa é
a influência dos seus pais quando diz sobre o pretendente: "Se o facto de
olhar pode levar ao afeto, olharei para ele, para que isso aconteça; contudo as
flechas dos meus olhos não irão mais além do que a vossa vontade o permita.”.
De facto, Julieta está a dizer que seguirá o conselho da mãe exatamente ao
pensar em Páris.
Enquanto fornece um momento de
humor, a anedota tola da enfermeira sobre Julieta quando bebé também ajuda a
retratar a inevitabilidade da situação da jovem. O comentário do marido da
enfermeira sobre Julieta caindo de costas quando ela atinge a maioridade é uma
referência ao seu envolvimento um dia num ato sexual. O seu comentário,
portanto, mostra que Julieta tem sido vista como um objeto potencial de
sexualidade e casamento desde que era criança. Em termos gerais, o seu destino de
um dia ser dada em casamento foi definido desde o nascimento.
Além do desenvolvimento temático,
esta cena fornece uma visão magnífica das três principais personagens
femininas. Lady Capuleto é uma mãe impotente e ineficaz: ela dispensa a
enfermeira, procurando falar sozinha com a filha, mas, assim que a enfermeira
começa a sair, fica nervosa e chama-a de volta. A enfermeira, na sua hilariante
incapacidade de parar de contar a história sobre a insinuação do seu marido
sobre o desenvolvimento sexual de Julieta, mostra uma veia vulgar, mas também
uma familiaridade com a jovem que implica que foi ela, e não Lady Capuleto,
quem criou a miúda. De facto, foi a enfermeira, e não Lady Capuleto, que
amamentou Julieta quando era bebé.
A própria Julieta é revelada nessa
cena como uma jovem ingénua e obediente à mãe e à enfermeira. Mas há vislumbres
de força e inteligência nela que estão totalmente ausentes na sua mãe. Onde
Lady Capuleto não consegue que a enfermeira cesse a sua história; já Julieta
interrompe-a com uma palavra. Já observámos que a frase de Julieta transcrita
parece implicar uma completa concordância com o controle de sua mãe. Mas a
frase também pode ser interpretada como ilustrando um esforço da parte de
Julieta de usar uma linguagem vaga como meio de afirmar algum controle sobre a sua
situação. Nesta frase, ao concordar em ver se pode amar Páris, ela está a dizer
ao mesmo tempo que não colocará mais entusiasmo nesse esforço do que a mãe
exige. A frase pode, portanto, ser interpretada como uma espécie de resistência
passiva.
Nesta cena, mais uma vez, é feita
uma comparação direta entre criados e senhores. No decorrer da história da
enfermeira, fica claro que a sua própria filha, que teria a idade de Julieta,
morreu há muito tempo. O marido da enfermeira também morreu. Essas mortes podem
ser simplesmente coincidentes, mas parece igualmente provável que correspondam
à posição mais baixa da enfermeira na vida.
Traduzido de SparkNotes
Resumo e análise da Cena II do Ato I de Romeu e Julieta
Resumo
Noutra rua de Verona, Capuleto
caminha com Páris, um parente nobre do príncipe. Os dois discutem o desejo de Páris
de se casar com a filha de Capuleto, Julieta. Capuleto está muito feliz, mas
também afirma que Julieta – ainda com catorze anos - é jovem demais para se
casar. Ele pede a Páris que espere dois anos, garante-lhe que o favorece como
pretendente e convida-o para o tradicional baile de máscaras que irá realizar
naquela mesma noite, para que Páris possa começar a cortejar Julieta e
conquistar o seu coração. Capuleto envia um criado, Pedro, para convidar uma
lista de pessoas para a festa. À medida que Capuleto e Páris se afastam, Pedro
lamenta não saber ler pelo que, portanto, terá dificuldade em realizar sua
tarefa.
Romeu e Benvólio surgem em cena,
discutindo ainda se Romeu será capaz de esquecer o seu amor. Pedro pede a Romeu
que lhe leia a lista de convidados; o nome de Rosalina é um dos que constam
nela. Antes de partir, Pedro convida Romeu e Benvólio para a festa – assumindo,
diz ele, que não são Montecchios. Benvólio diz a Romeu que o banquete será a
oportunidade perfeita para comparar Rosalina com as outras mulheres bonitas de
Verona. Romeu concorda em ir com ele, mas apenas porque a própria Rosalina
estará lá.
Análise
Esta cena apresenta Páris como a
escolha de Capuleto para marido de Julieta e também põe em movimento a eventual
reunião de Romeu e Julieta na festa. No processo, a cena estabelece como a
jovem está sujeita à influência dos pais. Romeu pode ser forçado a lutar por
causa da inimizade do seu pai com os Capuletos, mas Julieta está muito mais constrangida.
