domingo, 7 de agosto de 2011
sábado, 6 de agosto de 2011
Pérolas (III)
A voz dos verbos: activa, passiva e... não activa.
«Pretérito imperfeito do indicativo e tem voz não activa.»
sexta-feira, 5 de agosto de 2011
Pérolas (II)
Intertextualidade entre Camões e o padre Vieira???
«O narrador desta estrofe é Vasco da Gama, a gente marítima de quem ele fala são os peixes...» (NOTA: a gente marítima eram os marinheiros portugueses)
quarta-feira, 3 de agosto de 2011
Pérolas (I)
Eis algumas definições novas das oitavas de Os Lusíadas:
«As oitavas são as primeiras 8 senas dos Lusiadas e as outras partes estam em casa de Luis de Camões.»
«No meu entender a expressão "oitavas" quer indicar a oito cópias da sua obra...»
sexta-feira, 29 de julho de 2011
domingo, 24 de julho de 2011
Ainda a prova da 1.ª fase
A professora Teresa Rita Lopes, desafiada a comentar a prova de exame de Português da 1.ª fase, fê-lo (aqui) nos termos seguintes:
«Pediram-me a minha opinião sobre a “Prova Escrita de Português”, a que os alunos do 12.º ano de escolaridade foram recentemente submetidos. Hesitei em pronunciar-me publicamente, mas a minha antiga costela de militante (sem Partido) obrigou-me a aceitar fazê-lo, perante a constatação de que os resultados obtidos foram catastróficos: alunos que tinham tido altas classificações durante o ano lectivo saíram do exame com negativa. O pior é que isso, para muitos deles, representa a impossibilidade de se habilitarem a entrar nos cursos para que se sentem vocacionados por ficarem, com essa nota a Português, com uma classificação inferior à requerida para o seu acesso. E isso é grave, porque está em jogo o futuro desses jovens. Por isso, arregacei as mangas e pus-me a analisar (como aliás sempre gostei de fazer com os meus alunos e espero que os professores o façam com os seus) o poema de Álvaro de Campos que lhes coube em sorte: um do penúltimo ano de vida, de 16.6.1934, que começa “Na casa defronte de mim e dos meus sonhos”.
A escolha do poema foi infeliz: o seu bom entendimento implicaria um conhecimento aprofundado da poesia de Campos que não pode ser exigido a alunos deste nível. Além do mais, as perguntas não estão bem formuladas nem são as que conduziriam ao entendimento do poema que se quer averiguar se o aluno teve (e que duvido os próprios examinadores tenham tido, perante tais perguntas e os “cenários de resposta” que apresentaram).
A primeira pergunta, sobre “as duas sensações representadas nas quatro primeiras estrofes”, distrai da verdadeira compreensão do poema, que é, do princípio ao fim, a taquigrafia de um monólogo a que Campos se entrega, como em muitos dos seus outros poemas. Através dele, vamos assistindo à marcha do pensamento do Poeta e ao desfilar dos sentimentos que desencadeia. Porque é de sentir sentimentos e não “sensações” que o poema essencialmente trata. Quer o examinador, nesta primeira pergunta, que o aluno fale “das sensações visuais e auditivas” presentes nas quatro primeiras estrofes do poema. É ter em pouca conta a sua inteligência querer apenas fazê-lo provar que o Poeta não é cego nem surdo, porque diz “que viu mas não viu” e que ouve vozes no interior da casa (como se explicita no “cenário da resposta”). Nada nos diz que o Poeta não está à sua secretária, a evocar apenas o que habitualmente vê e ouve: não assistimos a uma verdadeira reacção a um estímulo sensorial. Das pessoas que moram em frente diz, com um verbo no passado (portanto, evocando uma visão, não vendo): “vi mas não vi”. Também as ouve, aparentemente da mesma forma: das “vozes que sobem do interior doméstico” diz que “cantam sempre, sem dúvida”, o que mostra que não as está a ouvir mas a imaginar (logo, é imaginação, não sensação). O verso seguinte “Sim, devem cantar”, reforça a suposição. Seria preciso, ao formular as perguntas, respeitar o facto indesmentível do poema ser um monólogo que o Poeta murmura por escrito enquanto contempla, talvez só com a imaginação, “os outros”– esses vizinhos que vê sem ver porque lhe são inteiramente estranhos.
