quarta-feira, 23 de abril de 2014
terça-feira, 22 de abril de 2014
Chalet da Condessa d’Edla – Sintra
O Chalet da Condessa d'Edla, datado do século XIX, situa-se na cidade de Sintra, no Parque da Pena.
O edifício foi mandado construir por D. Fernando II e pela sua segunda esposa, Elise Hensler, Condessa d'Edla, uma cantora de ópera de origem suíço-americana, entre 1869 e 1875, num talhão do Parque da Pena.
O chalé foi inspirado nas construções das montanhas suíças, mas está revestido com materiais nacionais, como a cortiça, que emoldura todas as portas e janelas exteriores. Além disso, a fachada é de alvenaria, mas pintada de forma a imitar a madeira, à semelhança das casas americanas.
A residência é rodeada por um espaço de 1,5 hectares de parque e jardins, com alguns exemplares raros de vegetação e flores multicores que alegram o cenário..
Destruído em 1999 por um incêndio, o edifício e o parque começaram a ser recuperados em 2007 e reabriram recentemente ao público, depois de completa a primeira fase dos trabalhos de recuperação.
O edifício foi mandado construir por D. Fernando II e pela sua segunda esposa, Elise Hensler, Condessa d'Edla, uma cantora de ópera de origem suíço-americana, entre 1869 e 1875, num talhão do Parque da Pena.
O chalé foi inspirado nas construções das montanhas suíças, mas está revestido com materiais nacionais, como a cortiça, que emoldura todas as portas e janelas exteriores. Além disso, a fachada é de alvenaria, mas pintada de forma a imitar a madeira, à semelhança das casas americanas.
A residência é rodeada por um espaço de 1,5 hectares de parque e jardins, com alguns exemplares raros de vegetação e flores multicores que alegram o cenário..
Destruído em 1999 por um incêndio, o edifício e o parque começaram a ser recuperados em 2007 e reabriram recentemente ao público, depois de completa a primeira fase dos trabalhos de recuperação.
(c) Portugal+
Passos Coelho, a sua troupe e o coronel Aureliano Buendia
«O coronel Aureliano Buendia promoveu trinta e dois levantamentos armados e perdeu-os todos. Teve dezassete filhos varões de dezassete mulheres diferentes, que foram exterminados, um após outro, numa única noite, antes de o mais velho fazer trinta e cinco anos. Escapou a catorze atentados, a setenta e três emboscadas e a um pelotão de fuzilamento. Sobreviveu a uma dose de estricnina no café que teria chegado para matar um cavalo. Recusou a Ordem do Mérito que lhe foi conferida pelo presidente da República. Chegou a ser comandante-geral das forças revolucionárias, com jurisdição e poder de uma fronteira à outra e o homem mais temido pelo Governo, mas nunca permitiu que lhe tirassem uma fotografia. Declinou a pensão vitalícia que lhe propuseram e viveu até à velhice dos peixinhos de ouro que fabricava na sua oficina de Macondo. Ainda que tenha sempre lutado à frente dos seus homens, a única ferida que recebeu foi a que fez a si mesmo depois de assinar a capitulação de Neerlândia que pôs termo a quase vinte anos de guerras civis. Disparou um tiro de pistola no peito e a bala saiu-lhe pelas costas sem atingir nenhum centro vital. A única coisa que ficou de tudo isso foi uma rua com o seu nome em Macondo. No entanto, segundo declarou poucos anos antes de morrer de velho, nem sequer isso esperava na madrugada em que partiu com os seus vinte e um homens para se ir reunir às forças do general Victorio Medina.
- Aqui te deixamos Macondo - foi tudo quanto disse a Arcadio antes de partir. - Deixamos-ta bem. Faz com que a encontremos melhor.»
