segunda-feira, 2 de maio de 2011
domingo, 1 de maio de 2011
Símbolos
1. Símbolos religiosos
1.1. Gomes Freire - > Cristo:
2. Símbolos cromáticos
2.1. Verde:
2.2. Vermelho:
3. Outros símbolos
3.1. Tambores
1.1. Gomes Freire - > Cristo:
- o general morre às mãos de um poder opressivo que se sente ameaçado, de um poder militar estrangeiro (Beresford - > Pôncio Pilatos) e de um poder religioso reaccionário (principal Sousa - > fariseus);
- ambos são sujeitos a um julgamento fictício e condenados por razões de Estado;
- ambos sofrem uma morte indigna: Cristo é crucificado, castigo próprio dos ladrões; Gomes Freire é enforcado (a morte adequada a um militar era um fuzilamento) e não tem direito a uma sepultura (o corpo é queimado e os restos atirados ao mar - p. 135).
1.2. Principal Sousa - > Judas:
- "... vende Cristo todos os dias, a todas as horas, para o conservar num poder que ele nunca quis..." (p. 123);
- Matilde acusa-o de ser pior do que Judas, porque nem sequer se arrepende: "Judas, que traiu Cristo uma vez, acabou enforcado numa figueira, mas Vossa Reverência, que O trai todos os dias, vai acabar entre os seus com todas as honras que neste Reino se concedem a hipócritas e se negam aos justos..." (pp. 128-129);
- o gesto de desprezo de Matilde (atira-lhe a moeda aos pés) simboliza o pagamento da traição, ou seja, os 30 dinheiros que Judas recebeu por denunciar Cristo.
1.3. A prisão de Gomes Freire com mais doze homens:
- este número - 13 (= 1 + 12) - simboliza as figuras de Jesus Cristo (isto é, Gomes Freire) e os 12 apóstolos, excluindo Judas (p. 112);
- o número 12 representa o ciclo completo (por exemplo, os doze meses do ano);
- o número 13, que se segue ao 12 (La Palisse dixit), representa a ideia de renovação, isto é, completo um ciclo, tudo se renova e um novo ciclo se iniciará. No fundo, estamos perante a esperança de que os treze prisioneiros, a sua prisão e condenação, sirvam como ponto de partida para uma mudança na situação vivida em Portugal.
2. Símbolos cromáticos
2.1. Verde:
- associado à saia de Matilde, oferta de Gomes Freire, representa o amor e a afectividade entre ambos;
- tratando-se de uma saia que ela nunca usou, pode querer dizer que o amor de ambos, até ao momento, ainda não foi posto à prova;
- simboliza ainda a esperança: primeiro, de Matilde, que espera que o companheiro seja libertado; posteriormente, de que a morte do General seja a semente da revolta e da libertação, de um dia se reponha a justiça.
2.2. Vermelho:
- é o símbolo do princípio fundamental da vida, mas sendo, paralelamente, a cor do sangue e do fogo, representa a vida e a morte. Representa ainda o sagrado e o secreto, daí que principal Sousa se vista de vermelho. Sendo a cor do fogo, partilha com o sol a capacidade de dar vida e destruir.
2.3. Preto:
- é a cor do desespero e do luto antecipado de Matilde pela morte do general (ela aparece em palco vestida de negro;
- já o luto de Sousa Falcão é por si mesmo, não pelo general, pois não foi capaz de manter as suas convicções e morre, juntamente com Gomes Freire, em defesa das mesmas ("É por mim que estou de luto, Matilde! Por mim..." - pág. 137).
3. Outros símbolos
3.1. Tambores
Os tambores simbolizam a opressão / a repressão. Provocam medo nos populares que, mal ouvem o seu som, se põem em fuga (pp. 18 e 139). Afinal, eles são o «símbolo de uma autoridade sempre presente e sempre pronta a interferir".
3.2. As três cadeiras (dos governadores)
Na página 47, os três governadores surgem em cena sentados em «três cadeiras pesadas e ricas com aparência de tronos», as quais simbolizam:
- riqueza, poder e autoridade;
- as três faces do Poder:
. D. Miguel → o poder civil;
. Principal Sousa → o poder religioso;
. Beresford → o poder militar.
