sábado, 14 de dezembro de 2024
Análise da cantiga "Abadessa, Nostro Senhor", de Gonçalo Anes do Vinhal
sexta-feira, 13 de dezembro de 2024
Análise da cantiga "A um corretor que vi", de Estêvão da Guarda
terça-feira, 10 de dezembro de 2024
Análise da cantiga "Achou-s’um bispo que eu sei um dia", de Airas Nunes
sábado, 7 de dezembro de 2024
Análise da cantiga "Achei Sanch’Eanes encavalgada", de Afonso X
quarta-feira, 4 de dezembro de 2024
Análise do 10.° parágrafo do conto "A Aia"
domingo, 1 de dezembro de 2024
Críticas à obra de Verney
O século XVII em Portugal
i) ensino universitário;
ii) ensino da teologia (critica as subtilezas inúteis com que se entretinha a teologia, devendo preocupar-se mais com os textos bíblicos);
iii) ensino do Direito, que se limitava a especulações metafísicas;
iv) ensino da Medicina, que se convertera em erudição e comentários de autores antigos;
v) ausência do ensino da língua materna, porque só se estudava a gramática latina;
vi) outros domínios.
sábado, 30 de novembro de 2024
Análise do 9.° parágrafo do conto "A Aia"
3.º)
Por acreditar na vida além da morte.
4.º)
Por acreditar que a vida depois da morte é uma continuação da vida terrena.
Breve bosquejo das ideias que moldaram o século XVII
Análise do 8.° parágrafo do conto "A Aia"
2.ª) “Toda
a nobreza fiel perecera na grande batalha.” (eufemismo: o uso do verbo
«perecer» destina-se a suavizar a ideia de morte): a elite guerreira da nobreza
morrera na guerra juntamente com o rei, pelo que restavam apenas aqueles que não
possuíam capacidade estratégia e militar, bem como força, para lutar.
3.ª) “E
a rainha desventurosa apenas sabia correr a cada instante ao berço do seu
filhinho e chorar sobre ele a sua fraqueza de viúva.”: a rainha está mais
preocupada com a segurança do filho do que com o reino, daí que passe o tempo a
correr do e para o quarto do filho, o que faz com que não haja uma liderança
adequada e efetiva.
Análise do 7.° parágrafo do conto "A Aia"
Deste
modo, a aia não esconde a sua preocupação com o destino do principezinho,
sobretudo por causa da ameaça constante do tio bastardo, que deseja usurpar o
trono e, para tal, terá de se desfazer do sobrinho. Este receio, esta
preocupação revelam o seu forte sentido de dever, responsabilidade e lealdade.
Apesar
de todo o afeto que nutre pelo príncipe, a aia possui um amor superior pelo
próprio filho. Ao contrário do herdeiro do trono, que está relacionado com o
poder e rodeado de inimigos e de perigos, o pequeno escravo, por causa dessa
sua condição, está livre dessas questões, daí que a mãe sinta que está mais
protegido do que o príncipe: “Esse, na sua indigência, nada tinha a recear na
vida.”
Este
parágrafo torna claro que, não obstante demonstrar uma ternura por ambas as
crianças, o faz de formas diferentes. Assim, os beijos q ue dá ao príncipe são “ligeiros”, enquanto os entregues ao
escravozinho são “pesados e devoradores”, metáfora que significa que são
mais intensos, viscerais, profundos e possessivos. Outra metáfora –
“Desgraças, assaltos da sorte má nunca o poderiam deixar mais despidos das
glórias e bens do mundo do que já estava ali no seu berço…” – apresenta-o como
desprovido, desde o seu nascimento, de qualquer riqueza ou estatuto social,
pois até a sua nudez é coberta apenas por um “pedaço de linho branco”.
Contrariamente ao príncipe, que está destinado a assumir grandes
possibilidades, a deter enorme poder e a viver rodeado de riqueza, o pequeno
escravo nada tem a perder em termos materiais, porque nada possui.
Ora,
essa ausência de bens materiais e de estatuto social, proporcionam-lhe uma
certa liberdade e proteção física e emocional: as preocupações e os problemas
associados ao poder e à riqueza, que pesarão, no futuro, sobre o príncipe, não
o atingirão: “[…] nenhum dos duros cuidados com que ela enegrece a alma dos
senhores roçaria sequer a sua alma livre e simples de escravo.”
Por
outro lado, a afirmação segundo a qual “A existência, na verdade, era para ele
mais preciosa e digna de ser conservada que a do seu príncipe” quer dizer que,
embora o príncipe seja o herdeiro de um trono e, em termos materiais, a sua
vida possa ser considerada mais importante, logicamente, para a aia, a vida do
seu filho possui mais valor. Que a razão justifica esta postura? O escravozinho
tem à sua frente uma existência com menos cuidados e preocupações que, na sua
mente, “enegrecem a alma” dos que possuem e exercem o poder. Assim sendo, uma
vida simples e humilde são superiores, na ótica da aia, a uma existência
marcada pelo exercício do poder e das responsabilidades que caberão ao
príncipe.
Outra
personagem visada neste excerto é o tio bastardo, que é descrito como uma
pessoa «cruel», sombria e ameaçadora. Fisicamente, tem a pele escura (comparação
hiperbólica “de face mais escura que a noite”) e, psicologicamente, possui
uma maldade interior superior, mais profunda do que a sua expressão exterior (comparação
hiperbólica “coração mais escuro que a face”), é extremamente ambicioso e
deseja fortemente o trono (“faminto do trono”), que procura usurpar sem
quaisquer escrúpulos. Além disso, retoma-se neste parágrafo a metáfora
do lobo, de atalaia, à espera da presa (“… espreitando de cimas do seu rochedo
entre os alfanges da sua horda!”), ou seja, sugere-se que está à espreita, a
observar e a esperar o momento oportuno para atacar, tal como faz um animal
predador. Assim sendo, confirma-se que o tio representa uma ameaça constante
para o príncipe e o reino.