segunda-feira, 8 de setembro de 2025
Resumo de Contagem até Zero, de Agatha Christie
Nevile procura Kay e encontra-a em lágrimas e furiosa por ele ter dado a revista a Audrey em vez de a ela. A discussão sobe de tom: a esposa acusa-o de preferir a ex-mulher e de estar contra ela, enquanto o marido, com calma fria, reprova o seu comportamento infantil e ciumento. Kay, desesperada, pede-lhe que abandonem a casa imediatamente, mas Nevile recusa, insistindo em cumprir a quinzena prometida. No auge da discussão, ela alerta-o que a ex-mulher não o perdoou realmente e que esconde intenções profundas sob a serenidade que exibe. Ele, porém, vê em Audrey apenas generosidade e decência. O diálogo termina de forma glacial, com a mulher a acusar o marido de ser um homem frio, sem sentimentos, e este, cansado e frustrado, a abandonar o quarto.
Lady Tressilian conversa com Thomas Royde, notando que ele mantém a mesma reserva e silêncio da juventude, em contraste com o irmão falecido, Adrian. A idosa aborda então a delicada situação da casa, o “eterno triângulo” entre Nevile, Kay e Audrey, e admite divertir-se com o embaraço criado pela teimosia do primeiro em reunir as duas mulheres. De seguida, questiona de quem teria partido a ideia, concluindo que não seria de Audrey e duvidando que Kay tivesse essa astúcia. Lady Tressilian considera a atual esposa uma jovem desmiolada, de mau génio e sem maneiras, o que só prejudica o casamento. Já a antiga consorte, ponderada, parece ser quem mais sofre. Na conversa, fica evidente o amor discreto e de longa data de Thomas por Audrey. A velha senhora recorda a sua alcunha de juventude, “Fiel Thomas”, e sugere que a constância e devoção dele possam finalmente ser reconhecidas por Audrey, agora que passou por tantas desilusões. Thomas, envergonhado mas sincero, admite que foi com essa esperança que regressou.
Na cozinha, Hurstall, o mordomo, confessa à cozinheira Mrs. Spicer o seu mal-estar e inquietação: sente que há algo estranho na casa, como se todos estivessem presos numa armadilha, tensos e desconfortáveis. A cozinheira, prática, atribui isso a má digestão, mas ele insiste que o ambiente anda carregado. Na sala de jantar, Mary Aldin anuncia que convidou Latimer, amigo de Kay, para jantar no dia seguinte, o que gera conversas sobre passeios, golfe, dança e programas sociais. Entre as trocas, surgem pequenas ironias que evidenciam tensões entre o casal. Mary, instigada por Thomas Royde, revela discretamente a sua vida: tem 36 anos, vive há 15 com Lady Tressilian, depois da morte do pai, e sente pesar por nunca ter viajado, apesar de ser o seu maior desejo. Há um início de aproximação entre ela e Thomas, marcado por olhares atentos e sinceros. O jantar termina com Mary a anunciar outro convidado: Mr. Treves, um idoso distinto, advogado reformado, de saúde frágil, mas intelectualmente lúcido, conhecido por ter convivido com muita gente interessante. Enquanto isso, Thomas observa as duas mulheres em contraste: Kay, exuberante, cheia de vida e beleza intensa; e Audrey, pálida, recatada, quase apagada. A comparação inspira-lhe a imagem de duas figuras de contos populares: Rosa Vermelha e Branca de Neve.
Durante o jantar em Gull’s Point, Mr. Treves aprecia a boa comida, o vinho e a organização impecável da casa de Lady Tressilian, apesar de a sua dona estar confinada ao quarto. Enquanto observa os presentes, repara no contraste entre Kay — radiante, sedutora, dominando a atenção de Ted Latimer — e Audrey, discreta, silenciosa e imersa em pensamentos. A diferença entre ambas impressiona o velho advogado. Após o jantar, todos se reúnem na sala: Kay impõe-se com vitalidade, escolhendo a música e dançando provocadoramente com Latimer, deixando Nevile hesitante. Quase por cortesia, este convida a ex-esposa para dançar, mas esta recusa o convite, desculpando-se com o calor, e retira-se para o terraço. Mr. Treves, pensativo e observador, tece comentários ambíguos sobre Latimer, elogiando-lhe os dotes de dançarino, mas insinuando que a sua aparência lembra um criminoso que conheceu. A conversa com Mary Aldin revela o seu olhar clínico e insinuante, sugerindo que por vezes ver demasiado bem pode ser uma maldição. Enquanto isso, no terraço, Nevile e Audrey têm um breve momento de proximidade forçada quando o cabelo dela se prende no botão da manga dele. Ambos ficam nervosos e trémulos, e Thomas Royde interrompe a cena. O ambiente permanece tenso e cheio de olhares implícitos. Esta parte termina com a chegada da criada de Lady Tressilian, que anuncia o desejo da velha senhora de ver Mr. Treves no seu quarto.
