Português

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

A rainha Christine vai nua

Por Ferreira Fernandes
     GASTAVA-SE demais. O FMI deu a solução: gastar menos. E explicou-a: gastando menos, a economia caía (até eu percebi: menos investimento, logo menos obras, menos emprego...), mas era poupança que levava a o relançamento (também compreendi: se o Estado emagrece, então precisa de menos impostos, e a economia, como Fénix renascida, logo dançaria com ramos de margaridas). 
     A explicação não foi tão poética, mas foi assim que a ouvimos. O problema é que a Christine Lagarde não é dada a rimas, ela é mais números. Tivesse ela aproveitado a nossa ânsia de música, ainda continuávamos alegremente iludidos. Mas a francesa de perfil seco sacou da calculadora: "Por cada euro de austeridade, a economia cairia 0,50 euros", decretou. 
     O resto da humanidade olhou para a fórmula como um boi para um palácio, fingiu que percebeu e sorriu porque a Lagarde também sorria quando enunciou a fórmula. Um euro de poupado e só meio euro de queda, parecia boa e prometedora aquela relação...
     Ora, agora, ficámos a saber que por cada euro de austeridade, afinal, a economia cai entre 0,9 e 1,7 euros. Mesmo tansos como nós sabem calcular o tamanho do engano: o FMI errou do dobro ao triplo! 
     Mais uma vez ficou demonstrada a vantagem da poesia. Tivesse o FMI ido por ela, ainda hoje podia continuar a iludir-nos, dizendo que o engano era pouco, em vez de ramos de margaridas eram de crisântemos... Mas como insistiu nos números, tramou-se. 
     São uns sábios da treta. 

DN de 12 de outubro de 2012

Ranking de escolas - Exames nacionais

Prémio Nobel da Paz - União Europeia

Anterozóide
     As vítimas da UE por ordem: Espanha, Portugal, Irlanda e Grécia.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Novamente o PISA...

     A imagem infra (pertencente a um estudo da OCDE) que confirma que, se atendermos aos antecedentes socioeconómicos dos alunos, o desempenho nos testes PISA dos estudantes portugueses ficam acima da média e mais perto dos chamados países desenvolvidos do que é comummente aceite.

Estado não quer concorrência


"Isto" - Correção do questionário


 1.1. No poema “Autopsicografia”, o sujeito poético socorre-se da terceira pessoa verbal (“é”, “finge”, etc.), visto que tece considerações de caráter generalizante sofre o fingimento / a criação poética, que, naturalmente, também o incluem a si.
         Já em “Isto”, que constitui uma espécie de “resposta poética” àqueles que, tendo lido “Autopsicografia” e interpretado erroneamente a sua mensagem, o acusavam de mentir nos poemas que escrevia, o sujeito aplica a si e à sua prática poética as considerações sobre a construção lírica / a poesia e a figura do poeta que efetuara, de modo geral, no segundo poema. Daí que, em “Isto”, faça uso da primeira pessoa (“finjo”, “minto”, etc.).

1.2. O sujeito poético é acusado de ser verdadeiro nos seus poemas, isto é, de fingir / mentir sobre tudo o que escreve.

2.1. O «eu» refuta essa acusação, defendendo que se limita a sentir com a imaginação, racionalizando tudo, mas não mentindo, como se pode verificar pelo recurso ao advérbio de negação «Não».

2.2. O sujeito poético, nesses versos, refuta a “acusação” que lhe é feita, negando que haja mentira no ato de criação poética. O fingimento poético resulta da intelectualização do “sentir”, da racionalização. Ele nega o “uso do coração”, aponta para a simultaneidade dos atos de “sentir” e “imaginar” (pensar), apresentando a obra / criação poética como uma espécie de síntese onde a sensação surge filtrada pela imaginação criadora. O fingimento poético é fruto da imaginação criadora e não do coração.

2.3. De acordo com um «outros» indefinido (“Dizem”), “fingimento” é sinónimo de falsidade, de mentira. Segundo o sujeito lírico, tal interpretação é errada. De facto, para ele, “fingimento” remete para a racionalização, para a imaginação criadora.

2.4. O advérbio “simplesmente” destaca a simplicidade da sua teoria e da sua arte poética, mas possui também um valor irónico, dado que, ao ressaltar a naturalidade e a singeleza do seu processo de criação, reprova todos os que veem nele uma complexa e elaborada construção intelectual e que criticam a sua autenticidade e espontaneidade. Por outro lado, sugere que esta atividade intelectual é habitual para o sujeito poético.

