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domingo, 21 de janeiro de 2024

Obras de David Grann

    A sua primeira obra, intitulada A Cidade Perdida de Z, foi publicada em fevereiro de 2009 e conta a aventura de Percy Fawcett, que, em 1925, se embrenhou na Amazónia em busca da antiga cidade perdida de Z. Durante séculos, os europeus acreditaram que a maior selva do mundo descondia um reino esplendoroso, o Eldorado. Milhares de pessoas, ao longo dos tempos, partiram à sua descoberta e pagaram com a vida a ousadia. Enquanto isso, vários cientistas começaram a questionar a sua existência e a olhar para a Amazónia como uma armadilha mortífera que jamais poderia esconder a existência de uma sociedade complexa. No entanto, Fawcett, cujas expedições aventurosas serviram de inspiração a Arthur Conan Doyle para escrever O Mundo Perdido, após anos de aturada investigação, partiu, juntamente com o seu filho de 21 anos, para a selva amazónica, determinado a provar que essa antiga civilização – que apelidou de «Z» Genéricos – existia. Nela mergulhou e desapareceu. Ao encontrar casualmente uma valiosa coleção de diários, David Graan foi tentado a desvendar «o maior mistério de investigação do século XX»: o que terá acontecido a Percy Fawcett e à sua demanda pela Cidade Perdida de Z.

    Em 2010, publicou The Devil and Sherlock Holmes: Tales of Murder, Madness, and Obsession, um conjunto de 12 artigos (ensaios), publicados anteriormente entre 2000 e 2009 no The New Yorker, na The New York Times Magazine, no The New Republic e no The Atlantic, após terem sido objeto de revisão e atualização, e que se debruçam sobre mistérios da vida real.

    Em 2014, publicou Assassinos da Lua das Flores, uma obra que se debruça sobre a trigo Osage e os misteriosos assassinatos que se abatem sobre ela. Para adensar o mistério, vários investigadores desses crimes foram igualmente assassinados. Em desespero, a tribo procura o FBI, mas o dinheiro do petróleo e as ligações à Casa Branca vão interferir no decurso dos acontecimentos.

    Em 2018, deu à estampa The Wager: A Tale of Shipwreck, Mutiny and Murder, o quinto livro de não ficção de David Grann, que se debruça sobre a história do HMS Wager Mutiny, um navio da Marinha Real de sexta categoria, de cordame quadrado, com 28 canhões, construído como um East Indiaman por volta de 1734 e que fez duas viagens à Índia para a Companhia das Índias Orientais antes que a Marinha Real o comprasse em 1739. A embarcação fazia parte de um esquadrão comandado pelo Comodoro George Anson e naufragou na costa sul do Chile em 14 de maio de 1741. O naufrágio do Wager tornou-se famoso pelas aventuras subsequentes dos sobreviventes que se encontraram abandonados na desolada Ilha Wager no meio de um inverno patagónico e, em particular, por causa do Motim Wager que se seguiu.

    Em 2023, publicou A Escuridão Branca, um livro sobre Henry Worsley (1960-2016), um homem que, durante toda a sua vida, idolatrou Ernest Shackleton, o explorador que tentou ser o primeiro a atingir sozinho o Polo Sul, mas que nunca completou a empreitada. Worsley vivia fascinado com essas expedições e acreditava que as poderia completar com bastante estudo e treino, de forma a evitar os erros cometidos anteriormente. Em 2008, fez a primeira viagem, acompanhado por um descendente de Shackleton e pelo bisneto do seu homem de confiança. Depois de regressar a casa, quis voltar à Antártida, agora para a cruzar em solitário.

Biografia de David Grann

    
David Grann nasceu a 18 de março de 1967. É filho de Phyllis E. Grann, ex-CEO da Putnam Penguin e a primeira CEO de uma grande editora, e Victor Grann, oncologista e diretor do Bennett Cancer Center em Stamford, Connecticut, que foram pais também de outros dois filhos: Edward e Alison.
    Obteve um bacharelato na área da política no Connecticut College em 1989. Posteriormente, ainda na faculdade, Grann recebeu uma bolsa Thomas J. Watson e dirigiu investigações no México, onde iniciou a sua carreira como jornalista independente. Mais tarde, em 1993, obteve o mestrado em Relações Internacionais na Fletcher School of Law and Diplomacy da Tufts University. Nessa época, já demonstrava grande interesse pela escrita ficcional e sonhava em prosseguir uma carreira como romancista.
    Em 1994, foi contratado como redator do The Hill, um jornal com sede em Washington, DC, que cobre o Congresso dos Estados Unidos. No mesmo ano, Grann obteve o título de mestre em escrita criativa pela Universidade de Boston, onde ministrou cursos de escrita criativa e ficção. Mais tarde, foi nomeado editor executivo do The Hill em 1995. Um ano depois, tornou-se editor sénior do The New Republic. Ingressou na revista The New Yorker em 2003 como redator da equipe e foi finalista do Prémio Michael Kelly em 2005.
    Em 2009, foi galardoado com o Prémio George Polk e o Prémio Sigma Delta Chi pelo seu artigo da New Yorker "Trial By Fire ", sobre Cameron Todd Willingham. Noutro artigo de caráter investigativo publicado na New Yorker, intitulado "The Mark of a Masterpiece", levantou questões sobre os métodos de Peter Paul Biro, que afirmava usar impressões digitais para ajudar a autenticar obras-primas perdidas. Biro processou-o e à revista por difamação, mas o caso foi arquivado sumariamente. O artigo acabou por ser finalista do Prémio Revista Nacional de 2010.
    Atualmente, é casado, tem dois filhos e mora em Nova Iorque.

sábado, 20 de janeiro de 2024

Análise do poema “Presságio” ou “O amor, quando se revela”

    O poema “Presságio” foi escrito por Fernando Pessoa em 24 de abril de 1928, já na fase final da sua vida (13 de junho de 1888 – 30 de novembro de 1935).

