Fonte: worldometers
quinta-feira, 19 de março de 2020
COVID-19: ponto de situação do dia 18 de março
quarta-feira, 18 de março de 2020
Análise de "Orfeu rebelde"
● O mito de Orfeu
Orfeu é uma
figura da mitologia grega, filho de Calíope, musa da poesia épica, e de Apolo,
deus da poesia e da música, de quem recebeu uma lira como presente.
Orfeu era um
poeta que se celebrizou pelo seu canto melodioso, que encantava a própria
Natureza. De facto, os sons da sua lira domavam as feras, que se deitavam a
seus pés, e atraía também seres humanos e a própria Natureza.
Casou-se com
Eurídice, seu grande amor. No casamento, esteve presente Himeneu para abençoar
a união, mas o fumo da sua tocha fez lacrimejar os noivos, o que não trouxe
augúrios favoráveis. Pouco tempo depois, Eurídice passeava com as ninfas,
quando foi surpreendida pelo pastor Aristeu, que, ao vê-la, se apaixonou
perdidamente e a tentou conquistar. Na sua fuga, Eurídice pisou uma serpente,
que a mordeu no pé e lhe causou a morte.
Orfeu,
desesperado e incontrolável, desceu ao reino dos mortos para a reaver. Perante
os deuses do Inferno, cantou o seu desgosto e o seu amor, dizendo que, se não
lha devolvessem, ele próprio ficaria com ela no reino dos mortos. Graças ao seu
canto, conseguiu comover Hades e Perséfone a autorizarem o regresso de Eurídice
ao mundo dos vivos, mas com uma condição: em caso algum, Orfeu poderia virar-se
para trás, olhá-la, enquanto não tivessem transposto os limites infernais e
alcançado o mundo superior, a superfície. Caminhando na frente, Orfeu estava
quase a chegar aos portões do Hades e a atingir o seu objetivo, mas, com receio
de ter sido enganado por aqueles deuses, virou-se para trás para confirmar se a
esposa o seguia. Eurídice, lavada em lágrimas, foi imediatamente levada de
volta para o mundo dos mortos. Orfeu tentou alcança-la, mas sem sucesso.
Profundamente
triste, permaneceu na margem do rio durante sete dias, sem comer nem dormir,
suplicando o regresso da esposa. Depois, vagueou, triste e solitário, pelo
mundo, sem nunca mais querer saber de mulher alguma e repelindo todas as que o
tentavam seduzir, até que um dia as mulheres da Trácia, enfurecidas pelo seu
desprezo, o mataram e lançaram o seu corpo ao rio Ebro, que acabou por ser
levado até à ilha de Lesbos, onde, durante muito tempo, a cabeça de Orfeu,
presa numa rocha, proferia oráculos. A sua lira foi colocada num templo de
Lesbos.
Outra versão do
mito sugere que as musas o enterraram em Limetra, num túmulo onde o rouxinol
canta mais suavemente do que em qualquer outra parte da Grécia, e a sua lira
foi colocada por Zeus entre as estrelas. Orfeu encontrou por fim Eurídice e,
abraçando-a, nunca mais deixou de a contemplar.
NOTA: Miguel Torga reutiliza muitos mitos gregos, tirando
partido do seu significado e aplicando-os quer a si mesmo quer à sua terra. No
caso do mito de Orfeu, destaca a rebeldia de quem não aceita os limites que lhe
são impostos.
● Assunto: rebelde, o sujeito poético pretende gravar, através do
canto (a poesia), a fúria de cada momento, afirmar a sua rebeldia face à
transitoriedade da vida e à inevitabilidade da morte.
● Tema: a revolta contra a inexorabilidade do tempo e a morte / o
ofício de poeta.
● Estrutura interna
1.ª parte (1.ª estrofe) – Autocaracterização do sujeito poético.
▪ O sujeito autocaracteriza-se como um poeta rebelde cuja poesia
corresponde à expressão de si mesmo («canto como sou»), da sua intensidade, da
sua revolta, do seu perene sofrimento. Autocaracteriza-se igualmente como um
poeta sincero («canto como sou»), autêntico enquanto ser, no seu sofrimento e
nos seus sentimentos («Violências famintas de ternura»).
▪ O sujeito poético assume-se como um rebelde – a rebeldia de Orfeu – e
revolta-se cantando como um possesso (comparação que traduz a fúria com
que o sujeito poético exprime o seu «canto», a sua poesia).
▪ Essa fúria, essa violência constituem um grito contra a morte e contra
a passagem inexorável do tempo, são motivadas pelo desejo de lutar contra a
passagem do tempo e a efemeridade da vida, através da eternização dos momentos
permitida pela escrita.
▪ O sujeito poético pretende que a sua voz obsessiva e esse grito contra
o tempo se prolonguem para a eternidade, daí a gravação «a canivete» (metáfora),
para que a própria evolução da casca torne mais duradoura e viva a sua revolta.
▪ De facto, a metáfora da «casca do tempo» expressa a ideia de que
a casca eterniza a sua revolta, no entanto, contraditoriamente, estaremos
perante algo efémero e aparente – a gravação da fúria de cada momento – por ser
apenas casca. Afinal, o que o sujeito poético procura é encontrar a eternidade
na realização poética, à maneira clássica.
2.ª parte
(2.ª estrofe) – Oposição entre os «outros» e o «eu».
▪ O sujeito poético recusa a poesia de outros poetas, românticos, de
canto suave e harmonioso, descomprometidos da realidade, que se conformam
(«Outros, felizes, sejam rouxinóis…» – v. 7 – metáfora e ironia
relativamente à aceitação fácil da vida).
