Para que uma troca verbal, uma
conversa, seja eficaz, é necessário que os falantes cooperem / colaborem entre
si, respeitando um conjunto de regras que partilham entre si, isto é, devem
esforçar-se, em conjunto, para respeitar essas regras, no sentido de a
comunicação ser eficaz e atingir o mesmo objetivo, promovendo-se, deste modo, a
boa-formação conversacional (a colaboração
mútua dos falantes).
O princípio de cooperação
compreende um conjunto de categorias chamadas máximas conversacionais, que o concretizam.
As máximas conversacionais são
quatro.
1.ª) Máxima de
quantidade:
. a informação fornecida deve ser a
que é requerida;
. a
contribuição do falante não deve ser menos nem mais informativa do que é
requerido;
. configuram
um desrespeito por esta máxima os discursos tautológicos (repetitivos), redundantes
ou repetitivos;
. exemplo de
respeito por esta máxima:
‑ Pode dizer-me as
horas?
‑ São 23 e 10.
. exemplo de
desrespeito por esta máxima:
‑ Pode dizer-me as
horas?
‑ Posso. / ‑ Não, não
posso.
OU
‑ Pode dizer-me as
horas?
‑ São 23 horas, 10 minutos, 35 segundos e 53 centésimos.
2.ª) Máxima de
qualidade:
. a
contribuição numa conversa deve ser, tanto quanto possível, verdadeira;
. o falante
deve omitir o que crê ser falso e evitar afirmar aquilo de que não tem provas
ou que desconhece;
. por vezes, o
falante viola propositadamente esta máxima, por exemplo em enunciados irónicos(1)
ou metafóricos(2):
(1) – Tiveste zero no teste. Estás de
parabéns!
(2) – Amor, tens um coração de
manteiga.
. assim, é
necessário, ocasionalmente, que o interlocutor infira um outro significado do
enunciado produzido pelo locutor, além do sentido literal:
‑ Se
tiveres boas notas, compro-te um no telemóvel. (infere-se que o telemóvel
só será comprado se o interlocutor «obtiver boas notas»).
3.ª) Máxima de
relação ou de relevância
. a
contribuição discursiva do falante deve ser relevante e pertinente
relativamente ao objetivo da conversa, isto é, deve ter a ver com o objetivo da
conversa;
. a violação
desta máxima é, frequentemente, aparente, dado que o locutor espera que o seu
interlocutor faça inferências:
A ‑ Vamos ao cinema logo?
B ‑ A minha mãe está doente. (infere-se desta resposta que o convite
foi recusado, pois B não pode ir ao cinema.)
4.ª) Máxima de modo:
. o locutor deve ser claro, evitando a obscuridade e a
ambiguidade;
. o locutor deve ser breve;
. a contribuição conversacional deve
ser ordenada e metódica;
. exemplo de desrespeito por esta
máxima:
‑ *
Entrei na escola e saí do autocarro. (neste caso, é evidente que os
acontecimentos não estão ordenados de forma lógica; de facto, o locutor deveria
ter saído primeiro do autocarro e, de seguida, entrado na escola.)
As máximas conversacionais são,
frequentemente, violadas, umas vezes deliberadamente, outras não. As violações
deliberadas estão associadas ao recurso à ironia, à hipérbole, à metáfora, à
interrogação retórica e aos de fala indiretos.