    O tema da composição poética é o amor, mais concretamente a dificuldade em o revelar à pessoa amada (em última análise a impossibilidade de viver um amor correspondido), abordado em cinco quadras de redondilha maior (bem ao gosto popular), com rima cruzada, segundo o esquema rimático ABAB.

    Na primeira quadra, o sujeito poético apresenta o mote do texto, isto é, o tema que vai ser desenvolvido, bem como o seu posicionamento face...


    Podes encontrar a análise completa do poema aqui: análise-do-poema-presságio.

quinta-feira, 18 de janeiro de 2024

Análise do poema "Ao entardecer, debruçado pela janela"


    Este poema é o terceiro da obra O Guardador de Rabanhos, um livro escrito entre 1911 e 1912, caracterizado por um estilo livre, sem rima nem métrica.

    O início da composição apresenta-nos um sujeito poético, debruçado pela janela, a ler O Livro de Cesário Verde. Ora, a leitura é uma atividade solitária por excelência e que exige concentração, introspeção, e Caeiro admitia que lia debruçado na janela, ao entardecer, o momento do dia que parece proporcionar a melancolia: a imagem é a de um poeta solitário – Alberto Caeiro – que lê outro poeta com tendências taciturnas – Cesário Verde.

    A seleção da obra para leitura não é casual. De facto, são evidências as similitudes entre a poética de ambos os poetas: a relação com a Natureza, as sensações, o deambulismo, etc. Caeiro lê O Livro de Cesário Verde, porque se identifica com ele. Note-se, por outro lado, a forma intensa e dedicada como Alberto se dedica à leitura, como o mostra o facto de ler até lhe doerem os olhos. O «eu» poético está totalmente focado e entregue à leitura. A identificação do título da obra indicia a sua admiração e respeito por Cesário, mas também a sua identificação com ele: ambos são poetas da Natureza e das sensações e observam o mundo com simplicidade e sem o racionalizar.

    Voltando ao verso inicial do poema, este coloca-nos perante o momento (“Ao entardecer”) e o local (a janela) em que se opera a leitura. O «eu» poético está...


A análise completa pode ser encontrada no link seguinte: análise-de-ao-entardecer.

Neymar Jr. em apuros?


    Diz o título da notícia que o futebolista (ou será ex?) Neymar se encontra em apuros.

    Porquê?

    Porque o homem foi pai HÁ três meses e já tem outro filho a caminho, evidentemente de outra mulher, que, nestas coisas, a Natureza ainda não mudou desde o início dos Tempos.

    Na realidade, quem anda à chuva molha-se, diz o sábio povo, pelo que quem está mesmo em apuros será o autor deste título.

    A ignorância linguística é norma nos nossos dias. As redes sociais vieram expô-la à saciedade, com a agravante de que quem não sabe escrever desconhece a sua ignorância, por isso cavalga-a alegremente. Mais espantosos seria (condicional, porque a coisa já se expandiu de tal forma que ninguém se admira ou nota a labreguice reinante) que tal sucedesse com alguém que trabalha na imprensa, isto é, que escreve para ser lido pelos demais (que sabem agrupar letras em sílabas e estas em palavras, pois o conceito de leitura é um pouco mais abrangente).

    Resumidamente, quem escreveu este título desconhece as regras básicas da escrita da língua de Camões, o tal que nasceu há 500 anos; por outro lado, o periódico, aparentemente, não tem um revisor de texto, ou, se ele existe, estará de férias.

segunda-feira, 15 de janeiro de 2024

Análise do Poema XIV de O Guardador de Rebanhos, de Alberto Caeiro


    O poema XIV de O Guardador de Rebanhos é constituído por duas estrofes, uma sextilha (isto é, uma estrofe constituída por seis versos) e um terceto. Como seria de esperar num poeta que não concluiu a antiga escola primária e que pretende escrever ao correr da pena, de forma espontânea, não pensando no que escreve, a composição caracteriza-se pela irregularidade formal. Assim, como já foi referido, há irregularidade estrófica, visto que as estrofes contêm um número diferente de versos entre si (seis e três). Por outro lado, os versos são todos brancos ou soltos, isto é, não rimam uns com os outros. Além disso, a métrica é igualmente irregular, visto que encontramos versos com diferente número de sílabas: 12 (v. 1), 4 (v. 7), 13 (v. 5), etc.

