Português

domingo, 30 de janeiro de 2011

A privatização dos tempos...

          Nos últimos dias, as escolas privadas / com contrato de associação têm-se desdobrado em iniciativas que procuram impedir o corte (valente!) que o ME se propõe fazer no seu financiamento.

          Aqui ficam dois gráficos que «informam» que, desde que Maria de Lurdes Rodrigues ocupou a cadeira principal no ministério, o número de turmas diminuiu e o seu financiamento aumentou.

           Paradoxos....


sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Janeiras

          Os alunos do 1.º ciclo do agrupamento cantam as janeiras na escola sede.

Ficha de leitura de «Lisbon Revisited (1923)» - Correcção

1. O poema constrói-se, essencialmente, com base num discurso que o «eu» poético dirige a uma segunda pessoa do plural.

      1.1. Demonstre a veracidade da afirmação, considerando o modo verbal e a função da
             linguagem predominante.

          De facto, o sujeito poético parece dirigir-se a um tu, o que é visível através do recurso ao modo imperativo («Tirem daqui...», «Não me apregoem...») e à função apelativa da linguagem («Não me venham com conclusões!» - v. 3; «Não me tragam estéticas!» - v. 5).


2. A acumulação de construções negativas, nas três primeiras estrofes, remete para uma
     recusa.

     2.1. Explique, por palavras suas, aquilo que o sujeito poético recusa.

          O sujeito poético recusa a "verdade" (verso 12) que a sociedade tem para lhe oferecer, nomeadamente as "conclusões",  as "estéticas", a "moral", a "metafísica", "as ciências" e "a civilização moderna". No fundo, estamos perante um Campos em tudo oposto ao do delírio sensacionista da "Ode Triunfal".


3. Comente a interrogação retórica presente no verso 11.

          A interrogação retórica do verso 11 traduz o espanto do sujeito poético, que se interroga acerca da razão pela qual estará a ser castigado.


4. A par da recusa referida em 2., o sujeito poético afirma os seus «direitos».

     4.1. Refira-os, justificando a sua resposta com passagens do poema.

          O sujeito poético defende o seu direito de ser diferente dos «outros» ("Fora disso, sou doido, com todo o direito a sê-lo. / Com todo o direito a sê-lo, ouviram?" - vv. 14-15; "Queriam-me casado, fútil, quotidiano e tributável? / Queriam-me o contrário disto, o contrário de qualquer coisa?" -vv. 17-18) e o de ser / estar sozinho ("Vão para o diabo sem mim" - v. 21; "Ah, que maçada quererem que seu seja de companhia!" - v. 27; "Deixem-me em paz!" - v. 36; "(...) quero estar sozinho!" - v. 35).


5. A décima estrofe constitui uma espécie de parêntesis no discurso do sujeito poético.

     5.1. Identifique o sentimento que aí se revela.

          A estrofe referida revela um misto de nostalgia e tristeza, visíveis, por exemplo, nas apóstrofes e personificações "céu azul", "macio Tejo" (sinestesia) e "mágoa revisitada", identificada com a cidade de Lisboa.

     5.2. Indique a que época da vida do sujeito poético se reporta esta estrofe e a respectiva
            simbologia no contexto do poema.

          O sujeito poético refere-se à sua infância, símbolo da alegria e da felicidade perdidas.


     5.3. Interprete a expressividade dos adjectivos presentes nos versos 28 a 31.


          A infância é recordada como um tempo conhecido, imutável, sem surpresas, logo um tempo tranquilizador e de paz. Os adjectivos "eterna", "perfeita", "macio" e "ancestral" enfatizam essas ideias de imutabilidade e de segurança.

     5.4. Demonstre, remetendo para passagens do texto, que o sentimento que liga o sujeito
            poético à cidade de «Lisboa» se prende com os direitos por ele apregoados em estrofes
            anteriores.

          A cidade de Lisboa, presentemente, em nada altera o «eu», o seu estado de espírito, nem procuram convencê-lo a ser aquilo que ele não deseja, limitando-se a permanecer "mudos", "vazios" e "imutáveis". Daí que a cidade se afigure, para o sujeito poético, como perfeita, pois respeita o seu direito à diferença e o seu desejo de solidão.


