A pintura revela uma das características
do Renascimento e do Classicismo: o gosto pelos temas da mitologia clássica,
visto que o tema é mitológico: o nascimento de Vénus, a deusa romana do amor e
da beleza.
No centro do quadro, está representada
a deusa, nua, nascendo, como consta do mito, do oceano. De pele muito clara,
lembrando o mármore puro das estátuas gregas e romanas antigas, os cabelos
longos e dourados (ao gosto de Petrarca), manifesta uma postura suave, doce,
bondosa, pudica e triste, com um olhar que irradia luz, mas que, em simultâneo,
é distante, de deusa inacessível. Toda a figura está inundada de luz. É a
encarnação do ideal de beleza renascentista.
Do lado direito, encontramos uma
ninfa, representação da primavera, que recebe a deusa, oferecendo-lhe um manto.
O seu vestido ondulante imprime um suave movimento ao quadro e o seu gesto, em
diagonal, é simétrico ao lado esquerdo da pintura, onde um par amoroso (o vento
Zéfiro e a sua esposa Clóris) voa e impele a deusa para a costa. À volta, rosas
– as flores de Vénus que, tal como o dourado das laranjeiras à direita – e os
tons suaves de todo o ambiente, contribuem para dar a impressão de que toda a
natureza está a ser tocada pela beleza e suavidade de Vénus.
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