▪ Pelo contrário, o «eu» distancia-se desses outros poetas, pois não
pretende exprimir emoções, mas um canto agressivo e violento, de revolta, de
desafio (poesia romântica/descomprometida versus poesia de revolta), um
grito violento revelador da falta de ternura. Então, recorre à violência, ou
melhor, a uma expressão violenta e agressiva para vencer o que o instinto lhe
adivinha e ele recusa: a inexorabilidade da morte e a opressão que se abate
sobre ele (vide versos 8-11). O sujeito poético é um ser atormentado e
revoltado que desafia as leis do tempo e da vida (v. 10).
▪ A metáfora «…. O céu e a terra, pedras conjugas…» (v. 9) exprime
a união de todas as forças que se conjugam para triturar o sujeito, para o
oprimir – «Do moinho cruel que me tritura…» (v. 10), metáfora e personificação
que evocam a passagem inexorável do tempo (que provoca o sofrimento permanente
do «eu») pelo movimento circular do moinho e contra a qual ele se revolta. O
céu e a terra unem esforços para atormentar o sujeito poético, um espírito
moído pelo sofrimento da vida que roda sem fim, como se de um moinho se
tratasse, o moinho do tempo cuja mó é, precisamente, o céu e a terra conjugados.
▪ A personificação e a comparação presentes nos versos 9 a
11 [«… o céu e a terra (…) / Saibam que há gritos como há nortadas / Violências
famintas de ternura…»] exprimem a força e a violência do grito do sujeito
poético contra a passagem do tempo, semelhante à violência e à força dos
elementos da Natureza, como as nortadas Por outro lado, a agressividade do «eu»
traduz igualmente a aspiração ao afeto, que ele não possui.
▪ De facto, a personificação de sabor metafórico presente no verso
12 exprime a força e a necessidade de amor e ternura que o sujeito poético
sente.
3.ª parte
(3.ªestrofe) – Função interventiva da poesia.
▪ O sujeito poético afirma-se possuidor do instinto dos animais – que o
leva a adivinhar a inevitabilidade da morte – e do corpo de um poeta que a
recusa e contra ela luta através do seu canto.
▪ A comparação e a metáfora dos versos 15 e 16 («Canto como
quem usa / Os versos em legítima defesa.») reafirmam a postura de rebeldia do
sujeito poético e a ideia da poesia como arma e a palavra e a liberdade de
expressão são veículos de denúncia.
▪ Isto remete para o conceito de poesia sugerido pelo poema: o
sujeito poético canta para agir sobre o (seu) tempo, assumindo uma posição
interventiva. De facto, a poesia constitui um grito, um refúgio, um desabafo,
face à consciência da passagem triturante do tempo e à iminência da morte.
Estes recursos estilísticos emprestam à criação poética conotações de luta: o
canto poético funciona como uma arma.
▪ Os dois últimos versos do poema sugerem que o canto do sujeito poético
oscila entre a exaltação e o terror em relação à realidade, visto que esta,
apesar de toda a sua beleza, é caracterizada pela omnipresença da morte
NOTAS:
1.ª)
Miguel Torga socorre-se do mito de Orfeu para dar voz à sua rebeldia, mas
desenvolve-o de forma diferente do tratamento que lhe foi dado pelos clássicos.
Por um lado, o Orfeu mitológico representa a rebeldia por causa do amor,
enquanto o Orfeu de Miguel Torga simboliza a rebeldia motivada pelos seus
limites e pelos limites humanos, sobretudo a impossibilidade de travar a
passagem inexorável do tempo e a impossibilidade de vencer a morte. O poeta,
simultaneamente, aproveita e subverte o mito: o poeta é o próprio Orfeu, o que
significa que se automitifica.
2.ª) Por
outro lado, de acordo com o mito grego, Orfeu caracterizava-se por ser suave e
encantatório, enquanto o canto do sujeito poético é caracterizado pela
intensidade, pela força, revelando a face rebelde e revoltada de um Orfeu
desafiador.
3.ª) A
poesia é entendida como uma arma do poeta, utilizada em legítima defesa: «Canto
como um possesso», «desafio», «moinho cruel», «gritos», «nortadas»,
«violências». Essa arma serve de arma de defesa do sujeito poético contra o
esquecimento, a morte, a passagem do tempo. A poesia é arma de combate – a
única arma que pode vencer a morte; é uma poesia de desespero humanista.
4.ª) Como
poeta, Miguel Torga considera-se chamado à missão suprema de gritar a sua
solidariedade humanista com todos os homens, sobretudo os que são mais
abandonados, e dar-lhes esperança.
5.ª) O
humanismo de Torga é o humanismo de um revolucionário, de um revoltado e, mais
do que um revoltado, de um rebelde. O canto poético é o seu instrumento de
combate, «em legítima defesa» dos valores que «articulam» o seu humanismo, que
não é de «abdicação mas de confronto».
6.ª) A
mensagem do poema remete para o drama interior do homem e a sua obstinação em
lutar contra esse drama, patente na imagem órfica presente nesta atitude do
poeta perante a poesia e a morte, ou mesmo perante o amor feito «ternura».
● Caracterização do sujeito
poético
▪ O sujeito poético é um poeta revoltado e rebelde (“Orfeu rebelde” – v.
1), não por ter perdido a amada, como Orfeu, mas por causa da passagem do tempo
e da transitoriedade da vida.
▪ É igualmente um ser sincero, autêntico e genuíno («Canto como sou» - v.
1) e intenso («Canto como um possesso» - v. 2).
▪ É um ser sofredor, atormentado e revoltado pela passagem inexorável do
tempo e pela morte, que desafia as leis do tempo e da vida («Que o céu e a
terra, pedras conjugadas / Do moinho cruel que me tritura» – vv. 9-10), faminto
de ternura («Violências famintas de ternura» – v. 12).
▪ É, assim, um poeta que luta contra a passagem do tempo e contra a morte.
▪ Exprime a dolorosa condição do ser humano («Bichinho instintivo que
adivinha a morte» – v. 13), mas procura superá-la, recusando-a e afirmando a
sua identidade.