6. Esclareça o sentido da última estrofe, demonstrando que ela se relaciona intimamente com
    o verso 4: "A única conclusão é morrer."

          Na última estrofe, depois de novo apelo a que o deixem sozinho, em sossego, o sujeito poético faz uso, duas vezes, do verbo "tardar" na forma negativa, remetendo para a ideia de proximidade da morte, ideia essa confirmada pelos nomes maiusculadas "Abismo" e "Silêncio", símbolos da morte, cuja inexorabilidade é a única certeza, já anunciada no verso 4 ("A única conclusão é morrer.").


7. Relacione o título do poema - "Lisbon Revisited" - e o conteúdo da décima estrofe (vv.
    28-33) com o quadro de Miguel Yeco.

Génese do Modernismo português

          Diversos textos assinalam a génese do Modernismo em Portugal:
  • Artigos publicados por Fernando Pessoa na revista "A Águia": "A Nova Poesia Portuguesa sociologicamente considerada» e «A Nova Poesia Portuguesa no seu aspecto psicológico»;
  • Textos de Mário de Sá-Carneiro:
                    . o livro de contos Princípio, publicado em Outubro de 1912;
                    . a composição do poema "Dispersão", entre Fevereiro e Maio de 1913;
                    . a composição da novela O Homem dos Sonhos, em Março de 1913;
                    . a composição da novela O Fixador de Instantes, em Julho de 1913;
                    . a composição da novela Mistério, em Agosto de 1913;
                    . A Confissão de Lúcio, em Setembro de 1913.
  • Outros textos de Fernando Pessoa:
                    . Na Floresta do Alheamento (1913);
                    . O Marinheiro (1913);
                    . o poema «Pauis» (Fevereiro de 1914), que assinala a estreia poética de Pessoa e a
                      ruptura com o saudosismo e que dá origem à primeira corrente cosmopolita e
                      modernista chamada «Paulismo», ainda que efémera.
  • Lançamento da revista Orpheu (dois números) em 1915, concretizando-se assim um projecto inicialmente pensado por Luís de Montalvor ao regressar do Brasil.

Modernismo: delimitação

          De acordo com o Prof. Carlos Reis, é possível  balizar o Modernismo português de acordo com duas perspectivas:
  • 1.ª perspectiva: desde finais do século XIX (cerca de 1890) até depois da II Guerra Mundial, mesmo até finais dos anos 50 (Pós-Modernismo).
  • 2.ª perspectiva: das vésperas da Primeira Guerra Mundial até à Segunda Guerra Mundial.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

«O dos Castelos»

          "O dos Castelos" é o primeiro poema de Mensagem, estando por isso inserido na primeira parte da obra, intitulada "Brasão" e, dentro desta, numa subparte designada "Os Campos". O campo é a parte inferior do escudo nacional e tem duas partes: a dos Castelos e a das Quinas. Daqui surge o nome do poema: O (Campo) dos Castelos. Recordar que o outro poema que integra este primeiro «andamento» de Mensagem se intitula O (Campo) das Quinas.

          Neste poema, Fernando Pessoa descreve a Europa e descreve-a como um ser feminino deitado sobre os cotovelos, fitando (ter presente a diferença semântica entre «olhar» e «fitar») «De Oriente a Ocidente», com «românticos cabelos» (que representam a herança cultural do Norte da Europa) e «olhos gregos» (que simbolizam a herança cultural do Sul europeu, a herança cultural grega). Por esta descrição, é fácil detectar a personificação da Europa, que se estende por toda a composição poética. Por outro lado, convém atentar na expressividade do verbo «jazer», que significa «estar deitado», mas também «estar morto ou como morto». Ora tal pode significar uma alusão à necessidade de despertar de uma certa letargia o continente europeu e conduzi-lo na senda da construção de um novo império. Seria interessante reflectir sobre o chamado projecto europeu (Comunidade Europeia) e num certo adormecimento da sua construção, bem como sobre as esperanças depositadas no Tratado de Lisboa.