Gabriel García Márquez, Cem Anos de Solidão
domingo, 20 de abril de 2014
sábado, 19 de abril de 2014
"Key for Schools"
«À boa maneira do Estado Novo, o Estado Novo II tem-se afanado em recrutar, obrigatoriamente, voluntários para corrigirem os exames de Cambridge, a que se irão sujeitar os alunos do 9.º ano. Passemos ao largo do provincianismo que paga agora a Cambridge, aquilo que os professores portugueses sempre fizeram e bem. Mas denunciemos o truque. O exame que os alunos vão fazer chama-se, na tipologia de Cambridge, Key for Schools. Corresponde, na descrição do Quadro Europeu Comum de Referência para Línguas Estrangeiras, ao nível A2. As Metas Curriculares de Inglês, aprovadas por Crato, dizem que este nível deve ser cumprido pelos estudantes do 7.º ano de escolaridade. E que dizem para os do 9.º ano? Que o nível a cumprir é o B1, que corresponde, na nomenclatura de Cambridge, a um exame denominado Preliminary of Schools. Ou seja, os alunos do 9.º ano vão fazer o exame desenhado para os do 7.º. Terão, obviamente, bons resultados. É este o rigor de Crato, chancelado por Cambridge.»
Prof. Santana Castilho
segunda-feira, 14 de abril de 2014
sexta-feira, 4 de abril de 2014
Matriz - Exame de Português 9.º ano 2014 - NEE
INFORMAÇÃO ‑ PROVA
FINAL DE CICLO
PORTUGUÊS Março
de 2014
Prova 81 | 2014
………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………….
3.º
Ciclo do Ensino Básico
O presente documento divulga
informação relativa à prova final do 3.º Ciclo da disciplina de Português, a
realizar em 2014, nomeadamente:
● Objeto de
avaliação;
● Caracterização da prova;
● Critérios gerais de
classificação;
● Material;
● Duração.
Realizam
a prova os alunos que se encontram abrangidos pelo Decreto-Lei 3/2008, de 7 de
janeiro.
1. Objeto de
avaliação
A prova
tem por referência o Programa de Português e as Metas Curriculares de Português
para o Ensino Básico e permite avaliar aprendizagens passíveis de avaliação
numa prova escrita de duração limitada, nos domínios da Leitura, da Escrita, da
Educação Literária e da Gramática.
Relativamente
ao domínio da Educação Literária, a prova pode incluir textos que constam da
«Lista de obras e textos para Educação Literária» (Metas Curriculares de
Português) ou outros textos representativos da literatura portuguesa e da
literatura estrangeira.
2. Caracterização
da prova
Os
itens terão como suporte dois ou mais textos.
A prova
é cotada para 100 (cem) pontos.
A
valorização dos domínios na prova apresenta-se no Quadro 1.
Quadro 1 ‑ Valorização dos domínios
Domínios
|
Cotação
(em pontos)
|
Grupo I – Leitura
|
20
|
Grupo II – Educação Literária
|
30
|
Grupo III – Gramática
|
20
|
Grupo IV ‑ Escrita
|
30
|
Em cada
grupo, para além do domínio em foco, podem ser mobilizadas aprendizagens de
outros domínios.
A
tipologia de itens, o número de itens e a cotação por item apresentam-se no
Quadro 2.
Quadro 2 – Tipologia, número de itens e cotação
Tipologia de itens
|
Número de itens
|
Cotação por item
(em pontos)
|
|
Itens de seleção
|
Ordenação
Escolha múltipla
Associação
|
8
a 10
|
2
a 8
|
Itens de construção
|
Resposta curta
Completamento
Resposta restrita
Resposta extensa
|
3
a 5
1
5
a 8
1
a 2
|
2
a 5
3
a 5
3
a 8
10
ou 30
|
3. Critérios
gerais de classificação
A
classificação a atribuir a cada resposta resulta da aplicação dos critérios
gerais e dos critérios específicos de classificação apresentados para cada
item.
As
respostas ilegíveis ou que não possam ser claramente identificadas são
classificadas com zero pontos.
A
classificação das provas nas quais se apresente, pelo menos, uma resposta
escrita integralmente em maiúsculas é sujeita a uma desvalorização de três
pontos.
