Bernard Marx é um macho alfa que não
se encaixa em termos sociais por causa da sua estatura física inferior. Ele possui
crenças não-ortodoxas sobre relacionamentos sexuais, desportos e eventos
comunitários. A sua insegurança sobre a sua estatura e status deixa-o
descontente com o Estado Mundial. O sobrenome de Bernard remete para a figura
do filósofo e político alemão do século XIX Karl Marx, mais conhecido por
escrever Capital, uma crítica monumental à sociedade capitalista. Ao
contrário do seu famoso homónimo, o descontentamento de Bernard resulta do seu
desejo frustrado de se encaixar na sua própria sociedade, e não de uma crítica
sistemática ou filosófica a ela. Quando ameaçado, Bernard pode ser mesquinho e
cruel.
Até ao momento da sua visita à
Reserva e à introdução de John na narrativa, Bernard Marx é a figura central do
romance. A sua primeira aparição no romance é altamente irónica. Assim que o
diretor termina a sua explicação sobre o modo como o Estado Mundial eliminou
com sucesso a doença do amor e tudo o que acompanha o desejo frustrado, Huxley
dá-nos uma primeira visão dos pensamentos privados de uma personagem, e esae
personagem é apaixonada, ciumenta e ferozmente zangada com os seus rivais
sexuais. Desta forma, conquanto Bernard não seja exatamente heroico (e se torna
ainda menos à medida que o romance avança), conserva bastante interesse para o
leitor porque é humano. Ele quer coisas que não pode ter.
A principal mudança que ocorre na personalidade de Bernard é o
crescimento da sua popularidade após a viagem à Reserva e a sua descoberta de
John, seguidos por sua queda desastrosa. Antes e durante essa viagem, Bernard é
solitário, inseguro e isolado. Quando volta com John, usa a sua nova
popularidade para participar em todos os aspetos da sociedade do Estado Mundial
que havia criticado anteriormente, como, por exemplo, o sexo promíscuo. Essa
reviravolta prova que Bernard é um crítico cujo desejo mais profundo é tornar-se
no que critica. Quando John se recusa a tornar-se uma ferramenta na tentativa
de Bernard de permanecer popular, o seu sucesso entra em colapso
instantaneamente. Continuando a criticar o Estado Mundial enquanto se deleitava
com os seus “vícios agradáveis”, Bernard revela-se um hipócrita. John e
Helmholtz são simpáticos com ele, porque concordam que o Estado Mundial precisa
de ser criticado e porque reconhecem que Bernard está preso num corpo não
adequado ao seu condicionamento, mas não o respeitam.
Quanto ao relacionamento com Lenina, é evidente que ela o vê
apenas como um sujeito estranho e interessante, com quem pode concretizar um
interregno no relacionamento com Henry Foster. Ela está feliz ao usá-lo para o seu
próprio benefício social, mas investe emocionalmente nele como em John.
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