    No que diz respeito à mensagem do poema, o sujeito poético inicia-o afirmando que não se importa com as rimas. O que significa esta afirmação / negação? Em primeiro lugar, significa que ele se assume como um poeta (já o tinha feito, aliás, logo na primeira composição poética de O Guardador de Rebanhos). Em segundo lugar, significa que, nessa qualidade, desvaloriza a importância da rima nos seus textos, na sua poesia. Mas por que razão tal sucederá? A explicação / justificação surge ainda no primeiro verso, estendendo-se ao seguinte. De facto, o «eu» declara que não “Há duas árvores iguais, uma ao lado da outra”. O que quer isto dizer e qual a relação com o ato de escrever poesia? Fazer rimar duas palavras (isto é, colocar no texto duas – ou mais – palavras que têm um final semelhante – ou seja, que rimam) não é natural, e fundamenta esta ideia através de uma analogia com a Natureza, que também não cria entidades iguais (como, por exemplo, árvores) “uma ao lado da outra”. Tal sucede porquê? O homem pensa quando cria (neste caso, cria / escreve poesia); a Natureza, não, daí que crie de forma simples e natural.

    O terceiro verso assenta numa comparação entre o sujeito lírico e a mesma Natureza: “Penso e escrevo como as...


    Podes encontrar a conclusão da análise aqui: análise-poemaxiv-o-guardador-de-rebanhos.

domingo, 14 de janeiro de 2024

A decadência dos media

    A cada dia que passa, a comunicação socia, os media, assassinam alegremente a língua portuguesa. A ignorância e a desfaçatez são tantas que até relincham.

    Repare-se no conteúdo da notícia deste diário desportivo: o Sporting chegou à vantagem de dois golos marcados na segunda parte, isto é, esteve a vencer por dois a zero.

    Porém, na frase imediata, o jornaleiro afirma que a equipa espanhola reduziu para dois a um ainda na primeira parte, quando, de acordo com o afirmado anteriormente, o resultado se cifrava num empate a zero.

    O que se passa nas redações? Erros ortográficos, sintáticos, de construção oracional, etc., são aos pontapés. Neste caso, estamos perante uma desatenção, bem como a ausência de verificação do que se escreve. Quem escreveu o texto não teve a preocupação de reler o que redigiu antes de o publicar. Saiu como saiu. Desleixo, incúria, incompetência.

    Os jornais vivem tempos de grandes dificuldades económicas e financeiras. As razões para tal suceder são várias, sendo uma delas a falta de insenção e independência, a que acresce a busca fácil do clique, bem como a falta de qualidade da escrita, dos textos.

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22.12.2023

Análise do poema "Poética", de Manuel Bandeira


    O título deste poema em verso livre – “Poética” – vem do grego «poiein», que significa «criar»; de acordo com Aristóteles, quer dizer “o estudo da criação poética em si mesma”.

    Nos primeiros cinco versos, o sujeito poético apresenta um gesto de recusa (“estou farto de”) do lirismo comedido, caracterizado por metáforas que remetem para a vida burocrática (“Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente […]”). Tal como a vida burocrática está sujeita a regras que desgastam a vida, tirando-lhe o prazer, certas construções poéticas acabam desgastadas pela rotina, porque permanecem fiéis a fórmulas inautênticas da tradição e a metáforas mortas: “protocolo e manifestações de apreço ao sr. diretor. / Estou farto do lirismo que para e vai averiguar no dicionário o cunho vernáculo de um vocábulo”. Deste modo, a técnica substitui o talento, valoriza-se a pureza do idioma, e o lirismo torna-se subserviente às...


    A análise pode encontrar-se aqui: análise-de-poética-de-manuel-bandeira.