No
presente ano letivo, na classificação das provas, continuarão a ser
consideradas corretas as grafias que seguirem o que se encontra previsto quer
no Acordo Ortográfico de 1945, quer no Acordo Ortográfico de 1990 (atualmente
em vigor), mesmo quando se utilizem as duas grafias numa mesma prova.
Itens de seleção
Nos
itens de escolha múltipla, a cotação do item só é atribuída às respostas que
apresentem de forma inequívoca a opção correta. Todas as outras respostas são
classificadas com zero pontos.
Nos
itens de ordenação, a cotação do item só é atribuída às respostas em que a
sequência apresentada esteja integralmente correta e completa. Todas as outras
respostas são classificadas com zero pontos.
Nos
itens de associação, são atribuídas pontuações às respostas total ou
parcialmente corretas, de acordo com os critérios específicos.
Itens de construção
Nos
itens de completamento e nos de resposta curta, a cotação do item só é
atribuída às respostas totalmente corretas. Poderão ser atribuídas pontuações a
respostas parcialmente corretas, de acordo com os critérios específicos. Nos
itens de resposta curta em que se solicite o uso de metalinguagem, são classificadas
com zero pontos as respostas que contenham abreviaturas ou representações
ortográficas incorretas de termos literários ou linguísticos.
Nos
itens de resposta restrita e de resposta extensa, os critérios de classificação
apresentam-se organizados por níveis de desempenho. A cada nível de desempenho
corresponde uma dada pontuação.
Em
relação aos itens de resposta restrita, a cotação é distribuída pelos
parâmetros seguintes:
a) conteúdo (C);
b) organização e correção da
expressão escrita (F).
No
domínio da organização e correção da expressão escrita (F), estão previstos
descontos por aplicação dos fatores de desvalorização seguintes:
– erro de
ortografia (incluindo erro de acentuação, uso indevido de letra minúscula ou de
letra maiúscula inicial e erro de translineação);
– erro
inequívoco de pontuação;
–
incumprimento de regra de citação ou de referência a título de obra;
– erro de
morfologia;
– erro de
sintaxe;
–
impropriedade lexical.
O
afastamento integral dos aspetos de conteúdo relativos a cada item implica que
a resposta seja classificada com zero pontos. A classificação com zero pontos
nos aspetos de conteúdo (C) implica a classificação com zero pontos nos aspetos
de organização e correção da expressão escrita (F).
O Grupo
II pode integrar um item de resposta extensa. Caso tal se verifique, são
aplicados os critérios apresentados para os itens de resposta restrita. Neste
item, a indicação de um número mínimo e máximo de palavras, para a elaboração
da resposta, significa que os limites explicitados correspondem a requisitos
relativos à extensão de texto e devem ser respeitados. Se o aluno não cumprir a
extensão requerida, a classificação é sujeita à desvalorização de 1 ponto. Se a
extensão do texto for inferior a 1/3 do limite mínimo, a resposta é
classificada com zero pontos.
Em relação
ao item de resposta extensa que constitui o Grupo IV, a cotação é distribuída
pelos parâmetros Tema e Tipologia, Coerência e Pertinência da Informação,
Estrutura e Coesão, Morfologia e Sintaxe, Repertório Vocabular, Ortografia.
Caso a resposta não cumpra de forma inequívoca a instrução no que respeita ao
tema e ao tipo de texto, é classificada com zero pontos em todos os parâmetros.
Neste item, a indicação de um número mínimo e máximo de palavras, para a
elaboração da resposta, significa que os limites explicitados correspondem a
requisitos relativos à extensão de texto e devem ser respeitados. Se o aluno
não cumprir a extensão requerida, a classificação é sujeita à desvalorização de
1 ou de 2 pontos. Se a extensão do texto for inferior a 1/3 do limite mínimo, a
resposta é classificada com zero pontos em todos os parâmetros.
4. Material
O aluno
apenas pode usar, como material de escrita, caneta ou esferográfica de tinta
indelével, azul ou preta.
As
respostas são registadas em folha própria, fornecida pelo estabelecimento de
ensino (modelo oficial).
