segunda-feira, 17 de junho de 2019
quinta-feira, 13 de junho de 2019
O regresso do «eduquês»
O ardiloso engenho curricular "Autonomia e Flexibilidade Escolar" tornou a escola num processo kafkiano e numa Torre de Babel onde ninguém se entende, com instrumentos opacos, absurdos e inexequíveis.
O Governo e os seus leais funcionários do Ministério da Educação, pressionados pelas organizações internacionais e por uma nebulosa ideologia igualitarista escorada em pretextos economicistas, decidiram declarar guerra ao insucesso escolar. Para isso, criaram um novo «eduquês» que apelidaram de autonomia e flexibilidade escolar dos ensinos básico e secundário — designação desvendada num pacote prolixo de diplomas mais ou menos herméticos plagiados de documentos curriculares provenientes de meia dúzia de países mais ilustrados e prósperos do que Portugal e inspirados nas filosofias da Escola Moderna.
A Escola Moderna não é invenção nova, pois remonta ao início do século XX. Foi uma notável filosofia educativa teorizada por diversos pedagogos e bafejada por ideologias anarquistas e socialistas. Ajudou a combater o ensino elitista, magistral, teórico, confessional, misógino, empedernido e repressivo de outros tempos. Abraçou extraordinários desígnios humanistas já incorporados nos sistemas educativos contemporâneos. Mas também conceções controversas, românticas e lunáticas. Por exemplo, José Pacheco, missionário nacional da Escola Moderna e criador da Escola da Ponte, a qual, entretanto, deixou para pregar a sua boa nova no Brasil, defende, nutrido de certezas, uma escola sem divisão de ciclos de ensino, sem turmas, nem aulas, sem horários, nem testes, sem exames, nem reprovações, onde os alunos brincam a aprender e são felizes. Os políticos que nos governam ainda não arriscaram promulgar este modo final da história da educação.
O resto do artigo pode ser lido aqui [artigo].
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Opinião
"Não sei se é sonho, se realidade"
A
composição poética, composta por quatro sextilhas de rima cruzada nos primeiros
quatro versos e emparelhada nos dois últimos (ABABCC) e versos eneassílabos,
aborda a temática da dicotomia entre o sonho e a realidade. Esta
temática é consentânea com o conceito de arte que caracteriza o Modernismo,
enquanto experimentação para recriar a vida, criando uma realidade nova.
O
assunto consiste na constatação, por parte do sujeito poético, de que a
felicidade está presente no interior de cada um e não na nostalgia de um passado
que se desvanece.
O
poema pode dividir-se em três partes.
A
primeira corresponde às duas primeiras estrofes, nas quais o sujeito
poético, cheio de esperança, sugere a possibilidade (advérbio “talvez”) de
alcançar a felicidade através do sonho, como se pode comprovar através das
expressões que o caracterizam: “terra de suavidade” (v. 3), “ilha extrema do
sul” (v. 4), “palmares” (v. 7). De facto, o sujeito poético imagina (sonha) uma
ilha distante, serena e agradável (“suavidade”), repleta de árvores (como
palmeiras), onde a felicidade, a juventude e o amor são possíveis. A antítese
do verso 1 (“Não sei se é sonho, se realidade”) sugere a incapacidade de
distinguir o sonho da realidade e exprime a oposição entre os dois elementos,
entre o mundo imaginado e o mundo real. O «eu» procura a felicidade, recorrendo
ao sonho como fuga à realidade.
Este
lugar é um misto de sonho e vida (v. 2), um espaço longínquo, exótico e
indefinido, separado do mundo real, que acarreta sossego e calma, serenidade,
juventude e alegria/sorriso, e representa a felicidade absoluta, tudo nele se
opondo à realidade e ao quotidiano. De facto, aparentemente, esse espaço
constitui a materialização do paraíso perdido que proporciona a felicidade e o
amor, como se pode constatar pelas metáforas/imagens exóticas de
“palmares” e “áleas longínquas”.