▪ O seu canto constitui uma arma, uma arma de defesa e complexa («Canto
como quem usa / Os versos em legítima defesa. / Canto, sem perguntar à Musa /
Se o canto é de terror ou de beleza.» – vv. 15-18).
● Título
Orfeu é uma
figura mítica ligada à poesia, o que se adequa ao poema de Torga, cujo tema é a
conceção do ofício de poeta.
Por outro lado, o
poeta identifica-se com Orfeu, dado que, tal como sucedia com a figura da
mitologia, também o seu canto tem um forte impacto naqueles que o rodeiam,
Por sua vez, o
adjetivo «rebelde» corresponde à conceção de poeta veiculada pelo poema: um
poeta da revolta e da intensidade e não suave, harmonioso e encantatório como o
de Orfeu.
Por último, tal
como Orfeu, que procurou lutar contra recorrendo ao seu canto (foi assim que
resgatou Eurídice do reino dos mortos), também o poeta se revolta contra a
morte e procura combatê-la e reverte-la através da sua poesia.
● Outros recursos
poético-estilísticos
1. Nível
fónico
▪ Estrofes: o poema é
constituído por três sextilhas.
▪ Rima:
- esquema
rimático: ABCDCD/ABCDCD/ABBCBC;
- os dois primeiros versos de cada estrofe são brancos, exceto o segundo
da última estrofe, que emparelha com o seguinte;
- os quatro últimos versos de cada estrofe apresentam rima cruzada;
- consoante («canivete»/«compromete»);
- rica («canivete»/«compromete») e pobre («momento»/«sofrimento»);
- grave («canivete»/«compromete»).
▪ Métrica irregular: versos maioritariamente decassilábicos,
exceto o 2.º da 1.ª estrofe e os 3.º e 5.ºda 3.ª estrofe (de 6 e 8 sílabas).
. Ritmo oscilante, dadas as características da rima e da métrica.
. Vários casos de transporte contribuem para o ritmo do
poema.
. Aliteração do fonema /c/ ao longo do poema, conjugada com a aliteração
do fonema /t/, que remete para a luta e rebeldia do sujeito poético.
2. Nível morfossintático
. A adjetivação
(“rebelde”, “cruel”, “famintos”, “instintivo”,
“legítima”) é sugestiva de rebeldia e também de ironia no caso do
adjetivo felizes.
. Predomínio
de verbos e nomes expressivos de ação, força, agressividade,
rebeldia, ao serviço de um estilo viril.
. Verbos:
– domínio
do presente do indicativo: sugere a continuidade da luta, um processo
interminável, e do sentimento de revolta do sujeito poético;
– presente
do conjuntivo: o desdém;
– pretérito
imperfeito do conjuntivo: a hipótese.
. Predomínio de sensações auditivas.
● Marcas torguianas e presencistas do poema:
- a superlativação do “eu”;
- a emotividade da linguagem;
- a aguda da consciência da função
do Poeta e da Poesia;
- o humanismo revolucionário.
● Síntese
Miguel Torga é um poeta órfico, no duplo
sentido em que relaciona o orfismo com o glorioso Orfeu, poeta, ora com
as práticas doutrinárias que inculcam a crença de que o corpo é a prisão da
alma e de que a purificação do pecado se obtém pela mortificação do corpo, pela
abstenção de certos atos e pelo culto de certos ritos.
No primeiro sentido, o mais glosado dos
mitos helénicos é Orfeu, patrono emblemático da poesia, o portador da lira cuja
música não só subjuga a própria natureza como Caronte e os deuses do Hades, das
trevas infernais em que estava Eurídice nas suas “faixas de
morta, incerta, suave e sem impaciência” (Rilke). No segundo sentido, o orfismo
torguiano revela-se na contínua frequência com que o poeta introduz na natureza
do ato poético o ingrediente ascético e catártico que lhe dão eficácia,
necessidade e sentido de único vínculo e veículo que encaminha o nosso rumo
interior para o projeto superior da Poesia.
À reinvenção deste mito presidem
paradoxalmente as metáforas de Orfeu Rebelde, Orfeu Cansado e Orfeu
Mártir.
É introduzida aqui uma rebeldia que tem
como reverso o pânico de quem se deu conta que as cordas da lírica órfica são
“grades” e de quem, irremediavelmente mergulhado na desafinação da melodia,
deliberadamente perdida, quer “ao menos falhar em
tom agudo”, insistindo em transformar cada novo som discordante num “grito/Que no seu desespero diga tudo”.
Esquecido da sua missão de ressuscitar
Eurídice, Orfeu introduz no canto e na melodia que enterneciam e domavam os
deuses das trevas infernais – “a fúria de cada
momento”, desinteressado de “se o canto é de
terror ou de beleza” e apenas determinado a usá-lo “em legítima defesa”, a ver se o seu canto compromete a eternidade
no seu sofrimento.
De resto, a estratégia da arte poética
torguiana da procura do paradigma formal e a tática de rotura e desvio que lhe
é implícita são o próprio absoluto da contradição órfica – inerente como foi
sempre o orfismo à soberania e ao culto de Dioniso, deus da fúria, da desordem
catabática, meta da divina demência ou da divina intoxicação.
Rebelde, Orfeu – Torga, os dedos
enclavinhados nas grades da prisão da lira, o corpo rasgado, por dentro, pelos
golpes de paixão da alma encarcerada, por fora, pelo ferro dos versos da emoção
endurecida, nunca deixará de ser o apaixonado para quem é tão necessário
conseguir dos deuses a descida aos infernos em busca de Eurídice como ser o
rebelde que contraria a lei de a não olhar para a não perder.
Toda a poesia torguiana está cheia desse
imperativo órfico em virtude do qual só na autoflagelação e na catarse do
exercício poético a nossa perfuração existencial adquire a direção ascensional
no sentido purificador da super-existência pela Poesia.