3.3. Saia verde de Matilde:
- associa-se, pela cor, à renovação anual da Natureza e à cor da esperança (conferir simbolismo da cor verde);
- associa-se, por outro lado, a momentos de felicidade e amor vividos pelo casal (a saia foi comprada pelo General em Paris, uma terra de liberdade, no Inverno, com o dinheiro da venda de duas medalhas);
- representa a esperança do reencontro depois da morte ou a crença em que aquele amor é imortal;
- simboliza a regeneração e o renascimento: "Matilde - Foi para o receber que eu vesti a minha saia verde!" (p. 137);
- simboliza o despertar da vida (p. 114);
- simboliza, no fundo, a própria VIDA: "Matilde - Olha, meu amor, vesti a saia verde que me compraste em Paris!" (p. 138);
- é, em suma, o símbolo do amor verdadeiro e transformador, dado que Matilde, após vencer os momentos iniciais de dor, desespero e revolta, que se seguem à prisão do General, comunica aos outros a esperança através da saia verde, que constitui uma espécie de aliança matrimonial.
3.4. Moeda de cinco réis: é o símbolo do desrespeito com que os poderosos tratavam o seu semelhante, o que contraia os mandamentos de Deus, tornando-se mais grave, por motivos óbvios, no caso do principal Sousa.
De acordo com José de Oliveira Barata (in História do Teatro Português), «A moeda de cinco réis que Matilde pede a Rita assume, assim, um valor simbólico, teatralmente simbólico. Assinala o reencontro de personagens em busca da História, por um lado, e, por outro, é penhor de honra que Matilde, emblematicamente, usará ao peito, como "uma medalha".»
3.5. Lua:
- simboliza a noite, a infelicidade, o mal, o sofrimento, a morte e o castigo;
- para Manuel, representa uma esperança de uma claridade que teima em fugir-lhe (p. 78);
- para D. Miguel, o luar é um adjuvante, pois permite ver as fogueiras em que ardem os condenados, ou seja, permite visualizar o horror e instalar o medo entre os populares que assistem à execução;
- representa o tempo que passa e a passagem da vida à morte e da morte à vida (todos os meses, a lua «morre» três dias). É esta noção de renascimento que Matilde encontra na lua: ela permite ver o fim de um ciclo, o fim da noite, o fim das trevas. O seu homem está a morrer, mas essa morte é somente a passagem para um outro estádio da existência (p. 140).
3.6. Noite: associada ao mal, ao castigo, à morte, ela simboliza o obscurantismo.
3.7. Luz:
- está ligada à fogueira e ao fogo, elemento destruidor e purificador, bem como ao luar e à noite;
- constitui a metáfora do conhecimento que permite o progresso, o futuro, logo a neutralização da noite, entendida como símbolo da falta de liberdade, do poder absoluto e opressivo, da injustiça, da ausência de esclarecimento;
- assim sendo, a luz remete para os valores do futuro: a LIBERDADE, a IGUALDADE, a JUSTIÇA e a FRATERNIDADE;
- a luz da fogueira se, por um lado, destrói o corpo de Gomes Freire, por outro, permite que o seu exemplo de coragem, de determinação, de liberdade seja visto por todos que assistem à execução, permitindo que o Bem acabe por triunfar.
3.8. Fogueira:
- simboliza a purificação, a morte da velha ordem, um novo mundo;
- por outro lado, na boca do Antigo Soldado e de Manuel, simboliza a opressão e o terror (pp. 80, 109), ideia comungada por D. Miguel Forjaz: "Lisboa há-de cheirar toda a noite a carne assada, Excelência, e o cheiro há-de-lhes ficar na memória durante anos... Sempre que pensarem em discutir as nossas ordens, lembrar-se-ão do cheiro..." (p. 131);
- para Matilde, a fogueira possibilitará a tomada de consciência da repressão e transformar-se-á em fonte de revolta e mudança. Assim, Gomes Freire, qual fénix, renascerá das cinzas e será uma lição para o mundo.
3.9. Título:
Sendo o título da peça uma frase exclamativa, remete para a possibilidade de ter sido pronunciada por alguém. De facto, Felizmente há Luar! é uma expressão que faz parte de um documento escrito por D. Miguel Forjaz e enviado ao intendente da polícia no dia da execução do general Gomes Freire de Andrade, conforme consta de um texto do escritor Raul Brandão. Na peça de Sttau Monteiro, ela é proferida por duas personagens e com sentidos opostos.
A primeira personagem a pronunciá-la é D. Miguel (p. 131) e pretende funcionar como um aviso a todos aqueles que ousem desafiar a ordem estabelecida, portanto como um elemento amedrontador e aterrorizador. Dito de outra forma, para D. Miguel, o luar permitirá que o clarão da fogueira e a execução sejam vistos por todos, atemorizando aqueles que ousem lutar pela liberdade. Tem, assim, um efeito dissuasor.
