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domingo, 22 de janeiro de 2012

Marcas do drama romântico de Frei Luís de Sousa

1.ª) A crítica a uma sociedade governada por preconceitos hirtos que vitimam inocentes (Maria é vítima da sua ilegitimidade).
2.ª) A rutura com a forma clássica:
. a obra está escrita em prosa, que substitui o verso da tragédia antiga, um tipo de discurso considerado por Garrett adequado a “assuntos tão modernos”;
. a peça é constituída por três atos, contrariamente à tragédia grega, composta por cinco;
. a diminuição da importância do coro (ainda que ecoe em Frei Jorge e em Telmo);
. a lei das três unidades não é cumprida cabalmente;
. os agouros e superstições populares substituem as crenças e rituais pagãos e dão expressão à manifestação da cultura portuguesa;
. os valores patrióticos e nacionais são exaltados, sobretudo, através de Manuel de Sousa;
. a religião cristã surge como um consolo, aligeirando a força inexorável e irremediável do Destino que controlava os homens a seu bel-prazer;
. o realismo psicológico sustentado na personagem Telmo, que assiste à transformação dos seus próprios sentimentos, num processo de autoconhecimento dinâmico, no momento em que percebe que, após ter acalentado, durante tanto tempo, a ideia de que D. João estaria vivo, desejava poupar Maria, renegando o primeiro amo;
. a experiência pessoal do autor: Almeida Garrett possuía uma filha ilegítima, filha de Adelaide Pastor Deville, por quem se apaixonara, ainda casado com Luísa Midosi; Adelaide Deville morreu antes que o escritor tivesse podido legitimar a situação da filha que tanto estimava – assim, a acção da peça traduz a sua angústia mais profunda, refletindo a sua própria realidade;
. a morte de Maria em palco é também um episódio caraterístico do drama romântico;
. as personagens são vítimas do Destino, mas, à maneira do drama romântico, são também vítimas das suas decisões e das suas paixões (por exemplo, Maria é condenada não apenas pelo Destino, mas pela sociedade).
3.ª) A linguagem coloquial, próxima das realidade vividas pelas personagens e dos seus estados de espírito;
         4.ª) O assunto da peça é um assunto nacional e histórico.

Catarse em Frei Luís de Sousa

     Tal como era lei na tragédia grega, todos os acontecimentos representados em palco iriam despertar nos espetadores o terror (fobos) e a piedade (éleos) purificantes – a catarse.
     A catarse (purificação) realiza-se através do castigo: o casal ingressa num convento, renunciando às paixões mundanas, Maria morre de vergonha por causa da sua ilegitimidade e ascende, pela sua inocência, ao espaço celeste.

Catástrofe

. D. Madalena:
     - é causada pelo regresso de D. João:
            . morte psicológica;
            . separação do marido;
            . profissão religiosa;
     - salvação pela purificação: torna-se a irmã Sóror Madalena das Chagas.

. Manuel de Sousa:
     - morte psicológica:
            . separação da esposa;
            . separação do mundo;
            . profissão religiosa;
     - glória futura de escritor ® Frei Luís de Sousa: glória de santo.

. D. João de Portugal - morte psicológica:
     - separação da esposa;
     - a situação irremdiável do anominato.

. Maria de Noronha:
     - morte física.

. Telmo Pais:
     - não poderá resistir a tantos desgostos e, tal como D. João, cairá no rio do
        esquecimento.

Peripécias


  • O incêndio do palácio de Manuel de Sousa Coutinho;
  • A mudança para o palácio de D. João;
  • A chegada do Romeiro;
  • A tomada de hábito de D. Madalena e Manuel de Sousa;
  • A morte de Maria.

Clímax

     O clímax verifica-se com a chegada do Romeiro e o desvendar da sua verdadeira identidade.

Anagnórise (reconhecimento)

     A anagnórise (cena do reconhecimento - II, 15) efetiva-se com o reconhecimento / a identificação do Romeiro como D. João de Portugal.

Outras marcas trágicas (Frei Luís de Sousa)

  • A existência de poucas personagens em cena, todas de estrato social elevado e de caráter nobre.
  • A ação sintética: a peça possui um número escasso de ações que conduzem à ação trágica.
  • A condensação do tempo em que decorre a ação.
  • A concentração dos espaços (em número reduzido).
  • Cumprimento, incompleto, da lei das três unidades: unidade de ação, de espaço (incompleta, porque na peça existem três espaços distintos) e de tempo.
  • Ambiente trágico de de solenidade clássica.
  • Os momentos de retardamento.
  • A existência, desde o início, de um clima de fatalidade que o ominoso da recorrência de acontecimentos à sexta-feira e do espaço do palácio de D. João adensa e asfixia. Tudo deixa antever a catástrofe; nada há de supérfluo.