Esta
ideia é reforçada nos dois versos finais da primeira estrofe, os quais
enfatizam a ideia de que é possível que exista uma ilha, situada entre o sonho
e a realidade, na qual reina a felicidade. O adjetivo “jovem” e a forma verbal
“sorri” associam-se à musicalidade sugerida pela repetição do advérbio locativo
“ali”, reforçando as características paradisíacas e de exceção daquele espaço. A
personificação do verso 6 (“A vida é jovem e o amor sorri.”) enfatiza o
caráter idílico da ilha do sul, onde há juventude eterna e o amor acontece,
contrariando a solidão, ilha essa esquecida entre o sonho e a realidade, na
qual reina a felicidade. Em suma, a ilha simboliza o sonho, a
felicidade, o paraíso desejado: terra de suavidade, com palmares, áleas, sombra
e sossego, onde a “vida é jovem e o amor sorri”.
No
entanto, a segunda estrofe parece introduzir uma certa incerteza: será possível
efetivamente concretizar o sonho, viver aquela forma de felicidade (atente-se
na repetição do advérbio de dúvida “talvez”, que sugere essa mesma
incerteza). Além de incerto, o ideal procurado afirma-se já como ilusório,
ideia sugerida pelas metáforas “palmares inexistentes” (v. 7) e “Áleas
longínquas sem poder ser” (v. 8) e confirmado pela interrogação do verso 11:
“Felizes, nós?”. Estas duas metáforas e a do verso 4 (“ilha extrema do sul”),
por um lado, simbolizam o sonho em busca da felicidade desejada, mas inacessível
e, por outro, recriam o espaço de utopia, “a terra de suavidade”, produto da
idealização.
Nas
duas primeiras estrofes, nota-se a alternância entre o uso da 1.ª pessoa do
singular (“Não sei”), traduzindo a reflexão pessoal do sujeito poético, e do
plural (“ansiamos”), que generaliza a reflexão a todos aqueles que sonham,
incluindo o próprio sujeito poético.
A
terceira estrofe constitui o segundo momento do texto, que
traduz o desalento provocado pela consciência da impossibilidade de alcançar a
felicidade no sonho. A conjunção coordenativa adversativa “mas”
que a inicia, que tem um valor de oposição ou contraste, contraria a noção de
felicidade absoluta sugerida inicialmente, desfazendo a dúvida entretanto
introduzida, o que deixa o sujeito poético desiludido, desanimado e desalentado
ao constatar que é impossível vivenciar a felicidade no sonho, por causa do
caráter efémero do bem (“não dura o bem” – v. 18), como consequência do
pensamento. Assim, a incerteza que se foi instalando na segunda estrofe dá
lugar à certeza da imperfeição que caracteriza aquele lugar idealizado pelo
“eu” e a sua desilusão fica bem evidente com o recurso à interjeição do
verso 17: “Ah”. De facto, “Sob os palmares” (v. 15) “Sente-se o frio” (v. 16).
Por
outro lado, o primeiro verso da terceira estrofe confirma que o sonho não é
realizável, pois, assim que fosse concretizado, deixava de o ser, logo a
concretização é falsa: “Mas já sonhada se desvirtua” – v. 13). Desiludido, o sujeito
poético reconhece que o local também é marcado pelo “frio” e pelo mal, que não
é um lugar perfeito. Atente-se na antítese “O mal não cessa, não dura o
bem” (v. 18). O facto de pensar na ilha destrói o seu caráter idílico, pois o “mal”
é permanente, não cessa, e o “bem” é efémero.
A
terceira parte compreende à quarta estrofe e nela encontramos as
conclusões do sujeito poético, que veiculam uma ideia oposta à inicial: afinal,
não é no sonho que podemos encontrar a felicidade, mas no interior, no íntimo
de cada um de nós (“É em nós que é tudo” – v. 23). Deste modo, a felicidade
deixa de fazer sentido num lugar exterior ao indivíduo ou na ilusão do sonho
(enquanto fuga à realidade) para poder ser materializada no interior do ser
humano. Só a nossa ação nos permitirá ser felizes.