Lady Tressilian recebe Mr. Treves com prazer, e os dois passam algum tempo a recordar velhos tempos e a trocar impressões. A conversa logo se volta para o “eterno triângulo” — Nevile, Audrey e Kay — e a velha senhora mostra-se indignada com a situação, porém o advogado analisa o caso de forma fria e pragmática, sugerindo que tais paixões súbitas são comuns e muitas vezes terminam em reconciliação ou em novos casamentos. A idosa insiste que Audrey tem demasiado orgulho para voltar para os braços do ex-marido, mas o homem lembra que, no amor, o orgulho raramente resiste. Depois, Lady Tressilian fala da sua solidão, da morte do marido e da fidelidade de Mary Aldin e da criada Barrett, que lhe são essenciais, e a conversa termina. Na sala, os convidados conversam: discute-se crimes, falhas da justiça e a possibilidade de a fazer "pelas próprias mãos”. Thomas defende que, se a lei falha, alguém tem o direito de agir — uma ideia que Mr. Treves rejeita como perigosa. O advogado, então, conta uma história sombria: uma criança que matou outra com arco e flecha em circunstâncias suspeitas. Oficialmente o episódio foi considerado um acidente, todavia ele nunca esqueceu a questão, sugerindo que reconheceria esse “assassino em miniatura” mesmo adulto. O relato deixa o ambiente tenso. Na despedida, Mr. Treves é acompanhado por Ted Latimer até ao hotel. No caminho, o advogado alerta-o, de forma velada, sobre os perigos da vida e da sua conduta impetuosa. Entretanto, surge Thomas Royde, e os três entram no Balmoral Court, onde descobrem que o elevador está avariado. O homem, com o coração fraco, é forçado a subir lentamente as escadas. Royde e Latimer despedem-se e seguem em direções opostas sob a lua prateada.
Na praia, Audrey, Mary, Kay e Ted Latimer desfrutam de um dia de sol. Kay, impaciente e provocadora, mantém-se próxima de Ted, com quem partilha cumplicidade e entusiasmo. Mary e Audrey observam-nos de longe e comentam como parecem formar um par natural, até mais harmonioso que ela com Nevile. Mary, sem querer, deixa escapar que teria sido melhor se Kay nunca tivesse conhecido o marido, o que gela imediatamente Audrey, que insiste que o passado está morto e que não sente mais nada por Strange. Entre as duas amigas surge uma conversa íntima: Mary admite sentir o peso de uma vida convencional, dedicada a Lady Tressilian, e revela pequenos “jogos mentais” que faz para se distrair, como observar as reações das pessoas. Audrey, fria e misteriosa, responde que ela própria é imprevisível, deixando a outra intrigada. Posteriormente, Mary fica sozinha na praia e conversa com Ted Latimer. Pela primeira vez, percebe nele não só arrogância e cinismo, mas também dor: ama Kay e perdeu-a para Nevile. Ted confessa o ressentimento que sente pelos outros, acusando-os de “presunção”, uma superioridade natural dos que sempre tiveram privilégios. Mary tenta defendê-los, dizendo que, embora pareçam superficiais, não são cruéis, e demonstra sincera compaixão pela infelicidade dele. Ted admite amar Kay desde sempre, mas acrescenta enigmaticamente que “muitas coisas podem acontecer no futuro próximo”, deixando no ar uma ameaça ou presságio.
Audrey encontra-se com Thomas Royde junto às rochas, em frente a Gull’s Point. Conversam sobre o mar, acidentes e recordações de infância, incluindo a cicatriz na orelha de Audrey causada por uma mordidela de cão. A conversa avança para a relação dela com Nevile. Audrey confessa que se apaixonou por ele, porque representava tudo o que ela não era: positivo, seguro, feliz, “real”. Thomas, amargo, deixa escapar o ressentimento que sente por Strang, que sempre foi brilhante e bem-sucedido, enquanto ele, apagado e limitado fisicamente, perdeu a única mulher que amou. Acaba por confessar o seu amor de longa data por ela, que responde negativamente a tal pretensão. Logo depois encontra o ex-marido, deitado a observar um caranguejo. A conversa começa de forma banal, mas rapidamente Nevile, nervoso, tenta confirmar que continuam amigos. Audrey responde afirmativamente, mas mantém a frieza. Num momento carregado de tensão, ele sussurra que “ela é a sua verdadeira mulher”, revelando que ainda a ama, mas a mulher, firme, corrige-o e afasta-se.
