Na
primeira cena do ato V, Hamlet e Horácio deparam-se com dois coveiros
preparando a sepultura que irá receber o corpo de Ofélia e, no cenário,
destaca-se o crânio de Yorick, o antigo bobo da corte do falecido rei Hamlet, o
qual simboliza a inevitabilidade da morte e o vazio existencial que resulta
dessa consciência. O jovem Hamlet relembra a sua figura e a sua forma de ser
animada e divertida que agora não passa de um monte de ossos espalhados na
terra. Esta observação enfatiza a ideia da inevitabilidade da morte e o
fascínio de Hamlet pelas suas consequências físicas, nomeadamente a decadência
/ degradação do corpo, que é apenas temporário. De facto, são várias as
referências do príncipe à decomposição do corpo humano, como, por exemplo, a
observação de que Polónio será comido pelos vermes, o mesmo acontecendo com os
próprios, exemplificados pela figura de Alexandre Magno, cujo corpo se
transformou em pó que pode ser usada para tapar um buraco num barril de
cerveja. Todas estas constatações levam-no a concluir que não interessa a forma
como as pessoas vivem as suas vidas, o poder e a riqueza que possuem, o
«status», pois, mais tarde ou mais cedo, transformar-se-ão em pó. O final da
peça, como se fosse necessário, confirma essa noção.
terça-feira, 10 de setembro de 2024
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