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sexta-feira, 31 de maio de 2024

Personagens ligadas ao Bureau of Investigation e/ou Washington DC

 J. Edgar Hoover
 
    J. Edgar Hoover é o diretor do Bureau of Investigation. Hoover usa o caso Osage para estabelecer a necessidade de uma agência mais poderosa e influente e, através dela, acumula um vasto poder em Washington, DC. Figura enigmática e a quem é difícil agradar, nem sempre apoia os seus agentes, especialmente quando decide que eles pode acarretar uma imagem negativa para si enquanto diretor ou para a agência.
 
Charles Curtis
 
    Estamos na presença de um senador dos EUA, eleito pelo estado do Kansas, com ascendência Osage e Kaw. Hoover teme a sua influência.
 
William B. Pine

    William Pine é outro senador dos EUA, neste caso eleito pelo estado do Oklahoma, defensor do sistema de tutela.
 
JC “Doc” White
 
    JC é o irmão mais novo de Tom. Mais rude e ousado do que o mano mais velho, também havia sido Texas Ranger antes de ingressar no Bureau. Ambos faziam parte de um grupo de agentes conhecido como Cowboys.
 
Harlan Fiske Stone
 
    Harlan Stone é nomeado procurador-geral em 1924 e acaba por selecionar J. Edgar Hoover para dirigir o Bureau, primeiro com caráter temporário e depois permanentemente.
 
John Burger
 
    Burger é um agente que participou na investigação inicial de 1923, tendo sido mantido por White na equipa que tomou conta do caso em 1925.
 
Frank Smith
 
    Frank Smith é um Texas Ranger, incluído na equipa de White. O agente foi ferido no Massacre de Kansas City, mas sobreviveu.
 
John Wren

    Wren é um agente com ascendência nativa americana (Ute) que foi reintegrado como investigador para trabalhar na equipa de White.

John Leahy

    Leahy é promotor no julgamento de Ernest, contratado pelo Conselho Tribal Osage.
 
Flint Moss
 
    Moss é o advogado de Ernest Burkheart.
 
Dudley White
 
    Dudley é o irmão mais velho de Tom, que também acaba por se tornar Ranger. Morreu no cumprimento do dever em 1918.
 
Coley White
 
    É o terceiro irmão de Tom, que se torna xerife do condado de Travis.
 
Bessie Patterson
 
    É a esposa de Tom White.

quinta-feira, 16 de maio de 2024

Personagens da tribo Osage

Anna (Wah-hrah-lum-pah) Marrom
 
    Anna é a irmã mais velha de Mollie, desaparecida em 21 de maio de 1921. Alegre e animada, a jovem é a filha favorita da mãe. Gosta de beber álcool e há rumores de que estaria grávida no momento do seu desaparecimento.


Minnie (Wah-sha-ela) Smith
 

    Minnie é a quarta irmã de Mollie. Apesar de se tratar de uma pessoa bastante jovem e de gozar aparentemente de boa saúde, morre súbita e celeremente de uma doença misteriosa em 1918. Embora as circunstâncias que rodeiam o seu passamento sejam suspeitas, ninguém é acusado de a assassinar. Era casada com Bill Smith.


Rita (Me-se-moie) Smith

    Rita é outra das irmãs de Mollie. Casa-se com William Smith, um homem branco, após a morte de Minnie. O casal acaba por ser assassinado quando a casa que ambos habitam explode em 1923. Estamos na presença de uma mulher inteligente e apaixonada pelo marido, não obstante a violência doméstica de que é vítima, dado que ele a agride ocasionalmente


Lizzie

    Lizzie é a mãe de Anna, Mollie, Minnie e Rita. Suspeita-se que a sua morte prematura em julho de 1921 tenha sido causada por envenenamento.


