● Inês
recusa o casamento com Pêro Marques, porque deseja casar com um homem [ideal
de marido]:
‑ “discreto” (sábio, educado, de trato fino);
‑ que
saiba tanger viola (atributo de cortesão, o que significa que Inês deseja casar
com alguém de um nível social superior ao seu);
‑
carinhoso, tolerante, sensato e meigo (macio como a farinha – “discreto feito
em farinha”);
‑ se
tiver estas qualidades, não lhe interessa mais nada (que seja, eventualmente,
feio, pobre, “sem feição”, ou que passe menos bem, isto é, que coma apenas “pão
e cebola”).
É
a afirmação da ideia de ascensão social através do casamento.
● Papel da mãe:
‑ conselheira e amiga: prudente, possui
o sentido prático da vida:
. “Sempre tu has de bailar, / E sempre ele ha de tanger?”
(vv. 407-408)®
a vida não é só diversão;
. “Se não tiveres que comer, / O tanger ha de fartar.” ® é necessário trabalhar para ter sustento
ma vida;
‑
premonitória em relação ao futuro da filha: “Como às vezes isso queima!” (v.
415).
Ao
reentrar em cena, mostra-se surpreendida por Pero Marques já se ter ido embora,
ela que se tinha ausentado de casa para os deixar «à vontade».
Por
outro lado, alerta novamente a filha para a necessidade de se casar com alguém
que lhe garanta segurança económica e uma vida estável, chamando-a à razão – a música
não a alimentará.
● Conceito de casamento
. Inês
Para
Inês, o casamento é uma forma de ascender socialmente e de diversão, algo que
fica bem visível ao valorizar os dotes artísticos em detrimento da riqueza ou
do conforto.
. Mãe
O
conceito de vida da Mãe é o oposto do da filha, ciente que está das
responsabilidades que o matrimónio acarreta e da impossibilidade de se viver
sem dinheiro. Esta personagem retoma as preocupações expostas na cena 2 da
peça, alertando-a novamente para a necessidade de se casar com alguém que lhe
garanta segurança económica.
Por
outro lado, censura a conceção de vida idealizada pela filha e dá-lhe conselhos
com base em expressões de cariz popular e de caráter sentencioso (“Se não
tiveres que comer / o tanger te há de fartar?”).
● A Mãe enquanto personagem-tipo
A
Mãe, enquanto personagem-tipo, representa o grupo das mães que tem o mesmo tipo
de preocupações relativamente às suas filhas, daí não ter nome na peça.
● Conflito de gerações
A
relação entre a Mãe e Inês ao longo da peça configura o tradicional conflito de
gerações entre pais e filhos. A jovem, pela idade, tem uma perspetiva imatura
da vida, enquanto a Mãe, como pessoa mais velha, conhecedora e experiente,
aconselha a filha a precaver-se quanto ao futuro: “Sempre tu hás de bailar / e
sempre ele há de tanger? / Se não tiveres que comer / o tanger te há de fartar”.
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