quarta-feira, 24 de julho de 2024
Exame Nacional de Português - 9.º ano - 2024 - 2.ª fase
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quinta-feira, 18 de julho de 2024
terça-feira, 16 de julho de 2024
Análise da cena 4 do ato III de Hamlet
A conversa
entre mãe e filho é muito interessante, pois permite levantar várias suposições
relativamente à atitude e ao pensamento de Hamlet. Por exemplo, terá a rainha
conhecimento do crime do seu atual marido? Poderá ela fornecer informações que
confirmem o assassinato? Terá sido a monarca cúmplice da barbárie? Seja qual
seja o seu intuito, Hamlet «apenas» incita a progenitora a afastar-se de
Cláudio, num discurso sexualmente bastante gráfico. Sigmund Freud afirmou que
Hamlet possuía o desejo inconsciente de desfrutar sexualmente da sua mãe, algo
que seria comum à generalidade dos homens e que designou como Complexo de Édipo,
em homenagem à figura da mitologia grega homónima de uma peça de Sófocles que,
involuntariamente, cumprindo uma profecia, assassinou o seu pai, Laio, e
posteriormente desposou a própria mãe, sem saber de quem se tratava, gerando
com ela vários filhos. Freud prossegue, esclarecendo que, enquanto Édipo
concretizou essa fantasia, Hamlet apenas possui o desejo inconsciente de o
fazer, o que o torna uma figura moderna, dado que reprimiu esse desejo.
Ao longo da
cena, Gertrudes limita-se a reagir aos ataques e às denúncias do filho sobre
si, mostrando diferentes reações e emoções ao longo da mesma. Assim, de início
revela alguma arrogância e dirige algumas acusações a Hamlet; mais à frente,
mostra receio de que o príncipe a magoe fisicamente; quando Polónio é morto,
fica chocada; o medo e o pânico dominam-na no momento em que o filho se lhe
dirige agressivamente; posteriormente, revela-se espantada e crente de que
Hamlet está louco, quando o vê falar com o vazio, já que ela não consegue ver
nem ouvir o fantasma do anterior marido; por fim, parece arrependida
relativamente ao príncipe e disposta a ajudá-lo. Ou seja, ao longo da cena,
Gertrudes vai sendo submetida a sucessivos choques (as acusações de Hamlet, a
morte de Polónio), os quais a vão fragilizando e enfrentando a sua capacidade
de resistência às acusações do filho e à condenação do seu comportamento e suas
atitudes. O modo como a insistência e os sentimentos do príncipe a vergam
enfatiza a ideia de que a monarca é uma figura com tendência para se submeter e
se deixar dominar por homens poderosos e uma necessidade de que aqueles lhe
mostrem o que pensar e sentir.
Ora, estes
traços psicológicos explicarão o facto de Gertrudes se ter entregado tão
rapidamente a Cláudio, isto é, pouco depois da morte do velho rei Hamlet. Por
outro lado, quando promete guardar segredo da conversa que estão a ter, é
possível que a rainha finja apoiar o filho apenas para o acalmar, visto que,
como veremos posteriormente, ela relata o que se passou a Cláudio, quebrando a
promessa que lhe fizera. Uma outra explicação para este comportamento pode
prender-se com um eventual instinto de sobrevivência e autopreservação que a
leva a confiar nos homens, ou, pelo menos, em determinados homens.
Gertrudes é
rainha, ocupa uma posição de poder, porém convém nunca esquecer que vive numa
sociedade dominada por homens. O filho não se poupa a esforços no sentido de
fazer com que ela se sinta culpada por ter traído o primeiro marido, procurando
retratá-lo como uma esposa desleal, o que certamente a magoa. Tanto é assim que
implora que o príncipe pare com as acusações, nomeadamente a de ter trocado um
irmão pelo outro como seu marido. Ou seja, a sociedade parece esperar que uma
mulher que enviúva deve pausar a sua morte após o falecimento do marido.
Existem ainda hoje mulheres que nunca mais voltaram a casar ou a manter novos
relacionamentos amorosos quando ficam viúvas. Algumas, inclusive, carregam luto
pesado pelo resto das suas existências. Todavia e, por outro lado, esta análise
vai ao encontro da pressão de que Gertrudes certamente foi alvo para voltar a
contrair matrimónio, algo comum entre a realeza medieval. Como Eça de Queirós
escreveu no sento conto “A Aia”, em que uma rainha se vê subitamente viúva, com
um filho de tenra idade nos braços, uma roca não governa como uma espada, não
se escusando a salientar como a ausência do rei deixava o reino e a própria
família desamparada e frágeis. Além disso, terá Gertrudes pressentido que Cláudio
era um homem perigoso, pelo que, caso se recusasse a casar com ele, poderia
correr perigo de vida.