Subitamente, surge a notícia de que Mr. Treves faleceu subitamente, logo após regressar ao hotel. É aventada a possibilidade de a morte ter sido provocada pelo esforço feito ao subir as escadas do hotel, já que o advogado tinha um coração fraco. Thomas Royde afirma que, de facto, ele e Latimer o tinham deixado a subir os degraus, porque no elevador havia um letreiro a avisar que o elevador estava avariado. No entanto, Mrs. Rogers, a proprietária do hotel, e o porteiro garantem que o elevador estava a funcionar perfeitamente nessa noite, nunca tendo estado avariado.
Mary e Thomas comentam o clima de tensão crescente em Gull’s Point, à espera da partida de Nevile, Kay e Audrey. Todos sentem a atmosfera opressiva, agravada pela morte recente de Treves. Nevile confessa a Audrey que ainda a ama e propõe deixar Kay para reatar com ela, mas esta surpreende-os, furiosa, e confronta o marido, recusa o divórcio e ameaça matá-lo e a sua ex, tornando o ambiente ainda mais pesado e ameaçador.
sexta-feira, 5 de setembro de 2025
Google lança IA que ensina a estudar
A Google anunciou esta
quarta-feira, 3 de setembro, um novo conjunto de ferramentas de Inteligência
Artificial (IA) no Gemini, lançadas a pensar no regresso às aulas. O objetivo é
assumido: ajudar os alunos a estudar de forma mais inteligente, promovendo o
pensamento crítico e uma compreensão mais profunda das matérias, em vez destes
se limitarem a obter respostas prontas.
As novas funcionalidades foram,
segundo o gigante da tecnologia, desenvolvidas em estreita colaboração com
educadores, estudantes e especialistas em pedagogia, e têm por base no LearnLM,
uma família de modelos de IA da Google afinados especificamente para a
aprendizagem. Segundo Maureen Heymans, vice-presidente da área de Aprendizagem
da empresa, a iniciativa parte de um princípio fundamental: "Acreditamos
que a tecnologia pode ser uma ferramenta poderosa para a aprendizagem, mas
também sabemos que a verdadeira compreensão vai para além de uma única
resposta", afirmou em conferência de imprensa internacional na qual o DN
participou.
A partir deste dia, no Google
Gemini, os utilizadores encontram a opção Aprendizagem Orientada (Guided
Learning), um novo modo no Gemini que funciona como um "companheiro
pessoal de aprendizagem". A ideia é afastar-se do modelo de
pergunta-resposta típico dos chatbots.
A ferramenta, que funciona em
português de Portugal, está desenhada para analisar problemas passo a passo,
fazer ela própria perguntas abertas, para estimular a discussão, e adaptar as
explicações às necessidades de cada utilizador. "O objetivo é ajudá-lo a
construir uma compreensão profunda, em vez de apenas obter respostas",
segundo Maureen Heymans. A experiência é interativa e multimodal, recorrendo a
imagens, diagramas, vídeos e até questionários para testar o conhecimento.
Para tornar o processo mais rico
e envolvente, o Gemini passa também a integrar automaticamente o que a empresa
chama de Aprendizagem Visual. Jennifer Shen, diretora de Gestão de
Produto da App Gemini, detalha que a plataforma vai "integrar
automaticamente imagens, diagramas e vídeos do YouTube de alta qualidade
diretamente nas respostas" quando os utilizadores perguntam sobre tópicos
complexos, como o processo de fotossíntese ou a constituição de uma célula.
A pensar na preparação para os
testes, foram ainda criadas Ferramentas de Estudo Instantâneas. Com
esta função, os estudantes podem pedir ao Gemini para criar cartões de estudo (flashcards)
e guias de estudo personalizados a partir das suas próprias anotações ou de
outros materiais das aulas.
A aposta da Google surge numa
altura em que a utilização de IA na educação é já uma realidade. Um Jennifer
Shen refere um "inquérito recente a 7.000 adolescentes europeus" que
revelou que mais de dois terços já utilizam ferramentas de IA para aprender
todas as semanas. Para a Google, isto torna "mais importante do que nunca
que as ferramentas de IA sejam desenvolvidas especificamente para a
aprendizagem".