Não é
permitida a consulta de dicionário.
Não é
permitido o uso de corretor.
5. Duração
A prova
tem a duração de 90 minutos, a que acresce a tolerância de 30 minutos.
Vocativo
O
vocativo é a função sintática desempenhada por um constituinte não obrigatório
que serve para chamar ou interpelar o interlocutor.
O
vocativo ocorre em:
1. Frases de tipo imperativo:
. João, cala-te!
2. Frases de tipo exclamativo:
. Ó João, estás impossível
hoje!
3. Frases de tipo interrogativo:
. João, podias
dizer-me as horas?
Por
outro lado, o vocativo é extremamente móvel, podendo ocorrer no início, no
interior ou no final da frase. Em qualquer circunstância, surge sempre separado
por vírgula dos demais elementos da frase.
. João, dá-me esse
martelo.
. Dá-me, João, esse
martelo.
. Dá-me esse martelo, João.
Além
disso, é frequente alguma confusão entre as funções de sujeito e de vocativo.
No entanto, há formas de os distinguir:
a. O sujeito e o vocativo podem ocorrer, em simultâneo, numa frase:
. A
minha mãe viu-te na feira, João.
Sujeito vocativo
b. Ao contrário do sujeito, o vocativo não controla a concordância
verbal.
. Maria, os teus
irmãos chegaram.
c. Ao contrário do sujeito, o vocativo pode ser antecedido da
interjeição «ó».
. Ó Eusébio, porque
partiste tão cedo?
d. Ao contrário do sujeito, o vocativo
nunca é acompanhado de determinantes (exceto possessivos).
. João,
cheguei.
vocativo
. Meu
querido João, cheguei.
vocativo
. Aquele
rapaz chama-se João.
sujeito
Predicativo do complemento direto
1. Definição
O
predicativo do complemento direto é a função sintática desempenhada pelo
constituinte que atribui uma propriedade (daí a designação de predicativo) ao complemento direto.
Este
constituinte é selecionado por um verbo transitivo predicativo: aceitar, achar, chamar, considerar, crer, coroar,
declarar, designar, eleger, encontrar, estimar, fazer, instituir, julgar,
nomear, proclamar, ter por, ter-se por, tornar, tomar por, tratar por, etc.
. A
Maria considera o Aníbal inteligente.
c. direto
predicativo do c. direto
2. Concordância
O
predicativo do complemento direto (PCD) concorda em género e em número com o
complemento direto (CD) (quando se trata de um grupo nominal ou de um grupo
adjetival) e com ele forma uma unidade de sentido, pelo que a sua supressão
origina agramaticalidade ou altera radicalmente o sentido da frase.
. O
João acha a Joana um doce. (O verbo «achar» significa
«considerar».)
CD PCD
. O
João acha a Joana. (Neste caso, suprimindo o PCD, o verbo «achar»
passa ter o significado de «encontrar».)
3. Representação
Podem
desempenhar a função sintática de PCD:
1. Um grupo nominal:
. Os
portugueses elegeram Passos Coelho primeiro-ministro.
CD PCD
2. Um grupo adjetival:
. O
professor considera a Cláudia inteligente.
CD PCD
. Achei
o livro profundo.
CD PCD
3. Um grupo preposicional:
. Não
me tomem por parvo.
CD PCD
. Considero
a partida de mau gosto.
CD PCD
. Nomearam
a Joana para secretária.
CD PCD
4. Considerações genéricas
O CD e
o PCD podem ser parafraseados, geralmente, por uma oração subordinada
substantiva completiva finita, em que o CD passa a sujeito e o PCD a
predicativo do sujeito.
. Eu
acho a Luísa interessante.
CD PCD
. Eu acho que a Luísa é interessante.
predicativo do sujeito
O PCD
de uma frase na voz ativa passa a predicativo do sujeito quando essa frase é
transformada para a voz ativa, dado que o complemento direto passará a sujeito:
. O
povo português declarou Passos Coelho incompetente.