A outra personagem é Matilde, a fechar a peça. Neste caso, a frase traduz a esperança que o povo continue a lutar contra a tirania e a injustiça, a partir do exemplo de crueldade, praticado pelos governadores, e, em simultâneo, de ousadia e coragem (do general) a que está a assistir. Neste sentido, estamos perante um estímulo para que o povo se revolte.
sábado, 30 de abril de 2011
Espaço psicológico
O espaço psicológico compreende, essencialmente, os sentimentos que as personagens nutrem entre si.
1. Populares:
- admiração pelo General, em quem depositam todas as esperanças numa alteração da situação de opressão e de miséria;
- tolhidos pelo temor dos governadores.
2. Manuel:
- infelicidade, pela sua impotência, patente no início dos dois actos, isto é, por nada poder fazer para mudar o rumo dos acontecimentos;
- grande ternura e carinho pelos pobres e pedintes;
- antipatia e desprezo pelos polícias e por todos aqueles que estão do lado da injustiça e do poder;
- grande amor e carinho por Matilde;
- enorme admiração pelo General Gomes Freire de Andrade.
3. Rita:
- enorme carinho e amor por Manuel, seu marido;
- grande ternura e solidariedade por Matilde, ao constatar o seu sofrimento pela prisão do General.
4. Antigo Soldado: grande admiração e simpatia por Gomes Freire, que vê como um herói.
5. Vicente:
- desprezo pelos seus semelhantes (povo) quando se torna chefe de polícia;
- inveja e sentido de injustiça relativamente aos fidalgos por lhe estar vedado o acesso ao tipo de vida que estes possuem, só porque nasceu pobre.
6. Dois Polícias:
- antipáticos e rigorosos para com o povo;
- respeitadores e obedientes aos governadores.
7. D. Miguel Forjaz:
- profundo ódio por Gomes Freire;
- dedicação ao rei;
- misto de respeito e medo relativamente a Beresford.
8. Beresford:
- sentimento de superioridade relativamente aos outros governadores;
- ausência de consideração pela vida humana;
- sistematicamente trocista e irónico relativamente a principal Sousa e a Matilde, quando esta lhe implora a libertação do marido.
9. Principal Sousa:
- ódio aos franceses, acusando-os de provocarem a revolta entre o povo;
- sentimento de inferioridade relativamente a Beresford;
- ódio a Gomes Freire.
10. Andrade Corvo e Morais Sarmento: medo indescritível dos governadores.
11. Frei Diogo de Melo:
- forte admiração pelo general;
- crítico dos governadores, nomeadamente principal Sousa.
12. António Sousa Falcão:
- dedica grande amizade a Matilde e ao General, pela coragem que manifestam;
- ódio a D. Miguel por este não receber Matilde;
- desprezo pela sua pessoa (final da peça), ao constatar que não possui a mesma coragem e determinação que o General e por não estar a seu lado na prisão;
- tristeza por se sentir impotente para alterar o rumo dos acontecimentos.
13. Matilde de Melo:
- amor e felicidade, ao recordar a intimidade do seu lar, na companhia de Gomes Freire;
- desânimo e frustração perante a passividade do povo;
- desprezo pelos governadores;
- desespero ao constatar que é impossível salvar o General.
14. Gomes Freire de Andrade:
- objecto da admiração e da esperança do povo;
- odiado pelos governadores, que desejam ver-se livres de si.
Brecht sobre os políticos
Bertolt Brecht (1898-1956), um dos autores que influenciou a escrita de Felizmente há Luar!, disse um dia o seguinte sobre o analfabetismo e os políticos:
"Não há pior analfabeto que o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. O analfabeto político é tão burro que se orgulha de o ser e, de peito feito, diz que detesta a política. Não sabe, o imbecil, que da sua ignorância política é que nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos que é o político vigarista, desonesto, o corrupto e lacaio dos exploradores do povo."
sexta-feira, 29 de abril de 2011
Toada Coimbrã: "E Alegre se fez Triste"
Vídeo da Toada Coimbrã do presente mês de Abril, na Serenata Monumental de Viseu 2011, interpretando o célebre poema de Manuel Alegre.