A empresa procurou também
responder a uma necessidade identificada junto dos mais novos. "Os alunos
disseram-nos que desejam passar de respostas rápidas para uma compreensão
profunda, mas nem sempre sabem como. Também valorizam ter um lugar seguro para
fazer qualquer pergunta que possam ter", afirma Maureen Heymans. A
Aprendizagem Orientada foi concebida para criar esse espaço de conversação
"livre de julgamentos", onde cada um pode aprender ao seu ritmo.
A pensar nos professores, foi
ainda criado um link dedicado que pode ser partilhado diretamente no Google
Classroom.
Para Jennifer Shen, este é um
marco na missão da empresa. "Estas ferramentas Gemini são um passo
importante no nosso caminho para ajudar todos no mundo a aprender qualquer
coisa. Reconhecemos também que o caminho a seguir está repleto de imensas possibilidades
e de responsabilidade partilhada para garantir que a IA beneficia realmente
todos os alunos", afirma.
(c) dinheirovivo.dn
quinta-feira, 4 de setembro de 2025
Biografia de Camões: as origens dos Camões
•
Camos (Nigrán): neste lugar, existia, há cerca de oito séculos (séc. XIII), o
solar dos Camões, residência da família ancestral de Luís de Camões.
•
Esse topónimo, por sua vez, teve origem no nome de uma ave chamada camão
(ou caimão), uma ave aquática de plumagem azul e bico vermelho, que
ainda existe no estuário do rio Miñor.
▪ Um nobre galego era dono
de um pássaro camão que morreria se a sua esposa cometesse adultério.
▪ Um pretendente dessa
dama, tendo sido rejeitado por ela e cheio de despeito, resolveu caluniá-la,
insinuando que teria cometido adultério, por isso o marido quis matá-la.
▪ A esposa pediu ao
cônjuge que consultasse a ave. Ao verificar que esta continuava viva, ele
compreendeu que estava enganado, reconheceu o seu erro e uniu o seu nome de
família ao da ave.
•
Luís de Camões mencionou esta lenda numa carta em verso que escreveu a uma
dama, mostrando, assim, que conhecia as suas origens galegas.
•
Camões cresceu com a ideia de pertencer à nobreza, mesmo que empobrecida, ideia
essa consubstanciada no seguinte:
▪ O solar dos Camões, uma
casa senhorial ou castelo feudal, que, por alturas dos séculos XII ou XIII,
existia em Camos (Nigrán, Galiza), o local onde nasceu o trisavô do poeta (ter
esse passado associado a um castelo fortalecia de linhagem aristocrática).
▪ A lenda do camão, a qual
dava prestígio simbólico à família, visto que a associava à virtude e à honra.
▪ Antepassados ligados à
guerra e à navegação, atividades valorizadas pela nobreza medieval, já que os
feitos de armas e a expansão ultramarina eram sinal de honra.
•
D. Fernando, o monarca português, reivindica a coroa de Castela por direito
dinástico, invade a Galiza, mas recua.
•
Muitos nobres portugueses partidários de Pedro I refugiam-se em Portugal,
nomeadamente o Conde Andeiro, Aires Pires de Camões (capitão de galés) e o seu
primo Vasco Pires de Camões, provável fundador do ramo português da família.
• Os
motivos da vinda de Vasco Pires de Camões para Portugal são os seguintes: apoio
político a Pedro I, como já foi referido, e desavença pessoal (teria
assassinado um fidalgo).
•
D. Fernando recompensa-o com várias propriedades: Gestaçõ, Montemor-o-Novo,
Sardoal, Constância, Marvão, Vila Nova de Anços, Estremoz, Avis, Évora e
Santarém.
•
Após a morte de D. Fernando, em 22 de outubro de 1383, D. Leonor Teles, a
regente do reino, mantém Vasco Pires de Camões próximo de si, conde-lhe funções
e um casamento vantajoso com Maria Tenreiro.
•
Na batalha de Aljubarrota (1385), Vasco Pires de Camões luta ao lado das forças
de Castela, é feito prisioneiro e posteriormente libertado, mas a sua atitude
fá-lo perder prestígio.
•
Em 1391, ainda morava em Portugal, mas após esse ano desaparece dos registos
das cortes.
•
Antes de se mudar para Portugal, era um trovador galego, tendo participado, por
exemplo, em contendas poéticas no Cancioneiro de Baena. Este dado liga o
talento literário de Camões a uma possível herança familiar.