Voltando a
Hamlet, a sua ação nesta cena é movida tanto pela raiva quanto por uma certa
curiosidade, daí que tenha confrontado a mãe para esclarecer o que pensava
sobre o assassinato do seu pai e também para questionar o papel da rainha em
toda a situação. É neste cenário que Hamlet assassina Polónio, pensando
tratar-se do «rato» Cláudio, um ato impulsivo e não planeado. Este é um dado
curioso e particularmente interessante, visto que a ação mais ousada, decisiva
e impactante tomada pelo príncipe, que sempre se mostrou hesitante em agir,
resulta exatamente de um impulso. Isto é comprovado pelo facto de mesmo agora,
quando Hamlet está certo de que Cláudio assassinou efetivamente o seu pai,
continuar a adiar a sua vingança. Deste modo, é perfeitamente lícito concluir
que o príncipe só consegue agir sem premeditação.
De facto,
Hamlet é alguém caracterizado pela reflexão, mais do que pela ação, sendo
perseguido por questões morais e hesitações e incertezas quando se trata de
vingar a morte do pai, assassinando o ator do crime, o seu tio Cláudio, mesmo
quando se lhe depara a oportunidade perfeita. No momento em que decide agir, fá-lo
cega e quase instintivamente, atingindo alguém que ele pensava ser o tio
através de uma cortina. É como se o príncipe soubesse intimamente que era incapaz
de agir racionalmente e apenas fosse capaz de agir e concretizar a sua vingança
de forma acidental, instintiva, e não planeada e premeditada. Quando constata que,
afinal, matou Polónio, interpreta o seu ato no contexto do esquema retribuição,
punição e vingança. O assassinato, para Hamlet, significa que Deus o usou
como instrumento de vingança para punir os pecados de Polónios e os seus
próprios, manchando a sua alma com o crime que acabara de cometer.
O diálogo
intempestivo entre mãe e filho faz reaparecer o fantasma do velho rei, que lhe
recorda que não deve magoar a mãe. Como esta não consegue ver nem ouvir o
espectro, ela é levada a acreditar que Hamlet enlouqueceu realmente. Mas será
ele realmente louco? Por outro lado, será o único capaz de ver e interagir com
o fantasma? A resposta é obviamente negativa, pois, como vimos nas cenas
iniciais da peça, ele foi visto também pelos guardas que percorriam as muralhas
de Elsinore. Além disso, o público que assiste à representação também vê o
espectro, o que significa que William Shakespeare quer que os espectadores
acreditem que o que Hamlet vê é real. Por outro lado, é interessante observar
que, quando Gertrudes afirma que o filho perdeu o juízo, o plano inicial do príncipe
de se fingir louco se volta contra ele. De facto, agora parece genuinamente
louco, o que faz com que seja pouco provável que a mãe se coloque do seu lado.
Ao
assassinar Polónio, Hamlet comete, involuntariamente, um crime para o qual não
tem justificação. Curiosamente, inicialmente, o príncipe protela o assassinado
de Cláudio por não ter a certeza se o tio era ou não culpado e, portanto,
merecedor da punição da vingança. Todavia, nesta cena, matou um homem inocente,
pelo que terá de passar a haver-se com o sentimento de culpa.
Interessantemente, não se mostra arrependido do que acabou de fazer, o que
permite pôr em causa os princípios morais que norteiam a sua vida. De facto,
apesar de se debater, ao longo da peça, até aqui, com a dúvida se seria correto
assassinar Cláudio, neste momento a morte de um homem inocente, ou
aparentemente inocente, não pesa particularmente na sua consciência. Tudo isto
confere complexidade à peça, desde logo porque o seu protagonista é uma figura
particularmente complexa e difícil de ler. Por vezes, ele parece querer fazer o
que é moralmente correto, porém, noutros momentos, parece pôr de lado os seus princípios
e valores.
Outra
questão significativa refere-se a uma presumível decadência moral que atinge
Hamlet. Inicialmente, adiou a morte de Cláudio por uma questão ética e nobre,
ou seja, por querer certificar-se que o tio é efetivamente o assassino, porém,
nesta cena, torna-se ele mesmo um criminoso. A procura de vingança leva o
indivíduo a trilhar caminhos sombrios.
Resumo da cena 4 do ato III de Hamlet
Nos aposentos
de Gertrudes, a rainha e Polónio aguardam a chegada de Hamlet e o homem explica
à soberana o seu plano, que ela aceita. Quando o príncipe chega, Polónio
esconde-se atrás de uma tapeçaria. Hamlet entra no compartimento e pergunta à
mãe o motivo por que o chamou. A mulher responde que o filho insultou a memória
do pai ao ofender Cláudio, mas o jovem responde-lhe que foi Gertrudes quem
ofendeu o velho rei Hamlet ao desposar o seu irmão. A rainha questiona as
palavras duras do filho e pergunta-lhe se esqueceu quem ela é, ao que ele
responde que sabe perfeitamente a sua identidade: a esposa do irmão do seu pai
e, lamentavelmente, sua mãe.