É, com efeito, necessário que Orfeu
desça aos infernos à procura de Eurídice, não para a trazer consigo para as
alegrias domésticas de uma felicidade familiar, mas para a reintroduzir na
inessencialidade da noite – dessa noite que, sendo o limite do dia, é também o
seu pressentimento e a sua promessa. E é igualmente necessário que Orfeu suba
de novo à luz do dia, à precisão luminosa da solidão do seu corpo, à cintilação
do seu olhar portador da morte que é a profundidade da vida, no mesmo sentido
em que a Poesia é a profundidade do absurdo do mundo sem Deus e em que o
esquecimento é a profundidade da memória. Cúmplice do esquecimento e da morte,
a Poesia é, portanto, a imagem do excesso da vida incomportável no esquecimento
e na morte que o olhar do rosto rebelde reintroduz nas trevas e na noite,
perfil da luz e do dia (cf. “Descida aos Infernos”).
COVID-19: ponto de situação do dia 17 de março
terça-feira, 17 de março de 2020
Em memória: Pedro Barroso
Pedro Barroso
(1950-2020)
Análise de "São Leonardo de Galafura"
●
Assunto
São Leonardo navega vagarosamente ao longo da
terra duriense, num antecipado “desengano” do que será o “cais divino” e já
vergado às saudades da terra que vai deixar.
●
Tema: o telurismo.
●
Estrutura interna
▪ 1.ª parte (1.ª estrofe) – Realidade imaginada.
O sujeito poético imagina S. Leonardo «à proa de
um navio de penedos» (um barco rabelo), a navegar, sem pressas, num «doce mar
de mosto» que o prende à terra, em direção à eternidade», mas já arrependido de
deixar o «cais humano» (a terra duriense), «num antecipado desengano» da vida
que está para lá do «cais divino».
É de salientar o recurso ao presente do
indicativo («ruma», «avança») e à perifrástica («vai sulcando», «a navegar»)
para sugerir a realização gradual / o lento desenrolar da viagem. Essa sugestão
é dada também pelo particípio («ancorado») e pelos advérbios («devagar»,
«lentamente»).
▪ 2.ª parte (2.ª estrofe) –
Razões da lentidão e do desengano do santo.
Na eternidade, não haverá socalcos, vinhedos,
água do Douro e montes.
Na eternidade, só encontrará «charcos de luz /
Envelhecida»; os montes serão todos rasos, estendendo-se os horizontes até se
extinguir a cor da vida.
Nesta estrofe, predomina o futuro do indicativo
(«terá», «serão», «deixarão»), dado que se descreve uma realidade para a qual
se caminha.
▪ 3.ª parte (3.ª estrofe) –
Regresso à imagem descritiva da primeira estrofe.
O santo navega cada vez mais lentamente em
direção à eternidade, aproveitando os últimos momentos de contemplação da
paisagem duriense para sorver o «cheiro a terra e a rosmaninho», isto é, para
que se prolongue a permanência na terra.
Note-se que o sujeito poético imagina o santo a
navegar, na primeira estrofe, não num barco celestial, mas num navio de penedos
(alusão às serranias transmontanas), contudo, na terceira, já desliza num barco
rabelo (embarcação típica do rio Douro que transporta o vinho do Porto).
O poeta volta a usar o presente do indicativo
com o mesmo objetivo da primeira estrofe.
●
Notas
1.ª) S.
Leonardo de Galafura é um miradouro que existe no alto da montanha, junto a uma
capelinha, em Galafura, freguesia do concelho da Régua, distrito de Vila Real.
Vista do sopé do monte, dá a imagem de navegar pelo espaço.
2.ª)
Os barcos rabelos são barcos à vela, característicos do rio Douro, usados para
o transporte das pipas de vinho do Porto, do Alto Douro até Vila Nova de Gaia,
onde se situam as principais caves.
3.ª)
Mosto é o sumo de uva, antes da fermentação completa.
4.ª)
Socalcos são porções de terreno nas encostas dos montes, suportadas por muros
de pedra; são característicos da paisagem duriense.
5.ª)
Este poema, como tantos outros, é o testemunho do amor telúrico de Miguel Torga
pela terra duriense, daí o antecipado desengano do santo/Torga, pois ama-a e
vai abandoná-la. Este amor telúrico permite compreender também o pseudónimo que
Adolfo Correia da Rocha adota: a escolha de Miguel é uma homenagem ao escritor
castelhano Miguel de Unamuno (1864-1936), que admirava profundamente, e a
Miguel de Cervantes (1547-1616), outro escritor espanhol, autor de D.
Quixote; Torga é o nome de uma urze transmontana.
6.ª) Como
é característico em Miguel Torga, o poema apresenta uma estrutura circular:
começa com a descrição da viagem vagarosa do santo através do Douro, apresenta
a razão dessa lentidão e do desengano, antecipando o que estará «lá» no final
do caminho (o futuro) e retorna ao presente e à descrição da lenta viagem em
direção à eternidade.
7.ª)
Em suma, as razões que justificam a lentidão do santo são as seguintes:
(A) no «cais divino» não haverá
socalcos, vinhedos, água do Douro e montes;
(B) o santo é feliz na terra, onde moram
a felicidade, a vida e a luz;
(C) a viagem é lenta para que o santo
possa prolongar o prazer de sorver «[…] mais de cheiro / A terra e a
rosmaninho!» (vv. 26-27).
●
Estado de espírito do sujeito poético
• sem pressa de abandonar o «cais
humano», a terra duriense;
• feliz no «cais humano»;
• arrependido de deixar o «cais humano»;
• desengano e desiludido antecipadamente
da vida que está para lá do «cais divino»;
• saudoso da terra duriense.
●
Caráter alegórico do poema
O sujeito poético estabelece um paralelo entre
terra e céu, o «cais humano» e o «cais divino», duas metáforas que sobrevalorizam
a terra, indício do telurismo de Miguel Torga.
Esse paralelismo atinge foros de heresia, pois o
«cais humano» apresenta características e encantos que se sobrepõem ao «cais divino».