3.1. A figura de estilo é a comparação: “Tudo o que sonho ou passo / (…) É como que um terraço (…)” (vv. 6 a 9).

3.2. A comparação evidencia que a realidade que envolve o sujeito poético (“passo” e “finda”) ‑ bem como os seus sonhos (“sonhos”) e falhanços (“falho”) ‑ é apenas a “ponte” para “outra coisa”: a obra poética, a expressão máxima do Belo. Ou seja, nos alicerces da criação poética encontram-se as emoções negativas e positivas e delas fazem parte os sonhos e as vivências do poeta (“o que sonho ou passo”), os falhanços e as deceções (o que falha), bem como a consciência da efemeridade de tudo na vida (o que finda). No entanto, este conteúdo emocional e realmente sentido é uma espécie de “terraço / Sobre outra coisa ainda”, isto é, as emoções sentidas são a via de acesso a “outra coisa” que é “linda”, que é o poema «perfeito» que o poeta sonha escrever, racionalizando as emoções.

3.3. O sujeito poético sente dificuldade na sua procura, visto que entre ele e o que procura alcançar há algo (“terraço”) que o impede de atingir “essa coisa”, “que é linda”. Isto significa, portanto, que, por mais que o sujeito poético se esforce na sua procura, o seu alvo está tão distante do mundo físico em que se encontra que há sempre um outro nível que o separa do seu objetivo.

3.4. Na esteira da Alegoria da Caverna de Platão, o terraço é uma espécie de “ponte” entre o mundo sensível (o terreno) e o mundo inteligível (o perfeito, das ideias).

4.1. O marcador discursivo que introduz a terceira estrofe é a locução “Por isso”, que tem um valor conclusivo ou explicativo.

4.2. O sujeito poético procura libertar-se do que o rodeia, que é palpável, do que o prende (“enleio”), de modo a atingir o que é verdadeiramente belo e que está num nível superior de inteligibilidade. Ou seja, o «eu» procura desligar-se de cada “enleio” e tornar-se “Sério do que não é”, isto é, consciente da transformação que opera intelectualmente sobre os seus sentimentos. Ele concebe o fingimento poético como uma forma de sinceridade intelectual (“Sério do que não é”).
         Dito de forma mais simples e concisa, o poeta escreve distanciado das emoções que se encontram arquivadas na sua memória ou naquilo “que não está ao pé”, conseguindo assim libertar-se das perturbações de caráter emocional (“livre do meu enleio”) e fingindo emoções que não sente (“Sério do que não é”).

4.3. A interrogação conclui a explicação anterior do sujeito poético e reforça a sua teoria. Assim, ele recusa a poesia como expressão imediata das sensações. O sentir, de acordo com a sua teoria, é remetido para o leitor (“Sentir? Sinta quem lê!” ‑ v. 15), enquanto ao poeta cabe a transformação do sentimento através da sua racionalização, do fingimento.

4.4. O sujeito poético transforma as emoções através do pensamento. Deste modo, liberta-se da sinceridade humana convencionada, dos sentimentos espontâneos que nega existirem para o criador poético, deixando essa tarefa a cargo do leitor.

5. O tema do texto é o fingimento poético / a criação poética.

6. O poema é constituído por três quintilhas de versos hexassílabos (seis sílabas métricas). A rima é cruzada e emparelhada, de acordo com o esquema ABABB.

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Testes PISA: alunos portugueses com desempenho acima da média?

     Os diapositivos seguintes fazem parte da comunicação apresentada pelo Professor David Justino em Montemor, no dia 29 de Setembro.
     Resumindo: atendendo aos constrangimentos de ordem social e cultural das suas famílias, os alunos portugueses têm um desempenho acima da média nos testes PISA.
     E esta hein?
     Não fui eu que inventei… é o resultado de um estudo em decurso para publicação internacional e deita por terra muitas ideias feitas sobre o mau trabalho feito nas escolas portuguesas que conseguem, com alunos com um background mais problemático, alcançar resultados acima do previsível.


Roubado ao blogue A Educação do Meu Umbigo

Recuo do ministro da Educação e da Ciência

Exames secundário

Ministério da Educação recua na questão dos exames do 12.º ano

08.10.2012 - 16:34 Por Graça Barbosa Ribeiro
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Os alunos que chegarem ao 12.º ano em 2015 vão ter de responder sobre a matéria dos três anos do secundárioOs alunos que chegarem ao 12.º ano em 2015 vão ter de responder sobre a matéria dos três anos do secundário (Foto: Enric Vives-Rubio)
 Ainda não é este ano que os alunos do 12.º ano vão ter de responder, nos exames nacionais, sobre os programas dos três anos das disciplinas trienais. Mas a regra é para aplicar gradualmente. Os alunos que chegarem ao 12.º ano em 2014/2015 já serão abrangidos.

sábado, 6 de outubro de 2012

«Para» ou «pára» ou um acordo ortográfico parvo

http://sorumbatico.blogspot.pt/

     Houve uma altura, não há muito tempo, em que o título acima era clarinho. Depois inventaram um acordo ortográfico e deu nisto: os trabalhadores fizeram greve para produzirem o iPhone? Ou a greve parou a produção do «gadget»?