O
comportamento de Hamlet assusta Gertrudes, que grita por ajuda. De trás da
tapeçaria, Polónio, alarmado, grita também. O jovem príncipe, percebendo que
alguém se esconde atrás das cortinas e suspeitando que pode ser Cláudio,
desembainha a sua espada, enfia-a através da tapeçaria e mata Polónio. A
monarca condena o ato do filho, no entanto este afirma que o seu gesto não é tão
mau quanto o de assassinar um rei e casar-se com o seu irmão, afirmações que a
deixam incrédula. O filho prossegue, questionando os motivos da progenitora
para ter desposado o cunhado, especulando que era louca ou tinha sido enganada
pelo diabo, e repreendendo o facto de dividir o leito com um vilão assassino.
Subitamente,
o fantasma do velho rei aparece, e Hamlet pergunta-lhe o que terá que fazer.
Gertrudes não consegue ver o espectro, por isso afirma que o filho perdeu o
juízo ao vê-lo conversar com o vazio. O fantasma afirma que veio para recordar
Hamlet do seu propósito, que ainda não o vingou, matando Cláudio. Percebendo
que Gertrudes não o consegue ver nem ouvir, o espectro pede ao jovem príncipe
que interceda por si junto da mãe. Hamlet descreve o fantasma, mas a rainha
nada vê e ele desaparece. Tenta, de seguida, desesperadamente, convencer a
soberana que não está louco, mas apenas fingiu loucura, e insta-a a abandonar
Cláudio e a recuperar a sua honra. Além disso, pede-lhe também que não revele
ao atual marido aquela conversa entre ambos. Gertrudes, abalada pelas palavras
duras do filho, concorda em manter segredo.
Antes de sair,
Hamlet lembra à mãe que, em breve, partirá para Inglaterra com Rosencrantz e
Guildenstern, mas acrescenta que a mensagem que levará não será diplomática, antes
uma ordem de execução assinada por Cláudio. Acrescenta ainda que tem um plano
para enganar o tio e, de seguida, sai, arrastando o corpo de Polónio.
Análise da cena 3 do ato III de Hamlet
Nesta cena,
Hamlet parece disposto a, finalmente, concretizar o seu desejo de vingança. O
jovem mostra-se satisfeito por a peça e o excerto que nela enxertou terem
provado a culpabilidade do tio. Quando este reza, fica-se com a certeza de que Cláudio
assassinou o irmão. De facto, trata-se uma confissão absoluta e espontânea,
mesmo que ninguém mais a ouça.
Cláudio e
Polónio urdiram um plano para espiar Hamlet e desvendar o que está a acontecer
exatamente com o príncipe, o que significa que
o seu comportamento errático os confundiu. Por outro lado, ironicamente é o
próprio Hamlet quem acaba por observar secretamente o tio, embora não tenha ouvido
o solilóquio de Cláudio, pois somente o vê ajoelhado a rezar. Convém ter
presente que o solilóquio é um recurso muito importante na peça, dado que
muitas personagens escondem frequentemente os seus pensamentos, sentimentos e
motivações, agindo de forma enganosa, de forma a tentar enganar os demais.
Esses momentos de confissão constituem os únicos momentos em que o público tem
a oportunidade de conhecer as verdadeiras intenções das personagens.
Podemos
considerar que o momento fundamental da cena é a reação de Cláudio à encenação
que reproduz o assassinato do rei Hamlet, que confirma, de facto, a sua
culpabilidade. Se dúvidas ainda houvesse, porém, o solilóquio posterior acaba
com as mesmas: Cláudio assassinou o seu irmão. Está, pois, aberto o caminho
para o príncipe concretizar a sua vingança, contudo ele coloca o seu ato na
perspetiva da moralidade. Por um lado, o seu intuito ultrapassa os limites da
moralidade cristã, pois deseja matar o tio e, ao mesmo tempo, condenar a sua
alma. Com efeito, a sua decisão de não consumar o assassinato quando o tio está
ajoelhado a rezar prende-se com o seu medo de que esse ato enviasse a alma de
Cláudio para o céu, em vez do inferno, o que confirma que as motivações de
Hamlet giram em torno do sentimento de vingança. Por outro lado, pode encarar-se
esta atitude como mais uma desculpa para adiar a morte do tio, apesar de ter a
certeza da sua culpabilidade. No fundo, estamos perante uma questão de justiça:
o velho rei fora assassinado sem ter tido a oportunidade de purificar a sua
alma através de orações ou confissões, por isso o seu assassino deveria padecer
a mesma condenação.