quarta-feira, 3 de janeiro de 2024

Apolo


    Do gr., em jogo de Platão, «o purificador das almas»; com o epíteto de Febo, «brilhante, luminoso», Apolo era um dos 12 deuses olímpicos, filho de Zeus e Letona e irmão gémeo de Diana, nascido de sete meses, com a ajuda de Ilítia, na ilha Ortígia ou Astéria, depois chamada Delos, «visível». Quando nasceu, Zeus ofereceu-lhe uma mitra de ouro, uma lira e um carro puxado por cisnes.
    A história de Apolo é confusa. Os Gregos apresentam-no como sendo filho de Leto, uma deusa conhecida no sul da Palestina com o nome de Lat, mas simultaneamente ele foi um deus dos Hiperbóreos («os homens que viviam para lá do Vento do Norte»), que Hecateu (in Diodoro Sículo, II, 47) identificou com os britânicos, embora Píndaro os considerasse líbios. Delos era o centro desse culto hiperbóreo, que irradiou para sudeste até à Nabateia e à Palestina, para noroeste até à Grã-Bretanha, passando por Atenas.
    Os deuses, porém, crescem depressa; Témis alimentava-o com néctar e ambrósia, por isso, ao quarto dia de vida, já estava a pedir que lhe dessem um arco e flechas, pedido a que Hefesto acedeu prontamente. Na posse dos objetos, saiu de Delos e dirigiu-se diretamente para o Monte Parnaso, onde a serpente Píton, inimiga da sua mãe, vivia escondida numa caverna e devastava a região, e aí feriu-a gravemente com as suas flechas. Píton fugiu para o Oráculo da Mãe-Terra em Delfos, cidade que tem este nome em honra do monstro Délfine, o companheiro de Píton, porém Apolo seguiu-a até ao santuário e matou-a.
    A Mãe-Terra foi queixar-se de tal afronta junto de Zeus, que, além de ordenar a Apolo que fosse ao vale de Tempe purificar-se, instituiu os Jogos Píticos, em honra de Píton, aos quais Apolo devia presidir em sinal de penitência. No entanto, este último ignorou a ordem de Zeus para visitar Tempe e preferiu, em vez disso, ir purificar-se a Egialeia, na companhia de Artemisa, contudo, como também este local não lhe agradou, dirigiu-se para Tarra, em Creta, onde o rei Cermanor se encarregou da cerimónia. A morte da serpente (há versões que falam num dragão) e a purificação de Apolo eram celebrados de oito em oito anos.
    De regresso à Grécia, Apolo foi procurar Pã, o velho e desacreditado deus da Arcádia, de pés de bode, adulou-o e persuadiu-o a revelar-lhe a arte da profecia, após o que se apossou do Oráculo de Delfos, forçando a sua sacerdotisa, a pitonisa, a ficar a seu serviço. Sabendo da história, Leto encaminhou-se para Delfos com Artemisa, onde se isolou por algum tempo num bosque sagrado, para cumprir um rito pessoal. Todavia, as suas preces foram interrompidas pelo gigante Títio, que a tentou violar, no entanto Apolo e Artemisa, ouvindo os gritos de Leto, acorreram rapidamente e mataram o gigante com uma saraivada de flechas, gesto que agradou a Zeus, que era pai de Títio. No Tártaro, este foi colocado no chão, completamente esticado para que o supliciassem, braços e pernas bem fixos ao solo, o corpo cobrindo a bonita área de nove acres, e dois abutres devorando-lhe o fígado.
    Passado algum tempo, Apolo matou o sátiro Mársias, um dos que seguiam a deusa Cibele: um dia, Atena fez uma flauta de dois tubos dos ossos de um veado e foi tocá-la num banquete onde estavam presentes vários deuses. Às tantas, reparou que Hera e Afrodite se riam com o rosto escondido atrás das mãos, enquanto as demais divindades lhe pareciam deliciadas com a música que ela tocava. Assim, decidiu retirar-se para um bosque na Frígia, pegou na flauta e contemplou-se nas águas de um regato, enquanto tocava. Apercebeu-se, nesse instante, do ar ridículo e cómico com que ficava ao tocar o instrumento, com as faces deformadas e o rosto arroxeado, por isso deitou fora impetuosamente a flauta e lançou uma maldição sobre quem a apanhasse.
    A vítima - inocente - dessa maldição foi Mársias, que tropeçou na flauta, colocou-a na boca e começou a tocá-la. Assim, atravessou a Frígia, atrás de Cibele, fazendo as delícias dos camponeses ignorantes com que se cruzava no caminho e que afirmavam que nem o próprio Apolo seria capaz de tocar melhor, na sua lira. Mársias cometeu o erro de não os contradizer, o que provocou a ira de Apolo, que o desafiou para um concurso: aquele que vencesse teria o direito de infligir ao vencido o castigo que mais lhe agradasse. Mársias aceitou, e Apolo escolheu as musas para júri. Iniciado o concurso, a competição tendia para o empate, dado que às musas tanto agradava o instrumento de um como do outro, quando Apolo sugeriu a Mársias que o oponente virasse o instrumento de pernas para o ar e tocasse e cantasse ao mesmo tempo. Sucedeu que o desafio constituía uma armadilha, pois era impossível executá-lo com a flauta, ao contrário da lira. Pelo contrário, Apolo inverteu a lira e entoou uns hinos maravilhosos em honra dos deuses do Olimpo e, dessa forma, venceu a competição. Posteriormente, Apolo fez cair sobre o adversário uma vingança cruel: esfolou-o vivo e cravou a pele num pinheiro (ou, segundo outras versões, num plátano), junto à nascente do rio que hoje possui o seu nome.
    Mais tarde, Apolo venceu um segundo concurso musical, ao qual presidiu o Rei Midas, tendo enfrentado e superado Pã, tendo-se tornado, a partir daí, o incontestado e conhecidíssimo deus da Música. Por outro lado, desde então o deus passou a animar todos os banquetes das divindades com o som melodioso da sua lira de sete cordas. Outras das suas funções foi guardar em tempos os rebanhos que os deuses possuíam na Piéria, tarefa que, mais tarde, foi delegada em Hermes.
     As vitórias de Apolo sobre Mársias e Pã assinalam as conquistas da Frígia e da Arcádia pelos Helenos, com a consequente substituições, naquela região, dos instrumentos de sopro por instrumentos de cordas, o que apenas não ocorreu no seio do campesinato. É possível que o castigo de Mársias esteja relacionado com o ritual de arrancar a pele ao rei sagrado - como Atena retirou a Palas a sua égide mágica - ou com a extração de toda a casca de um rebento de amieiro para fazer uma flauta de cana pastoril, personificando o amieiro um deus ou semideus. Tanto os Gregos dórios como os Milésios reivindicavam ser Apolo um seu antepassado, ao qual prestavam honras especiais. Os Coribantes, executores das danças das festividades do solstício de inverno, aparecem como filhos de Apolo e da Musa Tália pelo facto de ele ter sido o deus da Música.
    Por causa da sua beleza e estatura e não obstante ter-se sempre recusado a ligar-se pelo casamento a alguém, apaixonou-se e seduziu várias deusas e mortais, tendo gerado vários filhos. Com Ftia, teve Doro e os seus irmãos; da musa Tália, teve os Coribantes; de Corónis, Asclépio; de Ária, Mileto; de Cirene, Aristeu; de Urânia, Lino e Orfeu, etc. Amou igualmente alguns jovens, como, por exemplo, Jacinto e Ciparisso, que se transformaram, aquele em jacinto, este, em cipreste.
