Português: Retrato de D. Madalena de Vilhena

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020

Retrato de D. Madalena de Vilhena

▪ Nobre: “família e sangue dos Vilhenas” (I, 8); o epíteto de “dona” só era dado no século XVII às senhoras da aristocracia.
▪ Sentimental: deixa-se arrastar pelos sentimentos muito mais do que pela razão.
▪ Pecadora: o nome “Madalena” evoca a figura bíblica da pecadora com o mesmo nome.
▪ Religiosa; não compreende, todavia, que o amor de Deus possa exigir o sacrifício do amor humano.
▪ O amor de esposa sobrepõe-se ao amor de mãe.
▪ Torturada pelo remorso do passado: não chega a viver o presente por impossibilidade de abandonar o passado, que a deixa constantemente aterrorizada.
▪ Redimida pela purificação no convento, que constitui a saída romântica para a solução dos conflitos.
▪ Modelo da mulher romântica: para os românticos, a mulher ou é anjo ou diabo.
▪ Marcada pelo Destino: amor fatal; ligada à lenda dos amores infelizes de Inês de Castro (I, 1).

D. Madalena de Vilhena é a primeira personagem que aparece na obra, mas pode afirmar-se que toda a família tem um relevo significativo. São as relações entre esposos, pais e filha, o criado e os seus amos ou mesmo o apoio de Frei Jorge que estão em causa. Um drama abate-se sobre esta família e, enquanto Manuel de Sousa Coutinho e D. Madalena se refugiam na vida religiosa, Maria morre como vítima.
D. Madalena tinha 17 anos quando D. João de Portugal desapareceu na batalha de Alcácer Quibir. Durante sete anos procurou-o. Há catorze anos que vive com Manuel Coutinho. Tem agora 38 anos (17+21). Mulher bela, de carácter nobre, vive uma felicidade efémera, pressentindo a desventura e a tragédia do seu amor. Racionalmente, não acredita no mito sebastianista, que lhe pode trazer D. João de Portugal de volta, mas teme a possibilidade da sua vinda. É com medo que a encontramos a refletir sobre os versos de Camões e a sentir, como que em pesadelo, a ideia de que a sobrevivência de D. João destrua a felicidade da sua família. No imaginário de D. Madalena, a apreensão torna-se pressentimento, dor e angústia. É neste terror que se vê na necessidade de voltar para a habitação onde com ele viveu.

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