O título
do poema aponta para um contraste presente no texto entre o homem branco
(livre) e o negro (negro e escravo).
Partindo
do título, podemos dividir o poema em duas partes:
- uma parte de festa: riqueza, luz
e som;
- a descrição
do ambiente em que se vai integrar a personagem.
De um
lado, temos a festa, que é cor de vida, mas também falsidade e hipocrisia; do
outro lado, está o velho desamparado.
O poema
abre com a descrição de um baile sumptuoso, num ambiente luxuoso, cheio de luz,
requinte, cor e vida, onde se destacam os enfeites (“serpentinas”), o vestuário
dos presentes (“sedas e querubins”), a orquestra, a riqueza e o luxo. A alegria
que se vive é tão grande que os pares dançando parecem silfos numa valsa
mágica: “como silfos / na valsa os pares perpassam / sobre as flores, que se
enlaçam nos tapetes de coxins”.
A partir da
segunda estrofe começa a desenhar-se a antítese. O poema sai do ambiente de
festa para “a névoa da noite, no átrio, na vasta rua”, enquadrando aquele que “como
um sudário flutua / nos ombros da solidão”, isto é, aquele que recebeu como prémio
o desprezo e uma carta de alforria: o escravo. O espaço que este habita não é o
dos salões de festa, mas a praça: “a praça em meio se agita”. Ele é uma espécie
de “cão sem dono”, imagem que evidencia a degradação da condição humana, que se
acentua nos versos seguintes: “Desprezado na agonia, / Larva da noite sombria,
/ Mescla de trevas e horror.”
A
penúltima estrofe descreve o ser em questão e a sua situação social: “É ele o
escravo maldito, / O velho desamparado / (…) / Tem por leito de agonias / As
lájeas do pavimento, / E como único lamento / Passa rugindo o tufão.”
Na
última estrofe, o sujeito poético manifesta a sua solidariedade em favor do
escravo: “Chorai, orvalhos da noite, / Soluçai, ventos errantes. / Astros da
noite brilhantes / Sede os círios do infeliz!”. Os quatro últimos versos
retratam a morte social do escravo (“cadáver insepulto”), que a alforria e a
liberdade, embora não assistida, não conseguem ultrapassar.
O elemento
brasileiro (o escravo velho) não está numa posição dominante; o que está em
causa é uma ideia romântica: a procura da liberdade, através de um processo
muito caro ao Romantismo – a evasão.
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