Resumo
Enquanto caminham na rua sob o sol
escaldante, Benvólio sugere a Mercúcio que entrem em casa, temendo que uma altercação
seja inevitável caso encontrem homens Capuletos. Mercúcio responde que Benvólio
tem um temperamento tão rápido quanto qualquer homem na Itália e não deve
criticar os outros por seus fusíveis curtos. Tebaldo
entra em cena acompanhado de um grupo de amigos. Aproxima de Benvólio e Mercúcio
e pede para falar com um deles. Irritado, Mercúcio começa a provocá-lo. Romeu
entra também e Tebaldo volta a sua atenção de Mercúcio para ele e chama-o
vilão. Romeu, agora secretamente casado com Julieta e, portanto, parente de
Tebaldo, recusa-se a ficar irritado com o ataque verbal de Tebaldo. Este ordena
a Romeu que puxe da sua espada. O jovem protesta que tem boas razões para amar
Tebaldo e não deseja lutar com ele. E pede que, até que Tebaldo saiba o motivo
desse amor, deixe de lado a espada. Mercúcio, com raiva, sacode a espada e
declara com humor cortante que, se Romeu não lutar contra Tebaldo, ele o fará.
Mercúcio e Tebaldo começam a lutar. Romeu, tentando restaurar a paz, coloca-se
entre os combatentes. Tebaldo apunhala Mercúcio por debaixo do braço de Romeu
e, quando aquele cai ferido, Tebaldo e os seus homens fogem apressadamente.
Mercúcio morre, amaldiçoando os Montecchios e os Capuletos: “Uma praga a ambas
as casas”, e ainda derramando suas loucuras espirituosas. Enfurecido, Romeu
declara que o seu amor por Julieta o tornou efeminado e que deveria ter lutado
contra Tebaldo no lugar de Mercúcio. Quando Tebaldo, ainda zangado, volta à
cena, Romeu empunha a espada. Eles lutam, e Romeu mata Tebaldo. Benvólio pede-lhe
que fuja; aproxima-se um grupo de cidadãos indignados com as recorrentes lutas
de rua. Romeu, chocado com o que aconteceu, grita "Oh, sou o joguete do
destino!" E foge.
O príncipe entra, acompanhado por
muitos cidadãos, os Montecchios e os Capuletos. Benvólio conta ao príncipe a
história da luta, enfatizando a tentativa de Romeu de manter a paz, mas Lady
Capuleto, tia de Tebaldo, chora que Benvólio está a mentir para proteger os
Montecchios. Ela exige a vida de Romeu. O príncipe Della-Scala prefere exilá-lo
de Verona. Ele declara que, caso Romeu seja encontrado na cidade, será morto.
Análise
A violência repentina e fatal na
primeira cena do ato III, bem como o acumular de lutas, serve como um lembrete
de que, não obstante toda a ênfase estar colocada no amor, na beleza e no romance,
Romeu e Julieta tem lugar num mundo ainda masculino em que as noções de
honra, orgulho e status tendem a entrar em erupção durante um conflito.
A crueldade e os perigos do ambiente social da peça são ferramentas dramáticas
que Shakespeare emprega para fazer com que o romance dos amantes pareça ainda
mais precioso e frágil – o seu relacionamento é a única pausa do público confrontado
com o mundo brutal que pressiona contra o amor de Romeu e Julieta. As rixas
entre Mercúcio e Tebaldo e depois entre este e Romeu são caóticas; Tebaldo mata
Mercúcio por sob o braço de Romeu, foge e, de repente e inexplicavelmente,
volta para lutar contra Romeu, que o mata como vingança. A paixão supera a
razão a cada passo.
O grito de Romeu ("Oh, sou o
joguete do destino!") refere-se especificamente à sua falta de sorte ao
ser forçado a matar o primo da sua nova esposa, sendo, por isso, banido. Lembra
também que o destino paira sobre a peça. A resposta de Mercúcio ao seu destino,
no entanto, é notável na maneira como diverge da resposta de Romeu. Este culpa
o destino, ou a fortuna, pelo que aconteceu consigo. Já Mercúcio amaldiçoa os
Montecchios e os Capuletos. Ele parece ver as pessoas como a causa da sua morte
e não dá crédito a nenhuma força maior.
A sociedade elisabetana geralmente
acreditava que um homem demasiadamente apaixonado perdia a sua masculinidade.
Romeu concorda claramente com essa crença, como se comprova quando afirma que o
seu amor por Julieta o fez "efeminado". Mais uma vez, porém, essa
afirmação pode ser vista como uma batalha entre o mundo privado do amor e o
mundo público da honra, dever e amizade. O Romeu que duela com Tebaldo é o
Romeu que Mercúcio chamaria de "verdadeiro" Romeu. O que procurou
evitar o confronto por preocupação com a sua esposa é a pessoa que Julieta
reconheceria como o seu Romeu amoroso. A palavra efeminado é aplicada pelo
mundo público da honra àquelas coisas que não respeita. Ao usar o termo para
descrever o seu estado atual, Romeu aceita as responsabilidades que lhe são
impostas pelas instituições sociais de honra e dever da família.
A chegada do príncipe e dos
cidadãos enfurecidos muda o foco da peça para um tipo diferente de esfera
pública. O assassinato de Tebaldo por Romeu é marcado pela imprudência e
vingança, características apreciadas pelos nobres, mas que ameaçam a ordem
pública que os cidadãos desejam e que o príncipe tem a responsabilidade de
defender. Como alguém que exibiu essas características, Romeu é banido de
Verona. Antes, o príncipe agiu para reprimir o ódio dos Montecchios e dos Capuletos,
a fim de preservar a paz pública; agora, ainda atuando para evitar surtos de
violência, o príncipe, involuntariamente, age para frustrar o amor de Romeu e
Julieta. Consequentemente, com o seu amor censurado não apenas pelos Montecchios
e pelos Capuletos, mas também pelo governador de Verona, a relação do par
amoroso põe Romeu em perigo de uma represália violenta por parte dos parentes
de Julieta e do estado.
Traduzido de SparkNotes
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