Ne-kah-e-se-y

    Ne-kah-e-se-y é o pai de Mollie. O homem prefere usar o seu nome Osage, mas os comerciantes locais chamam-no habitualmente Jimmy e é assim que é conhecido localmente. A sua morte ocorreu num tempo anterior ao retratado no livro de David Graan, ainda assim a referência à sua pessoa é importante, visto que se tratava de um membro muito importante e influente no contexto da tribo, conhecido pela seu caráter atencioso e inteligência.

 
James Big Heart

    Big Heart é um importante chefe osage multilíngue. No início da década de 1900, adiara com sucesso o esquema de distribuição do governo dos EUA e depois negociou termos que se revelaram muito mais favoráveis aos membros tribais. É tratado por alguns como “Osage Moses”.


George Big Heart

    George é sobrinho de James Bigheart. Enquanto estava no hospital, em junho de 1923, compartilhou evidências cruciais acerca dos assassinatos com W. W. Vaughan antes de morrer por suspeita de envenenamento.


John Palmer

    John é um jovem advogado que auxilia James Bigheart na negociação de verbas com o governo dos EUA. Filho de uma mulher Sioux e de um comerciante branco, Palmer é criado por uma família Osage e casa-se com uma mulher da tribo.


John Flower

    John Flower é o nativo Osage que descobre petróleo nas terras que pertencem à tribo, mais de uma década antes do acordo de regulação negociado com o governo dos EUA.


Charles Whitehorn
 

    Charles desapareceu em 14 de maio de 1921, uma semana antes de o mesmo suceder com Anna, mais tarde descoberta assassinada. David Grann investiga o crime e sugere que a viúva do homem, Hattie, poderá estar envolvida no seu desaparecimento.


Henry Roan

    Henry é um homem de 40 anos, casado e com dois filhos, assassinado em 1923. Desposou Mollie na juventude numa cerimónia tradicional dos Osage, facto que ambos esconderam quando atingiram o estado de adultez.


Rose Osage

    Rose, como o nome indicia, é uma mulher nativa que terá confessado o assassinato de Anna por tentar seduzir o seu namorado, Joe Allen. Mais tarde, foi inocentada das suspeitas.


William Stepson
                
    Pais de dois filhos, foi assassinado por uma injeção de veneno em fevereiro de 1922.


Bacon Rind

    Bacon foi um chefe Osage na década de 1920 que lamentou a ironia de que os colonos brancos terem expulsado os Osage para as terras aparentemente mais pobres e indesejadas dos emergentes Estados Unidos, porém terem ficado extremamente interessados nelas quando perceberam o quão valiosas eram.


Katherine Cole

    Estamos na presença de uma mulher Osage e ex-eposa de Kelsie Morrison. Ela concorda em testemunhar pela acusação e quase morre em virtude de tal. Felizmente para si, o assassino decide não disparar sobre ela no último segundo.


John Cobb

    John é o segundo marido de Mollie, depois de terminado o enlace com Ernest. Parte Creek e parte branco, ele e Mollie mantiveram um relacionamento amoroso que redundou em casamento em 1928.


Kathryn Red Corn


    Kathryn é a diretora do Museu da Nação Osage. Trata-se de uma mulher mais velha e culta, cuja família recebeu um headright em 1906.


Margie Burkhart

    Margie é neta de Mollie e Ernest e está casada com um membro da Creek Seminole Nation. Desempenhou um papel de uma personagem não dançante no balé que representou o Reinado do Terror.


Martha Vaughan

    Martha é neta de W. W. Vaughan e auxiliou o autor da obra a conhecer detalhes da vida e da morte do seu avô.


Melville Vaughan

    Melville é primo de Martha Vaughan. Tem um conhecimento apreciável sobre a vida do avô, que acaba por partilhar com David Graan.

 
Hlu-ah-to-me


    Hlu é um membro do julgamento Osage, que morre de tuberculose quando o seu tutor lhe nega acesso a cuidados médicos.


Eves Tall Chief


    Eves morre também em circunstâncias misteriosas, tendo sido a bebida apontada como a causa da sua morte, o que é posto em causa por múltiplas testemunhas, que afirmaram que o homem não bebia.