CD PCD
. Passos
Coelho foi declarado incompetente pelo povo português.
predicativo do sujeito
O PCD
pode surgir antes do complemento direto que predica:
. Eça de Queirós tornou muito
emocional a despedida de Maria Eduarda.
PCD CD
5. Distinção entre PCD e
modificador do nome
Por
vezes, surgem dificuldades em distinguir o PCD do modificador do nome.
A forma
mais fácil de fazer essa distinção passa por reconhecer que só o modificador do
nome integra o CD e é incluído na pronominalização do grupo frásico que
desempenha essa função de CD.
. Considero
o Frei Luís de Sousa interessante.
CD PCD
. Considero-o
interessante.
CD PCD
CD
. No
sábado, vi um filme interessante.
modificador do nome
. No
sábado, vi-o.
CD
Na sala de professores (I)
Isto sucedeu numa sala de professores de uma escola deste país. Os intervenientes são todos professores.
J. - Dulc..., em que ano foi a Expo-98?
D. - Ah, pá! Essa é difícil!
J. - Pensa bem! Em que ano terá sido?
Após alguns momentos de grande hesitação:
D. - Em 2000... 2001.
Princípio de cortesia
O princípio da cortesia
refere-se ao conjunto de estratégias, de normas de conduta – verbais e não verbais
‑ (informais, formais, regras de etiqueta), estabelecidas pelas sociedades e
usadas pelos interlocutores para reduzir e / ou evitar os conflitos entre si,
isto é, para evitar que a troca verbal seja ofensiva ou ameaçadora,
acautelando-se assim os conflitos, e, em simultâneo, garantir um comportamento
social adequando. É o caso, por exemplo, de um reencontro entre dois indivíduos
que não se veem há algum tempo e em que um deles, procurando ser simpático e
evitar atingir negativamente o seu interlocutor, lhe diz «Estás com bom aspeto.», mesmo que isso não corresponda à verdade.
Algumas dessas estratégias são
as formas de tratamento (Vossa Excelência, o senhor, tu, sr. João, etc.) e as expressões convencionais de cortesia (por favor, obrigado, etc.).
Por outro lado, determinados traços
da competência comunicativa do falante contribuem também para o princípio da
cortesia:
‑ adaptar o seu discurso ao contexto e às circunstâncias;
‑ dominar estratégias que evitem a troca verbal ofensiva ou
ameaçadora;
‑ suavizar determinados conteúdos /
mensagens considerados agressivos, “chocantes”, cruéis ou que possam agredir o
interlocutor;
‑ usar fórmulas e expressões
consideradas como corteses.
Além disso, qualquer falante
deve respeitar determinadas regras durante a conversação:
‑ não interromper o seu interlocutor;
‑ evitar o silêncio ostensivo;
‑ revelar atenção ao discurso / não se mostrar desatento;
‑ não proferir ofensas, injúrias,
calúnias, insultos, acusações gratuitas e infundadas, etc.
A este princípio associa-se o
conceito de face,
isto é, a autoimagem pública que o falante pretende dar de si próprio. De
facto, nas interações sociais, “procura
causar uma imagem positiva no seu interlocutor, de modo a ser aprovado por ele.
Quanto mais positiva for essa imagem, mais os outros a aceitarão.” (in http://dlac.pt). Deste modo, o locutor investe na sua
imagem social, de modo a manter a face e a não a perder, constituindo a fala um
meio privilegiado de o falante apresentar uma imagem pessoal (positiva ou
negativa) aos demais indivíduos. Dá-se o nome de face positiva ao desejo do locutor de que a sua imagem seja
apreciada e aprovada e de face negativa
ao desejo que o mesmo locutor tem de não ser contrariado e desacreditado.
Assim sendo, considerando que é
do interesse dos falantes protegerem a face um do outro, no pressuposto de que,
se A preserva a de B, este preservará a daquele, eles regulam a sua interação
por meio do ajuste recíproco de comportamentos e adotam estratégias de mútua
cortesia tendentes à prossecução desse objetivo.