          A segunda estrofe começa por reflectir a disposição dos cotovelos: o esquerdo é representado pela Itália, enquanto o direito pela Inglaterra. Tal disposição reitera o que foi dito acerca dos cabelos e dos olhos, isto é, remete para as raízes culturais europeias: o Norte e o Sol, a cultura romântica e a cultura greco-latina.

          Os versos 9 e 10 retomam a forma verbal «fita» e caracterizam o olhar da Europa: «esfíngico e fatal». Esta dupla adjectivação associa, à atitude expectante e contemplativa, as noções de enigma e de mistério (convém rememorar a lenda associada à Esfinge egípcia) com que a figura feminina «fita» o «Ocidente», que representa a sua vocação (da Europa, leia-se) histórica, isto é, o «futuro» que já desvendou no passado e que promete voltar a repetir-se futuramente. Ora, no último verso, Portugal é apresentado como o «rosto» da Europa, onde se situa o «tal» olhar que «fita» o «Ocidente». Associando os dois últimos versos do texto, podemos concluir, neste contexto, que o Ocidente constitui, efectivamente o «futuro do passado» (paradoxo), isto é, o trajecto que conduzirá Portugal a dar cumprimento à missão histórica que «repete» o passado (dos Descobrimentos). Em suma, o país de Camões e do próprio Pessoa será, metaforicamente, a locomotiva que guiará a Europa na senda desse futuro esperançoso.

          Simbolicamente, este primeiro poema da Mensagem apresenta a imagem de uma Europa decadente («A Europa jaz», isto é, está prostrada, está morta), que vive das glórias do passado (as origens gregas, a expansão romana e o império colonial inglês). Neste contexto, Portugal surge como o único país, com o papel messiânico que Pessoa lhe atribui, capaz de fazer ressurgir e renascer o continente europeu. Portugal deverá recuperar o seu estatuto de potência civilizadora de que já usufruiu no passado e fazer retornar a Europa à glória do passado. É curioso observar como, no actual (2011) contexto de crise e de impasse da União Europeia , Fernando Pessoa está cheio de razão quando apresenta esta imagem de um continente morto à espera de alguém com valor suficiente para a ressuscitar.

Texto expositivo-argumentativo (I)

          Tal como em Álvaro de Campos, também em Alberto Caeiro as sensações são um elemento relevante.

          Fazendo apelo à sua experiência de leitura, exponha, num texto de sessenta a cento e vinte palavras, a sua opinião sobre a importância das sensações na poesia de Caeiro.

Alta Noite na Sé Velha


          Já passou um «século» sobre este tema musical. Na época, éramos umas crianças de cabelos pelos ombros e ideias tolas na cabecinha...

          Local: Coimbra, Sé Velha

          Evento: Serenata Monumental da Queima das Fitas

          Data: 1989

          Tema: «Alta Noite na Sé Velha»

          Grupo: Toada Coimbrã

          Elementos:
                    » Rui Pedro Lucas (cantor)
                    » Alcides Sá Esteves (cantor)
                    » António Vicente (guitarra portuguesa)
                    » João Paulo Sousa (guitarra portuguesa)
                    » João Carlos Oliveira (viola)
                    » Jorge Mira Marques (viola)

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Plano (Álvaro de Campos e Pablo Picasso)

Planificação


Titulo: a arte como critica social

Introdução:

     • O poema compara o binómio de newton à Vénus de Mile, ou seja, Álvaro de Campos
        tem de demonstrar que uma teoria cientifica é tão bela como uma obra de arte.

     • O quadro retrata uma mulher em sofrimento

     • Tanto o poema como o quadro possuem características de corrente modernista

     • Ambas as formas de arte apresentam características modernas em contraste com o conceito
        de modernismo

.
Desenvolvimento:

     • O quadro representa a companheira de Picasso, por quem o autor nutre sentimentos
        fortes.
        Ao retratá-la usa uma técnica inovadora para a época, mas que revela uma força de
        sentimentos e evoca dor provocada pela guerra, tema característico do futurismo.