Noutra
perspetiva, podemos observar que, quando Hamlet decide não assassinar Cláudio enquanto
este reza, está a desejar comportar-se e atuar de modo honrado. Simultaneamente,
demonstra grande respeito pelos valores religiosos, considerando um assassinato
um pecado mortal, enquanto a vítima se encontra a orar. Ao deixar passar esta
oportunidade privilegiada de consumar a sua vingança, Hamlet torna claro que os
seus valores morais e religiosos têm influência nos seus comportamentos e atos,
tanto ou mais que o desejo de vingar o pai. É possível que a noção de que
executar alguém a sangue frio é um ato desumano que ele não consegue concretizar.
No que diz respeito
a Cláudio, a sua tentativa de rezar é muito interessante. Aparentemente, deseja
ser perdoado pela morte do irmão, no entanto não está disposto a abdicar dos
benefícios que o crime lhe trouxe: a coroa e a rainha. Esta postura escancara a
sua corrupção e decadência moral, a sua falta de integridade, traços que, nas
palavras ditas anteriormente por Marcelo, quando afirmou que algo estava podre
no reino da Dinamarca, se estendeu à sociedade. Assim sendo, podemos concluir
que Cláudio é a personificação dessa decadência moral, pois ele reconhece que
cometeu um crime, porém decide conscientemente que não irá retificar o seu
comportamento pecaminoso, arrependendo-se genuinamente.
segunda-feira, 15 de julho de 2024
Resumo da cena 3 do ato III de Hamlet
A ação desta
cena tem lugar na mesma noite da representação da peça. Depois de todos
deixarem o local onde a produção ocorrera, Rosencrantz e Guildenstern falam com
Cláudio, que se encontra muito abalado com o conteúdo da peça e com a aparente loucura
de Hamlet, que considera perigosa, daí que peça à dupla que escolte o jovem
príncipe até Inglaterra, para segurança de todos. Os dois homens, leais ao rei,
acatam e vão-se preparar de imediato para a viagem.
Entretanto,
chega Polónio e informa Cláudio que Hamlet está a caminho dos aposentos de
Gertrudes, lembrando ao rei o seu plano de se esconder no quarto da rainha para
observar o encontro entre mãe e filha e, posteriormente, lhe relatar o que
ficar a saber. De seguida, sai, para dar andamento ao seu plano.
Sozinho,
Cláudio, num solilóquio, reconhece o seu crime hediondo, a sua culpa e a noção
de que cometeu um pecado indesculpável: o fratricídio é uma das piores ofensas
que se pode fazer, é o crime mais antigo, que acarreta a maldição mais antiga.
Assim, implora pelo perdão e pela misericórdia de Deus, porém receia não ser
perdoado, exceto se renunciar ao trono da Dinamarca e à rainha. Porém, em
simultâneo, afirma que não está preparado para desistir daquilo que conquistou
por meio do crime. Tomado pela culpa, ajoelha-se em oração.
Hamlet, a
caminho dos aposentos da mãe, depara-se com Cláudio a rezar e vê a situação
como uma oportunidade para se vingar dele e o matar. No entanto, de repente
ocorre-lhe que, se assassinar Cláudio enquanto esta está a orar, de acordo com
as crenças da época, inadvertidamente enviá-lo-á para o céu, exatamente o
oposto daquilo que Hamlet e o seu pai pretendem, visto que o tio, ao matar o
defunto monarca antes que este tivesse tido oportunidade de fazer a sua última
oração, garantiu que o irmão não iria para o céu.
Deste
modo, Hamlet decide esperar, até que o tio cometa um ato pecaminoso, como, por
exemplo, quando estiver bêbedo, dominado pela ira ou lascivo. O jovem príncipe
sai, a caminho do encontro com a mãe, enquanto Cláudio se ergue, desesperado
com a ineficácia das suas orações, duvidando da sua salvação.
domingo, 14 de julho de 2024
sábado, 13 de julho de 2024
quarta-feira, 10 de julho de 2024
Análise do poema "Angular", de Bruna Beber
Comecemos
a análise do poema pelo título. O nome “angular” deriva de “ângulo”, portanto
pode referir algo que possui ângulos ou cantos agudos. No caso do poema,
podemos estar a falar da adoção de uma determinada perspetiva sobre as memórias
e experiências do «eu» poético, o que remete para uma visão distinta ou incomum
das suas relações com os seus entes queridos. Por outro lado, pode constituir
uma metáfora que traduz algo que possui uma qualidade distinta ou marcante.
Assim sendo, o título Angular pode ser interpretado como uma metáfora
das várias facetas da memória e da experiência do ser humano, à semelhança do
que sucede com os ângulos, que formam pontos distintos e definidos num objeto.
As memórias e as experiências passadas assumem contornos definidos na vida de
uma pessoa, moldando o seu ser.