Maria Elkins

    Maria é uma figura trágica, como tantas outras, neste caso por ser torturada pelo marido, tortura a que, no entanto, consegue sobreviver.


Sybil Bolton
 
    Sybil é uma bela jovem que morre com um ferimento de bala nopeito.


Marvin Stepson


    Marvin é o neto de William Stepson, que compartilha igualmente informações com Grann.


Mary Jo Webb

    Mary é uma professora aposentada, ansiosa para saber o que aconteceu com o seu avô, Paul Peace, falecido em 1927, por isso pede a Grann que investigue o caso.


Wah'Kon-Tah

Wah é a força vital que envolve tudo e todos no sistema de crenças Osage.

quinta-feira, 9 de maio de 2024

Análise do poema "A violência", de Bruna Beber

    O «eu» poético abre o poema exprimindo o seu desejo insistente e constante de expressar o seu amor profundo pelo «tu»: “vontade constante / de dizer te quero tanto”. Estamos na presença da expressão de um sentimento profundo e intenso.
    Por vezes, o sujeito poético distrai-se dessa vontade, todavia o contacto físico da pessoa amada, o seu abraço, trazem-no de volta ao desejo inicial, evidenciando, assim, a força e o poder desse contacto íntimo. Não podemos descartar a sensação de segurança e carinho que um abraço transporta para a pessoa que o recebe.
    Por outro lado, esse gesto de afeto tem um enorme efeito no «eu» poético, configurando um momento de transcendência. De facto, a presença física e o contacto com a pessoa amada são tão importantes e poderosos que o mundo desaparece, nada mais importa. O facto de, nessa ocasião, “o mundo não tem [ter] membros superiores” sugere que há um desapego desse mundo físico, que, sem eles, não pode intervir ou interferir.
    É, então, que se atinge o clímax da relação entre o «eu» e o «tu», concretamente através do beijo: “e então me beija.” É o ápice da união física e emocional entre ambos, o momento supremo. Segue-se a alusão a uma possibilidade ou hipótese: o «eu», se quisesse, poderia cometer os atos mais violentos (“matar”) sob a influência do amor intenso. A antítese entre o afeto expresso nos versos anteriores e estes dois últimos pode traduzir, na esteira, por exemplo, de Petrarca ou Camões (“Amor é um fogo que arde sem se ver”), os efeitos contraditórios do amor, ou ser o símbolo de um amor tão intenso que pode destruir.
    Enigmaticamente, o sujeito declara-se possuidor de muito ar, sugerindo talvez ima sensação de plenitude, o resultado da intensidade emocional experimentada. Subitamente, ele sente “na ponta dos dedos / a coragem de dizê-la”, ou seja, encontra coragem para, finalmente, expressar a vontade manifestada inicialmente, o seu amor, através da “ponta dos dedos” (da escrita?).
    O título – “A violência” – parece, pois, apontar para violência, a intensidade, do sentimento amoroso, bem como para a luta interna do «eu» travada entre a vontade de expressar sentimentos e emoções intensos e o receio de o fazer, isto é, para o impacto que aqueles / aquelas têm em si, tanto física como emocionalmente. O amor, recorrendo novamente a Camões, é um sentimento intenso e contraditório, mas, ainda assim, desejado pelos corações humanos.