●
A irregularidade formal
O poema é constituído por três estrofes. A
primeira é constituída por 11 versos, a segunda por 9 e a terceira por 7.
Este decréscimo de versos de estrofe para
estrofe poderá simbolizar a aproximação da viagem do santo do seu destino, uma
viagem que se vai, portanto, aproximando do seu final.
Relativamente à métrica, também esta é
irregular, alternando verso longos com curtos, o que poderá sugerir a
irregularidade do percurso feito.
●
O mito de Anteu
Anteu foi um gigante, filho de Neptuno
(Poseidon) e da Terra (Geia), que habitava na Líbia e que obrigava todos os
viajantes a lutar. Depois de os ter vencido e morto, enfeitava o templo do pai
com os despojos. Enquanto estivesse em contacto com a sua mãe, geia, isto é, a
Terra, Anteu era invulnerável. Um dia enfrentou Hércules e nessa luta
recuperava forças cada vez que tocava no solo e era invencível. Então, Hércules
ergueu-o nos braços e sufocou-o sobre os ombros, conseguindo desta maneira
eliminá-lo.
Fala-se deste mito sempre que alguém estabelece
contactos com a origem das suas ideias ou dos seus sentimentos e recupera
energias físicas ou psicológicas.
Fazendo a apologia deste mito, Miguel Torga valoriza
sobretudo a terra-mãe. Tal como Anteu, o poeta é atacado por forças que o
abatem, mas, à semelhança da personagem mítica, retempera as suas energias na
sua terra natal, S. Martinho de Anta (cf. Diário XI, 20 de setembro de
1968, e XV, 11 de setembro de 1989).
●
Recursos expressivos
1. Nível fónico
. Estrofes: três estrofes irregulares (11, 9 e 7 versos).
. Métrica irregular: há versos de 2 a 11 sílabas.
. Rima - versos soltos em todas as estrofes;
- emparelhada e interpolada (primeira e segunda
estrofes), emparelhada e cruzada (última estrofe);
- consoante (“mosto”/”posto”);
- pobre (“mosto”/”posto”)
e rica (“comando”/”sulcando”);
- grave (“mosto”/”posto”).
Todos
estes fatores se conjugam para dar uma ideia de irregularidade do espaço
observado.
. Ritmo
repousado, sobretudo na última estrofe, em harmonia com o andamento moderado da
viagem de São Leonardo.
. Transporte: vv. 3-4, 5-6, 10-11, etc.
. Sons dominantes:
. Aliterações:
-
do fonema /p/: sugere a viagem;
-
do fonema /m/: sugere o apelo à terra duriense.
2.
Nível morfossintático
. Futuro
do indicativo (2.ª parte): exprime a referência à vida eterna para onde o Santo
lentamente se dirige.
. O
número de adjetivos é reduzido e os poucos existentes ligam-se a substantivos
metafóricos: “doce mar de mosto”, “cais humano”, “rasos os montes”.
. Predomínio
da coordenação: desenrolar da viagem de S. Leonardo, lenta e sequente.
. Orações:
- oração conclusiva: estabelece uma relação de
consequência entre o “desengano antecipado” do Santo e a
sua regalada demora ao longo do Douro;
- oração subordinada relativa: “que gasta no
caminho”.
3.
Nível semântico
. A
construção alegórica do poema do poema orienta-se no sentido de
enaltecer os encantos da terra e paisagem duriense, de traduzir o apego à
terra.
. Metáforas:
. Imagens:
- as metáforas da 1.ª estrofe
apresentam-nos a imagem do Santo como o capitão dum “navio de penedos”, olhando saudosamente para trás, ao deixar a
terra duriense em direção à vida eterna, e, simultaneamente, revelam a atração
telúrica de Torga pela terra transmontana, o fulcro da sua inspiração poética;
- a imagem dos três últimos versos da
segunda estrofe deixa antever a eternidade sem montes, o que roubará à vista a
cor dos horizontes.
.
A expressividade dos advérbios “devagar”
e “lentamente” e dos três últimos versos da terceira estrofe:
a morosidade da viagem = o apego de S. Leonardo à terra duriense.
Torga
imagina o Santo a navegar não num barco celestial, como as barcas de Gil
Vicente, mas “num navio de
penedos” (alusão às serranias transmontanas) e,
para melhor se identificar com a terra duriense, na última estrofe, o Santo já
desliza num “barco
rabelo” (embarcação típica do rio Douro, que
servia para o transporte do vinho do Porto).
. Hipálage: “Lá não terá
socalcos nem vinhedos na menina dos olhos deslumbrados” (o deslumbramento com a paisagem é do Santo e
não dos olhos).
. Sinestesia: “é um sorvo [paladar]
a mais de cheiro” [olfato].
Durante
trinta anos, Torga tentou o “retrato poético” do Santo que
sempre se lhe furtava. Mas nesse dia o “instantâneo”
surgiu. Para a figura do Santo está transporta a apetência telúrica de Torga,
pois, mesmo o Santo, a caminho do Paraíso, como um capitão “à proa dum navio de
penedos,/A navegar num doce mar de mosto”
(a paisagem duriense), não tem pressa “de chegar ao seu destino”, porque “feliz no cais humano/É num antecipado
desengano/Que ruma em direção ao cais divino”. E isto porque sabe que lá os seus olhos não se deslumbrarão com os
socalcos e vinhedos do Douro, com os montes, com tudo o que deixa, e tudo o que
vai encontrar “São charcos
de luz/Envelhecida/ (...) Até onde se extinga a cor da vida”. A viagem no rabelo é, pois, lenta para poder
prolongar o prazer de sorver mais um pouco o cheiro da terra e do rosmaninho.