O que seria preciso entender – e sobre isso sim, questionar o aluno – é que o Poeta olha (ou se imagina olhando) para a casa fronteira à sua como um menino pobre para uma montra de brinquedos: tudo o que aí vê e ouve é uma manifestação dessa “felicidade” que ele não sabe o que é mas cobiça: crianças, flores, cantos, festas. “Que felicidade não ser eu!” Falando várias vezes o Poeta de “felicidade”, seria pertinente questionar o examinando sobre o sentido desse sentimento (bem mais importante do que as sensações ver e ouvir que querem que ele referencie).
Pedir para caracterizar o tempo da infância tal como é apresentado na terceira estrofe do poema, e esperar, como se vê no “cenário da resposta”, que o aluno apenas fale “do ambiente de despreocupação feliz, sugerido pelo acto de brincar”é de uma profunda superficialidade …
Quanto à pergunta seguinte sobre “a relação que o sujeito poético estabelece com os outros” percebe-se, pelo “cenário da resposta”, que o examinador quer que o aluno fale apenas da “diferença”que o Poeta sente que o separa dos “outros”, porque «os “outros” são felizes». O facto do Poeta exclamar “São felizes porque não são eu” mostra que essa “felicidade” é, não um verdadeiro sentimento que os outros experimentem mas o sentimento que o Poeta tem de que é uma sorte ser outra pessoa qualquer, que o verso seguinte “Que grande felicidade não ser eu!” exprime plenamente.
Seria interessante, isso sim, fazer o aluno falar sobre o papel e o significado das interrogações súbitas, nomeadamente “Quais outros?” porque são elas que traduzem e nos fazem assistir ao evoluir do pensamento do Poeta, que se põe em causa a si próprio, isto é, ao que está pensando no decurso do seu monólogo interior. Assistimos, assim, à transição, desencadeada por essas perguntas, de um “eu” para um “nós”: do sentimento inicial de solidão total, de ser apenas um “eu”, uma ilha de solidão, ao de pertencer a um “nós” – a humanidade: “Quem sente somos nós, /Sim, todos nós” - embora cada um a sós consigo. Cada um sente e sofre sozinho mas isso não o impede de fazer parte de um “nós”. Seria demais esperar que o aluno soubesse dizer que é esta uma característica da atitude de Campos: o sentimento de que é uma ilha de solidão, quando diz “eu”, mas de que pertence a um arquipélago, quando pronuncia “nós”. Mas não seria excessivo esperá-lo do examinador.
A última questão presta-se a muitas respostas, não apenas à que é indicada no “cenário de resposta”, que espera referências à “dor” e ao “vazio” “expressos na última estrofe, particularmente no verso «Um nada que dói…»”. Os examinadores não perceberam a sua subtilíssima ironia: depois de afirmar que “já” não está sentindo nada, o Poeta corrige-se, com um sorriso de vaga ironia triste: “um nada que dói”. Se o aluno conhecesse razoavelmente Campos – o que seria demais exigir-lhe mas não ao examinador– referiria que esse incómodo, essa vaga dor é o que, noutro poema, o Poeta chama “o espinho essencial de ser consciente”.
Só uma nota: não estou a querer pôr ninguém em causa: não sei nem quero saber quem elaborou esta “prova”. Estou apenas a obedecer ao meu velho tropismo de querer ser útil. (Que, diga-se de passagem, muitos dissabores me tem trazido ao longo da minha já longa vida.)»
sexta-feira, 22 de julho de 2011
Exame Nacional 2011 - 2.ª fase - Proposta de Correcção
Grupo I
Texto A
1. Três aspectos que se referem ao mito sebastianista:
- o desaparecimento de D. Sebastião na «última nau»;
- os presságios negativos associados ao desaparecimento do rei, símbolo do fim / desfazer do Império dos Descobrimentos;
- a crença no regresso do rei;
- o aportar a uma ilha misteriosa e desconhecida;
- a morte física de D. Sebastião vs a persistência do sonho que encarna e que se projecta no futuro;
- a indefinição relativamente ao destino do rei (vv. 7-8).
