1. Definição
O
vocábulo «político» provém do latim «politicus», que, por sua
vez, teve origem no grego πολιτικóσ («politikós»), que significa «dos
cidadãos» ou do «do Estado» (ou seja, cidadão, pertencente à cidade),
traduzindo Πóλισ («pólis») conceito de «cidade», mas
também de «Estado», visto que «cidade», na Grécia clássica, correspondia
a uma unidade estatal.
Em
termos de definição, um discurso político é um texto que pertence ao
género argumentativo em que se expõe uma tese (isto é, defendem ideias e
propostas sobre o rumo de um país ou de uma comunidade e sobre as medidas que
devem ser adotadas para que essas propostas tenham sucesso), que se pretende
provar, através de argumentos e exemplos.
A
sua finalidade é convencer o interlocutor e aderir a esse ponto de
vista.
O
discurso político contém uma dimensão ética e social, apela ao
bem comum e veicula valores de vária ordem (social, económica, cultural, etc.),
assumindo-se como uma voz coletiva.
2. Objetivo
O
objetivo de um discurso político é convencer o interlocutor a aderir a uma
ideia ou a uma causa, apoiando-as, socorrendo-se da retórica, a arte de bem
discursar, por escrito ou oralmente e desencadeando uma reação do público:
votar, apoiar, intervir, mobilizar-se para uma iniciativa, etc.
3. Estrutura
▪ Introdução:
Apresentação da tese que se vai defender, para a adesão do
interlocutor.
▪ Desenvolvimento:
Apresentação dos argumentos;
Refutação dos contra-argumentos;
Apresentação de provas – exemplos.
Organização em parágrafos, contendo cada um uma ideia principal.
▪ Conclusão:
Confirmação da tese.
4. Características – Marcas
de género
Caráter
persuasivo
Interação com o
interlocutor – o locutor questiona, repete, usa o imperativo e a segunda pessoa
verbal (singular e plural), e emprega o vocativo em apóstrofes, com o propósito
de defender uma causa política, um rumo de ação para um país, uma comunidade,
etc.
Argumentação
Estratégia:
convencer os ouvintes a aderir às propostas do enunciador, mobilizando argumentos
válidos e coerentes e guiando-se por princípios honestos e justos, ou
contra-argumentos, se for necessário.
Registo
expositivo
Articulação
entre os registos expositivo e argumentativo: o orador apresenta factos (exposição)
que fundamentam a argumentação e atestam as afirmações proferidas através de
provas.
Dinamismo
discursivo – nomeadamente entoação, ritmo, tom, pausas oportunas,
expressividade e gestos.
Coerência e
coesão
Informação
significativa, encadeamento lógico dos tópicos, coerência e validade dos argumentos,
contra-argumentos e provas.
Eloquência
Exploração dos
recursos expressivos e da plasticidade da língua – nomeadamente metáforas,
comparações, estruturas sintáticas paralelas, construções de imagens e jogos
semânticos.
Mobilização
de recursos expressivos
Metáfora,
comparação, interrogação retórica, apóstrofe, enumeração, reiteração, ironia,
etc.
Exploração
de outros recursos
Postura do
corpo, expressão facial, tom e volume da voz, etc.
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