sábado, 21 de janeiro de 2012

YouTube Space Lab


Bom dia,
Somos uma equipa de jovens portugueses que foi selecionada para a fase final do YouTube Space Lab, um concurso a nível mundial, apoiado por agências espaciais como a NASA e a ESA, entre outros parceiros. Este concurso tem como objectivo a projecção de um experiência a ser realizada em microgravidade – ou seja, que não pode ser realizada na Terra.
O grupo vencedor terá a sua experiência realizada na Estação Espacial Internacional (ISS), direito a uma viagem a Washington e a treino de cosmonauta na Rússia ou uma oportunidade de assistir ao lançamento do foguetão com a sua experiência no Japão.
Há 10 finalistas de cada região em duas categorias (a nossa: 17-18 anos). Os vencedores de cada região (no nosso caso: da Europa, África e Médio Oriente) receberão a viagem a Washington e ainda um voo a Gravidade Zero.
75% da pontuação de cada finalista advém de uma votação por parte de um júri composto por personalidades de renome em diferentes áreas, entre os quais os Professores Collin Phillinger, Ehud Behar e Stephen Hawking. (lista completa no site oficial do concurso:http://www.youtube.com/user/spacelab/spacelab)
Os restantes 25% da cotação final da equipa resultam do número de votos no vídeo que criámos para a competição e que está publicado no YouTube. Assim sendo, gostaríamos de saber se será possível ter o apoio do [blog] a nível de divulgação, para que possamos realizar uma experiência portuguesa no espaço.
Link direto para o vídeo: http://goo.gl/1Rfr7
Evento no facebook:  http://goo.gl/yIBhq
(por favor partilhem os links para que o público possa votar em nós – até dia 24!)

Desde já o nosso obrigado,
Daniel Carvalho
Guilherme Moreira Aresta
Miguel Ferreira

(Finalistas do YouTube Space Lab e alunos do 1.º ano do Mestrado Integrado em Bioengenharia na FEUP – Universidade do Porto)

Tempos de necessidade (II): Cavaco Silva falido


«Roubado» ao jornal i

Tempos de necessidade


terça-feira, 17 de janeiro de 2012

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Quase todos os alunos do 4.º e 6.º fazem erros de concordância

     «Apenas 8% dos alunos do 4.º e 6.º ano consegue escrever frases sem erros de concordância. Em ambos os anos de escolaridade, este foi o item das provas de aferição de Língua Portuguesa, realizadas em Maio por cerca de 216 mil estudantes, que obteve a taxa de sucesso mais baixa, revelam os relatórios com a análise pormenorizada do desempenho dos estudantes divulgados sábado pelo Ministério da Educação.»

Fonte: Público 

sábado, 14 de janeiro de 2012

Tempo da representação

     O tempo da representação está intimamente ligado aos três momentos-chave da intriga:
  • Exposição (ato I): um dia, sexta-feira, 27 de julho de 1599 (I, 2);
  • Anagnórise (reconhecimento) (ato II): um dia, sexta-feira, 4 de agosto de 1599; 
  •  Desenlace (catástrofe) (ato III): uma noite, de sexta para sábado, 5 de agosto de 1599). 

Tempo representado

     O tempo representado corresponde a oito dias:
  • "Há oito dias que aqui estamos nesta casa..." (II, 1);
  • "Mas isto ainda é cedo", "São cinco horas, pelo alvor da manhã..." (III, 1).
      Por estas informações, contidas nas indicações cénicas, podemos concluir que entre o início e o desenlace da peça decorrem oito dias, enquanto apenas algumas horas separam os atos II e III.

Tempo histórico de Frei Luís de Sousa

     A ação da peça Frei Luís de Sousa (quer os acontecimentos representados, quer os seus antecedentes) situa-se no final do século XVI, princípio do século XVII, como é possível verificar pela didascália inicial do ato I: "Câmera antiga, ornada com todo o luxo e elegância portuguesa dos princípios do século dezassete." Ao longo do texto, outras referências temporais situam-na no ano de 1599 (ver demais «posts» relativos à categoria Tempo), havendo alusões a outras datas.
     Em síntese, os dados mais relevantes relacionados com o tempo histórico são os seguintes:
  • a referência à Reforma Protestante, de meados do século XVI: "... o homem é herege, desta seita nova d'Alemanha ou d'Inglaterra" (I, 2);
  • a referência à batalha de Alcácer Quibir (4 de agosto de 1578);
  • a alusão a Filipe II de Espanha, I de Portugal, aclamado rei em 1580: "... os senhores governadores de Portugal por D. Filipe de Castela, que Deus guarde..." (I, 5);
  • as desavenças entre portugueses e castelhanos e o domínio filipino, após a perda da independência nacional, resultado da derrota de Alcácer e da morte de D. Sebastião;
  • o sebastianismo, representado por Telmo Pais e D. Maria;
  • as alusões de Telmo a Camões e de Maria (no início do ato II, cita a frase que abre a novela Menina e Moça) a Bernardim Ribeiro;
  • a existência de peste em Lisboa.
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