    Seduziu também a ninfa Dríope, que pastoreava os rebanhos do pai, no Monte Eta, na companhia das suas amigas, as Hamadríades. Apolo disfarçou-se de tartaruga, com a qual todas elas muito brincaram, e, quando Dríope o aconchegou junto ao seio, transformou-se numa serpente sibilante que assustou e fez fugir as Hamadríades, aproveitando-se ele disso para possuir a ninfa. Esta deu-lhe Anfisso, que fundou a cidade de Eta e construiu um templo para o pai, onde Dríope serviu como sacerdotisa durante algum tempo, até um dia as Hamadríades, pela calada, a afastaram e no seu lugar colocaram um choupo.
    Esta sedução assinala talvez a substituição de um culto do carvalho por um culto de Apolo, ao qual era consagrado o choupo, o mesmo se aplicando à sedução de Ária. O disfarce de tartaruga é uma referência à lira que tinha comprado a Hermes. O nome de Ftia sugere que esta era a expressão outonal da deusa, e quanto à sua pretensão, sem êxito, à posse de Marpessa («a que agarra»), ela reporta-se, aparentemente, ao facto de Apolo não ter conseguido apoderar-se de um santuário Messénio: o da deusa dos Cereais sob a forma de Porca. Por outro lado, a situação do deus ao serviço de Admeto de Feras pode eventualmente estar relacionada com um acontecimento histórico: o descrédito em que incorrem os sacerdotes de Apolo como forma de punição pelo massacre de uma corporação de ferreiros pré-helénicos que desfrutava da proteção de Zeus.
    No entanto, nem sempre Apolo foi sucedido no amor. Certa vez tentou roubar Marpessa a Idas, mas esta manteve-se fiel ao marido. Noutra ocasião, perseguiu Dafne, a ninfa da montanha, sacerdotisa da Mãe Terra e filha do rio Peneu, na Tessália; porém, no momento em que estava prestes a agarrá-la, ela chamou em seu auxílio a Mãe Terra que, num instante, como que por magia, a levou até Creta, onde passaram a chamar-lhe Pasífae. No seu lugar, a Mãe Terra ergueu um loureiro, e das suas folhas Apolo fez uma coroa para se consolar.
    A sua tentativa junto de Dafne não foi fruto de um mero e súbito impulso. De facto, Apolo tinha-se enamorado dela já há muito tempo, tendo mesmo provocado a morte do seu rival Leucipo, irmão de Enómano, que se havia disfarçado de mulher para se misturar nas orgias a que Dafne se entregava na montanha. Sabendo disto, porque tinha o poder da adivinhação, Apolo aconselhou as ninfas a banharem-se completamente nuas, para se certificar de que todas elas eram mulheres e, assim, descobriu a impostura de Leucipo, que as ninfas dilaceraram em pedaços. Corónis («corvo»), mãe de Asclépio, da sua união com Apolo, seria provavelmente um dos títulos de Atena, contodo os atenienses recusaram-se sempre a atribuir filhos a Atena, alterando o mito.
    Aparentemente, este episódio de Apolo perseguindo Dafne, a ninfa da montanha, filha do rei Peneu e sacerdotisa da Mãe Terra, refere-se à tomada de Tempe pelos Helenos, região onde a deusa Dafoene (a «sanguinária») era venerada por um colégio de Ménades orgiásticas que mascavam folhas de louro. Após o desmembramento deste colégio - a narrativa de Plutarco dá a entender que as sacerdotisas teria fugido para Creta, onde a deusa-Lua tinha o nome de Pasífae - Apolo apodera-se do loureiro, cujas folhas, a partir daí, apenas à Pitonisa é permitida a sua utilização. Em Tempe e na Figália, é provável que Dafoene tenha sido uma deusa com cabeça de égua; Leucipo («cavalo branco») era o rei sagrado do culto local do cavalo, todos os anos dilacerado em pedaços pelas mulheres enfurecidas que se banhavam, para se purificarem, após a consumação do crime e não antes.
     Como referido anteriormente, outra das paixões de Apolo foi Jacinto, um príncipe espartano, pelo qual se enamorara o poeta Támiris, o primeiro homem a cortejar alguém do mesmo sexo, bem como Apolo, o primeiro deus a quem tal sucedia. Neste caso, o deus não viu no rival alguém que fosse grande rival, no entanto não deixou de o afastar do seu caminho. De facto, tendo ouvido dizer que ele se gabava de cantar melhor do que as próprias Musas, Apolo contou-lhes, e elas imediatamente roubaram a Támiris a vista, a voz e a memória dos seus arpejos. Mas este não era o único rival do deus. Com efeito, o Vento do Ocidente também se apaixonara por Jacinto, tornando-o loucamente ciumento de Apolo, e um dia, quando este ensinava ao jovem como lançar o disco, o Vento do Ocidente, apanhando o disco no ar, arremessou-o contra a testa de Jacinto, ferindo-o de morte. Do seu sangue brotou a flor do mesmo nome, sobre a qual ainda estão gravadas as suas iniciais.
    Na época clássica, as artes (a música, a poesia), a filosofia e as ciências em geral estavam sob a alçada e a proteção de Apolo. Inimigo confesso da barbárie, simbolizava a moderação, associando-se inclusive as sete cordas do seu alaúde às sete vogais do alfabeto grego, consideradas de significado místico e usadas na música de fins terapêuticos, Finalmente, e porque era identificado com o jovem Hórus, um conceito solar, foi venerado como sendo o sol, cujo culto entre os coríntios tinha sido substituído pelo de Zeus solar. Por outro lado, a sua irmã, Artemisa, foi identificada com a Lua.
    O episódio de Jacinto parece, à primeira vista, não passar de uma singela história sentimental que teria como propósito explicar as características do jacinto grego, contudo ele respeita ao Herói-Flor cretense de nome Jacinto, aparentemente também chamado Narciso, cujo culto foi introduzido na Grécia micénica. Em Rodes, Creta, Esparta, Cós e Tera, foi dado o nome de Jacíntio ao último mês de verão. O Apolo dório usurpou o nome de Jacinto em Tarento, onde este tinha um túmulo de herói. Existia um outro «túmulo» de Jacinto em Amiclas, uma cidade micénica, que viria a servir de base ao trono de Apolo. Nessa época, Apolo era um ser imortal, ao contrário que Jacinto, que reinava apenas durante uma estação do ano: a sua morte, provocada por um disco, recorda a do seu sobrinho Acrísio.
    Desde a conspiração para destronar Zeus, este apenas uma vez se enfurecera com Apolo, nomeadamente quando o filho deste último, Asclépio, o físico ressuscitou um homem, roubando, portanto, a Hades um súbdito seu. Hades, naturalmente, queixou-se no Olimpo, o que levou Zeus a fulminar Asclépio com o seu raio. Em retaliação, Apolo matou os Ciclopes.
    Furioso com esse ato, Zeus preparava-se para banir Apolo para o Tártaro, porém foi demovido por Leto, que lhe implorou o seu perdão, assumindo mesmo o compromisso de fazer com que o filho se emendasse. Assim, a sentença foi reduzida a um ano de trabalhos forçados, período durante o qual Apolo deveria ficar ao serviço do rei Admeto da Trácia. Aconselhado pela progenitora, Apolo não só cumpriu humildemente a sentença, como ainda prestou grandes benefícios a Admeto.
    Servindo-lhe de lição, a partir daí passou a pregar moderação fosse no que fosse: as frases "Conhece-te a ti mesmo!" e "Nada de excessos!" andavam constantemente nos seus lábios. Além disso, trouxe as Musas da sua morada no Monte Hélicon para Delfos; atenuou-lhes um pouco o seu frenesim e levou-as a executarem rítmicas e decorosas danças.
    