Independentemente de qualquer conflito entre famílias, o pai de Julieta pode
forçá-la a casar-se com quem ele quiser. Essa é a diferença entre ser homem e
mulher em Verona. Pode parecer pior ser-se apanhado pela violência de uma luta,
mas o status de Julieta como jovem deixa-a sem poder ou escolha em
qualquer situação social. Como qualquer outra mulher nesta cultura, ela passará
do controle de um homem para outro. Nesta cena, Capuleto parece ser um homem de
bom coração. Ele difere para a capacidade de Julieta escolher por si mesma
("Minha vontade de consentir é apenas uma parte"). Mas o seu poder de
forçá-la a casar-se, se ele achar necessário, está implicitamente presente.
Assim, a influência dos pais nesta tragédia torna-se uma ferramenta do destino:
o casamento arranjado de Julieta com Páris e o tradicional conflito entre Capuletos
e Montecchios contribuirão para a morte de Romeu e Julieta. As forças que
determinam o seu destino são estabelecidas bem antes de as duas personagens se
encontrarem.
O espectro da influência dos pais,
evidente nesta cena, deve ser entendido como um aspeto da força exercida sobre
os indivíduos por estruturas sociais como a família, a religião e a política.
Todas estas estruturas sociais maciças irão, com o tempo, lançar obstáculos no
caminho do amor de Romeu e Julieta.
Pedro, que não sabe ler, empresta
um toque de humor à cena, especialmente na maneira como o seu analfabetismo o
leva a convidar dois Montecchios para a festa, ao mesmo tempo que afirma
expressamente que nenhum Montecchio é convidado. Mas a falta de educação de Pedro
também faz parte das estruturas sociais arreigadas. Julieta não tem poder
porque é mulher. Pedro não tem poder porque é um servo humilde e, portanto, não
pode ler.
Romeu, é claro, ainda está
apaixonado por Rosalina; mas o público pode concluir que ele encontrará Julieta
no banquete, e as expectativas começam a aumentar. Através da engenhosa
manipulação de Shakespeare da trama, o público começa a sentir o farfalhar do
destino que se aproxima.
Traduzido de SparkNotes
Resumo e análise da Cena I do Ato I de Romeu e Julieta
Resumo
Sampson e Gregory, dois serviçais
da casa Capuleto, passeiam pelas ruas de Verona. Através de brincadeiras
obscenas, Sampson exala o seu ódio pela casa de Montecchio. Os dois trocam
comentários penosos sobre conquistar fisicamente homens Montecchio e conquistar
sexualmente mulheres Montecchio. Gregory vê dois servos dos Montecchio a aproximar-se
e discute com Sampson sobre a melhor maneira de os provocar a lutar sem violar
a lei. Sampson morde o polegar para os Montecchio – um gesto altamente
insultuoso. Um confronto verbal rapidamente se transforma em briga. Benvólio,
um parente de Montecchio, entra e desembainha a espada na tentativa de parar o
confronto. Tebaldo, um parente de Capuleto, vê a espada desembainhada de Benvólio
e tira a sua. Benvólio explica que está apenas a tentar manter a paz, mas Tebaldo
professa um ódio pela paz tão forte quanto o seu ódio por Montecchio e ataca. A
luta espalha-se. Um grupo de cidadãos com tacos tenta restaurar espancando os
combatentes. Montecchio e Capuleto entram, e apenas as suas esposas os impedem
de se atacar. O príncipe Della-Scala chega e ordena que a luta pare sob pena de
tortura. Os Capuletos e Montecchios deitam as suas armas no chão. O príncipe
declara que a violência entre as duas famílias se prolonga há muito tempo e
proclama uma sentença de morte contra qualquer pessoa que perturbe a paz civil
novamente. E acrescenta que falará com Capuleto e Montecchio mais diretamente
sobre esse assunto; Capuleto sai com ele, os desordeiros dispersam, e Benvólio
é deixado sozinho com os seus tios, Montecchio e Lady Montecchio.
Benvólio descreve a Montecchio
como a luta começou. Lady Montecchio pergunta se Benvólio viu seu filho Romeu,
ao que o jovem responde que o tinha visto a passear por um bosque de plátanos
fora da cidade, mas como lhe parecia perturbado, não falou com ele. Preocupados
com o filho, os Montecchios dizem a Benvólio que Romeu tem sido visto com
frequência melancólico, andando sozinho entre os plátanos. Eles acrescentam que
tentaram descobrir o que o incomoda, mas não tiveram sucesso. Benvólio vê Romeu
a aproximar-se e promete descobrir o motivo da sua melancolia. Os Montecchios
partem rapidamente.
Benvólio aproxima-se do seu primo.
Com ar triste, Romeu diz-lhe que está apaixonado por Rosalina, mas que ela não
retribui os seus sentimentos e que jurou viver uma vida de castidade. Benvólio
aconselha Romeu a esquecê-la, contemplando outras belezas, mas este afirma que
a mulher que ele ama é a mais bonita de todas. Romeu parte, assegurando ao
primo que este não pode ensiná-lo a esquecer o seu amor. Benvólio resolve fazer
exatamente isso.