Os
mortos estão mortos, pelo que não podem conhecer ou saber novas coisas. Neste
caso, os mortos do sujeito lírico nunca irão saber, nunca irão tomar
conhecimento de que ele ainda está de pé, ainda está ativo, ainda resiste, e
sorri, ou seja, continua a viver apesar da perda dos “seus mortos”. Apesar de
“não vivos”, os entes que partiram continuam presentes na vida do «eu», nomeadamente
em momentos passados que compartilham com eles: “(…) ainda estou de pé e sorrindo
em uma cena perdida / no passado de suas vidas”. É evidente a importância e o
papel da memória na recuperação desse passado e do efeito positivo que tem no
sujeito. São lembranças vivas, multifacetadas, de diferentes cores e tons:
“cores-sombras, vivos, sorrindo / dentro da minha vida”.
De
seguida, o «eu» lírico rememora pequenos gestos ou atos desse passado. O
primeiro é o derramar de café e o som da máquina de escrever da tia, evocadas
de forma sensorial: “ainda sou criança e ouço o tlectlectlec / da máquina de
escrever da minha tia.”. Estas memórias transportam-no de volta ao passado,
concretamente à infância, pejada de figuras familiares e amadas, figuras
femininas sempre: a tia e a avó. É como se os entes masculinos não existissem
ou tivessem sido apagados por não terem marcada tão profundamente o «eu». São
figuras e presenças arrancadas à passagem do tempo, nas suas atividades
quotidianas domésticas, como, por exemplo, a avó, movimentando-se entre a copa
e a cozinha apressadamente por causa da carne que está a assar e, talvez, em
risco de se queimar. É o universo feminino, quotidiano e doméstico, a triunfar
no poema. Não é necessário muito para imaginar a nostalgia que invade o sujeito
poético enquanto rememora uma época em que os seus entes queridos ainda estavam
vivos. A alusão às suas ações, embora simples, carregam uma carga emocional
profunda que se prolonga ao longo do tempo até ao presente.
A
segunda estrofe abre com a referência a outro momento marcante do passado,
caracterizado novamente através das sensações auditivas: a porta do quarto
bate, o que assusta o «eu», que dá um salto, um quadro cai da parede sobre a
escrivaninha, a geladeira esguicha. Atente-se na expressividade da forma verbal
«esguicha», que sugere um jato repentino de algo que é libertado com grande força
da peça de cozinha. São “Ondas. Calor e energia.” que tanto se podem referir à
imagem da geladeira a esguichar, como à forma emotiva, viva e intensa como a
memória atinge o sujeito lírico. O momento da recordação é um momento intenso,
poderoso, que envolve o «eu» numa onda, numa torrente de emoções.
As
memórias e as palavras do passado têm um poder duradouro e energizante. Os
entes mortos não têm consciência do impacto que as suas palavras, as suas
memórias, têm sobre o sujeito poético. Com efeito, eles não sabem, não desejam
ativamente influenciar o sujeito lírico, porém a verdade reside no facto de as
lembranças das suas pessoas e dos seus gestos simples e quotidianos impactarem
fortemente a sua existência. Posteriormente, ele qualifica essas memórias: são
fugazes, ténues, simples (“um sopro”), ecoam no presente (“um eco”), são subtis
(“um traço”) e involuntárias (“um tique”), ou seja, as palavras e as memórias
persistem na sua mente de forma ligeira, mas constante, como um eco distante,
mas persistente. Por outro lado, os versos “da estada / permanente das palavras
que disseram um dia” indiciam que essas palavras ditas no passado por pessoas
como a tia e a avó constituem uma presença constante e marcante na existência
do sujeito poético. Por sua vez, os versos “e eu / rastejo na eletricidade”
configuram a reação do «eu» à presença vívida dessas palavras e memórias, que
têm um poder duradouro e eletrizante, intenso e vivo. O ato de rastejar na
eletricidade pode constituir a evocação de uma sensação (tátil) intensa de ser
envolvido ou consumido pela energia das lembranças.
A
última estrofe configura um retorno ao presente do sujeito poético, que
desfruta do seu café (“Ainda não terminei o café”), enquanto afirma não sentir
saudades do passado que acabou de recordar. A justificação para essa ausência
de tristeza e nostalgia é apresentada logo de seguida: “pois sei que assim que
me levantar desta mesa / vou reviver o mundo em altura e graça”. O «eu»
sente-se perfeitamente capaz de reviver as memórias compartilhadas, no passado,
com os seus entes queridos falecidos, tudo envolto numa imagem de elevação e
leveza (“em altura e graça”). É como se o sujeito poético não sentisse saudades
em razão de as memórias do passado estarem tão integradas na sua existência que
ele pode “reviver o mundo” através delas, o que indicia, por outro lado, que
aceitou a perda dos familiares e que reconhece que as lembranças são uma parte
essencial da sua vida.
O poema
termina com uma nota de afeto e intimidade, no preciso momento em que o
universo, até agora, exclusivamente feminino, ganha um elemento masculino – o tio
–, na cacunda (a parte superior das costas) do qual se senta. É uma imagem
reconfortante, de proximidade física e emocional.