     • A imagem evoca, em quem a observa, sentimentos de pena e repudio, pelo motivo que
        levam a mulher a chorar a guerra.

     • O verso Binómio de Newton tenta provocar o leitor ao comparar, uma teoria da física com
        uma obra  de arte, mas ao mesmo tempo pretende ser uma critica social pois afirma que
        ninguém dá por isso. Ou seja, a sociedade não dá valor à ciência nem possivelmente à arte

     • Tanto o poema como o quadro são algo inédito e raro, comparado com a arte tradicional.
        Ambos abordam temas diferentes dos hábitos não só ao conteúdo com na forma


Conclusão:

     • Tanto o poema como o quadro pretendem ser uma forma de critica social

     • O primeiro critica os que não olham nem entendem a Ciência como algo de belo e tão
        importante como uma obra de arte

     • O segundo é uma critica à guerra, motivo de choro da mulher

     • A poesia e a pintura para além da arte são uma forma de propaganda e uma chamada de
       atenção para a realidade que os cerca.

PC

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

O Modernismo


Álvaro de Campos - Linguagem e estilo

· Aspectos fónicos:
          -» Verso livre, em geral muito longo;
          -» Irregularidade formal (estrófica, métrica e rítmica);
          -» Assonâncias, onomatopeias, aliterações;
          -» Rima interior;
          -» Ritmo amplo, com alternâncias.

· Aspectos morfossintácticos e semânticos:
          -» Excesso de expressão: exclamações, interjeições, apóstrofes, pontuação emotiva
              (exclamações, interrogações, reticências);
          -» Mistura de níveis de língua;
          -» Desvios sintácticos;
          -» Estrangeirismos e neologismos;
          -» Substantivação de fonemas;
          -» Metáforas ousadas, personificações, hipérboles, paradoxos, enumerações, gradações;
          -» Estilo torrencial (2.ª fase);
          -» Repetições, simetria de construção, anáforas;
          -» Construções nominais, infinitivas e gerundivas;
          -» Grafismos inovadores e expressivos;
          -» Estética não aristotélica (fase futurista), assente nas ideias de força, dinamismo,
              energia, etc.

Álvaro de Campos - TEMAS

·  Poeta plural (como Fernando Pessoa) - três fases:
          -» Decandentismo («Opiário»);
          -» Triunfalismo futurista e sensacionista (Odes);
          -» Cansaço e abulia («Tabacaria».

·  Decadentismo literário (1.ª fase):
          -» Abulia, tédio de viver;
          -» Procura de sensações novas;
          -» Busca da evasão.

·  Futurismo (2.ª fase):
          -» Apologia / elogio da civilização mecânica e industrial e da técnica;
          -» Ruptura com o subjectivismo da lírica tradicional;
          -» Atitude escandalosa e chocante: transgressão da moral estabelecida.
    Sensacionismo:
          -» Vivência em excesso de sensações («Sentir tudo de todas as maneiras» - afastamento
              de Caeiro;
          -» Atitudes sadistas e masoquistas;
          -» Cantor apaixonado do mundo moderno, contemporâneo.

·  Pessimismo (3.ª fase) - reencontro com o Pessoa ortónimo:
          -» Dissolução do eu;
          -» Dor de pesnar, de ser lúcido, racional;
          -» Conflito entre a realidade e o poeta;
          -» Inadaptação ao real, que é «opaco» e gera estranheza e perplexidade;
          -» Cansaço, tédio, abulia;
          -» Angústia existencial;
          -» Solidão;
          -» Nostalgia da infância irremediavelmente perdida.
    Busca de soluções (ilusões) para o mal que o afecta:
          -» Sonho;
          -» Retorno à infância;
          -» Viagem («Ode Marítima»);
          -» Ópio («Opiário»;
          -» Sensacionismo futurista.

·  Romantismo:
          -» Hipertrofia do «eu»;
          -» Excesso;
          -» Desejo de evasão e dispersão.

·  Ser dividido entre o sonho e a realidade.

The Man

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