    Como deus dos Hiperbóreos, Apolo sacrificava hecatombes de burros, o que o identificava com o «jovem Hórus», cuja vitória sobre o seu inimigo Set os egípcios celebravam todos os anos conduzindo burros selvagens sobre um precipício. Hórus vingava-se do assassinato de seu pai Osíris - o rei sagrado e bem-amado da Tripla deusa-Lua Ísis, ou contra Lat. que o respetivo sucessor sacrificava a meio do verão e em meados do inverno, e do qual Hórus era a própria reincarnação. O mito de Leto perseguida pela serpente Píton corresponde ao mito de Ísis perseguida pro Set (durante os setenta e dois dias mais quentes do ano). Por outro lado, Píton é identificada com Tífon, o Set grego, no Hino Homérico a Apolo, e no escólio a Apolónio de Rodes. O Apolo hiperbóreo é, de facto, um Hórus grego.
    Ao mito foi dada, porém, uma interpretação política: diz-se que a serpente Píton teria sido enviada em perseguição de Leto por Hera, a qual a gerava por partenogénese para contrariar Zeus. Apolo, depois de matar Píton (e provavelmente o seu companheiro Délfine), apoderou-se do templo oracular da Mãe Terra em Delfos - já que Hera seria Mãe Terra, ou Délfine, na sua expressão profética. Aparentemente, alguns dos Helenos do Norte, aliados aos Trácios-Líbios, invadiram a Grécia Central e o Peloponeso, onde se viram confrontados pela oposição dos pré-helenos veneradores da deusa-Terra, mas que, apesar disso, conseguiram tomar os principais templos oraculares da deusa. Em Delfos, aniquilaram a serpente sagrada oracular - no Erectéion de Atenas conservava-se uma serpente semelhante - e passaram a ocupar-se do oráculo em nome do seu deus Apolo Smíntio. Smíntio («rato»), tal como Esmun, o deus da cura Cananeu, tinha como símbolo um rato curativo. Os invasores concordaram em identificá-lo com Apolo, o Hórus hiperbóreo, que os aliados adoravam. Para aplacar os ânimos em Delfos, instituíram-se e celebravam-se regularmente jogos fúnebres em honra do herói morto, Píton, com a presença permanente da sua sacerdortisa.
   