quarta-feira, 8 de maio de 2024

Contexto de O Fantasma de Canterville

    A ação de O Fantasma de Canterville decorre em plena época vitoriana. Nesse tempo, o império britânico continuava a usufruir de grande poder, porém, em contramão, o poder tradicional da monarquia em Inglaterra estava em contração, perante a ascensão do poder parlamentar, cujos representantes eram eleitos democraticamente.
    Durante o reinado da rainha Vitória, a Inglaterra transitou para uma monarquia constitucional, um sistema em que a monarquia operava sob mandatos estabelecidos por uma constituição. A partir de 1832, o Parlamento inglês começou a aprovar uma série de leis de reforma que, entre outras coisas, conferiam direito de voto a um número crescente de cidadãos, de tal modo que, na época em que O Fantasma de Canterville foi publicado, meio século depois, o número de homens britânicos que podiam votar tinha passado de quinhentos mil para mais de cinco milhões. Quanto às mulheres, só teriam direito de voto a partir de 1918 e apenas se fossem proprietárias de imóveis com mais de trinta anos. Com esta alteração na estrutura do poder, proporcionado ao homem comum, e a subsequente ascensão da classe média, a aristocracia – juntamente com o seu poder e riqueza – começou a diminuir. É neste momento social e político crucial que a família norte-americana Otis, no conto, decide comprar uma propriedade que pertencera durante seculos a aristocratas.
    Convém não esquecer que a obra foi publicada e provavelmente ambientada por volta de 1887. A ação desenrola-se em Canterville Chase, uma antiga mansão fictícia algures na Inglaterra, anteriormente pertença da família Canterville. A mansão localiza-se na zona rural do país. A propriedade contém um grande parque, no qual o Sr. Otis permite que grupos de ciganos acampem ocasionalmente e, como Sir Simon refere a Virgínia, possui igualmente uma floresta de pinheiros e um cemitério de família. A certa altura, quando Virgínia desaparece, o Sr. Otis e o jovem namorado da rapariga tem de cavalgar quilómetros para chegar à estação de caminho de ferro, o que evidencia a distância a que a propriedade distava de qualquer vilarejo.
    Por outro lado, Canterville Chase tem pelo menos trezentos anos, conclusão a que se pode chegar a partir da informação de Lady Eleanore Canterville foi assassinada em 1575 e que a casa é assombrada desde 1584. Tal como sucede com várias outras propriedades ancestrais em Inglaterra, Canterville Chase possui armaduras antigas, vitrais com brasões de família e uma sala secreta com um esqueleto.

terça-feira, 7 de maio de 2024

Caracterização de William Hale

    William Hale é um criador de gado que está por trás de muitos dos assassinatos ocorridos no seio dos Osage. Trata-se de um homem que evolui da pobreza para a riqueza e que, com o seu rosto gentil, consegue ganhar a confiança da tribo, no entanto, como a investigação liderada por White demonstrará, dirige uma rede criminosa dedicada a enganar, roubar e assassinar o povo nativo. Por causa destes crimes, acaba por ser julgado e condenado por assassínio, passando duas décadas preso.