COVID-19: ponto de situação do dia 16 de março
segunda-feira, 16 de março de 2020
Resumo do conto "Famílias desavindas"
Ramon
era um galego, proprietário de um bom restaurante, que se candidatou ao cargo
de «semaforeiro», função para que foi selecionado de forma caricata, e que
pertencia a uma família honesta e trabalhadora, que se dedicava à profissão
pelo amor à mesma e não ao salário, que era modesto («equivalente ao de um
jardineiro»).
Ramon,
o seu filho Ximenez e o seu neto Asdrúbal trabalhavam até altas horas da
madrugada, pedalando na bicicleta que gerava a energia que mudava as luzes do
semáforo ou afinando-a quando era necessário.
O
Dr. João Pedro Bekett tinha-se instalado no Porto, oriundo de Coimbra, com a
sua família, num primeiro andar de um prédio situado próximo do semáforo, onde
tinha o seu consultório. Tratava-se de um médico afamado, mas que exagerava
nitidamente no seu espírito de missão. Obcecado por encontrar doentes que pudesse
curar, considerava que o semáforo dificultava a sua ação. Por isso, ofendeu, de
forma arrogante, Ramon, que não gostou e passou a dificultar-lhe ainda mais a
vida. Aqui teve início a inimizade, o conflito e o ódio entre as duas famílias.
O
filho (João) e o neto (Paulo), igualmente médicos, herdaram o ódio à família
dos semaforeiros e deram seguimento ao conflito com os descendentes de Ramon. A
troca de insultos entre os dois lados da barricada prosseguiu, roçando por
vezes o extremismo ou raiando o conflito físico: por exemplo, o Dr. Paulo pedia
aos seus clientes que insultassem o «semaforeiro»; certa vez, Asdrúbal levantou
a mão para o médico.
Quando
Paco, bisneto de Ramon, sucedeu ao seu pai, Asdrúbal, deu-se um acidente: um
jovem que passava de moto, ao tentar um roubo por esticão, bateu no «semaforeiro»
e deixou-o estendido, no chão. Então, o Dr. Paulo, na sua qualidade de médico,
esqueceu o ódio secular e socorreu Paco, cujas mazelas, no entanto, eram
graves, pelo que teve de ser transportado de ambulância para o hospital.
Após
o acidente, o Dr. Paulo, com a sua bata branca, por remorso, passou a pedalar
todos os dias, do nascer ao pôr-do-sol, para manter o semáforo a funcionar, enquanto
Paco se restabelecia.
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Mário de Carvalho
domingo, 15 de março de 2020
COVID-19: ponto de situação do dia 15 de março
sexta-feira, 13 de março de 2020
Professores e funcionários permanecem nas escolas
O governo vai decretar o encerramento das escolas, isto é, os alunos estarão ausentes, mas os professores e os funcionários terão de comparecer no seu local de trabalho.
A ideia parece ser a de continuar a trabalhar com os alunos através das tecnologias.
Desde logo, surge um entrave: há muitos alunos que não dispõem de Internet em casa, tão-pouco um computador. Para estes, talvez a comunicação se possa fazer através de sinais de fumo.
Por outro lado, é bem possível que a ideia do governo seja a de, assim, procurar manter os alunos em casa no tempo em que, normalmente, estariam nas salas de aulas.
quinta-feira, 12 de março de 2020
Covid-19: ponto de situação - dia 12 de março
23, 15H - Primeiro-ministro anuncia novas medidas de contenção do vírus:
- encerramento de discotecas e estabelecimentos similares;
- redução de lotação em restaurantes e espaços públicos;
- limitação de frequência de centros comerciais;
- limitação de visitas a lares de idosos.
23, 14H - Federação francesa de futebol suspende todas as competições
22, 13H - Balanço de casos no Reino Unido: 590
22, 14H - Líder do VOX, Santiago Abascal, infetado pelo coronavírus
22, 13H - Governo dos Açores fecha escolas e museus e interdita cinemas e ginásios
22, 12H - IPO de Lisboa interdita todas as visitas a doentes internados
22, 11H - Wall Street fecha com as maiores perdas desde o «crash» bolsista de 1987
22, 11H - Madeira encerra escolas até 13 de abril
22, 10H - Comissão Europeia recomenda recurso ao teletrabalho
21, 11H - Donald Trump fecha as fronteiras a 26 países europeus
21, 08H - Itália: circular na rua pode dar multa ou prisão
O governo italiano determinou que quem circular nas ruas, sem motivo justificado, pode incorrer numa multa ou mesmo em pena de prisão.
21, 05H - Disney vai encerrar o Parque Califórnia a partir de sábado
A Walt Disney anunciou hoje que, a partir de sábado, encerrará o parque da Califórnia como medida de proteção contra o vírus.
21, 03H - Aluna de Coruche internada, mas escola permanece aberta
Uma aluna de 13 anos da Escola Básica de Coruche está infetada e internada numa unidade hospitalar, porém a escola que frequenta permanece aberta e em pleno funcionamento.
20, 05H - Atualizados os números da pandemia em França
Neste momento, em França foram registados já mais de 2800 casos de doentes infetados com o coronavírus e 61 mortos.
20, 04H - Casa Branca proíbe as visitas guiadas à Casa Branca.
20, 03H - Governo prepara-se para decretar o encerramento das escolas até ao final do mês de março.
18, 46H - Alunos estão a faltar às aulas por decisão dos pais
Enquanto os nossos governantes e as autoridades de saúde produzem declarações lamentáveis e brincam aos adiamentos, pelo país vários alunos estão a faltar às aulas por decisão dos pais, que esperavam que o Conselho Nacional de Saúde Pública recomendasse o encerramento de todas as instituições de ensino do país.
18, 43H - Aluno de escola de Penacova 12 horas fechado em sala à espera da SNS24
Um aluno natural de Penacova, suspeito de infeção pelo coronavírus, esteve isolado numa sala da escola durante 12 horas, na passada terça-feira, por falta de resposta da linha SNS24.