Alcíone

    Do gr. «que protege da tempestade», Alcíone era filha de Éolo, o rei dos ventos, e de Egialeia. Desposou Céix (ou Ceíce), da Traquínia, filho da Estrela da Manhã, Eósforo ou Lucífer, e os dois eram muito felizes, porém, atingidos pelo orgulho, tiveram a ousadia de se compararem e de se fazerem chamar, a ela Hera, e ao marido, Zeus.
    Esta atitude despertou a ira dos verdadeiros Zeus e Hera e, em determinado momento que Ceíce decidiu ir consultar um oráculo, fizeram cair uma tempestade sobre o navio a bordo do qual se encontrava. Em consequência, a embarcação afundou e ele morreu, afogado.
    A partir daqui, as versões variam. Uma afirma que a sombra de Ceíce apareceu a Alcíone, que ficara, contrariada, na Tarquínia, onde, enlouquecida pela dor, se lançou ao mar. Algum deus mais piedoso transformou-os a ambos em pica-peixes. Outra estabelece que o corpo dele foi trazido pelas ondas para a costa, onde a esposa o encontrou. Desesperada, ela transformou-se num pássaro de pio lamentoso, e os deuses operaram nela uma metamorfose análoga à do marido.
    Zeus, compadecido, ordenou que os ventos não soprassem durante os sete dias antes e os setes dias depois do solstício de inverno, os chamados «dias de Alcíone", período em que choca os ovos perto das vagas do mar. De facto, em cada inverno, a fêmea do pica-peixe vem enterrar o seu macho por entre grandes lamentos e, de seguida, construindo um ninho muito cerrado com os espinhos do peixe-agulha, lança-o ao mar, põe os seus ovos e choca a sua ninhada.
    De acordo com vários autores clássicos (Apolodoro: 1. 7. 3; Escólio a Aristófanes: As Aves; Homero: Ilíada, Canto IX; Plínio: História Natural, X; Higino: Fábulas, 65; Ovídio: Metamorfoses, XI: Luciano: Alcíone, I; Plutarco: Quais os Animais mais Astuciosos?), porém, Céix foi transformado em gaivota.
    Alcíone e Ceíce simbolizam a fecundidade física e espiritual, ameaçada pelos deuses e pelos elementos da natureza.

    Alcíone é, também, uma designação atribuída a aves da família Alcedinídeos. O guarda-rios (Alceo atthis), igualmente conhecido por guarda-rios comum e por pica-peixe, é uma ave pequena e ativa que habita ao longo dos rios e ribeiros lentos, com bancos e socalcos arenosos. Possui uma cabeça grande, uma cauda curta e um bico comprido, bem como asas largas e pernas curtas. A zona superior do corpo é de cor azul e verde brilhantes. Alimenta-se do peixe e crustáceos pequenos que apanha mergulhando na água. Um adulto mede cerca de 16 centímetros.

NOTAS:

1.ª) A lenda do ninho do alcião, ou pica-peixe (que não se baseia na sua história natural, pois o alcião ou alcíone não constrói nada que de longe ou de perto se assemelhe a um ninho, mas deposita pura e simplesmente os ovos em buracos à beira-mar) deve estar relacionada com o nascimento do novo rei sagrado no solstício do inverno - depois da rainha que representa a sua mãe, a Deusa-Lua, ter acompanhado o cadáver do velho rei a uma ilha sepulcral. Porém, como o solstício do inverno nem sempre coincide com a mesma fase da Lua, deve entender-se por «cada ano» «cada Grande Ano», de cem lunações, no fim do qual os períodos lunar e solar se encontram mais ou menos sincronizados, e termina o reinado do rei sagrado.

2.ª) Homero relaciona o alcião com Alcíone, um título de Cleópatra, a mulher de Meleagro (Ilíada, IX, 562), e com uma filha de Éolo, guardião dos ventos. A forma grega de alcião (alcyon) não pode, portanto, significar al-cyon, «cão de caça do mar», como geralmente se supõe, mas sim alcy-one, «a rainha que evita o mal». Esta mitologia é atestada pelo mito de Alcíone e Ceíce e pela forma como Zeus e Hera os puniram. 

3.ª) Existe uma outra Alcíone, filha de Plêione («rainha viajando sobre o mar») e de Atlas e que liderava as sete Plêiades. O levantar helíaco das Plêiades, durante o mês de maio, marcava o início do ano da navegação; o seu ocaso assinalava o fim deste período, no momento em que (como Plínio nota numa passagem sobre o alcião) um vento do norte muito frio começa a soprar. As circunstâncias da morte de Ceíce indicam que os Éólios, navegadores de grande reputação, adoravam a deusa a expressão de «Alcíone», visto que esta os defendia dos rochedos e do mau tempo: Zeus provocou o naufrágio de Ceíce atingindo-o com um raio, por animosidade contra o poder da deusa. No entanto, continuou-se a atribuir ao alcião o poder mágico de acalmar as tempestades, e utilizava-se o seu corpo, depois de seco, como talismã para preservar do raio de Zeus - provavelmente, com base no facto de o raio nunca cair duas vezes seguidas do mesmo sítio. O Mediterrâneo é, regra geral, calmo na altura do solstício de inverno.