    Aparentemente, William Hale encarna os ideais americanos tradicionais. De facto, através do trabalho árduo e da sua determinação, sai da pobreza até chegar a uma posição de destaque na região. No início da sua carreira, sofre um revés que o poderia ter levado a desistir (o fracasso do primeiro empreendimento), porém a sua determinação e persistência conduzem-no ao sucesso. Ascende socialmente, casa com uma professora, de quem uma filha que lhe é profundamente devota. Por outro lado, é bastante generoso com a sua família, ajudando, por exemplo, os sobrinhos, Ernest e Bryan, e apoiando, aparentemente, os Osage. Por exemplo, quando Anna Brown é assassinada, promete ajudar Mollie a resolver o crime e chega mesmo a contratar detetives privados para o investigarem.
    Contudo, tudo isto não passa de uma monumental fachada para encobrir a sua atividade criminosa, no sentido de usufruir da riqueza dos Osage, através do mero roubo, da manipulação e do assassinato, em última análise. Hale faz acordos com um contrabandista local para envenenar bebidas alcoólicas, uma das formas preferenciais para assassinar pessoas. Anna Brown, com quem poderia ter tido um relacionamento amoroso, foi morta por ordem sua. Assim sendo, a promessa feita a Mollie e a contratação de detetives privados para investigar esse crime evidenciam todo o seu cinismo e maquiavelismo. Além disso, tenta encontrar repetidamente alguém disposto a fazer explodir a casa de Rita e Bill Smith. Outro exemplo: Henry Roan crê que Hale é o seu melhor amigo, porém este planeja cuidadosamente a sua morte, para, tal como sucede com os outros assassinatos, lucrar com ela. Todos estas casos demonstram que é um homem violento e cruel, em suma, um indivíduo mau. A confirmar estes dados, já depois de preso, Hale escreve uma carta aos Osage, na qual se afirma grande amigo da tribo, uma mentira macabra.
    Ocasionalmente, William Hale é chamado «Rei» do Condado de Osage, um epíteto que releva outro traço do seu caráter: não tem qualquer compromisso real com os princípios da justiça e da democracia. Quando é preso, mostra-se arrogante e confiante na sua não condenação. Graças à sua vastíssima rede de influência pessoal, está convicto de que não será condenado. Aparentemente, tem razão, pois o seu primeiro julgamento resulta num impasse. O seu longo braço chega até ao Senado dos Estados Unidos: o senador William Pine, do estado do Oklahoma, pressiona o Bureau of Investigation para despedir White e a sua equipa, sob a acusação falsa de terem torturados os réus durante os interrogatórios. Por tudo isto, a surpresa de Hale é enorme quando é considerado culpado e condenado, pois os jurados ficam convencidos pelo depoimento de Ernest. Porém, isto não significa que a sua influência tenha terminado: ele pode ter sido punido por todos os seus crimes, porém os Osage continuam a sentir na pele os efeitos nefastos e persistentes das suas ações. De facto, no museu tribal, a figura de Hale foi recortada de uma imagem da época. Com efeito, tinha ficado no centro da mesma e foi removido porque, para os nativos americanos, se trata da encarnação do Mal.