Em
suma, o poema explora a interseção entre o passado e o presente, a importância
das memórias familiares e o modo como estas continuam a ter impacto e a moldar
a vida dos que lhes sobreviveram.
segunda-feira, 8 de julho de 2024
Análise do poema "As avós e as tias", de Bruna Beber
O
poema, constituído por versos curtos que lhe imprimem um ritmo vivíssimo, abre
com uma metáfora clássica (“Durante toda a minha caminhada / pela bola”), que
representa a vida enquanto viagem pelo planeta e sugere uma perspetiva sobre as
coisas decorrente da experiência e aprendizagem feita. A referência à Terra
reflete a diversidade de perspetivas sobre as coisas: uns chamam-na “terra” e
outros “água” (neste caso, por a superfície do planeta ser constituída
maioritariamente precisamente por água), o que parece indiciar a noção de que a
realidade pode ser interpretada de formas diversas, dependentes da perspetiva
de cada pessoa.
De
seguida, associa a forma redonda da Terra a uma memória da juventude: a de um
amigo do colégio que apelidaram “balofo”, certamente por causa do seu excesso
de gordura corporal. Atente-se no uso irónico do advérbio de modo “carinhosamente”,
pois estamos na presença de um epíteto que nada tem de carinhoso nem para o
alvo nem para os autores. Por outro lado, estamos perante uma espécie de
tradição escolar juvenil: a atribuição a colegas de escola de epítetos,
alcunhas, umas vezes traduzindo, de facto, relações de amizade e carinho,
outras enquanto forma de humilhação, ou, como se dirá hoje, “bullying”. É da
natureza humana distribuir apelidos pelos seus semelhantes. Seja como for, quer
interpretemos o “balofo” como apelido carinhoso, quer como depreciativo, estes
versos indiciam a importância das relações interpessoais e das memórias
afetivas ao longo da vida.
Do seu
percurso de vida, resulta um processo de aprendizagem do «eu» poético: a vida é
feita de incertezas, porém há uma certeza que tem e que gostaria de partilhar
com os outros, nomeadamente com as gerações futuras diretas – “os seus filhos”.
Deste modo, os versos parecem traduzir a ideia de que a transmissão do
conhecimento e da experiência aos vindouros é um legado, uma herança extremamente
valiosa(o).
Mas,
afinal, que certeza é essa? Todo o ser humano possui ou já possuiu uma toalha
bordada. É evidente que esta referência configura uma metáfora que traduz a
importância das pequenas coisas, ou gestos, que possuem pouco valor material,
mas enorme valor sentimental e cultural. Estamos, pois, no campo da tradição e
da herança familiar. Note-se que, numa entrevista concedida em 2022, a poeta
afirmou que desconhece o conceito económico de herança, ou seja, bens, imóveis,
fortunas materiais, e que nunca herdou nada. No entanto, acrescenta, na sua
família existe aquilo que chama “a mística dos objetos de carinho”: “Fui criada
recebendo, não sem controle e num intervalo de tempo que não prevê facilidades,
um rádio de pilha de um avô aqui, um reloginho de uma avó acolá, um cinzeiro
que meu pai já me repassou em vida (…) Enfim, desde que nasci recebo objetos
que têm ou tiveram importância para alguém que ajudou a me criar. Amigos e
amigas também fazem isso comigo, namoradas já fizeram. Parece que as pessoas
ficam à vontade para confiar em mim suas memórias e elas podem ficar tranquilas
porque nunca vou jogar fora aquela toalhinha que ganhei quando tinha sete anos
ou aquela lâmpada de pisca-pisca de Natal de 92. Assim, herança para mim é
confiança.” As palavras da própria escritora dispensam mais considerandos.
Voltando
ao poema, atente-se na referência “pela bola – há quem /a diga achatada”, uma
alusão evidente àqueles que acreditam no terraplanismo, uma nova indireta às
diferentes crenças e perceções que as pessoas têm do mundo e da realidade. Por
outro lado, os versos “É importante / que seus filhos / passem pros deles /
essa verdade” enfatizam a importância de transmitir e preservar a cultura e as
tradições familiares, passando-as às futuras gerações. Mesmo aqueles que não
possuem filhos aos quais possam passar a “toalha bordada” continuarão a tê-la,
isto é, continuarão a possuir as suas tradições e legados familiares e
culturais. O facto de alguém não possuir filhos a quem legar a sua “toalha
bordada” não invalida a importância ou o significado da herança cultural, pois
existirão sempre objetos que testemunharão uma experiência e identidade
compartilhadas. O legado transcende a procriação e as conexões familiares, pois
há elementos compartilhados que nos unem como seres humanos.