No entanto, há momentos e
circunstâncias de tensão em que um falante procura, deliberadamente, que o
outro perca a face, por exemplo através de acusações, de interrupções
constantes e até de insultos. É frequente, em debates televisivos, um
interlocutor interromper o outro com frequência, para que este não consiga
expor o seu pensamento.
Por outro lado, são várias as
interações verbais que constituem potenciais ameaças à face (positiva ou
negativa) do locutor:
. atos de fala
expressivos como a autocrítica, a confissão e a justificação constituem uma
ameaça à face positiva;
. atos de fala
compromissivos como as ofertas e as promessas constituem uma ameaça à face negativa,
dado que condicionam a sua liberdade.
De igual modo, há interações
verbais que ameaçam a face do interlocutor:
. atos de fala
expressivos como os insultos, as injúrias, a censura, a desaprovação, as
injúrias, a desaprovação, as acusações e as interrupções configuram uma ameaça
à face positiva;
. atos de fala
diretivos (ordens, pedidos, instruções) constituem uma ameaça à face negativa,
visto que o obrigam a tomar uma posição.
O objetivo do princípio de
cortesia é, precisamente, atenuar estas ameaças. Assim, os interlocutores
procuram observar determinados princípios (atrás referidos) e fazer uso de
diferentes estratégias linguísticas para mitigar as ameaças à
face de cada um, procurando diminuir o impacto dos atos de fala acima descritos:
. uso de atos
de fala indiretos que contribuem para diminuir a ameaça que as ordens, os pedidos,
as perguntas, etc., representam para a face negativa do interlocutor:
‑ Cala-te!
. Não
te importas de te calar?
. Podes
calar-te, por favor?
. Poderias
calar-te?
. Era
melhor calares-te.
. …
. recurso a
outros atos de fala indiretos ‑ introduções explicativas ou desculpabilizadoras
que diminuam a ameaça à face positiva provocada por desaprovações ou
desacordos:
‑ Está enganado!
. Desculpe,
mas está enganado.
. utilização
de eufemismos:
‑ O Antunes morreu.
. O
Antunes partiu para o céu.
. O
Antunes deixou-nos.
. O
Antunes já não está entre nós.
. uso do
pretérito imperfeito em vez do presente em determinados pedidos:
‑ Quero um bilhete para
a última sessão.
. Queria
um bilhete para a última sessão, por favor!
. uso de
perífrases:
‑ Passos
Coelho teve um acidente. Um acidente muito grave. Infelizmente aconteceu o
pior. (Esta fala prepara, gradualmente, o interlocutor para o desfecho
fatal, sendo de assinalar a conjugação da perífrase com o eufemismo) – in Domínios Gramaticais (adaptado).
. utilização
da lítotes:
‑ Isso não é nada pêra
doce. (= Isso é muito difícil.) ‑
in Domínios Gramaticais.
Bibliografia:
. Domínios
Gramaticais, Zacarias Nascimento et
alii.
. Itinerário
Gramatical, Olívia Figueiredo et alii.
. Gramática
da Língua Portuguesa, Clara Amorim et
alii.
Princípio de pertinência ou relevância
O princípio de pertinência é uma
espécie de guia de comportamento comunicativo humano que garante que o locutor
produz enunciados que conduzem a uma interpretação adequada por parte do interlocutor,
deixando cair outras interpretações.
Isto sucede porque os
interlocutores reconhecem universos de referência comuns, ou seja, eles partilham
saberes sobre o mundo, sobre os valores psicológicos e sociais, sobre os
comportamentos, etc.
Bibliografia:
. Domínios
Gramaticais, Zacarias Nascimento et
alii.
. Itinerário
Gramatical, Olívia Figueiredo et alii.
