A Coruja é uma ave idosa e muito respeitada pelos outros animais por causa da sua sabedoria e sensatez(simbolizada pela sua velhice). Conhecia a vida de todos os habitantes do parque e era com ela que o Gato Malhado mais falava. Em suma, era uma ave sábia e conselheira.
sábado, 8 de julho de 2023
Caracterização da Velha Coruja
Caracterização do Rouxinol
O Rouxinol é uma ave bela e gentil, cantor reconhecido de serenatas, professor de canto da Andorinha e seu pretendente, o que faz com que desperte ciúmes no Gato. É com ele que a Andorinha casa.
Caracterização da Andorinha Sinhá
A Andorinha Sinhá é uma jovem risonha (“ria para todos”), alegre, destemida e aventureira, gentil, bondosa, que adora conversar e manter boas relações com todos os restantes animais. Levava uma existência tranquila até conhecer o Gato Malhado, de quem já ouvira falar de forma muito negativa, tendo até sido proibida de chegar junto dele. Como era atrevida e um pouco «louca» e apesar de ser obediente, viu-o como um desafio (duvidava das histórias que ouvira sobre ele) e a proibição só fez com que a vontade de o conhecer aumentasse, até porque gostava que a convencessem das coisas com argumentos credíveis.
Aprende
a cantar com o Rouxinol, o seu prometido, mas, depois de conhecer o Gato
(passava horas, escondida no ramo de uma árvore, a observá-lo) e contra todas
as convenções, nomeadamente a lei das gaivotas, que a proibia de casar com o
felino, dado que eram inimigos, apaixona-se e namora com ele durante a
primavera e o verão, apesar de ter consciência de que esse amor nunca se
poderia concretizar. Quando é «obrigada» a tomar uma decisão, não contraria a
lei a que está sujeita, renuncia ao amor pelo Gato e casa com o Rouxinol.
Fisicamente,
era uma andorinha muito jovem e bela, pelo que era desejada para casar por
todos os pássaros solteiros (“não havia pássaro em idade casadoira que não
suspirasse.”).
Caracterização do Gato Malhado
O Gato Malhado é um animal adulto (de meia-idade), egoísta e solitário, mal-humorado, muito mal visto e temido pelos outros habitantes do parque, que o julgam mau e violento e o acusam de várias maldades, apesar de não existir nenhuma prova concreta que sustente essas acusações. Assim, não tinha amigos/relações de amizade com os vizinhos e raramente retribuía os cumprimentos que alguns lhe dirigiam, por medo e não por gentileza.
Depois
de conhecer e se apaixonar pela Andorinha, muda o seu comportamento e as suas
atitudes e torna-se mais simpático, o que motiva a inquietude e a apreensão dos
restantes animais. Além disso, é orgulhoso, não lhe interessa o que pensam dele
e detesta a hipocrisia.
Fisicamente,
é um gato de meia-idade, de olhos pardos, feios e maus, com um corpanzil forte
e ágil e riscas amarelas e negras.
Papel das personagens de O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá
Personagens principais / Protagonistas: Gato Malhado e Andorinha Sinhá.
Personagens secundárias: Velha Coruja, Manhã, Tempo, Vento, Sapo Cururu, Rouxinol, Reverendo Papagaio, Galo D. Juan de Rhode Island, etc.
quinta-feira, 6 de julho de 2023
terça-feira, 4 de julho de 2023
Análise de Memórias de um Sargento de Milícias
I. Introdução
II. Contexto
III. Resumo da obra
IV. Resumo por capítulos
. 1.ª parte
. 2.ª parte
VI. Personagens: papel, caracterização, representatividade
. Leonardo
. Luisinha
. Vidinha
. Comadre
. D. Maria
VII. Tempo
VIII. Narrador - participação e focalização
IX. Classificação
Análise do poema "Antítese", de Castro Alves
segunda-feira, 3 de julho de 2023
Análise do poema "A Terra do Nunca", de Nuno Júdice
Análise do poema "Adormecida", de Castro Alves
O poema
parte de uma epígrafe retirada de Musset, um poeta romântico francês, que se
refere aos cabelos, à sensualidade e à cruz, símbolo da religião. Aqui, junta
dois elementos: a sensualidade e a religiosidade, que será o assunto do texto.