Cartoon

quinta-feira, 2 de maio de 2024

Enredo / Resumo da ação de O Fantasma dos Canterville

    Hirsham B. Otis, um ministro americano, muda-se com a família para Inglaterra, onde acaba de comprar uma velha propriedade – Canterville Chase – que pertencia há séculos aos Canterville, uma velha família inglesa aristocrática. Porém, a aquisição não está isenta de problemas, visto que o próprio Lorde Canterville adverte o Sr. Otis para não a comprar, afirmando que é assombrada pelo fantasma do seu antepassado, Sir Simon, desde o século XVI. No entanto, o americano, que diz vir de um país moderno demais para acreditar em fantasmas, não crê na história e declara que esta não passa de uma superstição europeia.
    Algumas semanas depois, em julho, o Sr. Otis e a família, composta pela esposa – a Sr. Otis – e pelos quatro filhos – Washington, Virgínia e os gémeos – mudam-se para a casa. A viagem entre a estação de caminho de ferro e a propriedade é demorada e, à medida que se aproximam dela, acontecem alguns fenómenos estranhos, levando a que aquela bela noite de verão se torne desagradável, com o céu coberto de nuvens e algumas gotas grossas de chuva a caírem. À chegada, a família é recebida pela Sr. Umney, a governanta. Na biblioteca, deparam com uma mancha de sangue no chão, junto à lareira. Questionada, a governanta informa-os que a mancha não pode ser removida e que se tornou uma atração turística, pois está ali desde que Sir Simon assassinou a esposa três séculos atrás, mais concretamente desde 1575. O marido assassino desapareceu pouco tempo depois do crime e, embora o seu corpo nunca tenha sido encontrado, o seu fantasma assombra Canterville Chase desde essa época.
    A família reage ao relato da Sr. Umney com a mesma descrença que o Sr. Otis evidenciou inicialmente quando Lorde Canterville lhe falou pela primeira vez no espectro. Washington, o filho mais velho do casal, não se impressiona com a mancha e rapidamente a elimina, usando produtos de limpeza modernos.
    No dia seguinte, contudo, a mancha reaparece, facto que se repete todas as manhãs, apesar da sua diligente e diária remoção por parte de Washington. Estranhamente, a mancha muda constantemente de cor. Assim, a família começa a acreditar na existência do fantasma, mas sem nunca revelar medo. Certa noite, o espectro aparece: o Sr. Otis ouve-o passar diante do seu quarto e oferece-se-lhe algo para lubrificar as correntes que lhe prendem os membros, o Lubrificante Tammany Rising Sun, de modo a parar o rangido produzido por aquelas e permitir que a família durma em paz. O fantasma, cuja aparição tinha como objetivo assustar os Otis, fica indignado, quebra a garrafa do lubrificante e prossegue o seu caminho, porém, logo de seguida, é abordado pelos gémeos, que lhe atiram um travesseiro à cara. Sir Simon esconde-se no seu esconderijo secreto, uma câmara escondida numa ala da casa, completamente chocado e escandalizado. Para se acalmar, recorda o seu maior sucesso, a maneira como aterrorizou a família Canterville e os seus amigos, deleitando-se com os sustos que infligiu a diversos aristocratas ingleses do passado. Essa memória deixa-o mais confuso e intrigado sobre a reação daquela família estrangeira e jura a si mesmo vingar-se dela.
    Durante alguns dias, Sir Simon limita-se a fazer a mancha reaparecer todas as manhãs e mantém-se afastado da família, enquanto magica uma forma de a assustar. Assim, decide vestir a sua velha armadura e passear-se pela casa com ela. Uma noite, espera que os Otis adormeçam, para pôr em prática o seu plano, no entanto acaba por despertar a atenção da família quando deixa cair a armadura enquanto a tenta vestir. Rapidamente, vê-se rodeado pelos Otis e os gémeos atacam-no com as suas zarabatanas de brincar, enquanto o pai lhe aponta uma arma verdadeira, como se o espectro fosse um simples ladrão. Sir Simon tenta ainda assustá-los com o seu riso maléfico, contudo a Sr. Otis, pensando que está doente, surpreende-o sugerindo-lhe que tome um remédio para a indigestão. Todas estas humilhações deixam-no doente, pelo que ele se retira para o seu esconderijo e nele permanece durante algum tempo, para recuperar a coragem e restaurar a saúde.
    A terceira tentativa de intimidação é a mais elaborada de todas: decide vestir o seu traje mais assustador e oferecer um tratamento individual a cada membro da família, à exceção de Virgínia, pois esta nunca o insultou e é naturalmente gentil. No entanto, a família tem outros planos e, quando ele se prepara para lançar o seu ataque, envergando o traje mais assustador, complementado por uma velha adaga enferrujada, depara, no corredor, com um espectro aterrorizador montado pelos Otis (um fantasma falso constituído por uma vassoura, um lençol e um nabo oco), que o assusta terrivelmente. O pobre Sir Simon esconde-se novamente e não ousa regressar para observar melhor esse outro fantasma antes de amanhecer. Quando, finalmente, o faz, descobre que não passava de um mero boneco criado pelos gémeos para troçar dele.