2. Reacção do desapercimento de D. Sebastião:
» Sujeito poético:
. a crença no regresso do rei;
. o entusiasmo, a expectativa suscitadas por essa crença;
» Povo:
. a descrença, o desânimo, o abatimento, a falta de energia sucitados pelo
desaparecimento do rei.
3. Relação entre o conteúdo da última estrofe e a pergunta dos versos 8 e 9:
» Nos vv. 8 e 9, o sujeito poético questiona (-se) o regresso do rei;
» Na última estrofe, ele responde afirmativamente a essa pergunta:
. crê firmemente no regresso de D. Sebastião, que simboliza, em simultâneo,
o fim da névoa, do desânimo em que a pátria mergulhou, e o ressurgimento
do Império;
. desconhece, porém, o momento desse regresso, que se lhe apresenta como
indefinido, incerto e misterioso.
4. Características:
» Do discurso épico:
. a presença do mito sebastianista - a mitificação de D. Sebastião;
. a alusão ao Império português;
. o uso da terceira pessoa;
. a exaltação do rei, a crença no seu regresso por parte do sujeito poético.
» Do discurso lírico:
. a alusão aos sentimentos / às emoções do povo após o desaparecimento do
rei D. Sebastião (os "choros de ânsia e de pressago / Mistério.");
. o recurso à primeira pessoa, traduzindo o estado de espírito, a crença do
sujeito poético e conferindo, assim, maior carga subjectiva ao discurso
poético.
Texto B
. Introdução:
- Os navegadores portugueses são apresentados, n'Os Lusíadas, como heróis que, pelas suas façanhas / obras, merecem o prémio supremo: a glória e a imortalidade.
- Esse heroísmo é demonstrado nas seguintes circunstâncias:
símbolo da passagem do cabo das Tormentas);
» nas vitórias obtidas contra os inimigos que os atacaram, traíram e lhes armaram ci-
ladas (mouros...);
» o enfrentamento e superação das forças da Natureza (Tempestade);
» o confronto com as vozes que se opunham à empresa dos Descobrimentos (o
Velho do restelo);
» a prática da virtude, do heroísmo;
» a coragem, a fé, a determinação, o patriotismo demonstrados.
. Conclusão:
- Os portugueses são dignos de serem recebidos na Ilha dos Amores, que simboliza o prémio que lhes é devido pelos feitos praticados - a glória, a imortalidade e a divinização.
Grupo II
Versão 1 Versão 2
1.1. D 1.1. C
1.2. A 1.2. C
1.3. C 1.3. A
1.4. C 1.4. B
1.5. D 1.5. A
1.6. A 1.6. C
1.7. B 1.7. D
2.1. Complemento directo
2.2. Valor restritivo
2.3. Acto ilocutório directivo
Grupo III
. Introdução:
- O sonho enquanto motor da vida humana / do progresso;
- A variação do «sonho» de pessoa para pessoa;
- Sonho = ambições pessoais, desejos, esperanças...
. Desenvolvimento:
- Argumento 1:
» O sonho é a base de novas descobertas, de feitos grandiosos.
» O sonho é a base de novas descobertas, de feitos grandiosos.
- Exemplos:
a) Os Descobrimentos portugueses;
b) A chegada do Homem à Lua.
- Argumento 2: O sonho e o futuro de cada ser humano:
- Exemplos:
a) O sonho de constituir família;
b) O sonho de uma carreira profissional;
c) ...
b) O sonho de uma carreira profissional;
c) ...
