Português: O tema da corrupção em Hamlet

terça-feira, 10 de setembro de 2024

O tema da corrupção em Hamlet

    A Dinamarca é frequentemente descrita como um corpo físico adoecido pela corrupção moral que a tinge e que deriva dos seus soberanos, Cláudio e Gertrudes. Vários estudiosos da obra de Shakespeare apontam a personagem do fantasma como símbolo da podridão que se vai entranhando o país. De facto, quando Marcelo afirma que algo está podre no reino, após avistar o espectro, está a aludir a uma superstição medieval, segundo a qual a prosperidade de uma nação está ligada à legitimidade do seu rei. E sabemos que Cláudio não é um rei legítimo, pois assassinou o seu irmão para usurpar o poder.
    Desde o início da obra, instala-se um sentimento de medo na corte. De facto, quando Marcelo, Bernardo e Francisco, os três vigias de Elsinore, mostram-se hesitantes, inquietos e nervosos no momento em que se encontram, por causa da aparição do fantasma do rei Hamlet no castelo. Da investigação em torno do porquê desse evento resulta a sensação de que Cláudio assassinou o irmão para se apossar do trono, sinal de que a corrupção moral e política tomou conta da nação e, curiosamente, o facto afeta profundamente Hamlet, de tal forma que acaba por desenvolver uma obsessão pela corrupção física, pela decadência e pela morte. Essa obsessão traduz os seus medos sobre a deterioração da própria saúde, bem como o declínio do bem-estar da família e da própria nação.
    O falecido rei Hamlet é retratado como um governante corajoso e forte que governa um estado saudável, ao contrário de Cláudio, um político manipulador e perverso que corrompeu e comprometeu a saúde da Dinamarca para satisfazer as suas ambições políticas. Neste sentido, o desenlace da peça, com a ascensão ao trono de Fortinbras, simboliza a regeneração e o fortalecimento da nação.

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