18, 42H - Hospital de São João suspende consultas externas até 31 de março
18, 42H - Câmara do Funchal reforça medidas em mercados municipais e encerra várias praias
18, 41 - Declarada na Noruega primeira morte por coronavírus
18, 38H - Venezuela declara emergência preventiva contra o coronavírus
Durante um mês, todos os voos provenientes da Europa, Colômbia e Panamá estarão suspensos.
17, 45H - Competições desportivas na Turquia serão realizadas à porta fechada
17, 36H - Mais de cem médicos estão em quarentena
17, 35H - Itália atualiza número de mortos
As autoridades italianas informaram já terem morrido 1016 pessoas, vitimadas pelo coronavírus.
Por outro lado, o número de infetados ultrapassa já os 15 mil, um aumento de cerca de 3000 relativamente ao dia de ontem.
17, 30H - Conselho da UE adia ou cancela todas as reuniões não essenciais
16, 50H - Ovar emcerra a segunda unidade de saúde familiar
16, 47H -Grécia anuncia encerramento de discotecas, ginásios e cinemas
A medida vigorará, para já, durante as próximas duas semanas.
16, 45H - Federação Portuguesa de Andebol suspende todas as competições
16, 41H - UEFA estuda a possibilidade de adiamento do Euro para 2021
16, 40H - Partidas da Liga dos Campeões adiadas
16, 32H - Liga americana de futebol suspende a competição durante 30 dias
16, 09H - Primeiro caso de um paciente infetado com o Covid-19 curado em Portugal
16, 09H - Universidade da Beira Interior suspende aulas por tempo indeterminado
16, 07H - Dinamarca e Lituânia fecham escolas e universidades
15, 46H - Instituto Superior Técnico suspende atividade no pólo da Alameda e Taguspark até domingo
15, 41H - Secretário do governo brasileiro que jantou com Donald Trump está contaminado
15, 23H - Liga portuguesa de futebol suspende os campeonatos da I e II ligas de futebol
15, 20H - Escolas e equipamentos só podem fechar por ordem das autoridades de saúde e com base legal
15, 10H - Eslováquia encerra fronteiras a todos os estrangeiros
15, 04H - República Checa declara a emergência no país
A República Checa fechou as suas fronteiras para viajantes de 15 países.
12, 54H - Itália atinge os 827 mortos e encerra múltiplos locais
A Itália mandou encerrar a maioria das lojas e estabelecimentos, com exceção dos postos de abastecimento de combustível, centros comerciais e farmácias, por exemplo.
O número de casos entre pacientes jovens continua a aumentar.
Os hospitais estão à beira do colapso.
12, 32H - Espanha regista a 84.ª morte por coronavírus.
12, 20 - Assembleia da República suspende visitas
O secretário-geral da Assembleia da República determinou também a suspensão das sessões distritais e regionais do Parlamento dos Jovens, bem como adiar todos os eventos, como conferências e colóquios anteriormente autorizados.
12, 20H - Noruega encerra todas as escolas do país
12, 05H - NBA suspende todos os jogos da liga
A NBA cancelou, esta madrugada, por tempo indeterminado, a maior liga de basquetebol do mundo, após o atleta Rudy Gobert, dos Utah Jazz, ter sido diagnosticado com o Covid-19.
12, 02H - Câmara de Coimbra encerra todos os equipamentos municipais
A Câmara Municipal de Coimbra encerrou todos os equipamentos municipais, cancelou os eventos públicos da iniciativa do município, suspendeu feiras e reforçou a desinfeção das viaturas dos serviços de transporte urbano até 3 de abril.
11, 59H - OMS insta países a «dobrar a aposta» na luta contra o Covid-19
A Organização Mundial de Saúde instou os países a encontrarem um equilíbrio entre proteger a saúde, impedir perturbações económicas e respeitar os direitos humanos.
11, 41H - Polónia regista a primeira morte
O paciente havia sido internado em estado crítico devido a uma pneumonia. Neste momento, há 47 casos registados no país.
11, 40H - Casa da Música do Porto cancela concertos
O cancelamento de concertos vigora, para já, até 13 de abril, mantendo, no entanto, as atividades relativas a visitas guiadas e à restauração.
11, 35H - Irlanda fecha todas as escolas do país a partir de amanhã, sexta-feira.
Em Portugal, decide-se caso a caso.
11, 30H - Número de casos confirmados em Portugal sobe para 78
Destes 78 casos, 49 são de homens e 29 de mulheres.
O número de casos suspeitos está nos 637, encontrando-se outros 133 a aguardar resultado laboratorial. Além disso, encontram-se sob vigilância cerca de 5 000 contactos.
Há neste momento 6 cadeias de transmissão.
- encerramento de discotecas e estabelecimentos similares;
- redução de lotação em restaurantes e espaços públicos;
- limitação de frequência de centros comerciais;
- limitação de visitas a lares de idosos.
23, 14H - Federação francesa de futebol suspende todas as competições
22, 13H - Balanço de casos no Reino Unido: 590
22, 14H - Líder do VOX, Santiago Abascal, infetado pelo coronavírus
22, 13H - Governo dos Açores fecha escolas e museus e interdita cinemas e ginásios
22, 12H - IPO de Lisboa interdita todas as visitas a doentes internados
22, 11H - Wall Street fecha com as maiores perdas desde o «crash» bolsista de 1987
22, 11H - Madeira encerra escolas até 13 de abril
22, 10H - Comissão Europeia recomenda recurso ao teletrabalho
21, 11H - Donald Trump fecha as fronteiras a 26 países europeus
21, 08H - Itália: circular na rua pode dar multa ou prisão
O governo italiano determinou que quem circular nas ruas, sem motivo justificado, pode incorrer numa multa ou mesmo em pena de prisão.
21, 05H - Disney vai encerrar o Parque Califórnia a partir de sábado
A Walt Disney anunciou hoje que, a partir de sábado, encerrará o parque da Califórnia como medida de proteção contra o vírus.