A epígrafe não é sinal de imitação, mas estabelece a ponte para o sonho e para
a evasão, associando-se ao título por remeter também para a circunstância de
uma jovem adormecida: “Ses longs cheveux épars la couvrent tout entière / La
croix de son collier repose dans sa main, / Comme pour témoigner qu’elle a fait
sa prière. / Et qu’elle va la faire em s’eveiliant demain.”
A
descrição é feita a partir da memória, pois trata-se de uma recordação do
sujeito lírico: “Uma noite eu me lembro…”. Ele recorda a imagem da mulher a
dormir numa rede, uma cena prenhe de serenidade, doçura e sensualidade: ela
está encostada “molemente”, de roupão “quase aberto”, cabelos soltos e pé
descalço. De facto, na primeira quadra, é construída a imagem da mulher amada,
associando-a à sensualidade e à languidez suave, ideias sugeridas, por exemplo,
pelo advérbio de modo «molemente», pelos adjetivos (“aberto”, “solto”,
“descalço”). Por sua vez, as reticências abrem as portas ao onírico e deixam
algo em suspense, à imaginação, enquanto elementos como a noite, a rede, o
roupão, o cabelo ou o tapete contribuem para a construção do ambiente íntimo da
figura feminina, sugerindo claramente a intimidade e a proximidade do «eu» e da
amada.
A
segunda quadra centra-se na janela aberta, por onde entra um cheiro agreste,
proveniente das silvas da campina, e através da qual se pode ver uma noite
“plácida e divina” e “um pedaço de horizonte”. O «eu» evoca o cheiro agreste
das silvas e, de seguida, o jasmineiro, cujos galhos entravam pela janela e
tocavam na mulher, que dormia sensualmente. Ocorre aqui uma divinização ou
espiritualização do momento, quando o «eu» refere que a noite era plácida e
divina e, na quarta, se alude a um «quadro celeste», que é desenvolvido nas
estrofes seguintes. Enquanto isso, a brisa suave invadia o compartimento,
fazendo com que o jasmineiro, que estava em flor, balançasse e tocasse a
mulher. Esse instante em que a flor a tocava e ela, ao senti-la, a procurava
suavemente, causava sensações eróticas no sujeito poético.
As duas
estrofes seguintes apresentam um “quadro celeste”, doce e sensual: o
jasmineiro, personificado, é apresentado num movimento cujos galhos, obviamente
também personificados (“galhos encurvados / indiscretos entravam pela sala… /
Iam na face trémula beijá-la”), quais braços humanos, balançam, ora se
aproximando, ora se afastando da mulher adormecida, constituindo cada
aproximação da face feminina uma tentativa de a beijar. O jasmineiro, um ser
inanimado, é, de facto, personificado, isto é, são-lhe atribuídas
características dos seres animados, de modo a poder executar as ações que o
«eu» não pode ou não consegue. Assim, a planta passa a desejar a mulher, sendo
que esta o manipula por meio da sedução, ou seja, permanecendo dormindo, sedutora,
na rede.
O que
se segue é uma espécie de jogo de sedução, em que o jasmineiro e a mulher
brincam como “duas cândidas crianças”: quando a flor da planta beija a figura
feminina, esta, mesmo que em sonhos, estremece e, quando tenta devolver o
beijo, aquela foge com o balanço do jasmineiro. O sujeito poético coloca-se na
posição de observador e contempla esta cena. Por outro lado, ao colocar a
natureza e a mulher em contacto físico – e logo através de algo tão
profundamente íntimo como um beijo – prossegue a construção da cena de
sensualidade. O recurso a formas verbais no pretérito imperfeito (“estremecia”,
“serenava”, “beijava”) e a insistência nas reticências criam um clima de
erotismo comedido através da interação e troca contínua de carícias entre a
mulher e a flor. O jasmineiro age como um amante que, sorrateiramente, acaricia
a figura feminina, beija a sua face e depois se afasta quando ela tenta
devolver o beijo. Atente-se ainda no facto de a flor, para a biologia, ser o
órgão reprodutor das plantas, pelo que se pode entender como metáfora do órgão
sexual feminino, constituindo o seu desfloramento a perda da virgindade.
