Português: Simbolismo das flores de Ofélia

terça-feira, 10 de setembro de 2024

Simbolismo das flores de Ofélia

    Após a morte de Polónio, o estado mental de Ofélia deteriora-se drasticamente e a jovem começa a agir como louca (ato IV, cena V). A partir daí, sem ter ninguém com quem confiar e sentindo-se atacado por aquele que amava, vagueia por Elsinore, entoando canções que oscilam entre temáticas infantis e outras de forte cariz sexual e sombrio e distribuindo flores (reais ou imaginárias) a quem encontra, nomeadamente a Cláudio, a Gertrudes e a Laertes, guardando algumas para si. Essas flores são variadas e têm um significado específico: a Gertrudes, oferece erva-doce e aquilégias, que representam o seu suposto adultério, a afeição partilhada entre os amantes; a Cláudio, dá margaridas e arruda (esta última flor é oferecida também a si mesma), que simbolizam respetivamente a inocência e o amor e o arrependimento; oferece ainda alecrim (uma flor presente frequentemente em funerais), amores-perfeitos (lembranças, pensamentos). Em determinado momento, declara que também queria oferecer violetas, porém todas tinham murchado quando pau morrera. As violetas são símbolo de fidelidade (o que indicia que a fé ou a bondade da Dinamarca foram corrompidas com o assassinato de Polónio), da humildade, da virtude e da modéstia, implicando que a morte do pai a levou a desligar-se do cumprimento das normas sociais da época.
    Esta variedade de flores e, consequentemente, dos sentimentos que simbolizam, associa-se aos seus desejos vários que possui e que foram reprimidos pela sociedade e suas normas. Esta noção é ecoada pelo afogamento de Ofélia, rodeada de grinaldas de flores que mostram que, nos seus derradeiros momentos de vida, a jovem escolheu cercar-se de símbolos de tudo o que ela era e poderia ter sido, caso não tivesse sido impedida. Ou sejam as flores são uma espécie de lembrete de tudo o que lhe foi roubado.

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