D.
João V (1689-1750), filho de D. Pedro II e D. Maria Sofia, governou Portugal de
1707 a 1750. Casou com D. Maria Ana Josefa da Áustria com quem teve 6 filhos
legítimos. A época do seu reinado é marcada por um grande desenvolvimento
económico (ouro e pedra preciosas do Brasil) e pela megalomania do próprio rei
que se nota na promessa de construção de um convento mais grandioso que o
Escorial de Madrid ou o Palácio de Versalhes se a sua esposa lhe desse um
herdeiro.
Com
a visualização do vídeo, deparamo-nos com algumas características do rei D.
João V, também enunciadas por José Saramago na obra Memorial do Convento. Dentro dessas características destacam-se: os
prazeres da carne, a sua doença (flatulência), a megalomania, a vaidade, o
egocentrismo e o devoto fanático.
D.
João V, apesar de casado, não esconde o seu gosto por mulheres, ao ponto de ter
varias relações extraconjugais, destacando-se a relação com a Madre Pauda do
Convento de Odivelas. Destas relações resultaram inúmeros filhos bastardos.
Este traço é evidenciado na entrevista, quando o rei pega no braço da assistente
e a senta no seu próprio colo, acariciando-a, e dando-lhe um cartão para um
possível futuro encontro. Este era um rei que se dedicava pouco ao reino, pois
o seu maior interesse estava centrado nas mulheres.
O
monarca é ridicularizado tanto no vídeo como na obra, devido à doença de que
sofria, a flatulência. Esta doença admitida por ele mesmo na entrevista deve-se
ao seu gosto excessivo por comida, revelado logo no início do vídeo, quando o
rei pergunta, antes de mais nada, por comida. Ao longo da conversa o soberano
irá sofrer as consequências deste primeiro ato, ao ponto de ficar com o seu
aparelho digestivo alterado, sendo isto evidente nos inúmeros flatos ao longo
do tempo.
No
vídeo é notório o gosto do rei pelo luxo e ostentação, sendo isto visível no
seu próprio vestuário (peruca, vestimenta bem trabalhada…), e a na construção
de um grandioso, exuberante e luxuosos convento. O propósito desta construção
terá sido o cumprimento de uma promessa pessoal, sendo esta a edificação de um
convento, se Deus lhe desse um herdeiro, garantindo assim a sucessão do trono. Para
esta mesma construção, o rei sacrificou todo um povo por uma questão meramente
pessoal, sendo destacado nesta atitude o seu egocentrismo, a sua vaidade e
megalomania. O monarca é egocêntrico, até ao ponto de decidir que a sagração do
edifício se realizasse na data do seu aniversário, 22 de outubro.
Em
conclusão, depreende-se facilmente que o verdadeiro herói da construção do
convento e da obra estudada é o povo, um povo miserável, sofrido, sem horizontes
nem sonhos, vergado ao destino e a vontade omnipotente do rei. Um rei cujo
único objetivo é assumir um papel gerativo de um filho e de um convento. O
monarca é ridicularizado por Herman José e Saramago por protagonizar cerimónia
de solenidade e por situações que revelam as suas fragilidades que descascaram
facetas pouco dignificantes.
M.Y.
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