Análise
Numa abertura cheia de ação
estimulante que certamente atrairá a atenção do público (e projetada
parcialmente para esse fim), Shakespeare fornece todas as informações
necessárias para entender o mundo da peça. Na luta, ele retrata todas as
camadas da sociedade de Verona, desde as que detêm menos poder, os servos, até ao
príncipe que ocupa o pináculo político e social. Além disso, fornece uma
excelente caracterização de Benvólio como temente da lei, Tebaldo como cabeça
quente e Romeu como distraído e apaixonado, enquanto revela o ódio profundo e
de longa data entre os Montecchios e os Capuletos. Ao mesmo tempo, Shakespeare
estabelece alguns dos principais temas da peça. A abertura de Romeu e
Julieta é uma maravilha de economia, poder descritivo e emoção.
A origem da luta, como é comum nas
bravatas sexuais e físicas, introduz o importante tema da honra masculina. Esta
temática não funciona na peça como uma espécie de indiferença estoica à dor ou
ao insulto. Em Verona, um homem deve defender a sua honra sempre que for atingida,
verbal ou fisicamente. Esse conceito de honra masculina existe em todas as
camadas da sociedade de Verona, desde os servos até aos nobres. Anima Sansão e
Gregório tanto quanto Tebaldo.
É significativo que a luta entre
Montecchios e Capuletos irrompa em primeiro lugar entre os servos. Os leitores
da peça geralmente concentram-se nas duas grandes famílias nobres, como
deveriam. Mas não se deve negligenciar a inclusão por Shakespeare dos serviçais
na história: as perspetivas dos criados em Romeu e Julieta são
frequentemente usadas para comentar as ações dos seus senhores e, portanto, da
sociedade. Quando os servos aparecerem na peça, não devem ser encarados apenas
como objetos destinados a fazer o mundo de Romeu e Julieta parecer
realista. As coisas que os criados dizem muitas vezes mudam a maneira como
podemos ver a peça, mostrando que, embora os Montecchios e os Capuletos sejam
gloriosamente trágicos, também são extremamente privilegiados e estúpidos, já
que apenas os estúpidos trariam a morte sobre si mesmos quando não há
necessidade disso. As preocupações prosaicas das classes mais baixas mostram a
dificuldade das suas vidas; dificuldade que os Capuletos e Montecchios não
teriam de enfrentar se não fossem tão cegos pela honra e pelo ódio.
Através figuras da segurança civil
e do príncipe, a luta apresenta ao público um aspeto diferente do mundo social
de Verona que existe além dos Montecchios e dos Capuletos. Esse mundo social
contrasta constantemente com as paixões inerentes às duas famílias. O contraste
entre as exigências do mundo social e e as paixões particulares dos indivíduos
é outro tema poderoso da peça. Por exemplo, observe-se o modo como os criados
tentam alcançar os seus desejos enquanto permanecem do lado certo da lei. Observe-se
como Sansão é cuidadoso ao perguntar: "A lei está do nosso lado, se eu
disser 'Ei' '", antes de insultar os Montecchios. Depois de o príncipe
instituir a pena de morte para quem voltar a perturbar a paz, as hipóteses de
as paixões privadas se sobreporem à sobriedade pública aumentam bastante.
Finalmente, esta primeira cena
também nos apresenta Romeu, o amante. Mas essa introdução vem com um choque. Numa
peça chamada Romeu e Julieta, esperaríamos que o abandonado Romeu estivesse
apaixonado por Julieta, mas, em vez disso, ele está apaixonado por Rosalina.
Quem é ela? A questão permanece na peça, pois a jovem nunca aparece no palco,
mas muitos amigos de Romeu, desconhecendo que se apaixonou e se casou com
Julieta, acreditam que ele está apaixonado por Rosalina durante toda a peça. E
Frei Lourenço, por um lado, mostra-se chocado por as afeições de Romeu poderem
mudar tão rapidamente de Rosalina para Julieta. Dessa maneira, Rosalina
assombra Romeu e Julieta. Pode-se argumentar que ela existe na peça
apenas para demonstrar a natureza apaixonada de Romeu, o seu amor ao amor. Por
exemplo, nos clichês, ele fala sobre o seu amor por ela: "… pena de
chumbo, fumo resplandecente, fogo gelado, saúde doentia…". Parece que o
amor de Romeu pela casta Rosalina decorre quase inteiramente da leitura de
poesia de mau amor. O amor de Romeu por Rosalina parece, pois, um amor imaturo,
mais uma afirmação de que ele está pronto para estar apaixonado do que o amor
real. Um argumento alternativo sustenta que o amor de Romeu por Rosalina mostra
que ele deseja sentir amor por quem que que seja bonito e queira compartilhar os
seus sentimentos, manchando assim a nossa compreensão do amor de Romeu por
Julieta. Ao longo da peça, a pureza e o poder do amor de Romeu por Julieta parecem
superar quaisquer preocupações sobre a origem desse amor e, portanto, quaisquer
preocupações sobre Rosalina, mas a questão do papel desta na peça oferece um
ponto importante para consideração.
Traduzido de SparkNotes
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