Benfica - Beira Mar on-line

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Tema de James Bond, John Williams; «Kingston Calypso», de Byron Lee

   

«Dr. No» (1962)

     A 5 de outubro de 1962 estreava o primeiro filme de James Bond, o espião mais famoso do cinema: «Dr. No».

Derrotem-no que ele gosta

Por Ferreira Fernandes
     O MINISTRO Gaspar tinha um problema: o défice. Então, apresentou a solução 1: cortes de subsídios dos funcionários. Mas o decreto foi ao Tribunal Constitucional e chumbou: à medida faltava equidade, só batia em parte dos portugueses e poupava outros. Quem gostou do chumbo foi o próprio ministro, porque entretanto tinha-se agravado o tal défice e dava-lhe jeito aumentar, somando os privados aos funcionários, o universo a quem bater. 
     Gaspar inventou, então, a solução 2: mudanças na TSU. Porque digo que ele gostou da oportunidade de passar da solução 1 para a solução 2? Ora, porque todos os ministros das Finanças adoram aumentos de receita. Aconteceu, porém, que a nova solução também não vingou. O povo saiu à rua e a TSU foi corrida. 
     Quem gostou do novo desaire, quem foi? Já adivinharam, o ministro das Finanças. Ele esfregou as mãos com a derrota da solução 2 porque, entretanto e mais uma vez, já precisava de ir mais longe e passar à solução 3. Foi o que conhecemos ontem: o aumento brutal do IRS. Ou, como diria o ministro Gaspar, um upgrade, mais um aumento da receita. 
     E eu já tremo por alguém (rua, tribunais, o que seja) tentar chumbar a 3 e obrigue o ministro ao prazer da solução 4. 
     Portugueses, fiquem quietos: estamos a criar um monstro, um sadomasoquista, que adora ser derrotado na sua medida anterior só pelo prazer que lhe dá em bater-nos ainda mais com a medida seguinte. Por favor, não lhe alimentem o vício. 
Diário de Notícias de 4 de outubro de 2012

A CAPA de 2012

Capa do jornal i

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Exames nacionais de 12.º ano - Conteúdos

     O Ministério da Educação e Ciência alterou os conteúdos a avaliar nos exames nacionais das disciplinas.

     Assim, os exames nacionais de 12.º ano de Português (código 639), Matemática A (código 635), História A (código 623) e Desenho A (código 706), a partir do presente ano letivo, têm por referência os programas dos 10.º, 11.º e 12.º anos de escolaridade.

"Campo de Trigo com Corvos"

  • "Campo de Trigo com Corvos" é um quadro de 1890 (tela de 50 X 103 cm), da autoria do pintor holandês Vincente van Gogh (1853 - 1890) que se inscreve no contexto da pintura de paisagens.
  • Assunto: O quadro retrata uma revoada / um bando de corvos sobrevoando um campo de trigo, sob um céu carregado e ameaçador.
  • Elementos do quadro:
  • Campo de trigo:
  • O trigo dourado está pronto a ser colhido;
  • A luminosidade do amarelo revela indícios de alguns raios solares que rompem a densa camada de nuvens;
  • As linhas diagonais do trigal sugerem um efeito de movimento, efeito da ação do vento sobre o campo;
  • O trigal está ainda marcado por cercas verdes e três caminhos. 
  • Três caminhos:
  • São divergentes e perdem-se ao longe;
  • O primeiro, à esquerda, é escarpado, num terreno íngreme;
  • O do meio é sinuoso, perdendo-se no interior do trigal, mas conduz a algum lugar situado para além do campo;
  • O terceiro, à direita, está livre de obstáculos, seguindo para fora do trigal;
  • Estão pincelados sinuosamente em tons de verde e vermelho. 
  • Corvos:
  • O bando de corvos parece estar em debandada / fuga;
  • O preto das aves contrasta com o amarelo, com o azul e branco, acentuando a movimentação do seu voo, que indicia uma fuga em busca de um lugar seguro, na iminência de uma tempestade;
  • De facto, se a tradição encara a figura do corvo como símbolo de maus presságios e de morte, no Génesis é o símbolo da perspicácia: a ave vai verificar se a terra reaparecerá na superfície das águas depois do dilúvio.
  • Céu:
  • O céu escuro e ameaçador, conjuntamente com a presença dos corvos, reflete um ambiente profundamente negativo;
  • O contraste entre o amarelo do trigal, sugerindo volume e vivacidade, e o azul intenso do céu, misturado com o preto, sugere negatividade, tensão, inquietação, agitação;
  • O céu azul promove um efeito de profundidade;
  • As duas nuvens claras no céu, uma mais ao centro (encobrindo o sol?, dissimulando-o?) e outra mais à esquerda, fazendo contrastar o preto e o branco, realçam um céu tempestuoso.

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