. Gramática
da Língua Portuguesa, Clara Amorim et
alii.
quinta-feira, 3 de abril de 2014
Princípio de cooperação
Para que uma troca verbal, uma
conversa, seja eficaz, é necessário que os falantes cooperem / colaborem entre
si, respeitando um conjunto de regras que partilham entre si, isto é, devem
esforçar-se, em conjunto, para respeitar essas regras, no sentido de a
comunicação ser eficaz e atingir o mesmo objetivo, promovendo-se, deste modo, a
boa-formação conversacional (a colaboração
mútua dos falantes).
O princípio de cooperação
compreende um conjunto de categorias chamadas máximas conversacionais, que o concretizam.
As máximas conversacionais são
quatro.
1.ª) Máxima de
quantidade:
. a informação fornecida deve ser a
que é requerida;
. a
contribuição do falante não deve ser menos nem mais informativa do que é
requerido;
. configuram
um desrespeito por esta máxima os discursos tautológicos (repetitivos), redundantes
ou repetitivos;
. exemplo de
respeito por esta máxima:
‑ Pode dizer-me as
horas?
‑ São 23 e 10.
. exemplo de
desrespeito por esta máxima:
‑ Pode dizer-me as
horas?
‑ Posso. / ‑ Não, não
posso.
OU
‑ Pode dizer-me as
horas?
‑ São 23 horas, 10 minutos, 35 segundos e 53 centésimos.
2.ª) Máxima de
qualidade:
. a
contribuição numa conversa deve ser, tanto quanto possível, verdadeira;
. o falante
deve omitir o que crê ser falso e evitar afirmar aquilo de que não tem provas
ou que desconhece;
. por vezes, o
falante viola propositadamente esta máxima, por exemplo em enunciados irónicos(1)
ou metafóricos(2):
(1) – Tiveste zero no teste. Estás de
parabéns!
(2) – Amor, tens um coração de
manteiga.
. assim, é
necessário, ocasionalmente, que o interlocutor infira um outro significado do
enunciado produzido pelo locutor, além do sentido literal:
‑ Se
tiveres boas notas, compro-te um no telemóvel. (infere-se que o telemóvel
só será comprado se o interlocutor «obtiver boas notas»).
3.ª) Máxima de
relação ou de relevância
. a
contribuição discursiva do falante deve ser relevante e pertinente
relativamente ao objetivo da conversa, isto é, deve ter a ver com o objetivo da
conversa;
. a violação
desta máxima é, frequentemente, aparente, dado que o locutor espera que o seu
interlocutor faça inferências:
A ‑ Vamos ao cinema logo?
B ‑ A minha mãe está doente. (infere-se desta resposta que o convite
foi recusado, pois B não pode ir ao cinema.)
4.ª) Máxima de modo:
. o locutor deve ser claro, evitando a obscuridade e a
ambiguidade;
. o locutor deve ser breve;
. a contribuição conversacional deve
ser ordenada e metódica;
. exemplo de desrespeito por esta
máxima:
‑ *
Entrei na escola e saí do autocarro. (neste caso, é evidente que os
acontecimentos não estão ordenados de forma lógica; de facto, o locutor deveria
ter saído primeiro do autocarro e, de seguida, entrado na escola.)
As máximas conversacionais são,
frequentemente, violadas, umas vezes deliberadamente, outras não. As violações
deliberadas estão associadas ao recurso à ironia, à hipérbole, à metáfora, à
interrogação retórica e aos de fala indiretos.
Princípios reguladores da interação discursiva
Para que a interação discursiva
se desenvolva de modo eficiente e correta e alcance o seu objetivo, é
necessário observar alguns princípios reguladores, os quais orientam o modo
como os falantes interagem.
A comunicação pressupõe uma
espécie de ação conjunta entre os interlocutores, que atuam de forma responsável, coordenada e alternando os papéis de locutor e interlocutor.
A interação discursiva entre os
falantes ocorre de forma disciplinada, coordenada e recíproca, o que faz com
que aqueles sejam corresponsáveis pela condução eficiente da interação
comunicativa.
Quando se fala em princípios a interação discursiva, estamos a referir-nos ao princípio da cooperação e às respetivas máximas conversacionais, ao princípio da cortesia e ao princípio da pertinência ou relevância.
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