•
Lei do Morgadio: o filho mais velho herdava os bens e títulos, garantindo a
continuidade da linhagem; os filhos segundos entregavam-se à vida eclesiástica
ou à carreira militar.
•
Gonçalo Vaz de Camões:
▪ enquanto primogénito e
de acordo com a Lei do Morgadio, herdou os bens da família;
▪ através de alianças
vantajosas e do casamento com Constança da Fonseca, ligada a uma família
importante, a dos Coutinho, prosperou;
▪ no século XVI, António
Vaz de Camões, um seu descendente, era morgado de Camoeira, rico e influente.
•
Constança Pires de Camões:
▪ casou com Pierre
Séverin, um fidalgo francês que participou na conquista de Ceuta, em 1415;
▪ deu origem à família
Severim de Faria, da qual brotou Manuel Severim de Faria, biógrafo de Camões.
•
João Vaz de Camões:
▪ segundo filho de Simão,
foi o bisavô do poeta;
▪ entregou-se à carreira
militar e judicial: serviu D. Afonso V em expedições contra Castela e no Norte
de África e mais tarde tornou-se corregedor da comarca da Beira (cargo
judicial);
▪ casou com Inês Gomes da
Silva, filha bastarda da família Silva;
▪ desse casamento nasceram
três filhos: João Vaz, Antão Vaz e Pero Vaz;
▪ construiu um túmulo
sumptuoso na Sé Velha de Coimbra.
▪ Antão Vaz de Camões:
→ é o avô do poeta;
→ casou com D. Guiomar da
Gama, que tinha ascendentes comuns a Vasco da Gama;
→ terá servido na Índia
com Afonso de Albuquerque, em 1507, fazendo parte da esquadra do Mar Vermelho;
→ levou uma vida
atribulada:
.
fugiu para Vilar de Nantes, em Chaves, em 1504, por ter cometido um homicídio;
.
viveu das rendas da abadia local;
.
morreu cerca de 1528;
.
filhos prováveis:
- Isidro Vaz (capelão do rei);
- Simão Vaz de Camões (pai
do poeta);
- Bento de Camões (tio do poeta);
- outros, incluindo
um Luís, possível inspiração para o nome do poeta).
▪ Bento de Camões:
. tio
do poeta;
. teve
uma carreira eclesiástica brilhante:
-foi cônego
regrante de Santo Agostinho no Mosteiro de Santa Cruz, em Coimbra;
- em 1539,
foi eleito prior do Mosteiro de Santa Cruz e prior geral da congregação;
- em 1540,
foi nomeado chanceler da Universidade de Coimbra, um cargo semelhante a reitor;
.
manteve alguns conflitos com D. João III.
▪ Simão Vaz de Camões:
. pai
de Camões;
. nascimento:
provavelmente em Coimbra ou Vilar de Nantes, em data incerta;
.
estudou em Braga;
.
trabalhou como tesoureiro na Casa da Índia e na Casa dos reis D. Manuel I e D.
João III;
. foi
agraciado com o título de cavaleiro (não hereditário) em 21 de junho de 1538,
por D. João III, devido à participação numa perseguição em Safim (Marrocos) aos
mouros;
. foi
para a Índia como capitão de uma nau; segundo Pedro de Mariz, naufragou à vista
de Goa e morreu no Oriente, em data incerta;
.
casou, antes de 1524, com Ana de Sá:
- os
primeiros biógrafos falam numa Ana Macedo, uma mulher nobre de Santarém,
enquanto outros genealogistas confirmam essa ligação aos Macedo, uma linhagem
nobre portuguesa com ramificações na cidade referida e possíveis ligações a
figuras notáveis como a família de Damião de Góis (note-se que, na época, os
apelidos variavam muito, daí a oscilação ente «de Sá» e «de Macedo»);
- alguns
autores pensaram que havia duas mulheres (uma mãe, que teria morrido cedo, e
outra madrasta), por causa da Canção X, mas trata-se de uma interpretação
errada;
- nalguns
documentos, Camões chegou a assinar Luís Sá de Camões, mostrando a ligação aos
dois apelidos;
- a
oscilação de apelidos era normal da época, não sendo fixos nem oficiais:
. não
havia um nome de família obrigatório e as pessoas não tinham um apelido legal e
permanente;
. os
apelidos podiam vir do pai ou da mãe (por exemplo, uma filha podia usar o
apelido da mãe ou de uma avó, e os irmãos nem sempre partilhavam o mesmo
apelido);
. os
apelidos mudavam ao longo da vida (com o casamento, serviço militar ou cargos,
a pessoa podia adotar outro apelido, para reforçar status).