Bibliografia:
  • BENEDITO, Silvério, Dicionário Breve de Mitologia Grega e Romana. Editorial Presença, Lisboa, 2000.
  • GRAVES, Roberto, Os Mitos Gregos, Publicações D. Quixote, Col. Nova Enciclopédia, Lisboa, 1990.

terça-feira, 2 de janeiro de 2024

Actéon

    Aristeu, filho de Apolo e da ninfa Cirene, tivera de Autónoe um filho chamado Actéon, que foi criado pelo centauro Quíron, o qual lhe ensinou a arte da caça, tornando-se, pois, um grande caçador.
    Certo dia, após uma caçada, Actéon e os seus companheiros descansavam num vale, quando ele decidiu explorá-lo. Em determinado momento, encontrou uma caverna, na qual Ártemis, a deusa grega da caça, costumava banhar-se na companhia das suas ninfas.
    Nesse dia, ao penetrar na caverna, Actéon surpreendeu a deusa banhando-se, nua, numa nascente. As ninfas que a acompanhavam tentaram cobrir o corpo de Ártemis, no entanto, como esta era mais alta do que aquelas, nada adiantou tal ação.
    Irritada e encolerizada por ter sido surpreendida daquela forma, a deusa transformou-o em veado e, não satisfeita, enfureceu os cinquenta cães que compunham a sua matilha, açulou-os contra ele. Os animais, obviamente, não o reconheceram, por isso atacaram-no e devoraram-no, tendo depois procurado o dono (que acabavam de matar), ganindo por toda a floresta.

Ficha de verificação de leitura do conto "Saga"

segunda-feira, 1 de janeiro de 2024

Género literário de Os Lusíadas

     Neste post, encontra-se a classificação de Os Lusíadas como uma epopeia / um poema épico, a definição de epopeia, os elementos característicos da epopeia e os elementos da mesma que podemos encontrar na obra de Camões.

    O post pode ser encontrado no seguinte link: género-de-os-lusíadas.


    Abaixo, um quadro-síntese dos conteúdos desenvolvidos:

 

ELEMENTOS da EPOPEIA

CONCRETIZAÇÃO
n’ OS LUSÍADAS

CARACTERÍSTICAS

 

. A ação: acontecimentos representados ao longo da obra.

 

 

. Viagem de Vasco da Gama, acontecimento culminante da História de Portugal.
 
. Unidade: ligação entre as diversas partes.

. Variedade: inserção de episódios para quebrar a monotonia e embelezar a ação.

. Verdade: assunto real ou, pelo menos, verosímil.

. Integridade: criação de uma intriga com princípio, e fim.

 
. A personagem: os agentes ou heróis da ação.

 

 
. Vasco da Gama.


. O Povo Português (“o peito ilustre lusitano”).
 
. Camões?
 

. E os deuses, mais homens que deuses?

 

 
. Individual e principal, com uma dimensão simbólica um povo de marinheiros.
 
. Herói coletivo, fundamental numa epopeia.
 
. Herói individual (ou coletivo, porque representativo do homem do Renascimento, completo, soldado e escritor, guerreiro e Velho do Restelo?).
 
. Não são meros símbolos, têm paixões humanas, identificam o êxito e o fracasso, a vitória e a derrota (Vénus Baco).
 
 
. O maravilhoso: intervenção de seres sobrenaturais na ação.

 

 
. Júpiter, Vénus, Marte, etc.
 
. Deus (a Divina Providência cristã).
 
. Pagão: deuses pagãos.
 
. Cristão: Deus do cristianismo.
 
. Misto: mistura dos dois anteriores.
 
. Céltico: magia, feitiçaria.
 
 
. A forma.

 

 

 
. Dez cantos.
. Narrativa em versos decassílabos, geralmente heroicos, agrupados em oitavas.
. Rima cruzada nos seis primeiros versos e emparelhada nos dois últimos.
. Esquema rimático: abababcc.
 

Vida e obra de Luís de Camões

 1524 – 1525

Nascimento

Luís Vaz de Camões terá nascido em 1524 ou 1525, provavelmente em Lisboa (ou Coimbra) (não se sabe ao certo a data e o local do seu nascimento), no seio de uma família da pequena nobreza e oriunda da Galiza. O pai chamava-se Simão Vaz de Camões e a mãe, Ana de Sá (ou Ana Macedo, segundo alguns documentos).

 

1535 – 1545

Juventude em Coimbra

Segundo alguns autores, Camões viveu parte da sua juventude em Coimbra, onde se terá instalado desde muito novo, para aí fazer os seus estudos. Através do seu tio, D. Bento Camões, chanceler a Universidade e prior do Mosteiro de Santa Cruz, teve acesso às aulas de Humanidades, regidas pelos frades de Santa Cruz, e contacto com os ideais humanistas, bem como acesso a obras de grandes nomes da literatura renascentistas europeia.

 

Petrarca e a influência renascentista

Francesco Petrarca (1304 – 1374), poeta e humanista italiano, foi um dos grandes exemplos da nova estética do Renascimento. Seguidor da escola petrarquista, Camões viria a adotar os...


A conclusão do post encontra-se no link seguinte: vida-e-obra-de-camões.

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