É
curioso observar dois movimentos contrários. Num primeiro momento, o
jasmineiro, através dos seus galhos, seduz a mulher, beijando-a (o que deleita
o sujeito lírico: “quadro celeste”), contudo, posteriormente ocorre uma
inversão de papéis quando ela tenta beijar a planta, que, no entanto, foge. Ou
seja, ela não só aceita a sedução, como também a retribui, porém é recusada.
Por que
razão é escolhido o jasmineiro e não uma outra planta ou árvore para
contracenar com a mulher? O jasmineiro é um arbusto pequeno, ereto ou trepador
com caules longos, o que permite encará-lo como metáfora do órgão sexual
masculino. Por outro lado, essa planta também possui propriedades afrodisíacas,
o que reforça a ideia da sedução presente no texto.
A
quinta estrofe infantiliza a mulher e coloca-a num plano virginal, ao
associá-la a uma criança, enquanto a brisa, que agitava as folhas verdes, fazia
ondular os seus cabelos negros entrançados. Vocábulos como «doce», «brincavam»,
«cândidas» e «crianças» conferem à cena ingenuidade, infantilizando a figura
feminina e valorizando a virgindade, característica de sociedades antigas e
mais conservadoras.
A
última estrofe enaltece o caráter virginal da mulher amada e estabelece a
relação de identificação entre a mulher e a natureza. Nos dois versos iniciais,
o sujeito lírico clarifica o seu estatuto de observador da cena (“Eu, fitando
esta cena”) e, nos dois últimos, começa por caracterizar o jasmineiro de
“virgem das campinas”, para, no derradeiro, se dirigir à amada, apelidando-a de
virgem e a definir como a flor da sua vida. Assim, ao denominar a natureza e a
mulher por meio do mesmo vocabulário, promove a identificação entre ambas. Na
verdade, podemos concluir que o «eu», ao observar o jogo de sedução entre o
jasmineiro e a jovem, o vento que lhe agita os cabelos, os beijos da flor e o
subsequente retraimento, na realidade, desejava ser ele mesmo a acariciá-la, beijá-la e repeli-la. Note-se
também que a imagem final que ressalta passa pela negação da sedução negativa e
pela exaltação da pureza e virgindade da mulher: ela permanece virgem, apesar
de toda a sedução de que é objeto e da ação do jasmineiro / da flor. Atente-se na
expressividade do adjetivo «lânguida», que caracteriza a noite, o qual
significa “doçura”, “sensualidade”, “voluptuosidade”, mas também “abatimento”, “fraqueza
emocional ou física”.
Ao
longo do poema, existe uma oposição entre as ideias de sedução/sensualidade (o
roupão aberto, a carícia, os beijos, a chuva de pétalas no seio, o
estremecimento da mulher, o cabelo solto, o adormecimento, etc.) e de pureza,
sugerida pela adjetivação (“cândidas”, “celeste”, “divina”, “doce”), pela
associação a uma criança ou por nomes como “virgem” ou “sonhos”.
Neste
poema, já não temos a natureza em todo o seu esplendor, mas sim uma cena de
interior, em que aquela está presente apenas em parte: aquilo que entra pela
janela. É uma natureza muito expressiva e essencialmente romântica. No
Romantismo, a natureza começa por ser cenário; depois é mais que isso:
participa na ação e pode identificar-se com a mulher – “Brincavam duas cândidas
crianças” (natureza + mulher).
Apesar
de ser um poema romântico, há elementos específicos do Brasil, como a «rede»,
elemento específico dos costumes brasileiros, símbolo da sensualidade e que
aparece ligada à mulher. Esta é identificada com a natureza, mas também com a
criança. A descrição surge de uma atitude de contemplação do «eu» poético: é
retórica e principalmente expressiva e tem como características fundamentais a
sensualidade. Essa identificação acentua-se nos dois últimos versos do poema,
ao ser classificada como «virgem» a flor e a «virgem» como flor.