Continua a ser impressionante o barulho geral que quase abafa a voz de Rui Lucas e o som das violas e guitarra, uma tendência que se tem vindo a acentuar nos últimos (largos) anos, mesmo em Coimbra, a sede da tradição académica por excelência, embora o sentimento seja completamente diferente da maioria das academias lusitanas.
quinta-feira, 28 de abril de 2011
Espaço social de 'Felizmente há luar!'
1. Lisboa:
1.1. Rua:
1.2. Baixa:
1.8. Serra de Santo António: local de onde se avista S. Julião da Barra.
1.9. Campo de Sant'Ana (pp. 131 e 137): local das execuções dos presos.
- é o macro-espaço, o centro e símbolo de Portugal;
- é a capital do reino, onde está instalado o governo e onde se inicia a revolta popular, que só posteriormente se alarga ao resto do país (pp. 55 e 64);
- espaço de contrastes que permite o confronto claro entre o Poder e o povo;
- cidade do descontentamento e das fogueiras (lembrando os autos-de-fé);
- espaço de opressão, delação, injustiça, denúncia, ausência de liberdade, violência...
1.1. Rua:
- de acordo com Brecht, a rua é o espaço propício a revelar o «gesto social», isto é, a revelar o homem nas suas relações sociais, o diálogo constante entre os vários grupos sociais;
- por isso, o cenário não apresenta uma rua específica, definida, mas somente os objectos que indiciam a miséria popular;
- desempenha diferentes funções: por um lado, acentua as vivências do povo explorado e pedinte; por outro, estabelece a ligação para o espaço do poder, das grandes decisões;
- é o espelho do quotidiano do povo oprimido;
- é o palco da vida dos pobres, dos pedintes, dos doentes, dos injustiçados, dos que lutam ingloriamente pela justiça e pela liberdade, em suma, do povo andrajoso, miserável, uma multidão de aleijados e doentes;
- é o símbolo da miséria, da opressão, da injustiça...;
- está associada à impotência popular perante o decurso dos acontecimentos, nomeadamente a prisão de Gomes Freire (início do acto II).
1.2. Baixa:
- sede da Regência (espaço interior);
- em termos de cenário, as didascálias apenas referem as três cadeiras pesadas e ricas e com aparência de tronos (p. 47), que simbolizam as três faces do poder (D. Miguel -> poder civil; Beresford -> poder militar; Principal Sousa -> poder religioso), bem como a opulência e a riqueza dos governadores, em contraste com a miséria do povo;
- a indumentária que envergam traduz a riqueza, o luxo, a ostentação e a vaidade dos poderosos;
- o criado de libré e as suas atitudes / palavras traduzem a sua dependência relativamente ao patrão e a absorção das regras das camadas mais elevadas da sociedade (daí o distanciamento e o desprezo com que ele se dirige a Matilde).
1.3. Rato:
- casa de Gomes Freire e de Matilde;
- a cadeira tosca onde Matilde se senta (o único elemento do cenário referido), contrastante com as três cadeiras dos três governadores, reflecte a falta de recursos económicos do casal e a sua dependência socioeconómica.
1.4. Loja maçónica da Rua de S. Bento e o botequim do Marrare: locais que assumem dimensão política revolucionária.
1.5. Sé: simboliza a miséria popular, pois é o lugar onde o povo pede esmola: "Na Páscoa, à porta da Sé, fiz o bastante para comer durante três dias..." (p. 100).
1.6. Tejo: local onde Manuel faz a "descarga das barcaças".
1.7. S. Julião da Barra (espaço referenciado oito vezes entre as páginas 126 e 129):
- a prisão de Gomes Freire;
- as condições desumanas e indignas em que se encontra preso o General.
1.8. Serra de Santo António: local de onde se avista S. Julião da Barra.
1.9. Campo de Sant'Ana (pp. 131 e 137): local das execuções dos presos.
A articulação entre o espaço físico / geográfico e o espaço social é conseguida através do recurso a objectos-símbolo e através da postura e do comportamento de personagens que identificam os dois grupos sociais em confronto na peça, isto é, o grupo do Poder e o grupo do povo. Este antagonismo fica claro no seguinte quadro:
Quadro adaptado da Colecção Resumos, da Porto Editora. |
Espaço físico
A primeira grande nota que se pode retirar da análise do espaço físico de Felizmente há Luar! é a de que esta categoria dramática não assume relevo na peça, visto que a atenção do dramaturgo está concentrada, essencialmente, no espaço social, este sim dotado de grande significado e importância. De facto, por influência de Brecht e do teatro medieval, as escassas referências ao espaço físico justificam-se pela noção que se pretende transmitir, segundo a qual a acção pode decorrer em qualquer lugar e «sempre que o 'ontem' impossibilite o despertar do 'amanhã'». Não obstante, constata-se que a acção da peça se dispersa por vários locais - interiores e exteriores -, embora todos estejam interligados pela(s) referência(s) ao general Gomes Freire de Andrade, sendo que o espaço dominante é o da cidade de Lisboa.