- Argumento 3: O sonho é sinónimo de progresso, de modernidade, de uma vida
mais longa, com mais qualidade e conforto:
- Exemplo:
a) Os reflexos dos progressos tecnológicos na vida quotidiana (a facili-
tação da comunicação - que passa a instantânea e universal, em
contraste, por exemplo, com a época dos Descobrimentos; os avanços
da Medicina e os seus reflexos no prolongamento da vida humana em
tempo / duração e qualidade; ...)
- Argumento 4: O sonho constituti uma forma de superação dos limites humanos.
- Exemplo: a conquista de outros espaços além daquele em que o Homem
sempre se moveu (a conquista dos mares, o sonho de voar...).
. Conclusão:
- O sonho foi variando ao longo dos tempos e de ser humano para ser humano;
- O sonho é um traço distintivo do Homem;
- A necessidade de lutar e de esforço para que o sonho se concretize.
terça-feira, 19 de julho de 2011
Titanic
Como se pode verificar, a média nacional dos alunos internos é de 9, 6 valores. Na nossa escola, a média do 12.º A é de 10, 55, o que significa que se situa 8 décimas acima da média do país que deu ao mundo Camões.
Tais resultados, que à primeira vista configurariam uma boa notícia porque traduziriam resultados superiores à média nacional, acabam por ser um relativo fracasso, dada a qualidade dos alunos presentes a exame.
Fosse eu um dos alunos que fracassou no exame da 1.ª fase e estaria, daqui a pouco mais de seis horas, novamente sentado à mesa da sala para resolver a 2.ª fase por brio pessoal. Foi o que fiz há muitos anos quando obtive a miserável classificação de 11, 5 valores numa frequência à disciplina de Latim III, no 3.º ano do curso que me trouxe até aqui, no dia seguinte à derrota do Benfica na final da Liga dos Campeões frente ao A. C. Milan, e que baixou consideravelmente a nota obtida na primeira frequência. Candidatei-me à fase de exames de Junho / Julho por entender que sabia bem mais e que era capaz de muito melhor resultado, como tinha demonstrado (quase) sempre. Assim aconteceu: fiz o exame e o resultado voltou ao que era habitual.
Mas nem todos são feitos da mesma têmpera e amor-próprio. É pena!
segunda-feira, 18 de julho de 2011
"Mandela's free", Simple Minds (1998)
Nelson Mandela - 18/07/1918
sexta-feira, 15 de julho de 2011
Critérios de classificação
O presente documento é constituído por um conjunto de instruções do GAVE relativo à correcção do exame nacional de Português (código 639). A ele tiveram acesso unicamente os professores correctores / classificadores, que receberam instruções no sentido de o manterem confidencial, algo absolutamente incompreensível, pois todos os alunos sujeitos à prova, seus encarregados de educação e demais professores da disciplina deveriam dele ter conhecimento.
Entretanto, diversos blogues começaram a publicá-lo...
quinta-feira, 14 de julho de 2011
Reorganização curricular do ensino básico
segunda-feira, 11 de julho de 2011
Sofia Faustino recria um poema de Torga
Que desgraça, meu Deus!
Tenho o livro de português aberto à minha frente,
Tenho a memória cheia de poemas,
Tenho as respostas que encontrei
Que todo o santo dia me rasguei
À procura não sei
De que palavra, síntese ou imagem!
Que desespero dentro de mim
Não sei analisar poemas!
E sempre o mesmo trágico desejo
De ver passado o teste de português!
Sempre a mesma vontade de gritar,
Embora de antemão a duvidar
Da exactidão das respostas que guardei!
Tenho o livro de português aberto à minha frente,
Tenho a memória cheia de poemas,
Tenho as respostas que encontrei
Que todo o santo dia me rasguei
À procura não sei
De que palavra, síntese ou imagem!
Que desespero dentro de mim
Não sei analisar poemas!
E sempre o mesmo trágico desejo
De ver passado o teste de português!
Sempre a mesma vontade de gritar,
Embora de antemão a duvidar
Da exactidão das respostas que guardei!
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