Deste modo,
podemos concluir que a toalha bordada constitui uma metáfora para a herança
cultural, por mais singela que seja, que é passada de geração em geração. A
toalha é um elemento tangível e concreto, alfo concreto, um objeto que pode ser
tocado e visto e que incorpora em si histórias, memórias e significados que
transcendem a materialidade. Desta forma, o «eu» poético enfatiza a importância
de o ser humano preservar e compartilhar as suas tradições e cultura, algo que
já é indiciado pelo título – “As avós e as tias” –, que aponta desde logo para
o conceito de família e ancestralidade, sugerindo que as tradições culturais
são transmitidas por figuras maternas. Afinal, as “toalhas bordadas”, os
trapos, são tipicamente associados ao universo feminino, estando o masculino
totalmente ausente.
Análise da cena 2 do ato III de Hamlet
O início do
terceiro ato é constituído pelas tentativas dos antagonistas descobrirem os
segredos um do outro: o rei espia o sobrinho para averiguar a sua proclamada
loucura, enquanto Hamlet engendra um estratagema para estabelecer a culpa do
tio. A peça dentro da peça conta a história de Gonzago, duque de Viena, e de
sua esposa, que acaba por se casar com Luciano, o sobrinho assassino do rei.
Hamlet, ao acrescentar à representação o excerto escrito por si que imita os
detalhes da morte do pai, acredita que a peça é uma oportunidade mais fiável de
estabelecer a culpa de Cláudio do que as afirmações do fantasma. Ele espera que,
recorrendo ao processo de imitação da realidade pela arte, Cláudia se traia e
indicie a sua culpa. Podemos, pois, concluir que Hamlet, ao socorrer-se deste
estratagema, está a manipular a realidade e o ambiente circundante, controlando
o desenrolar dos acontecimentos.
A reação
intempestiva de Cláudio à representação que reconstitui o assassinado do rei
Hamlet revela a sua culpa e permite a Hamlet concluir que o tio é efetivamente
responsável pelo crime. Este facto é muito importante, pois o jovem príncipe
não tinha qualquer prova que sustentasse a denúncia do fantasma e é
precisamente esta ausência de provas que alimenta a indecisão de Hamlet e que o
leva a adiar a execução da vingança solicitada pelo espectro, pois não quer
cometer um assassinato sem ter a certeza da culpa do rei. Agora, desaparece o
motivo do protelar do príncipe. Em simultâneo, confirma-se que há mesmo algo
podre no reino da Dinamarca: o atual rei ascendeu ao trono após cometer
fratricídio.
Tudo isto
reacende o tema da aparência versus a realidade: as artimanhas de
Hamlet, a pressão sobre Rosencrantz e Guildenstern para enganar o príncipe, a
reencenação da morte do rei Hamlet no jardim. Intimamente ligado a esta temática
temos o tema da loucura, desde logo por causa da loucura fingida de Hamlet, que
não passa de mais um embuste. Além disso, a saída de Cláudio da sala onde a
peça está a ser representada pode considerar-se uma saída louca, dando início a
uma espiral de decadência do rei.
As figuras
femininas da peça são sempre relevantes por diversos motivos. A cena de
abertura da peça, por exemplo, constitui um ataque a Gertrudes, visto que põe
em xeque a sua lealdade ao rei Hamlet, nomeadamente quando a rainha-personagem
afirma veementemente que não se voltará a casar caso o marido morra, ao
contrário do que fez a monarca da Dinamarca, que casou de novo pouco tempo
depois de ter ficado viúva. Convém, no entanto, ter presente que o
comportamento de Gertrudes está em consonância com a sociedade da época, visto
que era comum então que as mulheres viúvas se casassem de novo, contudo apenas após
um período de luto considerável pelo marido falecido. Assim sendo, a forma
célere como Gertrudes se casa novamente contraria certas expectativas da
sociedade da época, porém há que ter em atenção que estamos a falar de uma
monarca, com outras responsabilidades que uma mulher plebeia não tinha. Deste
modo, a acusação implícita de Hamlet relativamente à decisão da mãe pode conter
o seu quê de injusta, pois não tem em conta as pressões sociais a que Gertrudes
estava sujeita e que a levaram ao segundo casamento.
Por outro
lado, o modo como Hamlet trata Ofélia mostra-o como alguém injusto e
insensível, pois parece não refletir nos sentimentos de ambas as mulheres ou
nas consequências que as suas atitudes e decisões possam ter sobre elas.
Anteriormente, o príncipe já afirmara que não sentia nada por ela e, durante
esta cena, senta-se intencionalmente ao seu lado e faz comentários obscenos
para a deixar incomodada e desconfortável. Mas porquê tratar assim Ofélia, se já
atingiu o objetivo de convencer todos de que está louco? Será um reflexo da sua
eventual misoginia?
No final de
cena, Hamlet reflete brevemente sobre o seu comportamento e como este afetou a
sua mãe, mas será que o prometido encontro posterior com Gertrudes confirmará
este breve instante ou, pelo contrário, acentuará a sua raiva e grosseria
dirigidas às mulheres?