    Diminuído por mais uma humilhação, Sir Simon permanece no seu esconderijo e nem sequer se preocupa em fazer reaparecer a mancha de sangue. Limita-se a sair de vez em quando para continuar a assombrar a casa – e até começa a usar o óleo lubrificante para impedir que as correntes façam barulho e, assim, os gémeos as ouçam –, mas procura permanecer o mais discreto possível. No entanto, apesar desta nova postura, não consegue evitar as partidas preparadas por membros da família. Depois de escorregar num pedaço de manteiga deixado pelos gémeos, magica uma nova vingança: veste um disfarce que não usa há setenta anos – Reckless Rupert ou Headless Earl – e prepara-se para assustar a família, no entanto os gémeos estão prontos para ele. Assim, mal entra no cómodo dos miúdos, aciona uma armadilha que lhe prepararam e um balde de água colocado por cima da porta cai sobre si. Humilhado pela quarta vez, foge de novo para o seu quarto, simultaneamente assustado, derrotado e indignado. O impacto físico deste último fracasso é tão grande e ele fica tão debilitado que não sai da cama durante semanas e desiste de assustar a família para sempre.
    Como deixou de ver o fantasma, a família Otis acredita que desapareceu. Quando recebem a visita da família do jovem Duque de Cheshire, pretendente à mão de Virgínia, por quem está apaixonado, a qual já se cruzou com o espectro no passado, este decide visá-lo, contudo está com tanto medo dos gémeos que decide nada fazer.
    Alguns dias depois, Virgínia encontra o fantasma por acaso, que está tão desesperado que não lhe presta atenção. A jovem fica tocada pelo seu sofrimento e procura confortá-lo. Em simultâneo, repreende-o por ter assassinado a esposa e por ter roubado as suas tintas para renovar a mancha no chão da biblioteca (o que explica as mudanças de cor) e a impossibilitou de pintar o que desejava. Além disso, garante-lhe que os gémeos regressarão à escola no outono, o que lhe trará algum alívio. Sir Simon conta-lhe que os irmãos da sua esposa o puniram com a morte por inanição e que foi amaldiçoado a errar sem descanso por séculos. Acrescenta ainda que, de acordo com uma profecia, a sua maldição será quebrada pelas lágrimas e orações de uma jovem por si. Além disso, declara que os habitantes de Canterville Chase saberão que o seu martírio terá terminado quando a amendoeira da propriedade, há muito tempo estéril, florescer de novo. Como Virgínia é jovem e boa, Sir Simon acredita que ela será a rapariga predita pela profecia e pergunta-lhe se o irá ajudar. Ela, corajosamente, aceita rezar pelo descanso dele e ajudá-lo a escapar à maldição. Assim, segue o fantasma e os dois desaparecem numa área secreta da casa.
    Rapidamente, a família nota a ausência de Virgínia, fica preocupada e procura-a pela casa e pelo jardim. Como não a encontram, começam a desconfiar de um grupo de ciganos que tinha, com o seu consentimento, acampar na propriedade. Decidem, então, prosseguir as buscas no dia seguinte, porém, à meia-noite, quando todos estão prestes a retirar-se para os seus aposentos, ouve-se um barulho terrível na casa e Virgínia aparece por detrás de um painel no cimo da escada. A jovem está exausta e transporta consigo um estranho cofre contendo as joias com que Sir Simon a tinha presenteado. De seguida, conduz a família até a um esconderijo, onde Sir Simon foi morto de fome pelos seus cunhados e onde o seu corpo se encontra, acorrentado à parede com um prato de comida e um jarro de água colocados à sua frente, mas fora do seu alcance. Esta foi a forma encontrada pelos irmãos da sua esposa para vingarem o seu assassinato. Deste modo, o fantasma, com a ajuda de Virgínia, parece ter encontrado a paz, o que é confirmado quando os gémeos observam a amendoeira em flor.
    A família Canterville é notificada dos últimos acontecimentos e o corpo de Sir Simon é sepultado no pequeno cemitério. O Sr. Otis manifesta a vontade de devolver as joias dadas a Virgínia pelo fantasma, pois parecem ser muito valiosas, porém Lorde Canterville recusa, considerando o extraordinário serviço que a jovem prestou ao seu antepassado e que o fantasma fazia parte da venda / compra da casa.
    No final da obra, ficamos a saber que, muito tempo depois, Virgínia se casou com o Duque de Cheshire. Após a lua de mel, o casal presta homenagem a Sir Simon colocando flores no seu túmulo. O marido pergunta-lhe o que fez para libertar o fantasma, mas a jovem responde-lhe que prefere manter isso em segredo, decisão que o Duque aceita, certo do amor da esposa. Quanto às joias, Virgínia usa-as quando conhece a rainha de Inglaterra.
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