21, 03H - Aluna de Coruche internada, mas escola permanece aberta
Uma aluna de 13 anos da Escola Básica de Coruche está infetada e internada numa unidade hospitalar, porém a escola que frequenta permanece aberta e em pleno funcionamento.
20, 05H - Atualizados os números da pandemia em França
Neste momento, em França foram registados já mais de 2800 casos de doentes infetados com o coronavírus e 61 mortos.
20, 04H - Casa Branca proíbe as visitas guiadas à Casa Branca.
20, 03H - Governo prepara-se para decretar o encerramento das escolas até ao final do mês de março.
18, 46H - Alunos estão a faltar às aulas por decisão dos pais
Enquanto os nossos governantes e as autoridades de saúde produzem declarações lamentáveis e brincam aos adiamentos, pelo país vários alunos estão a faltar às aulas por decisão dos pais, que esperavam que o Conselho Nacional de Saúde Pública recomendasse o encerramento de todas as instituições de ensino do país.
18, 43H - Aluno de escola de Penacova 12 horas fechado em sala à espera da SNS24
Um aluno natural de Penacova, suspeito de infeção pelo coronavírus, esteve isolado numa sala da escola durante 12 horas, na passada terça-feira, por falta de resposta da linha SNS24.
18, 42H - Hospital de São João suspende consultas externas até 31 de março
18, 42H - Câmara do Funchal reforça medidas em mercados municipais e encerra várias praias
18, 41 - Declarada na Noruega primeira morte por coronavírus
18, 38H - Venezuela declara emergência preventiva contra o coronavírus
Durante um mês, todos os voos provenientes da Europa, Colômbia e Panamá estarão suspensos.
17, 45H - Competições desportivas na Turquia serão realizadas à porta fechada
17, 36H - Mais de cem médicos estão em quarentena
17, 35H - Itália atualiza número de mortos
As autoridades italianas informaram já terem morrido 1016 pessoas, vitimadas pelo coronavírus.
Por outro lado, o número de infetados ultrapassa já os 15 mil, um aumento de cerca de 3000 relativamente ao dia de ontem.
17, 30H - Conselho da UE adia ou cancela todas as reuniões não essenciais
16, 50H - Ovar emcerra a segunda unidade de saúde familiar
16, 47H -Grécia anuncia encerramento de discotecas, ginásios e cinemas
A medida vigorará, para já, durante as próximas duas semanas.
16, 45H - Federação Portuguesa de Andebol suspende todas as competições
16, 41H - UEFA estuda a possibilidade de adiamento do Euro para 2021
16, 40H - Partidas da Liga dos Campeões adiadas
16, 32H - Liga americana de futebol suspende a competição durante 30 dias
16, 09H - Primeiro caso de um paciente infetado com o Covid-19 curado em Portugal
16, 09H - Universidade da Beira Interior suspende aulas por tempo indeterminado
16, 07H - Dinamarca e Lituânia fecham escolas e universidades
15, 46H - Instituto Superior Técnico suspende atividade no pólo da Alameda e Taguspark até domingo
15, 41H - Secretário do governo brasileiro que jantou com Donald Trump está contaminado
15, 23H - Liga portuguesa de futebol suspende os campeonatos da I e II ligas de futebol
15, 20H - Escolas e equipamentos só podem fechar por ordem das autoridades de saúde e com base legal
15, 10H - Eslováquia encerra fronteiras a todos os estrangeiros
15, 04H - República Checa declara a emergência no país
A República Checa fechou as suas fronteiras para viajantes de 15 países.
12, 54H - Itália atinge os 827 mortos e encerra múltiplos locais
A Itália mandou encerrar a maioria das lojas e estabelecimentos, com exceção dos postos de abastecimento de combustível, centros comerciais e farmácias, por exemplo.
O número de casos entre pacientes jovens continua a aumentar.
Os hospitais estão à beira do colapso.
12, 32H - Espanha regista a 84.ª morte por coronavírus.
12, 20 - Assembleia da República suspende visitas
O secretário-geral da Assembleia da República determinou também a suspensão das sessões distritais e regionais do Parlamento dos Jovens, bem como adiar todos os eventos, como conferências e colóquios anteriormente autorizados.
12, 20H - Noruega encerra todas as escolas do país
12, 05H - NBA suspende todos os jogos da liga
A NBA cancelou, esta madrugada, por tempo indeterminado, a maior liga de basquetebol do mundo, após o atleta Rudy Gobert, dos Utah Jazz, ter sido diagnosticado com o Covid-19.
12, 02H - Câmara de Coimbra encerra todos os equipamentos municipais
A Câmara Municipal de Coimbra encerrou todos os equipamentos municipais, cancelou os eventos públicos da iniciativa do município, suspendeu feiras e reforçou a desinfeção das viaturas dos serviços de transporte urbano até 3 de abril.
11, 59H - OMS insta países a «dobrar a aposta» na luta contra o Covid-19
A Organização Mundial de Saúde instou os países a encontrarem um equilíbrio entre proteger a saúde, impedir perturbações económicas e respeitar os direitos humanos.
11, 41H - Polónia regista a primeira morte
O paciente havia sido internado em estado crítico devido a uma pneumonia. Neste momento, há 47 casos registados no país.
11, 40H - Casa da Música do Porto cancela concertos
O cancelamento de concertos vigora, para já, até 13 de abril, mantendo, no entanto, as atividades relativas a visitas guiadas e à restauração.
11, 35H - Irlanda fecha todas as escolas do país a partir de amanhã, sexta-feira.
Em Portugal, decide-se caso a caso.
11, 30H - Número de casos confirmados em Portugal sobe para 78
Destes 78 casos, 49 são de homens e 29 de mulheres.
O número de casos suspeitos está nos 637, encontrando-se outros 133 a aguardar resultado laboratorial. Além disso, encontram-se sob vigilância cerca de 5 000 contactos.
Há neste momento 6 cadeias de transmissão.
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