Nestas estâncias, o Poeta reflecte sobre a Fama e a Glória.
O texto pode dividir-se em quatro momentos. No primeiro, constituído pelos quatro primeiros versos da estância 95, Camões refere, genericamente, como se alcançam a imortalidade ("honras imortais") e as maiores distinções ("graus maiores"): através da capacidade de luta e de sofrimento, como fica visível nas seguintes expressões textuais: "hórridos perigos" e "trabalhos graves e temores".
Um segundo momento localiza-se entre o verso cinco da estância 95 e o verso quatro da estância 98. Aí, são apontados os obstáculos à fama e à glória e os meios para os atingir:
O terceiro momento, situado entre o verso cinco da estância 98 e o verso quatro da estância 99, sintetiza as qualidades necessárias àqueles que buscam a virtude: o "calo honroso" no peito, que despreza as honras e o dinheiro trazidos pela "ventura" e não pela "vertude", o entendimento esclarecido e temperado pela experiência e a libertação dos interesses mesquinhos ("baixo trato humano embaraçado").
E o Poeta conclui, nos últimos quatro versos da estância 99, as suas reflexões, clarificando que só quem tiver percorrido este caminho poderá e deverá ascender ao poder ("ilustre mando"), sempre contra a sua vontade e nunca a seu pedido.
Em suma, é digno de louvor e merecedor de glória aquele que se dignifica através do seu esforço, da sua capacidade de sofrimento, perseverança e humildade, bem como através do desprezo das honras e do dinheiro conquistado graças à sorte e não ao mérito pessoal. Só quem "preencher estes requisitos" poderá conquistar o "ilustre mando", não porque o peça, mas contra a sua vontade. Tal significa que só a honra e a glória alcançadas por mérito próprio poderão ser valorizadas.