Assim, no primeiro acto, são referidos diversos espaços: as ruas de Lisboa (pp. 17-18), onde se encontram os populares; o local onde D. Miguel recebe o delator Vicente; o palácio dos governadores do Reino, situado no Rossio; a casa de Gomes Freire, para os lados do Rato; e os espaços frequentados pelos revolucionários / conspiradores: um café no Cais do Sodré, o botequim do Marrare e uma loja maçónica, situada na rua de S. Bento.
No acto II, os espaços referenciados são bastantes mais: as ruas de Lisboa, onde os populares comentam a prisão recente de Gomes Freire; a casa de Matilde de Melo; o local onde Beresford a recebe; à porta da casa de D. Miguel Forjaz, onde o criado de libré a informa que o governador a não vai receber; o local (provavelmente sagrado) onde Matilde dialoga com Principal Sousa; o alto da Serra de Santo António, onde Matilde e Sousa Falcão observam as fogueiras que queimam os revolucionários; a masmorra de S. Julião da Barra, local onde se encontra o general; o Campo de Santana, para onde são transportados os presos; a aldeia onde nasceu Matilde, em Seia; Paris, onde o casal viveu; os campos da Europa, onde o general combateu; e a porta da Sé, onde os populares mendigavam.
Pelo atrás exposto, não é difícil concluir que o espaço é muito pobre em recursos cénicos, o que faz com que, por isso, ganhe grande valor simbólico, reforçando assim o carácter épico da peça.
Por outro lado, a mudança de espaço físico é sugerida por outras técnicas que não as «tradicionais», nomeadamente pelo recurso aos jogos de luz / sombra, que possibilitam a criação de um ambiente quer de desalento, quer de sonho, e pelo recurso a alguns objectos: um caixote, uma saca, uma cruz, três cadeiras opulentas, uma cadeira tosca e uma velha cómoda.
Por último, note-se que Lisboa é um espaço de contrastes que permite o confronto entre o poder e o povo, assumindo, deste modo, um valor preferencial de espaço social pelas dicotomias que contém.
quarta-feira, 27 de abril de 2011
Exame 2007 (1.ª fase)
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Biografia de Camões (correcção)
terça-feira, 26 de abril de 2011
"All out of Love", Air Supply
"All out of Love", Air Supply (1980)
segunda-feira, 25 de abril de 2011
25 de Abril, dia da Liberdade?
João Bernardo"A liberdade de expressão define-se hoje como o direito de comprar o jornal e de ligar a televisão. Curioso uso das palavras, porque este não é o direito de nos exprimirmos, mas de lermos ou vermos o que outros exprimem. Os jornalistas debitam as suas sentenças, entrevistam, seleccionam e cortam as declarações dos entrevistados, e de vez em quando alguns figurões são convidados para espaços de «opinião...".
25 de Abril e mentiras - «Gavetas», Pedro Mexia
Não deves abrir as gavetas fechadas
por alguma razão as trancaram,
e teres descoberto agora a chave
é um acaso que podes ignorar.
Dentro das gavetas sabes o que encontras:
mentiras. Muitas mentiras de papel,
fotografias, objectos.
Dentro das gavetas está a imperfeição
do mundo, a inalterável imperfeição,
a mágoa com que repetidamente te desiludes.
As gavetas foram sendo preenchidas
por gente tão fraca como tu
e foram fechadas por alguém mais sábio do que tu.
Há um mês ou um século, não importa.
Pedro Mexia, Menos por Menos
por alguma razão as trancaram,
e teres descoberto agora a chave
é um acaso que podes ignorar.
Dentro das gavetas sabes o que encontras:
mentiras. Muitas mentiras de papel,
fotografias, objectos.
Dentro das gavetas está a imperfeição
do mundo, a inalterável imperfeição,
a mágoa com que repetidamente te desiludes.
As gavetas foram sendo preenchidas
por gente tão fraca como tu
e foram fechadas por alguém mais sábio do que tu.
Há um mês ou um século, não importa.
Pedro Mexia, Menos por Menos
sábado, 23 de abril de 2011
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