As
metáforas dos versos 19 e 20 (“Não é com ilhas do fim do mundo, / Nem
com palmares de sonho ou não”), associando a ilha ao sonho, dado que os locais
exóticos são considerados espaços de evasão, de fuga à realidade, sugerem
precisamente que não é no sonho que encontramos a felicidade: “Que cura a alma
seu mal profundo, / Que o bem nos entra no coração” (vv. 21-22). A antítese
presente nestes dois últimos versos realça a inoperância do sonho e a imposição
do real sobre o imaginário.
Onde
reside então a felicidade? A felicidade está no íntimo de cada ser humano, está
dentro de nós mesmos, não em sonhos distantes: “É em nós que é tudo.” (v. 23). Note-se
que esta ideia remete para a procura de si mesmo. “É ali, ali, / Que a vida é
jovem e o amor sorri.” (vv. 23-24): o sujeito poético começou por colocar a hipótese
de encontrar o sonho e a felicidade na “ilha”; depois anulou essa
possibilidade, considerando que, uma vez atingido, o sonho deixa de o ser
(verso 13); por último, na derradeira estrofe, conclui que aquilo que
procuramos se encontra em nós, no interior de cada pessoa, e no nosso mundo e
não no sonho. Note-se a presença insistente do advérbio com valor locativo
«ali» que, no verso 3, se refere à “terra de suavidade”, no 4, à “ilha
extrema do sul”, e, na última estrofe, ao “nós”. Ou será que o poema apresenta
uma estrutura circular e, no final, regressa ao ponto de partida e ao sonho?
Para
atingir o absoluto, a plenitude, o ser humano necessita de ultrapassar as suas
próprias limitações, as quais geram o mal-estar, “assumindo a tensão produzida
pelas contingências da vida. A dicotomia sonho-realidade é representada por
dois mundos cujas fronteiras às vezes se tocam e o ser humano, na sua busca
contínua pela felicidade absoluta, tem tendência a divagar entre os dois,
oscilando entre as vivências vividas e as vivências sonhadas.”
(Resumos Clássicos, Conceição Coelho e Maria de
Fátima Santos)
quarta-feira, 12 de junho de 2019
Exame Nacional de Português - 9.º ano - Fase especial - 2018 - Enunciado
Áudio:
terça-feira, 11 de junho de 2019
Análise do soneto "Está o lascivo e doce passarinho"
Análise do soneto camoniano "Está o lascivo de doce passarinho": análise.
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Análise da esparsa "Os bons vi sempre passar"
Carregando na ligação [análise da esparsa], encontramos o trabalho de um aluno que consiste na análise da famosa esparsa camoniana.
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Escola do século XXI, ou a banha da cobra educativa
O futuro das crianças que se iniciam agora na escola é uma incógnita mas, mesmo assim, continuam a ser ensinadas através de “um programa curricular pensado há muitos anos”, criticou Rod Allen, mentor e co-autor de uma profunda reforma curricular no Canada, no Encontro Nacional de Autonomia e Flexibilidade Curricular, que decorreu esta semana na […]
António Duarte | 11/06/2019 às 8:06 | Etiquetas: Demagogia, Eduquês, Facilitismos, Incongruências, Verdades inconvenientes | Categorias: Educação | URL: https://wp.me/p6duOw-oNZ
|
(Mais) Um excelente post do nosso colega António Duarte, no seu blogue [ligação], agora sobre a patranhice da dita escola do século XXI.
segunda-feira, 10 de junho de 2019
Dia de Camões e Cia
domingo, 9 de junho de 2019
Bernardo Soares: "Eu nunca fiz senão sonhar"
● Estrutura interna do excerto
▪ 1.ª
parte (de “Eu nunca fiz…” a “… uma felicidade enorme, real, incomparável.”):
reflexão sobre a importância do sonhar e sobre as suas consequências (criação
de um “mundo falso”).
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O Livro do Desassossego
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