Resumo da cena 2 do ato III de Hamlet
Nessa noite,
Hamlet junta-se ao grupo de atores e instrui-os sobre como representar os
papéis que escreveu para eles, lamentando os atores que exageram as suas
representações ou procuram suscitar o riso fácil, em vez de representarem de
forma genuína.
Entretanto,
chegam Polónio, Rosencrantz e Guildenstern. Hamlet dirige-se-lhes e questiona
Polónio se o rei e a rainha assistirão à peça. Após resposta afirmativa, diz
àquele que passe a informação aos atores e manda Rosencrantz e Guildenstern
apressarem os atores.
Horácio
entra em cena e o príncipe, satisfeito por o ver, elogia-o calorosamente,
destacando as suas qualidades de espírito, a capacidade de autocontrole e
reserva, bem como a sua lealdade e racionalidade. Depois de lhe contar o que o
fantasma lhe disse, isto é, que Cláudio assassinou o seu pai, informa-o do seu
plano de usar a cena que escreveu e que será adicionada à peça, a qual recria o
que o espírito lhe revelou. Assim, pede a Horácio que observe cuidadosamente a
reação de Cláudio durante aquela cena específica para avaliar a sua culpa. Se o
rei parecer inocente, tal quererá dizer que o espectro será, afinal, um
demónio. Horácio concorda, dizendo que, se o monarca, evidenciar algum sinal de
culpa, ele irá identifica-lo.
As trombetas
tocam uma marcha dinamarquesa enquanto os membros da corte e o casal real
entram no compartimento. O rei dirige-se a Hamlet e pergunta-lhe se está bem,
ao que o príncipe responde de forma indireta e intrigante, antes de questionar
Polónio sobre a sua experiência enquanto ator nos tempos de faculdade. Ele confirma
que participou em peças e que chegou mesmo a desempenhar o papel de Júlio
César, o que leva Hamlet a refletir sobre o assassinato do imperador romano e a
ação impiedosa do seu filho Brutus no crime.
Rosencrantz
informa que os atores estão preparados. Gertrudes convida, então, o filho a
sentar-se ao seu lado, mas ele opta por o fazer junto a Ofélia, provocando-a
com uma série de trocadilhos eróticos, que a rapariga desvia, aludindo ao bom
humor do companheiro.
A pantomina
pré-peça inicia-se e os atores representam uma cena em que um rei e uma rainha
trocam afeto carinhosamente. Depois, a monarca sai e deixa o marido a dormir.
Enquanto dorme, um homem rouba a sua coroa, derrama veneno no seu ouvido e
foge. A rainha retorna, descobre o rei morto e chora o sucedido. Entrementes, o
assassino regressa e começa a cortejar e a seduzir a viúva com presentes até
ela ceder. Ofélia mostra-se perturbada com aquilo a que assistiu. A
representação prossegue, entrando agora na peça propriamente dita: um rei e uma
rainha discutem a duração do seu casamento e o amor que sentem mutuamente. O
monarca reflete sobre a sua idade avançada e a morte que se aproxima e sugere que
a esposa se deveria casar novamente após a sua partida. A rainha responde que
um novo casamento seria como uma maldição e que cada beijo do outro marido
seria semelhante a matar repetidamente o primeiro. O rei incentiva-a a manter a
sua mente aberta e a não excluir hipóteses, visto que os seus sentimentos podem
mudar após a sua morte, mas a esposa recusa terminantemente um novo matrimónio.
A rainha sai, deixando o marido dormindo. Hamlet aproveita e pergunta à mãe se
está a gostar da peça, ao que ela responde afirmativamente, acrescentando,
porém, que a soberana refilava em demasia. Cláudio faz-se ouvir também e
questiona se a peça não pode ser considerada muito inquietante e ofensiva,
todavia Hamlet afirma que não passa de uma representação teatral que não
incomodará ninguém cuja consciência esteja tranquila.
Nesse ínterim,
entra no palco um novo ator, representando uma personagem chamada Luciano, que
é sobrinho do rei e que derrama veneno no ouvido do tio, matando-o. Nesse
momento, Cláudio levanta-se e sai. A representação da peça é interrompida por ordem
de Polónio e todos abandonam a sala, exceto Hamlet e Horácio. Os dois dialogam
e concordam que a reação de Cláudio é reveladora de culpa.
Rosencrantz
e Guildenstern regressam e informam Hamlet que o rei está muito aborrecido e que
a rainha ficou bastante irritada e solicita a sua presença nos seus aposentos.
Polónio chega e informa Hamlet que a mãe deseja vê-lo imediatamente. O príncipe
responde que irá ter com ela em breve e pede-lhe um momento a sós. Sozinho em
cena, Hamlet decide ser absolutamente honesto com a mãe quando falar com ela,
sem, no entanto, perder o controle e agir violentamente.
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